O saber se multiplicará. Esta parte do versículo
tem sido popularmente compreendida como uma referência ao grande aumento do
conhecimento nos últimos dias. De fato, os últimos cem anos da história do
mundo têm testificado descobertas científicas que põem em eclipse todos os
séculos anteriores juntos. Mas a principal referência é ao aumento do
conhecimento sobre a profecia e sobre os eventos que este livro apresenta.CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 3429.
III - A
PROFECIA FOI SELADA (12.8 11)
1. A
profecia está selada.
Que essa
profecia sobre aqueles tempos, embora selada agora, será de grande proveito
para aqueles que viverem então (v. 4). Daniel deve agora encerrar as palavras e
selar o livro, porque o tempo seria longo antes que essas coisas acontecessem.
E era de alguma consolação que a nação judaica (embora, no início de seu retomo
da Babilônia tenham sido poucos e fracos, e tenham enfrentado dificuldades em
seu trabalho) só tenha sido perseguida por causa da sua religião muito tempo
depois, quando havia crescido em força e maturidade. Ele deve selar o livro
porque este não seria entendido (e, portanto, seria ignorado), até que as
coisas contidas nele fossem cumpridas. Mas ele deve guardá-lo com segurança,
como um tesouro de grande valor, escrito para as gerações futuras, para as
quais seria de grande utilidade. Porque muitos correriam de um lado para outro,
e o conhecimento seria aumentado. Então esse tesouro escondido vai ser aberto e
muitos o pesquisarão, e buscarão o seu conhecimento, como se estivessem
buscando a prata. Eles correrão de um lado para outro, procurando cópias dele,
o examinarão, e verificarão sua veracidade e autenticidade. Eles o lerão
diversas vezes, meditarão nele, e o revisarão em suas mentes. Eles debaterão a
seu respeito, e falarão dele entre si, e compararão as notas que fizeram a
respeito dele, desejando, por qualquer meio, decifrar o seu significado. E
assim o conhecimento será aumentado. Consultando essa profecia naquela ocasião,
eles serão levados a buscar outras escrituras, que contribuirão muito para o
seu avanço no conhecimento verdadeiro e útil. Porque então saberão se
conseguiram prosseguir no conhecimento do Senhor (Os 6.3).
Aqueles que quiserem
ter seu conhecimento aumentado deverão se esforçar, não deverão ficar parados
em ociosidade e desejos pobres, mas deverão correr de um lado para outro,
fazendo uso de todos os meios de conhecimento, e aproveitando todas as
oportunidades para terem os seus erros corrigidos, as suas dúvidas sanadas, e o
seu conhecimento das coisas de Deus desenvolvido, para saberem mais e melhor
sobre aquilo que sabem. E, vemos aqui como há motivos para termos esperanças de
que: 1. As coisas de Deus que agora estão encobertas e obscuras vão se tomar
claras, e fáceis de ser entendidas. A verdade é filha do tempo. As profecias da
Escritura serão explicadas pelo seu próprio cumprimento. Por isso elas são
dadas, e para essa explicação elas estão reservadas. Por isso elas nos são
ditas com antecedência, para que, quando se cumprirem, possamos crer. 2. As
coisas de Deus que são desprezadas e negligenciadas, e descartadas como
inúteis, sejam consideradas importantes. O povo descobrirá que elas são de
grande proveito, e as pedirão. Assim, a revelação divina, embora tenha sido
desprezada por algum tempo, será engrandecida e honrada, sobretudo no juízo do
grande dia, quando os livros serão abertos, e aquele livro entre os demais.HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora
CPAD. pag. 903.
Características
dos últimos dias (12.4). A mensagem final do glorioso Mensageiro a Daniel foi:
fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo (4). Que as
palavras foram fechadas e o livro está selado fica evidente pela imensa
confusão que tem caracterizado a interpretação desse livro nesses mais de dois
milênios. Adam Clarke escreve: “A profecia não será entendida até que seja
cumprida. Então, a profundidade da sabedoria e da providência de Deus sobre
essas questões será claramente percebida”. Mas, fechar o livro não significa o
fim das coisas.
Roy E.
Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 544.
Dn 12.4
Encerrar as palavras e selar o livro significa que este deveria ser mantido a
salvo e preservado. Isto para que os crentes de todas as épocas pudessem
rememorar a obra de Deus na história e encontrar esperança. Damel não entendia
o significado exato das épocas e dos acontecimentos em sua visão, mas nós
podemos observar o desenrolar dos fatos, pois estamos no fim dos tempos. O
livro não será completamenle entendido até o clímax da história torrenaBÍBLIA
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 1112.
Dn 12.4
Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro. Alguns estudiosos supõem
que este versículo seja o último do livro de Daniel, e o que se segue seja uma
adição posterior. Nesse caso, os vss. 5-13 seriam o verdadeiro Epílogo do livro
de Daniel.
Foi o
arcanjo Miguel (provavelmente; ver o vs. 1) quem ordenou que o livro fosse
encerrado. Aconteceriam muitas coisas que não seriam reveladas a Daniel, e
muitas das coisas reveladas seriam entendidas apenas parcialmente. No fim dos
tempos, quando as coisas começarem a acontecer, o selo será retirado do livro,
que só então será com preendido por completo. Tradicionalmente, a profecia é
mais bem compreendida quando começam a acontecer os eventos preditos, os quais
atuam como intérpretes do que havia sido predito. “O anjo ordenou ao vidente
que ocultasse as profecias até que o tempo estivesse maduro para elas serem
desvendadas... Essas profecias seriam colocadas à disposição dos fiéis, para que
eles entendessem a significação dos eventos em meio aos quais estariam vivendo
(cf. II Esd. 14.44 ss.; Enoque 1.2; Apo. 22.10)”.CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 3429.
Selado
(hb. chatham) (Dn 12.9; Is 29.11 ;J r 32.10)
Essa
palavra significa selar. Para autenticar um documento e certificá-lo de sua
integridade, um rei ou oficial o lacrava com uma aplicação de argila ou cera e
estampava essa aplicação com a impressão de seu selo. O documento então
carregava a autoridade dessa pessoa e não podia ser aberto sem que o lacre
fosse quebrado. Antigamente, cartas (1Re 21.8), escrituras (Jr 32.10), acordos
(Ne 10.1) e decretos reais (Et 3.12) eram autenticados com selos. Os anúncios
proféticos de Daniel eram selados também, só que simbolicamente (Dn 12.9),
indicando sua autoridade e imutabilidade, até que fossem cumpridos. Em
Apocalipse, um selo de julgamento é quebrado, indicando que o cumprimento do
que está escrito se fez (Ap 5.1-10).EarI D. Radmacher: Ronald B.
Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo
Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1295.
2. O
“tempo do Fim”.
Dn 12.9
"... fechadas e seladas...” No versículo quatro (4) deste capítulo,
observamos que foi ordenado a Daniel fechar as palavras e selar este livro até
o “tempo do fim”. O ser celestial afirma a Daniel que, ao chegar o assinalado
“tempo do fim”, todas essas coisas sofreriam uma como reação em cadeia, e
“todas estas coisas serão cumpridas”. Daniel viveu cerca de 600 anos antes de
começar propriamente o chamado “tempo do fim”, mas a expressão ocorre cerca de
15 vezes só no seu livro. No Novo Testamento, essa expressão é aplicada para:
1) A época do Evangelho de Cristo (Hb 1.2). 2) A época do Espírito Santo em sua
plenitude (At 2.17). 3) E também para os “últimos dias maus” (2 Tm 3.1). Eis a
razão por que fora ordenado a Daniel selar o livro e a João não selar, pois num
contexto geral, João já pertencia a uma geração da “última hora”, e não podia
fazer o mesmo que fizera Daniel; assim, as Escrituras são proféticas e se
combinam entre si em cada detalhe (Dn 12.4, 9; 1 Pe 1.11,12; Ap 22.10).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 235.
A
pergunta: “Qual será o fim?”, foi feita por Daniel, e uma resposta lhe é dada.
Observe: 1. Por que Daniel fez essa pergunta: porque, embora tenha ouvido o que
foi dito ao anjo, ele não entendeu (v. 8). Daniel era um homem muito
inteligente, e estava familiarizado com visões e profecias, mas mesmo assim
aqui ele fica confuso. Ele não entendeu o significado do tempo, tempos, e a
parte de um tempo, pelo menos não com tanta clareza e com tanta certeza quanto
desejava. Observe que os melhores homens geralmente ficam incertos em suas
indagações a respeito das coisas divinas, e ao se depararam com aquilo que não
entendem. Mas quanto melhores forem, mais conscientes estarão das suas
fraquezas e da sua ignorância, e mais prontos a reconhecê-las.
2. Qual
foi a pergunta: “Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?”. Ele dirige a sua
pergunta não ao anjo que falava com ele, mas diretamente a Cristo, pois a quem
mais devemos dirigir as nossas perguntas? “Qual será o resultado final desses
eventos? Qual é o objetivo deles? Em que eles acabarão?” Note que quando
observamos os assuntos desse mundo, e da igreja de Deus nele, só podemos
pensar: “Qual será o fim dessas coisas?” Muitas vezes vemos as coisas se
moverem como se fossem acabar na completa ruína do Reino de Deus entre os
homens. Quando observamos o domínio do vício e da impiedade, da decadência da
religião, os sofrimentos dos justos, e os triunfos dos injustos sobre eles,
podemos muito bem perguntar: “Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?” Mas
há algo que pode nos satisfazer de um modo geral, o fato de que no final tudo
acabará bem. Grande é a verdade, e em longo prazo ela prevalecerá. Todo
governo, principado e potestade contrários serão destruídos, e a santidade e o
amor triunfarão, e serão honrados, eternamente. O fim, esse fim, chegará.
3. Que
resposta é dada a essa pergunta. Além daquilo a que esse tempo se refere
anteriormente (w. 11,12), aqui estão algumas instruções gerais dadas a Daniel,
com as quais ele é dispensado de outra indagação.
(1) Ele
deveria se contentar com as revelações que lhe haviam sido feitas, e não fazer
mais perguntas: “Segue o teu caminho, Daniel”. Aquilo que te foi concedido até
a previsão das coisas futuras é suficiente. Pare aqui. Volte a tratar novamente
dos negócios do rei (cap. 8.27). Segue o teu caminho, e registra o que viste e
ouviste, para benefício da posteridade, e não cobices ver e ouvir mais no
momento. Note que essa comunhão íntima com Deus não ocorre de uma forma
contínua neste mundo. Nós às vezes somos tomados para ser testemunhas da glória
de Deus, e dizemos: Bom é estarmos aqui. Mas devemos descer do monte, pois ali
não é a nossa habitação permanente nesta vida. Aqueles que sabem muito sabem
apenas em parte, e ainda vêem que há muito sobre o que eles são mantidos no
escuro. E é provável que isto permaneça assim até que o véu seja rasgado. Até
aqui o conhecimento deles chegará, mas não irá além. Siga em frente, Daniel, e
satisfeito com o que tens.HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora
CPAD. pag. 905-906.
Assim,
veio a palavra a Daniel: vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua
sorte, no fim dos dias (13; cf. v. 9).Adam
Clarke apresenta uma palavra confortadora: “Temos aqui um conselho apropriado
para cada pessoa. 1) Você tem um caminho — um caminho na vida, que Deus
determinou para você; ande neste caminho; este é o seu caminho. 2) Haverá um
fim para você de todas as coisas terrenas. A morte está diante da porta e a
eternidade está muito próxima; vá até o fim — seja fiel até a morte. 3) Há um
descanso preparado para o povo de Deus. Você descansará; seu corpo no túmulo;
sua alma no favor divino aqui e, finalmente, no paraíso. 4) Como na Terra
Prometida, havia muito para cada pessoa do povo de Deus, assim haverá muito
para você. Não se feche para essa promessa, não a negocie, não permita que o
inimigo a roube de você. Esteja determinado a se levantar para receber a
herança, no fim dos dias. Cuide para guardar a fé; morra no Senhor Jesus, para
que você possa ressuscitar e reinar com Ele por toda a eternidade”.
Alexander
Maclaren sugere uma Mensagem para o Ano Novo com os seguintes pensamentos do
versículo 13:1) A Jornada — Vai (“siga o seu caminho”, NVI). 2) O Lugar de
Descanso do Peregrino — porque descansarás. 3) O Lar Final — estarás na tua
sorte, no fím dos dias.
Daniel
recebeu a clara confirmação da sua esperança em relação à imortalidade.
Séculos, e até milênios, passariam antes do seu cumprimento integral. Mas no
fim dos dias, quando a consumação chegar, Daniel estará lá reunido com as
multidões dos remidos da terra e do céu. Então ele será, não um espectador de
visões, mas um participante dos tremendos acontecimentos na introdução da plena
glória do Reino de Deus. No arrebatamento ele observará a glória, a sabedoria e
a honra Daquele que desde o princípio determinou o cumprimento da história do
Reino de Deus. Ele participará do grande “Aleluia” dos redimidos. Então os
“reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo. E ele reinará
para todo o sempre” (Ap 11.15).Roy E. Swim.
Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 545.
3.
Humildade e finitude.
Dn 12.8
“Eu, pois, ouvi, mas não entendi’. O presente versículo, confrontado com o
versículo 7 (o anterior), e com o versículo 5 do cap. 10, nos dá entender que
Daniel seria um dos personagens que estavam na banda do rio, vendo esta
maravilhosa visão. Daniel contemplava a visão e ouviu as palavras, que iam
sendo proferidas, mas nada entendia! O anjo também ficou sem entender aquela
visão tão sublime. O apóstolo João entendeu muito bem o sentido da voz dos sete
trovões, porém, a exemplo de Paulo, foi-lhe vedado escrever ou revelar a
mensagem (2 Co 12.4 e Ap 10.4). Porém a Daniel, nem isso lhe foi concedido.
Existem, no eterno propósito de Deus, mistérios desconhecidos até mesmo pelos
anjos. Mas Daniel sabia que “as coisas encobertas são para o Senhor nosso
Deus”, por isso, com toda a humildade, pediu a interpretação dessas coisas (Dt
29.29).Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 234-235.
Que
resposta foi dada em relação a isso por Aquele que enumera os segredos, e
conhece todas as coisas futuras.
(1) Aqui
é feito um relato mais geral da continuidade dessas aflições ao anjo que fez a
pergunta (v. 7): elas continuarão por um tempo, tempos, e metade de um tempo,
isto é, um ano, dois anos, e metade de um ano, como foi declarado anteriormente
(cap. 7.25), além da metade de uma semana profética. Alguns entendem isto
indefinidamente, um período conhecido versus uma incerteza. Será por um tempo
(um tempo considerável), por tempos (um tempo ainda mais longo, o dobro do
tempo que se pensava que seria, a princípio), e ainda certamente apenas a
metade de um tempo, ou uma parte de um tempo.
Quando estiver acabado não
parecerá a metade do tempo que se temia. Mas, logo de início, esse período
mencionado deve ser considerado como certo tempo. Nós nos deparamos com uma
situação semelhante no Apocalipse: às vezes a menção de três dias e meio
representa três anos e meio, às vezes representa quarenta e dois meses, e às
vezes 1260 dias. Agora observe, em relação a essa determinação do tempo: [1]
Ela foi confirmada por um juramento. O homem vestido de linho levantou ambas as
mãos ao céu, e jurou por Aquele que vive eternamente que isso deveria ser assim.
Assim o anjo poderoso que João viu é introduzido, com uma clara referência a
essa visão, estando com o seu pé direito sobre o mar e o seu pé esquerdo sobre
a terra, e com a sua mão levantada ao céu, jurando que não haverá mais demora
(Ap 10.5,6). Esse Poderoso que Daniel viu estava de pé com ambos os pés sobre a
água, e jurou com ambas as mãos levantadas.
Observe que um juramento serve para
confirmação. Devemos sempre falar a verdade diante de Deus, porque Ele é o Juiz
adequado a quem devemos apelar. Levantar a mão é um sinal muito adequado e
significativo para ser usado em um juramento solene. [2] Ela foi ilustrada com
uma ponderação. Deus permitirá que ele prevaleça até que tenha cumprido a
destruição do poder do povo santo. Deus permitirá que ele faça o seu pior, e
chegue ao seu extremo, e então todas essas coisas estarão terminadas. Observe
que o tempo de Deus para socorrer e aliviar o seu povo é quando seus assuntos
são trazidos à situação mais extrema. No monte do Senhor Isaque foi salvo
exatamente quando estava pronto a ser sacrificado. Pois bem, o evento atendeu a
predição. Josefo diz expressamente, no seu livro Guerras dos Judeus, que
Antíoco, de sobrenome Epifânio, surpreendeu Jerusalém pela força, e a dominou
por três anos e seis meses, e foi então expulso do país pelos hasmoneanos, ou
ma- cabeus. O ministério público de Cristo durou três anos e meio, um período
em que Ele suportou a oposição dos pecadores contra si, e viveu em pobreza e
dificuldades. E então, quando o seu poder parecia ter sido destruído com a sua
morte, e os seus inimigos triunfavam sobre Ele, chegou o momento em que Ele
obteve a vitória mais gloriosa, e disse: Está consumado.HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora
CPAD. pag. 904-905.
Dn 12. 8,
9. Confuso, Daniel formuía uma pergunta levemente diferente. Ele quer saber
qual será o fim destas cousas; mas o significado pleno da revelação é escondido
até de Daniel, estando as palavras encerradas e seladas (cf. v. 4), embora ele
as tenha ouvido da boca do mensageiro celeste. O texto confirma, assim, que a
palavra “selado” deve ser tomada de modo metafórico; ele ouve as palavras mas
elas não significam nada para ele. Somente depois dos acontecimentos é que se
pode ver que uma palavra profética teve o seu cumprimento. Ela não supre
informações a partir das quais um programa possa ser construído, por não ser
este o seu propósito.Joyce G.
Baldwin,. Daniel Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 220.
Agora
Daniel começa a formular perguntas em concordância com o exemplo do anjo.
Primeiramente ele ouviu um anjo inquirindo do outro [anjo]; em seguida reuniu
coragem e quis receber informação, e pergunta qual seria o fim ou resultado.
Diz ele: Eu ouvi, porém não entendi. Pelo verbo ‘ouvir’ ele testifica a
ausência de ignorância, de indolência ou de menosprezo. Muitos divergem sem
qualquer percepção de um tema, embora ele seja muito bem explicado, porquanto
não atentam para ele. Aqui, porém, o profeta assevera que ouviu; significando
que seria culpa de sua diligência se não entendia, porque estava desejoso de
aprender e tinha exercitado todas suas faculdades, como anteriormente
sugerimos, e contudo confessa não haver entendido. Daniel não pretende
confessar total obtusidade, porém restringe sua ignorância ao tema de sua
interrogação.
Do que Daniel era ignorante? Do resultado final. Ele não podia
atentar para o significado dessas predições, as quais lhe soavam extremamente
obscuras, e isso demandava sua plena e total compreensão. É muito evidente que
Deus nunca enuncia sua palavra sem esperar fruto; como diz Isa- ias: “Não falei
em segredo, nem em algum lugar escuro da terra; não disse à descendência de
Jacó: Buscai-me em vão” [Is 45.19]. Deus não queria deixar seu profeta nessa
perplexidade de ouvir sem entender, porém estamos cientes dos graus distintos
de proficiência na escola de Deus. Além disso, a revelação suficiente era
notoriamente conferida aos profetas para o cumprimento de seu ofício, e contudo
nenhum deles nunca entendeu perfeitamente as predições que enunciavam.
Também
sabemos o que Pedro diz: “ Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas
para nós, eles ministravam essas coisas que agora vos foram anunciadas por
aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho” [IPe
1.12]. Essas coisas de forma alguma foram inúteis para sua própria época, mas
quando nossa época é comparada com a deles, certamente a instrução e disciplina
dos profetas nos são mais úteis e produzem frutos mais ricos e mais sazonados
em nossa época do que na deles. Não nos deve surpreender, pois, que Daniel
confesse não entender, se restringirmos as palavras a este caso único.João
Calvino. Série de Comentários de Calvino do Antigo Testamento.( Editora edições
Parakletos. pag. 454-455.)
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PAZ DO SENHOR
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