Dn 9.3 Daniel, como já ficou demonstrado, sabia que
Deus só exigia o que é seu e, numa confiança inaudita na grande misericórdia
dele, e numa inteireza de fé, pediu a Deus que virasse o cativeiro do seu povo
"... como as correntes do sul”. (Ver SI 126.4).
O ardente desejo deste
servo fiel era ver seu povo perdoado, e a cidade de Jerusalém, mormente o
templo do Senhor, reedificados. Ele
permaneceu em oração “velando nela com ação de graças”. (Ver Cl 4.2). Até as
três horas da tarde (a hora do sacrifício da tarde), Daniel permaneceu em
oração, exemplificando o centurião Cornélio (At 10.30). Então chegou Gabriel,
um embaixador da corte celestial. A oração, na vida de Daniel, era um costume
regular. No seu aposento de janelas abertas, na direção de Jerusalém, ele podia
ser encontrado orando três vezes por dia. (Ver 6.10). Há uma promessa para
aqueles que, em tempo de angústia, buscam a Deus virados para o santo templo.
(Ver 1 Rs 46-49). Davi orava a Deus três vezes no dia e, por essa razão, era
bem sucedido (SI 55.15). - Quantas vezes o leitor ora por dia? Dn 9.4 "...
e confessei, e disse”. O texto em foco mostra Daniel assumindo a posição de
sacerdote (ainda que não o fosse) e fazendo confissão. A confissão é a
expressão pública da fé. Enquanto o testemunho se dirige aos homens, a
confissão dirige-se a Deus, num movimento espontâneo de gratidão e louvor.
No
Novo Testamento, a “confissão” possui três significados especiais: 1) Louvar ou
celebrar. 2) Proclamar o Senhor e sua libertação. 3) Reconhecer as próprias
culpas. Nessa parte da Bíblia, a palavra traduzida por “confessar” significa,
inicialmente, “entrar em conciliação, concordar sobre uma base comum”. Daniel,
o grande servo de Deus, não se sentia culpado, mas, mesmo assim, não se dava
por justificado. (Ver Rm 8.33). Ainda no N.T., a confissão acompanha o
ministério do Senhor Jesus Cristo (Lc 5.8; 19.8), e está em parábolas por Ele
proferidas. (Veja Lucas 15). Acompanha também o ministério apostólico. (Ver Jo
20.23; At 19.18). Faz também parte das recomendações apostólicas (1 Jo 1.9; Tg
5.16).
Dn 9.5
“Pecamos, e cometemos iniqüidade”. Daniel demonstra sua grande humildade diante
de Deus, em confessar o pecado de seu povo, mas se coloca também numa posição
de culpa, como se fosse um pecador: Ele se apresenta como se fosse um anátema
diante da situação. Paulo desejou também ser até separado de Cristo por amor a
Israel. (Ver 1 Rm 9.3). Moisés desejava ser riscado do livro da vida se
porventura Deus não perdoasse o seu povo (Ex 32.33). Daniel, como já ficou
explícito em outras notas expositivas, sabia que, segundo as Escrituras, o
pecado “cortava” quaisquer laços de comunhão entre o homem e Deus, como declara
o profeta Isaías (Is 59.2). Em relação a Jesus, Ele disse aos judeus de seus
dias: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não
crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). Jesus retrata a
vida humana ideal, de comunhão com Deus, em todo o Novo Testamento.
O pecado é
a falta dessa comunhão. Jesus também localiza a fonte do pecado no íntimo dos
homens. O pensamento de Jesus, em cada elemento de seus ensinos, aprofunda
muito o senso de culpa. Daniel, sendo possuidor do mesmo Espírito de Deus,
aprofunda-se também nele o senso da culpa do seu povo e pede a Deus remissão.
Dn 9.6
"... não demos ouvidos aos teus servos, os profetas”.
A presente passagem
nos lembra as recomendações do Senhor Jesus em seus ensinamentos doutrinários,
tanto nos Evangelhos como no Apocalipse. Esta recomendação para “ouvir” a
Palavra de Deus, da parte de Cristo, é feita em solene aviso, nos evangelhos.
(Ver Mt 13.9,43; Mc 4.23). No texto de Ap 3.6, a recomendação é feita a “todas
as igrejas”, e se repete nos caps. 2 e 3 por sete vezes. Os ouvidos de um homem
são sua sensibilidade espiritual, e o seu “ouvir” e o uso de meios espirituais
que produzem mudanças em seu íntimo, conforme se vê exigido nas advertências e
promessas anteriores. Daniel nos informa que o castigo caído sobre a nação
israelita era resultado do “não ouvir” a Palavra de Deus enviada pelos profetas
do Senhor. Um dos mais solenes estudos da Bíblia inteira é aquele concernente
ao “ouvido que ouve”.
Dn 9.8
“Porque pecamos contra tf. O velho profeta em sua oração intercessora continua
pedindo a Deus a expurgação do pecado, tanto praticado no presente como no
passado. Daniel conhecia muito bem os males que o grande tirano (o pecado),
tinha causado ao seu povo. Há o pecado congênito, herdado de Adão. Há ainda o
pecado praticado; este é transgressão (Ver 1 Jo 1.9). O primeiro vem no
singular, o segundo no plural. Quanto à prática do pecado, há duas espécies de
pecado: a primeira por comissão. (Ver Tg 1.15). A segunda por omissão. (Ver Tg
4.17). Há pessoas que se exercitam conscientemente na prática do pecado, e, por
conseguinte, são os obreiros da iniqüidade (SI 14.4). Ainda no que diz respeito
aos aspectos maus do pecado, podemos analisar a posição do crente em relação ao
pecado. 1) Somos salvos do pecado, mas não de sua presença que tão de “perto
nos rodeia” (Hb 12.1). 2) Na mudança e transladação dos santos, que se chama “a
redenção do corpo”, seremos para sempre salvos da presença do pecado. (Ver Rm
8.23; 1 Co 15.52, 53).
Dn 9.9
“...a misericórdia e o perdão”.
Essa é uma das mais conhecidas palavras da
Bíblia. Isto é, a palavra “perdão”. Toda uma série de expressões, no Antigo e
no Novo Testamento designam o ato de perdão e permitem definir sua natureza. A
expressão mais correta é “remir”, “abandonar” (uma transgressão), em comparação
com a remissão de uma dívida (SI 32.1; Mt 9.2; Lc 7.48). Há as expressões “não
imputar” (Nm 12.11; SI 32.2; Rm 4.8), “cobrir”, como algo que mais não se quer
ver. (Ver SI 85.3; Rm 4.7). Paulo diz que o perdão humano está baseado no
perdão divino: “antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef
4.32). Em Mt 26.28, essa palavra é também traduzida por “remissão”; ela
significa “mandar embora”. No Novo Testamento há diversos pontos notáveis. Um
deles é que o pecador perdoado deve também perdoar aos outros. Isso é
manifestado em Lc 6.37, na oração do Pai Nosso, e noutras passagens paralelas.
No texto em foco, porém, Daniel pede a Deus, um perdão de cunho nacional, isto
é, um perdão extensivo à nação como um todo.
Dn 9.10
"... não obedecemos à voz do Senho/’.
São muitas as passagens correlatas
da Bíblia, quanto ao assunto da desobediência. 1) Por um lado, esta revolta dos
homens não desconcerta a Deus: os desobedientes não escapam do seu controle.
Deus leva a sério a desobediência deles: Deus não os abandona a si mesmos: Ele
endurece o homem desobediente (Êx 7.3; Jo 12.40). Ele o entrega ao pecado (Rm
1.24). Porém, muito mais: Deus usa a desobediência do homem, a qual, em lugar
de contrariar a salvação divina, colabora com ela tornando-a “gratuita”. 2) Por
outro lado, Deus prepara o caminho para a vida de uma humanidade nova,
obediente. Ele escolheu Abraão, elegeu Israel, deu sua lei, e, assim, a “queda”
se torna em “elevação” (Comp. Rmcap. 11).
Dn 9.11
“Por isso a maldição”.
A maldição é uma palavra pela qual Deus faz cair a
desgraça e a morte sobre o homem ou sobre as coisas, por causa do pecado. A
serpente foi alvo de maldição (Gn 3.14), e até o solo (Gn 3.17 e 5.29), e
também Caim, o fratricida (Gn 4.11): todos esses são malditos. Na boca de um
homem a maldição atrai o julgamento de Deus para o inimigo (Nm 22.6; 23.8; 2 Rs
2.24; Lm 3.65). A cidade de Jericó foi também alvo de maldição por parte de
Josué (Js 6.26), caindo muito depois sobre Hiel, o betelita, e fazendo morrer
seus dois filhos (1 Rs 16.34). Há também aquela dirigida contra o próprio Deus.
(Ver Lv 24.11,15; Jó 2.9). Ela é o pecado por excelência e conduz à morte:
aquele que maldiz a Deus se exclui da aliança e da vida. O mesmo acontece com
aquele que maldiz seus pais, pois é por intermédio deles que Deus lhe deu a
vida (Êx 21.17; Pv 20.20; 30.11), ou com aquele que maldiz o rei, representante
terrestre do rei divino. Morrerá sem misericórdia (1 Rs 21.13, etc). No texto
em foco, Daniel nos diz que a maldição veio a seu povo por causa da
desobediência contra Deus. O homem, por esta razão, foi privado da bênção.Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 166-171.
Oração de
Confissão de Daniel (9.4-14)
Quando
Daniel se engajou nesse ministério da intercessão ele fez o que cada verdadeiro
intercessor deveria fazer. Ele identificou-se com aqueles por quem estava
intercedendo. Os pecados do seu povo eram os seus pecados. A aflição deles era
a sua aflição. O castigo deles era o seu castigo, plenamente merecido. Ele não
se colocou acima do seu povo, julgando-o de uma posição exaltada. E verdade que
Daniel pessoalmente não era um rebelde idólatra contra Deus. Mas ele escolheu
descer ao vale da humilhação onde estava seu povo errante e tomou a culpa e
vergonha deles sobre si. Isso ilustra de forma vívida o estado do nosso Senhor
ao levar sobre si os pecados de um mundo perdido! Quão claramente isso sugere a
todos que entram na comunhão do seu sofrimento que devemos de uma maneira real
identificar-nos com o pecador que apresentamos diante do trono da graça!
Ao
aproximar-se de Deus, Daniel teve uma clara visão da natureza do caráter de Deus,
cuja face buscava. Deus era pessoal e acessível, porque Daniel se dirigiu a Ele
como meu Deus (4). Ele também era soberano e santo, Deus grande e tremendo.
Deus era fiel, que guarda o concerto e a misericórdia para com os que o amam.A
confissão de Daniel era mais do que generalizações e chavões. Ele foi
específico ao abrir os horrores do pecado do seu povo. Existe um significado
profundo nos quatro termos hebraicos que Daniel usa para descrever o mal de
Israel. Pecamos (5; chata) significa dar um passo em falso ou afastar-se do que
é justo. Cometemos iniqüidade (’awah) se aprofunda nos motivos; iniqüidade
implica em ser perverso. Procedemos impiamente (rasha’) significa proceder mal
em rebelião contra Deus. Fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos,
serve para reforçar esse terceiro termo. Confusão do rosto (7 e 8) significa
vergonha ou ignomínia.
O pecado
de Israel era muito mais sério do que algum tipo de erro superficial. Era uma
maldade profundamente enraizada que controlava as ações de maneira perversa.
Essa maldade tinha fechado os ouvidos e cegado os olhos e endurecido os
corações do rei e do povo de tal forma que os esforços de Deus para
influenciá-los por meio dos seus servos, os profetas, foram em vão. Deus é
justo e santo. Os homens são maus e corruptos. Deus é misericordioso e
gracioso. O povo é rebelde e teimoso. Os julgamentos de Deus são justos. A
adversidade de Israel é merecida; ela é simplesmente o cumprimento exato do
juramento que está escrito na Lei de Moisés, servo de Deus (11). A maldade do
homem serve para ressaltar a justiça de Deus.Roy E.
Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 533-534.
3. Daniel
reconheceu a justiça de Deus (vv.7,16).
“A ti,
Senhor, pertence a justiça” (9.7).
Esta é uma declaração teológica que dá
sustentação à nossa fé. Em relação aos homens, toda
justiça é
relativa, porque nossas justiças são como trapos de imundícia. Porém, em
relação à natureza divina, a justiça de Deus faz parte da sua essência, isto é,
a justiça “é a maneira ou modo pela qual sua essência é expressa para com o
mundo”. A santidade é sua essência, por isso, a justiça é a retidão da natureza
divina que o revela como um Deus justo. Deus sendo Deus, ele é o que ele é, e
não precisa ser nem se esforçar. Quando Daniel confessa e declara que a
“justiça pertence a Deus”está, de fato, proclamando a perfeição dessas
qualidades morais como intrínsecas a Deus. No caso da oração de confissão de
Daniel sobre o seu povo, mesmo que não pudesse entender totalmente a manifestação
da justiça de Deus contra sua gente permitindo sua humilhação e extradição,
Daniel sabia que a justiça de Deus é perfeita. Ele mesmo diz: “A ti, Senhor,
pertence a justiça” (9.7).
“mas a
nós, a confusão de rosto” (9.7).
, o que isto quer significar? “Confusão de
rosto” significa “corar de vergonha”, ficar com a cara vermelha de vergonha.
Por quê? Por causa dos pecados enumerados por Daniel e que estavam na sua
memória, tanto para as tribos do norte como as tribos do sul. Todo o Israel,
por causa dos seus pecados foi deportado para fora de sua terra. Porque “a
confusão de rosto”? Na oração, Daniel é específico e diz: “Porque pecados
contra Ti” (9.8). O pecado de Israel em toda a sua dimensão de prevaricação,
desobediência, impiedade, e toda sorte de pecados que afastou Israel dos
mandamentos divinos, provocou a manifestação da justiça de Deus.
“A
solução para o pecado”.
“Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o
perdão”(9.9,10). Esta declaração enfática do profeta revela que a justiça de
Deus manifesta-se em ações de misericórdia e perdão. Jeremias contribui com
este conceito, quando diz: “As misericórdias do Senhor são a causa de não
sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”(Lm 3.22).
Subtende-se por estes versículos que Israel não tinha nada que pudesse evitar a
punição divina, senão a misericórdia e o perdão, que são manifestações do
caráter de Deus. Não há nada que justifique Israel dos seus pecados e Daniel
sabia disso. Então, apelou ao caráter de Deus para perdoar e restaurar o seu
povo.
(9.11-14)
“Daniel reconhece a soberania de Deus sobre todas as coisas. No versículo 7,
Daniel vê a Deus como Deus justo em sua natureza divina, e no versículo 9, ele
o vê como alguém que sabe perdoar e usar de misericórdia. Nos versículos 10-14,
Daniel mostra os pecados do seu povo e declara que a maldição por isso, trouxe
o exílio, a opressão, a perda de sua terra, a exploração estrangeira e,
permitindo tudo isso, Deus estava ensinando Israel a manter a sua fidelidade
para com Ele.
(9.15-19)
Daniel intercede pelo seu povo e relembra a libertação milagrosa do Egito (v.
15).No versículo 16, ele ora e intercede pela sua cidade de Jerusalém que ficou
sob o domínio dos inimigos estrangeiros. No versículo 17, Daniel ora pela
restauração do Templo de Jerusalém, que foi destruído por Nabucodonosor no ano
586 a. C. Esses versículos revelam a oração de Daniel que se apresenta diante
de Deus sem apelar para própria justiça, mas amparado nas “muitas
misericórdias” de Deus. No versículo 19, Daniel pede a Deus “que não tarde em
responder” a sua oração. Esse pedido é típico do homem em relação a Deus.
Sempre temos pressa em nossa angústia e desejamos respostas imediatas. Mas Deus
não tarda nem se atrasa em suas respostas. Ele é Deus Soberano e absoluto sobre
todas as coisas.Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a
Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 129-131.
Dn 9.7
"... prevaricaram contra ti’.
Numerosas são as palavras com a significação
de pecado, na Bíblia. Se bem que o Antigo Testamento as empregue facilmente
umas pelas outras. (Ver Dt 19.15: a iniqüidade, a falta, o pecado.) E
interessante retomar aos seus significados primários, que nos revelam a
essência bíblica de pecado. Os sábios traduziram a palavra “hamartia” por
pecado, no idioma português, que toma o sentido: 1) Tortuosidade (sentido
próprio). 2) Errar o alvo (sentido religioso). Na Bíblia são numerosos os
“pecadores”, cujas ações são definidas como desvio. Outra palavra corrente para
o pecado vem de uma raiz que significa algo que é “torto” ou “curvo”. No
sentido nacional, é a do presente texto: a nação inteira é tomada como um todo,
na prática do pecado, como por exemplo: “Israel pecou, e até transgrediram o
meu concerto...” (Js 7.11). Mas havia também a prática, mesmo em Israel, no
sentido individual, como por exemplo: “sacerdote... príncipe... congregação...
qualquer outra pessoa...” (Ver Lv capítulo 4). Daniel, em sua oração a Deus,
inclui a nação como um todo.
Dn 9.16 O
presente versículo mostra como Daniel se sentia humilhado, aos olhos de todas
as nações, porque o cativeiro de Judá e a não-existência do santuário de
Jerusalém eram interpretados pelas nações como significando que o Deus de Judá
ou Israel não tinha poder, que tudo era uma ilusão. Assim sendo, o fato de o
nome de Deus ter sido desonrado pelas medidas disciplinares que o povo o forçou
a tomar, exige, do apelo vindicado por Daniel, que Deus tome uma providência
urgente a favor do seu povo. O templo do Senhor e a cidade de Jerusalém, tudo
estando em grandes ruínas, era considerado por todo o judeu como “um opróbrio”.
(Ver Ne 1). Daniel estava consciente de tudo isso e pediu a Deus que, através
da sua justiça e retidão, tirasse de seus servos esse opróbrio. Quando o povo
de Deus em qualquer tempo ou lugar fracassa, os inimigos zombam! Pois o pecado
é o “opróbrio” das nações, e, se uma “nação santa” como é chamada a Igreja na
simbologia profética, pecar, traz sobre si esse “opróbrio” sombrio da zombaria.
(Comp. 2 Sm 12.14 e ss.).Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 168-169;
173-174.
Temos,
nesse capítulo: I. A oração de Daniel pedindo a reintegração dos judeus que
estavam no cativeiro, e na qual ele confessa o pecado, reconhece a presença da
justiça de Deus nas calamidades, e implora as promessas divinas de misericórdia
que o Senhor ainda havia reservado para eles (w. 1-19). II. A resposta recebida
em seguida à sua oração e que foi transmitida por um anjo. Nesta, 1. Ele recebe
garantias sobre a imediata libertação dos judeus do seu cativeiro (w. 20-23).
2. Ele é informado a respeito da redenção do mundo por Jesus Cristo (que o
próprio Daniel estava tipificando), de como seria a natureza dessa redenção, e
quando ela seria realizada (w. 24-27). E essa é a profecia mais clara e
luminosa em todo o Antigo Testamento a respeito do Messias.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora
CPAD. pag. 879
.
II - DEUS
REVELA O FUTURO DO SEU POVO
(Dn
9.24-27)
1. As
setenta semanas (v.24).
“setenta
semanas estão determinadas...” (9.24).
A profecia ganha um sentido especial,
porque depois que Daniel descobriu que o profeta Jeremias, seu contemporâneo,
havia profetizado que o exílio de Israel duraria setenta anos, ele entendeu que
esse número tinha um significado especial (Jr 25.11-13; 19.10). Não se tratava
de um tempo aleatório, mas, de fato, significava um tempo especial de anos que
envolveria o seu povo Israel. O número setenta, então, ganha um sentido
escatológico, para significar, na linguagem bíblica, cada dia da semana
significando um ano, e assim, cada semana pode referir-se a um período de sete
anos. Portanto, as setenta semanas compreendem, a 70 x 7 = 490 anos. A contagem
dessas setenta semanas teria o seu início a partir do decreto de Artaxerxes
(445 a.C.). No versículo 24 está escrito que estas semanas “estão determinadas”
por Deus.
A
profecia divide as “setenta semanas” em três períodos distintos. O primeiro
período de “sete semanas”, é equivalente a 49 anos, ou seja, sete períodos de
sete anos. O segundo período seria de sessenta e duas semanas. Subtende-se que
se trata de 62 x 7= 434 anos. Essas sessenta e duas semanas, somadas às sete
primeiras semanas, chegariam ao tempo da restauração de Jerusalém até a vinda
do Messias. O terceiro período implica em “uma semana”, ou seja, sete anos,
quando haverá uma invasão do Anticristo e se iniciará um tempo de tribulação
para Israel. E o período denominado como “o da grande tribulação”(9.27).Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a
Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 132-133.
Dn 9.24
“Setenta semanas...”
Entre os hebreus, em lugar da palavra “semana” usava-se a
palavra “shabua”. Em hebraico “shabua” significa, literalmente, um “sete”. Pode
ter o sentido de um “sete” de dias como também um “sete” de anos. Precisamente
nesta profecia tem o sentido profético de anos e não de dias. (Ver Nm 14.34 e
Ez 4.6). Assim sendo, estas “setenta semanas” são setenta “grupos de sete
anos”, ou seja, 490 anos. A grande profecia das setenta semanas, visava, não
somente ao “povo” mas também à restauração da cidade que se encontrava em
grande ruína. (Ver Ne 1.3). Seis acontecimentos marcantes deviam acontecer no
decorrer das setenta semanas escatoló- gicas: 1) Extinguir a transgressão, em
grego é “anomia”, e significa “violação da lei, desordem, anarquia; declínio
para a margem esquerda ou direita da linha da santidade”; tudo isso Israel
tinha praticado em grau supremo e, segundo o anjo intérprete, esta
“transgressão” na vida da nação israelita não podia ultrapassar a “septuagésima
semana”. 2) Dar fim aos pecados.
O termo “pecado”, no grego, é “hamartia”,
significa “tortuosidade” no sentido próprio, e “errar o alvo” no sentido
religioso. Segundo o anjo, o pecado tinha de ser "tirado” da vida da
nação, antes da introdução do reino milenar de Cristo. (Ver Rm 11.26). 3)
Expiar a iniqüidade. O termo “iniqüidade” tem sentido lato, tanto no Antigo
como no Novo Testamento, como por exemplo: “rãshã”, “ponêros”, “athesmos”, etc.
Isso significa “desobediência, insubordinação”. Essa iniqüidade na vida de
Israel seria “expiada”, de acordo com o texto em foco, dentro dos limites das
setenta semanas. Isso porém, não aconteceu por desobediência de Israel, de não
aceitar Jesus como seu Messias. (Ver Jo 1.11). 4) Trazer a justiça eterna. A
“justiça eterna” do presente texto é a “Justiça de Cristo”, que ele ganhou na
cruz. A promessa para Israel é que, antes do reino milenar Cristo será
introduzido no mundo com essa “justiça”, e a nação inteira desfrutará dela em
plenitude. 5) Selar a visão e a profecia.
A “profecia” do texto em foco, sem
dúvida, é a das setenta semanas; ela precisava ser selada com seu cumprimento.
Isso terá seu cumprimento em plenitude, quando Deus “restaurar o reino a
Israel”. (Ver At 1.6). 6) Ungir o Santo dos santos. Em algum sentido, todos os
templos, isto é, o de Salomão; o de Esdras; o de Herodes, e o que será usado
pelos judeus descrentes sob a aliança com o Anticristo (Dn 9.27; Mt 24.15; 2 Ts
2.4), e o templo escatológico de Eze- quiel (Ez caps. 40 a 48), todos são
tratados como uma só casa: a “casa de Deus”. Assim, Cristo purificou o “templo
dos seus dias”, embora construído (ou reconstruído) por um usurpador idumeu
(Herodes) para agradar aos judeus. A nova promessa, segundo o anjo, é de que
este “santuário” onde ficava o “Santo dos santos”, será “ungido” por Cristo
antes que as setenta semanas expirem. Todas essas “seis coisas” terão seu
cumprimento pleno com o retorno de Cristo a este mundo com poder e grande
glória, isto é, sete anos após o arrebatamento da igreja deste mundo. (Ver Ap
1.7).Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 178-179.
"Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo..." (9.24).
Circunstâncias e
observações sobre a profecia das setenta semanas:
a.
Findaram-se os 70 anos e não ocorria o repatriamento dos judeus. (Ler Daniel
9.2; Jeremias 25.11,12; 29.10.)
b. Por
que 70 anos de cativeiro e nem mais nem menos? Tratava-se de disciplina de
Israel por quebra deliberada dos preceitos divinos exarados em Levítico 25.3-5;
26.14, 33-35; 2 Crônicas 36.21. O cativeiro de Judá foi, em grande parte, fruto
da desobediência dos judeus quanto às palavras do Senhor, acima exaradas. Vemos
na passagem de Levítico que Deus determinou a observância de um ano sabático,
ou de descanso, quando a terra descansava. Isso devia ser observado cada 7
anos. Ora, durante os quase 500 anos que vão da monarquia de Israel ao seu
cativeiro, eles não cumpriram o preceito do Senhor. Resultado: Deus mesmo fez a
terra repousar, mantendo seus maus "inquilinos" fora por 70 anos.
Ora, 70 anos é o total de anos sabáticos ocorridos no espaço de 490 anos.
Deus lida
muito bem com pessoas e nações que quebram as suas leis, mesmo as civis, como
esta que acabamos de mencionar.
c. As
setenta semanas da profecia em foco (9.24-27) são semanas de anos; não de dias.
Eis o porquê disso:
1) O
original não diz "semana", e sim "setes" ("setenta
setes"). Quando se trata de semana de dias, como em Daniel 10.2,3, é
acrescentado, em hebraico, a palavra para dias: "yamin".
2) É
bíblica a expressão "semana de anos". (Ler Levítico 25.8; Números
14.34; Ezequiel 4.7.) Aplicação prática de uma "semana de anos" (Gn
29.20,27).
3) Os
seis ditosos eventos preditos, a respeito de Israel, em 9.24, ainda não se
cumpriram.
4) Em
9.27, por ocasião da última das setenta semanas, a Bíblia diz: "E ele fará
firme aliança com muitos por uma semana". É algo ridículo um pacto entre
nações por uma semana de dias, quando somente o protocolo e as celebrações
muitas vezes tomam mais de uma semana...
d) A
autenticidade desta profecia (9.24-27) foi atestada por Jesus, em Mateus 24.15,
onde ele também mostra que a última das setenta semanas é ainda futura, uma vez
que o fato ali citado por Jesus ainda não ocorreu depois que Ele proferiu
aquelas palavras.
5. A
divisão das 70 semanas em três grupos. A leitura da passagem (w. 24-27) mostra
que as semanas estão divididas em três grupos. Sendo semanas de anos, totalizam
490 anos. Os três grupos são: um de 7 semanas, um de 62, e um de uma.
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PAZ DO SENHOR
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