Eu estendi minha mão e toquei a chama. Agora eu estou queimando e
esperando por um sinal. – Evan Roberts, pregando na Capela de Moriah, Dezembro
de 19031
Acima de tudo, uma sensação da presença e santidade de Deus impregnava
cada área da experiência humana, em casa, no trabalho, nas lojas e nas
tavernas. A eternidade parecia inevitavelmente próxima e real. – Efion Evans2
Eu não sou a fonte deste avivamento. Eu sou apenas um agente entre o que
vai ser uma multidão... Eu não sou aquele que está tocandos os corações de
homens e mudando as vidas dos homens. Não sou eu, mas o Deus que opera em mim.
– Evan Roberts, Smith's Weekly1
O avivamento de Gales foi um dos mais impressionantes moveres de Deus de
todos os tempos. Em poucos meses de avivamento, um país inteiro foi
transformado, mais de cem mil pessoas aceitaram o Senhor Jesus como seu Senhor
e Salvador, e a notícia foi espalhada ao redor do mundo.
O avivamento começou em outubro de 1904 na pequena cidade de Loughor, com
Evan Roberts, um jovem de 26 anos. Wesley Duewel conta sobre o início do
avivamento no seu livro "O Fogo do Reavivamento":
Os historiadores geralmente se referem ao reavivamento que começou na
aldeia de Loughor no País de Gales como o ponto inicial do reavivamento. Evan
Roberts foi o instrumento usado por Deus para inaugurar o reavivamento de 1904.
Em 1891, aos treze anos de idade, Roberts começou a ter fome e sede, e orar por
duas coisas importantes: (1) para que Deus o enchesse com o Seu Espírito, e (2)
para que Deus enviasse o reavivamento ao País de Gales. Roberts fez talvez o
maior investimento no banco de oração de Deus a favor do reavivamento que o
Senhor desejava enviar. E talvez fosse essa a razão de Deus ter começado a onda
internacional de reavivamentos no País de Gales – através de Evan Roberts.2
Evan Roberts tinha acabado de começar a cursar o seminário quando teve uma
visão na qual Deus o chamava para voltar à sua pequena cidade e pregar para os
jovens da sua igreja. Roberts já tivera outras experiências com Deus e estava
convencido que Ele estava prestes a derramar um poderoso avivamento sobre o
país de Gales. Mesmo assim, podemos imaginar que não foi fácil para ele voltar
para casa depois de apenas quinze dias no seminário. Mas, na noite de domingo,
30 de outubro de 1904, durante o culto, Roberts teve uma visão dos seus amigos
de infância e entendia que Deus estava falando para ele voltar para casa e
evangelizar-los.2
No dia seguinte Evan Roberts reuniu os jovens da igreja e começou a passar
a sua visão para o avivamento. Ele ensinou que o povo orasse uma oração
simples: "Envia o Espírito Santo agora, em nome de Jesus Cristo".
Roberts também enfatizou quatro pontos fundamentais para o avivamento:
A confissão aberta de qualquer pecado não confessado
O abandono de qualquer ato duvidoso
A necessidade de obedecer prontamente tudo que o Espírito Santo ordenasse
A confissão de Cristo abertamente2
Os cultos continuavam todos os dias e o fogo do avivamento começou a
espalhar-se pela região.
Na primeira manhã daquela semana milagrosa, as pessoas se juntavam em
grupos na rua principal de Gorseinon e a pergunta principal nos seus lábios
foi, "Como você se sente agora? Você não se sente esquisito?" Nas
suas mentes estavam gravadas as cenas dos cultos do Domingo quando, em cada
capela, muitas pessoas pareciam ser subjugadas. As cenas se repetiam a cada dia
e a alegria de Evan aumentou. O Reverendo Mathry Morgan de Llanon visitou uma
noite e viu o avivalista "que quase dançava com alegria por causa de um
que estava orando fervorosamente e que estava rindo enquanto orava, por ter
ficado consciente que suas súplicas estavam prevalecendo. Mr Roberts mostrou
sinais animados de uma alegria triunfante, em concordância com ele. Glórias a
Deus por uma religião alegre."1
Desse pequeno começo, um grande avivamento começou a varrer o norte do
país de Gales. Cultos de avivamento começaram espontaneamente, muitas vezes
antes da chegada do avivalista. A maioria dos líderes e ministros do avivamento
foram jovens e adolescentes:
Evan Roberts tinha apenas vinte e seis anos de idade quando irrompeu o
avivamento. Sua irmã, Mary, que foi uma parte tão importante da obra, tinha
dezesseis. Seu irmão Dan e o futuro marido de Mary, Sydney Evans, estavam ambos
com cerca de vinte anos. As "Irmãs Cantoras", que foram usadas
grandemente, estavam entre as idades de dezoito e vinte e dois anos. Milhares
de jovens se converteram e eram imediatamente enviados por toda a terra
testificando da glória de Deus. Criancinhas tinham suas próprias reuniões de
oração e testemunhavam ousadamente aos pecadores mais endurecidos. As capelas
ficavam superlotadas de jovens.3
O avivamento resultou na conversão de muitos jovens, que logo se
empenharam na obra de evangelização. Crianças também foram usadas poderosamente
no avivamento, ganhando muitos almas para Jesus. Novos convertidos lideravam
grandes reuniões de oração e estudos Bíblicos.3
Durante o avivamento os cultos continuavam quase sem parar, e a presença
de Deus foi manifesta de uma forma especial. Grandes congregações, de até milhares
de pessoas, foram movidos pelo Espírito a "cair aos pés simultaneamente
para adorar em uníssono"; às vezes a glória do Senhor brilhava dos
púlpitos com uma luz tão forte que "os evangelistas ou pastores fugiam
dela para não serem completamente arrebatados"3.
Um jornalista de Londres que assistiu às reuniões ficou surpreso ao ver
como os cultos prosseguiam quase sem liderança ou orientação humana. Hinos,
leitura da Palavra, oração, testemunhos dos convertidos e breves exortações por
várias pessoas sucediam-se segundo o Espírito guiava. Os grandes hinos da
igreja eram cantados durante três quartos da reunião; a ordem reinava, embora
mil ou duas mil pessoas estivessem presentes. Se alguém se demorava muito na
exortação, outra pessoa começava um hino. Evan Roberts insistia continuamente:
"Obedeçam ao Espírito", e o Espírito mantinha a reunião pacífica e
ordeira.2
O Reverendo R B Jones descreveu um culto, onde ele pregou a mensagem da
salvação:
"Como um só homem, primeiro com um suspiro de alívio e depois com um
grito de alegria delirante, toda a audiência ficou de pé... Todo recinto
naquele momento parecia terrível com a glória de Deus – usamos a palavra
'terrível' deliberadamente; a presença santa de Deus era tão manifesta que o
próprio orador sentiu-se dominado por ela; o púlpito onde se encontrava estava
tão cheio com a luz de Deus que ele teve de retirar-se!"2
Os efeitos do avivamento estenderam-se muito além dos cultos e reuniões de
oração. Os bares e cinemas fecharam, as livrarias evangélicas venderam todos os
seus estoques de Bíblias. O avivamento tornou-se manchete nos principais
jornais do país. A presença de Deus "parecia ser universal e
inevitável", invadindo não somente as igrejas e reuniões de oração, mas se
manifestando também "nas ruas, nos trens, nos lares e nas tavernas"
.2
"Em muitos casos, os fregueses entravam nas tavernas, pediam bebidas
e depois davam meia-volta e saíam, deixando-as intocadas no balcão. O
sentimento da presença de Deus era tal que praticamente paralisava o braço que
ia levar o copo à boca."2
Evan Roberts trabalhou sem parar no avivamento. Ele não queria que as
pessoas olhassem para ele, e muitas vezes ficava calado durante os cultos,
preferindo que o Espírito Santo os dirigisse. Ele raramente falava com os
jornalistas que vinham para escrever sobre o avivamento, e não permitia que
tirassem fotografias dele.
Infelizmente, Evan, o "catalisador principal" do avivamento, não
cuidou da sua própria saúde, tirando o tempo necessário para descansar. Ele
começou a se sentir fisicamente exausto, vindo finalmente a ter um colapso, e
em abril de 1906 retirou-se para a casa do Sr. e Sra. Penn-Lewis na Inglaterra.
Evan nunca mais exerceu seu ministério de avivalista, e sem sua liderança, o
avivamento logo se apagou.
Rick Joyner, no seu livro "O Mundo em Chamas", fala sobre o
papel da Sra Jessie Penn-Lewis na vida do avivalista:
Parece provável que Jessie Penn-lewis tenha exercido uma parte
significativa em levar o grande Avivamento do País de Gales a um fim prematuro,
embora ela parecesse ter a melhor das intenções. Os relatos foram de que ela
convenceu Evan Roberts a retirar-se do avivamento, porque achava que ele estava
recebendo muita atenção, a qual deveria ir apenas para o Senhor...
Seria desonesto incriminar Jessie Penn-Lewis como a única mão que
interrompeu o Avivamento Galês, embora muitos amigos e colaboradores de Evan
Roberts tenham feito exatamente essa acusação. Evan Roberts deixou a obra e foi
viver na casa de Penn-Lewis, onde ele se tornou efetivamente um eremita
espiritual, nunca mais usado no ministério...3
Depois de sair da liderança do avivamento, com sua saude bastante
enfraquecida, Evan Roberts viveu uma vida de intercessão, escrevendo matérias
para revistas evangélicas, e recebendo visitas. Alguns anos depois, junto com a
Jesse Penn-Lewis, ele escreveu o livro "War on the Saints" (Guerra
contra os Santos), em qual ele criticou o avivamento. Menos que um ano depois
do lançamento do livro, Roberts o descreveu como sendo uma "arma falhada
que tinha confundido e dividido o povo do Senhor."4
O avivamento no país de Gales durou apenas nove meses, porém neste tempo
marcou o mundo. Os frutos, os resultados do avivamento, foram bons: uma
pesquisa feita seis anos depois do avivamento descobriu que 80% dos convertidos
continuavam sendo membros das mesmas igrejas onde tiveram se convertido. Porém,
isso não significa que os outro 20% tivessem se desviado, porque muitos se
mudaram para missões independentes ou novas denominações.2
Temos mais informações sobre o avivamento de Gales, incluído citações do
Evan Roberts, em nossa comunidade online e o livro "Quandro Desceu o
Espírito" na área de livros.
www.avivamentoja.com
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