"A maior necessidade de nossos
dias é poder do alto." - Charles Finney
"O milagre do avivamento é bem
semelhante ao de uma colheita de trigo. Ele desce do céu quando crentes
heróicos entram na batalha decididos a vencer ou morrer - e, se for necessário,
vencer e morrer. 'O reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam
se apoderam dele.'" - Charles Finney
(Citações do livro "Por que tarda
o pleno avivamento" por Leonard Ravenhill)
Charles Grandison Finney nasceu no dia
29 de agosto de 1792, um ano após o falecimento do John Wesley, na cidade de
Warren, no estado de Connecticut, EUA. A sua família não era religiosa, e o
jovem Finney foi criado sem nenhuma formação cristã. Aos 26 anos ele começou a
trabalhar num escritório de advocacia na cidade de Adams, e freqüentou uma
igreja, apesar de achar que as orações daqueles crentes não estavam sendo
respondidas.
No dia 10 de outubro de 1821, enquanto
ele orava sozinho num matagal, Finney experimentou uma poderosa conversão. Mais
tarde no mesmo dia, ele foi batizado no Espírito Santo, numa experiência que
ele relatou na sua autobiografia:
Mas assim que me virei para me sentar
perto do fogo, um poderoso batismo do Espírito Santo caiu sobre mim
inesperadamente. Nada esperava, tudo desconhecia daquilo que se estaria
passando comigo. Nunca havia sequer imaginado que tal coisa existisse para mim,
nunca me recordo de alguma vez haver ouvido uma pequena coisa sobre tal coisa.
Foi de todo uma coisa absolutamente inesperada. O Espírito Santo desceu sobre
mim de maneira que mais me parecia trespassar-me e atravessar-me de todos os
lados, tanto física como espiritualmente. Mais me parecia uma corrente
eletrificada de ondas de amor. Passavam em e por mim, atravessando-me todo.
Mais me pareciam ondas e ondas de amor em forma líquida, uma torrente de vida e
amor, pois não acho outra maneira de descrever tudo aquilo que se passou
comigo. Parecia-me o próprio sopro de vida vindo de Deus. Lembro-me
distintamente que me parecia que esse amor soprava sobre mim, como com grandes
asas.
Não existem palavras que possam sequer
descrever com a preciosidade e com a quantidade de amor que fora derramado em
meu coração. Eu chorava de alegria profunda, urrava de amor e alegria! O meu
coração muito dificilmente teria como se poder expressar de outra forma.
Aquelas ondas sem fim passavam por mim, em mim, através de todo o meu ser.
Recordo-me apenas de exclamar em alta voz que pereceria de amor se aquilo
continuasse assim por muito mais tempo. Mas mesmo que morresse, não tinha
qualquer receio de qualquer morte em mim presente. Quanto tempo permaneci neste
estado de coisas, não sei precisar. Mas sei que muito tarde um membro do coro
da igreja entrou nos escritórios para me encontrar naquele estado de coisas. Eu
era então líder do coro e ele viera falar comigo sobre algo. Ele era um membro
da igreja. Entrou e achou-me naquele estado de espírito de choro e lágrimas.
Perguntou-me logo se estava bem. "Sr. Finney, o que se passa com o
senhor?" Não conseguia responder-lhe uma palavra nesse preciso momento.
Perguntou-me se estava com dores ou algo assim. Recolhi todo o meu ser o mais
que pude e disse-lhe que não tinha qualquer dor, mas que estava tão feliz que
não conseguia viver.
Ele esgueirou-se rapidamente e saiu
dali. Voltou com um dos presbíteros da igreja. Ele era um homem de feições
muito sérias. Sempre que estava em minha presença, mantinha-se em vigilância
absoluta, resguardando-se a ele próprio de mim. Nunca o havia visto rir-se
sobre algo. Quando entrou, perguntou-me como me estaria a sentir. Comecei por
lhe contar. Mas em vez de me dizer alguma coisa, deu-lhe um ataque de riso tão
grande que não tinha como impedir de se rir muito à gargalhada e bem alto do
fundo do seu coração!
A notícia da conversão de Finney espalhou-se
rapidamente na cidade, e na noite seguinte ele deu seu testemunho na igreja,
começando assim um avivamento naquela cidade:
De qualquer modo, todos foram direitos
ao local das ditas reuniões de oração. Eu também me dirigi para lá de imediato.
O pastor da igreja estava lá, tal como praticamente todas as pessoas da vila.
Ninguém parecia com disposição para empreender a abertura da reunião. A casa
estava repleta e ninguém mais cabia lá. Não esperei que alguém me convidasse
para discursar e comecei desde logo a falar. Comecei por dizer que agora sabia
que a religião era vinda de Deus pessoalmente...
Eu nunca havia orado em público. Mas
logo o Sr. Gale [o pastor da igreja] tratou de remediar a questão, assim que
terminara o seu discurso. Ele chamou-me a orar, o que fiz com grande liberdade
de espírito e com largueza e abertura de coração. Aquela noite obtivemos uma
reunião improvisada ímpar e bela. E a partir dali, não houve noite sem reunião
de oração e isso durante muito tempo depois. A obra de Deus espalhava-se para
todos os cantos e direções.
Finney começou reuniões de oração com
os jovens da igreja, e todos foram convertidos. Depois ele foi visitar seus
pais, e ambos foram tocados poderosamente por Cristo. Finney continuou tendo
experiências poderosas e sobrenaturais com Deus, e passou a gastar muito tempo
a sós com Ele em oração e jejum. Ele começou a pregar, primeiro nas pequenas
cidades e aldeias, e depois nos grandes metrópoles, e muitos foram
poderosamente convertidos.
Ele entendeu a necessidade de comunicar
o evangelho com simplicidade, usando ilustrações e linguagem apropriadas ao
povo. Seu estilo de pregação atraiu muito oposição dos outros ministros:
Antes mesmo de me haver convertido, eu
tinha em mim uma tendência distinta desta. Eu aprendia a escrever e falar com
linguagem muito ornamentada. Mas quando comecei por pregar o evangelho de
Cristo, a minha mente apoderou-se duma certa ansiedade em ser entendido por
todos os que me tivessem como ouvir. Era urgente e expediente ser bem
entendido. Estudei vigorosamente para encontrar e descobrir meios de persuasão
que não fossem nem vulgares nem vulgarizados, mas também os quais fossem bem
assimilados e que explanassem todos os meus pensamentos com a maior das
simplicidades de linguagem, pois o alvo era ser entendido, salvar e não aceite
pela opinião publica. Esta maneira de ser e estar no púlpito era opostamente
agressiva à idéia comum entre o meio ministerial e as noções da altura, pois
não aceitavam esta nova maneira de empreender e viver as verdades. A respeito
das muitas ilustrações das quais fazia uso, muitos me perguntariam:
"Porque não ilustra as coisas através dos eventos histórico-sociais duma
maneira mais dignificante?" Ao que eu respondia sempre que quando trazia
uma ilustração que ocupava as mentes das pessoas, então elas nunca davam nem a
devida atenção, nem a importância à verdade que essas ilustrações pretendiam
encerar e implantar nos corações e nas vidas pessoais de cada um que me ouvia.
Eu não tinha como objectivo que se lembrassem da ilustração nem de mim, mas sim
da verdade da ilustração contida em si e em mim.
Numa vila perto da cidade de Antwerp
Finney pregou ao povo reunido na escola, e sua pregação foi interrompida por um
grande mover do Espírito Santo:
Falei-lhes durante algum tempo, mas
quinze minutos depois de estar a falar sobre a sua responsabilidade pessoal
diante de Deus, constrangendo-os ao arrependimento, de repente uma seriedade
abismal apoderou-se daqueles rostos antes irados, uma solenidade fora do
vulgar. Logo de seguida todas as pessoas começaram a cair nos seus joelhos, em
todas as direções como que caindo dos seus assentos, clamando por misericórdia
a Deus. Caso tivesse uma espada em minha mão, nada de igual havia de conseguir
com efeitos parecidos e tão devastadores. Parecia que toda a congregação estava
ou de joelhos, ou prostrados com o nariz no chão gritando por misericórdia logo
ali. Numa questão de dois minutos toda aquela congregação estaria de joelhos a
clamar. Cada um orava por si próprio, aqueles que tinham como falar.
É obvio que tive de parar com a
pregação, já que ninguém me prestava mais atenção. Eu olhei e vi aquele
velhinho que me endereçou o convite para pregar ali, sentado a meio da sala,
olhando à sua volta muito perplexo, muito atônito com tudo aquilo. Levantei a
minha voz muito alto, quase gritando, para que me ouvisse e perguntei-lhe se
sabia orar. Ele de imediato caiu de joelhos e implorou por aquelas almas em
agonia, entre a vida eterna e a morte. A sua voz era forte e todo o seu coração
estava sendo derramado diante do Criador do mundo. Ninguém o ouvia, ninguém ali
prestava qualquer atenção às suas palavras. Logo comecei a falar com algumas
pessoas que clamavam assustadamente a Deus, para que me ouvissem e prestassem
atenção. Eu dizia: "Olhem, ainda não estão no inferno! Deixem-me
assinalar-vos o caminho para Cristo!" Por alguns instantes eu queria
trazer-lhes o evangelho, mas não conseguia a sua atenção sequer. Todo o meu
coração palpitava e exultava de tal modo que me controlei com muito custo para
não gritar de alegria por toda aquela visão celestial, dando glória a Deus.
Assim que tive como controlar meus sentimentos, debrucei-me diante dum jovem
que estava ali perto e muito atarefado a orar por ele mesmo. Pus minha mão
suavemente em seu ombro, atraindo a sua atenção e pregando-lhe Jesus ao ouvido
em sussurro. Assim que captei a flecti a sua atenção para a cruz de Cristo, ele
creu, acalmou-se, aquietando-se estranhamente pensativo durante um minuto ou
dois, para logo de seguida irromper numa oração dedicada por todos aqueles
aflitos, ali mesmo. Fiz o mesmo com um e outro com os mesmos resultados. Depois
mais um e mais outro até que chegou a hora em que eu haveria de sair dali para
cumprir com um outro compromisso na vila.
A 5 de outubro de 1824, Finney casou-se
com Lydia. Ele a deixou para ir buscar seus pertences em Evan Mills, esperando
estar de volta em uma semana. No outono anterior, Finney pregara várias vezes
em Perch River. Um mensageiro foi procurá-lo, pedindo para pregar mais uma vez em
Perch River porque Deus estava dando um reavivamento. Finney prometeu
visitá-los na noite de terça-feira. Deus operou tão poderosamente que Finney
prometeu outro culto na noite de quarta-feira, depois na de quinta, e outros
mais...
O reavivamento estendeu-se até uma
grande cidade chamada Brownsville. O povo dali insistiu para que Finney
passasse o inverno. No começo da primavera, Finney preparou-se para voltar para
a esposa. Ele teve de parar para ferrar o cavalo em Rayville. As pessoas o
reconheceram e correram ao seu encontro, insistindo para que pregasse pelo
menos uma vez ali. Finney anunciou então uma reunião à uma hora da tarde. Uma
multidão se formou ao seu redor. O Espírito Santo veio em poder e eles
suplicaram que Finney passasse a noite na cidade. Ele pregou naquela noite e o
fogo de reavivamento continuou queimando. Pregou então na manhã seguinte e teve
de permanecer mais uma noite, já que Deus estava operando tão profundamente.
Finney pediu a um irmão cristão que levasse seu cavalo e trenó à sua esposa e
lhe contasse os fatos. Eles estivam separados há seis meses. Finney continuou
pregando em Rayville mais algumas semanas e a maioria do povo se converteu.
Wesley L. Duewel - O Fogo do
Reavivamento
Até sua morte em 16 de agosto de 1875,
aos 82 anos, Finney continuou sendo usado por Deus como um poderoso instrumento
de avivamento nos Estados Unidos e na Inglaterra. De 1851 a 1866 ele foi
diretor do Oberlin College, onde ele ensinou 20 mil estudantes.
No seu livro 'O Fogo de Reavivamento',
Wesley Duewel conta sobre um avivamento que aconteceu numa escola secundária,
provavelmente em 1831:
Um cético tinha uma grande escola
secundária em Rochester. Inúmeros estudantes foram às reuniões de Finney e
ficaram profundamente convencidos de sua necessidade de Criso. Certa manhã
depois de as reuniões terem continuados por duas semanas, o diretor encontrou
tantos alunos chorando por causa dos seus pecados que mandou buscar Finney para
instruí-las. Finney atendeu e o diretor e quase todos os alunos foram convertidos.
Mais de quarenta estudantes do sexo masculino e vários do sexo feminino vieram
a tornar-se mais tarde ministros e missionários.
E falando sobre este avivamento na
cidade de Rochester, Wesley Duewel resuma:
Anos mais tarde, o Dr Henry Ward
Beecher, ao comentar esse poderoso reavivamento e seus resultados, declarou:
"Essa foi a maior obra de Deus e o maior reavivamento da religião que o
mundo já viu em prazo tão curto. Calcula-se que cem mil indivíduos se uniram às
igrejas como resultado desse enorme reavivamento." No período entre 1831 e
1835, mais de 200.000 foram convertidos.
De acordo com o promotor de Rochester,
o avivamento naquela cidade resultou numa diminuição de dois terços na índice
de criminalidade, mesmo com a população da cidade triplicando depois do
avivamento.
Finney foi instrumental no grande
avivamento de 1857 a 1858 dos 'grupos de oração', que espalhou-se por dez mil
cidades e municípios, resultando na conversão de pelo menos um milhão de
pessoas. Somente entre janeiro e abril de 1858, cem mil pessoas foram salvas
nestas reuniões de oração ao meio-dia.
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