Jo 13.3-5 Jesus, o Filho de Deus, conhecia a sua origem
e o seu destino. Ele sabia que em breve iria retomar ao seu Pai. Tendo a
certeza de seu próprio destino, Ele concentrou a sua atenção nos discípulos, e
mostrou-lhes o que significava para Ele tornar-se o Servo deles - e também
mostrou que eles deveriam servir uns aos outros.Em um
momento tão próximo da revelação da verdadeira identidade e glória de Jesus,
Ele separou aqueles que por direito eram seus, e expressou o seu caráter
através de um ato de humildade. Ele levantou-se da ceia, tirou as vestes e,
tomando uma toalha, cingiu-se como um avental. Ele então pôs água numa bacia e
começou a lavar os pés dos discípulos.
Jesus era
o exemplo de servo, e Ele mostrou a sua atitude de servo aos seus discípulos.
Lavar os pés era um ato comum nos tempos bíblicos. A maioria das pessoas
viajava a pé (calçando sandálias) pelas estradas empoeiradas da Judéia. Quando
entravam em casa, era costume lavar os pés. Não se oferecer para lavar os pés
de um convidado era considerado uma falta de hospitalidade (veja Lucas 7.44).
Lavar os pés dos convidados era o trabalho de um dos servos mais simples da
casa, e deveria ser realizado quando os convidados chegassem (1 Samuel 25.41).
Esta era uma tarefa subserviente. O incomum sobre este ato era que Jesus, o
Mestre e Instrutor, estava fazendo isto para os seus discípulos, como o escravo
mais inferior faria.
Jo
13.12-16 O ato de Jesus de lavar os pés dos discípulos demonstrava amor em
ação. Jesus era o seu Mestre e Senhor, significando que Ele estava em um nível
mais elevado do que eles; contudo, o Senhor assumiu uma posição de humildade e
serviço porque amava aqueles a quem servia. Jesus ordenou aos seus discípulos
que lavassem os pés uns dos outros - que servissem uns aos outros em amor de
acordo com o exemplo que Ele estabeleceu. Se recusar a servir aos outros, se
recusar a se humilhar, não importa quão elevada seja a sua posição, é se
colocar acima de Jesus. Tal orgulho arrogante não é o que Jesus ensinou. Estes
discípulos logo seriam enviados como os mensageiros da igreja cristã. Eles
seriam líderes em muitos lugares – na verdade, Tiago, João e Pedro se tornaram
os líderes da igreja cristã em Jerusalém. Jesus ensinou a estes, que logo
seriam líderes, que quando eles trabalhassem para divulgar o Evangelho,
deveriam antes de tudo ser servos daqueles a quem ensinassem. Os discípulos
devem ter se lembrado desta lição todas as vezes que enfrentaram problemas,
lutas, e alegrias junto aos primeiros crentes.
Quantas
vezes eles devem ter se lembrado de que foram chamados para servir. E que
diferença isto fez! Imagine como teria sido difícil o crescimento (até mesmo a
existência) da igreja primitiva, se estes discípulos tivessem continuado a
competir por lugares de grandeza e importância! Felizmente para nós, eles
mantiveram a lição de Jesus em seus corações.
Jo 13.17
Somos abençoados (felizes, alegres, realizados), não por causa do que sabemos,
mas por causa do que fazemos com aquilo que sabemos. A graça de Deus a nós
encontra a sua perfeição no serviço que nós, como vasos de sua graça, prestamos
aos outros. Encontraremos a nossa maior bênção ao obedecermos a Cristo,
servindo aos outros.Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 565-566.
Jo 13.
3-5. O conhecimento especial de Jesus acerca da vontade de seu Pai para ele,
articulado no versículo 1, é agora repetido, mas com duas adições
significativas: ele não só sabia que o tempo tinha chegado para ele deixar esse
mundo, mas também que viera de Deus e que o Pai havia colocado todas as coisas
debaixo do seu poder. Com tal poder e status a sua disposição, poderíamos
esperar que ele derrotasse o Diabo em um confronto imediato e flamejante e
devastasse Judas com um irresistível golpe de ira divina. Em vez disso, ele
lava os pés de seus discípulos, inclusive os pés do traidor.
Sem
dúvida, os discípulos ficariam felizes em lavar os pés dele; eles não podiam
conceber a ideia de lavar os pés uns dos outros, visto que essa era uma tarefa
normalmente reservada para os servos mais inferiores. Pares não lavavam os pés
uns dos outros, exceto muito raramente e como sinal de grande amor. Alguns
judeus insistiam que não se devia exigir de escravos judeus que lavassem os pés
de outros; esse trabalho devia ser reservado para escravos gentios, ou para
mulheres, crianças e discípulos (Mekhilta 1 sobre Ex 21.2). Em uma história bem
conhecida, quando rabi Ismael voltou para casa vindo da sinagoga e sua mãe quis
lavar seus pés, ele recusou por considerar a tarefa muito humilhante. Ela levou
a questão à corte rabínica com base no fato de que via essa tarefa como uma
honra {cf. SB 1. 707). A relutância dos discípulos de Jesus em se oferecerem
para essa tarefa é, para dizer o mínimo, culturalmente compreensível; o choque
que sofreram quando ele se ofereceu não é somente resultado da vergonha que
sentiram, mas também é uma reação ao esforço de entender a conveniência dessa
alteração das coisas.11 Pois, aqui, Jesus inverte as funções normais. Seu ato
de humildade é tão desnecessário quanto atordoante e é, ao mesmo tempo, uma
demonstração de amor (v. 1), um símbolo de purificação salvadora (w. 6-9), e um
modelo de conduta cristã (w. 12-17).
Podemos
imaginar os discípulos reclinando-se sobre suas esteiras finas ao redor de uma
mesa baixa. Cada um apoiando-se sobre o braço, geralmente o esquerdo; os pés
espalhando-se da mesa para fora. Jesus levantou-se de sua esteira. Os detalhes
são reveladores: Jesus tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura
- adotando, assim, as vestes de um criado doméstico, vestes que eram
desprezadas tanto em círculos judaicos quanto gentios (SB 2. 557; Suetônio,
Calígula, 26). Assim, ele começou a lavar os pés de seus discípulos,
demonstrando, dessa forma, sua declaração: “eu estou entre vocês como quem
serve” (Lc 22.27; cf. Mc 10.45 par.). Aquele que “embora sendo Deus [...]
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo” (Fp 2.6,7). De fato, ele “foi
obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2.8). O inigualável auto
esvaziamento do Filho eterno, da Palavra eterna, alcança seu ápice na cruz.
Isso não significa que a Palavra mude da forma de Deus para a forma de um
servo; significa, ao contrário, que ele de tal forma veste nossa carne e vai de
olhos bem abertos para a cruz que sua divindade é revelada em nossa carne,
supremamente, no momento da maior fraqueza, do maior serviço (cf. notas sobre
1.14).
Jo 13.
12. As notas que servem como prefácio a essa seção, acima, argumentaram que não
há motivo para pensar que a nova aplicação do episódio do lava-pés, introduzida
logo a seguir no texto (w. 12-17), seja proveniente de outro escritor. Após
vestir novamente sua capa e retornar a sua esteira (cf. v. 4), Jesus pergunta:
Vocês entendem o que lhes fiz? A natureza exemplar do ato do lava-pés é
revelada (w. 13-17). Mas os elos que ligam esses versículos ao tema da
purificação, que domina os versículos precedentes, são mais acidentais. Mesmo
quando dizem que o evento do lava-pés aponta, de várias formas, para a
purificação espiritual baseada na morte de Cristo, ambos, o ato do lava-pés e
aquela morte expiatória, são as revelações supremas do amor de Jesus pelos seus
(v. lb). O episódio do lava-pés foi atordoante para os discípulos de Jesus, mas
nada quando comparada à ideia de um Messias que sofreria a morte odiosa e
vergonhosa na cruz, a morte do amaldiçoado. No entanto, os dois eventos - o
lava-pés e a crucificação - são, na verdade, da mesma qualidade.
O reverenciado
e exaltado Messias assume a função do servo desprezado para o bem de outros.
Isto, junto com a noção de purificação, explica por que o episódio do lava-pés
pode apontar tão efetivamente para a cruz. Mas o serviço prestado a outros não
pode se restringir a esse ato único. Se o evento do lava-pés e da cruz são
propiciados pelo incrível amor de Jesus (v. 1), a comunidade dos purificados
que ele está criando deve ser caracterizada pelo mesmo amor (w. 34,35) e,
portanto, pela mesma abnegação no esforço de servir a outros. E isto significa
que o ato do lava-pés é quase obrigado a ter um significado exemplar, assim
como a morte de Cristo, embora única, tem o sentido de exemplo (e.g. Mc
10.35-45; Jo 12.24-26; IPe 2).
Jo 13.
13. Jesus responde agora à pergunta que ele fez no versículo 12: se seus
seguidores tinham ou não entendido, ele vai explicar o que ele fez. Mestre
(didaskalos) é o equivalente de ‘rabi’, o termo regularmente usado por
discípulos ao se dirigirem a seus professores (como os seguidores de João
Batista se dirigiam a ele, 3.26; cf. também 1.38,49; 3.2; 4.31; 6.25; 9.21;
11.8). Sem dúvida, Senhor (kyrios) foi primeiramente aplicado a Jesus como um
sinal de respeito por sua função de ensino, equivalente à mar, do aramaico; a
expressão é preservada no Novo Testamento em “Maranata!” (ARC) - literalmente
“Vem, Senhor!” (lC o 16.22) - o que demonstra claramente a influência dos
cristãos de fala aramaica ao projetar um de seus ditos favoritos no mundo de
fala grega. Sabe-se que ‘rabi’ e ‘mari’ apareciam juntos nos lábios de
discípulos rabínicos dirigindo-se a seus mestres (cf. SB 2. 558). Mas, nos
lábios de cristãos após a ressurreição de Jesus Cristo, ‘Senhor’ assumiu um
significado mais rico na medida em que as mais profundas reflexões sobre quem é
Jesus se firmaram.
‘Senhor’
tornou-se uma das formas mais importantes de os cristãos se referirem a Jesus
como alguém que Deus levantou e exaltou com “o nome que está acima de todo
nome” (Fp 2.9-11; cf. At 2.36). De fato, leitores da LXX estavam acostumados a
se referir ao próprio Deus como o ‘Senhor’. O evangelista entende isso; ninguém
que reportou a confissão de 20.28 poderia deixar de entendê-lo. Assim, ele
permanece fiel, simultaneamente, aos constrangimentos históricos daquela
fatídica noite de Páscoa e à teologia que ele quer inculcar. De fato, leitores
posteriores não poderiam deixar de encontrar nas palavras dramáticas de Jesus -
e com razão, pois eu o sou - pelo menos um prenúncio de uma declaração que vai
muito além do que um rabi poderia dizer. Em seu significado, o versículo faz
eco a Lucas 6.46:
Por que
vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo?
Jo 13.
14,15. Em uma sociedade estratificada, uma das formas que o orgulho humano se
manifesta é a recusa de assumir as funções mais baixas. Mas agora que Jesus, o
Senhor e Mestre deles, lavou os pés de seus discípulos — um ato impensável! —
há motivo de sobra para que eles o façam, pois eles também devem lavar os pés
uns dos outros, e nenhum motivo concebível para se recusar a fazer isso. Jesus
diz: Eu lhes dei o exemplo (hypodeigma—a palavra sugere tanto ‘exemplo’ quanto
‘padrão’; (f. Hb 4.11; 8.5; 9.25; Tg 5.10; 2Pe 2.6) para que vocês façam como
lhes fiz. Pouco convém aos seguidores de Jesus algo além da humildade. O zelo
cristão divorciado da humildade transparente soa como vazio e até mesmo
patético.
Nós
podemos sensatamente perguntar se aquelas comunidades cristãs que praticam o
ato do lava-pés como um sacramento cristão, igual ao batismo e a ceia do
Senhor, entenderam essa passagem melhor que aqueles que acreditam não poder
elevar o ato do lava-pés ao mesmo plano. Podemos perguntar algo semelhante
acerca do ato formal do lava-pés na Quinta-feira Santa, quando papas, bispos,
abades e outros lavam os pés de clérigos inferiores e algumas vezes de pobres.
Dois fatores têm impedido, corretamente, a maioria dos cristãos de
institucionalizar dessa maneira o ato do lava-pés. Primeiramente, em nenhuma
outra passagem do Novo Testamento, ou mesmo nos mais antigos documentos extra
bíblicos da igreja, o episódio do lava-pés é tratado como um rito eclesiástico,
uma ordenança, um sacramento. A menção deste episódio em 1 Timóteo 5.10 não é
exceção: ele não é apresentado como um rito universal, mas é colocado em uma
lista das boas obras de hospitalidade de coração aberto, como a que qualifica
uma viúva para ser incluída na lista de auxílio.
Teólogos
e expositores sábios são sempre relutantes em elevar ao âmbito de rito universal
algo que aparece somente uma vez nas Escrituras. Além disso, e talvez mais
importante, a essência do mandamento de Jesus trata da humildade e
préstimosidade para com irmãos e irmãs em Cristo, o que pode ser cruelmente
parodiado por um mero ‘rito’ de lava-pés e que facilmente esconde um espírito
indomado e um coração arrogante.
Jo 13.
16. Jesus reforça o ponto com um aforismo, que provavelmente era repetido
frequentemente durante seu ministério e que podia ser facilmente usado para
diversas aplicações diferentes (c f Mt 10.24; Lc 6.40; Jo 15.20). Após a forte
declaração: Digo-lhes verdadeiramente(cf. notas sobre 1.51), Jesus aprofunda o
contraste professor/aluno ao introduzir dois outros pares: senhor/servo
(entendido como escravo) e superior (isto é, aquele que envia)/mensageiro. A
palavra para ‘mensageiro’ é apóstolos, a única vez que a palavra aparece no
quarto evangelho, e desta vez sem qualquer implicação aos ‘doze apóstolos’
oficiais: a palavra tinha um amplo campo de significado durante todo o período
do Novo Testamento.
Isto não
significa que o evangelista não tinha o conceito de um grupo especial de doze
discípulos: em outro momento, ele refere-se repetidamente aos ‘Doze’ (6.67,70;
20.24). O sentido do aforismo neste contexto é, de qualquer forma, bastante
claro: nenhum emissário tem o direito de pensar que está isento de tarefas
empreendidas alegremente por aquele que o enviou, e nenhum escravo tem o
direito de julgar qualquer tarefa indigna abaixo dele após seu senhor já ter
realizadoa. Grande Deus, em Cristo tu chamas nosso nome e depois nos recebes
como teus, não por algum mérito, direito ou reivindicação, mas por teu gracioso
amor somente.
Nós
lutamos para vislumbrar teu assento de misericórdia e te encontrar ajoelhado a
nossos pés.
Depois pegas
a toalha, partes o pão
E nos
humilhas. E nos chamas de amigos.
Sofres e
serves até que todos estejam saciados,
E mostras
quão grandioso amor pretendes
Demonstrar
até que toda a criação cante,
Para
encher todos os mundos, para coroar todas as coisas.
Brian A.
Wren (*1936 -)
Jo 13.
17. As palavras estas coisas provavelmente se referem aos versículos 14,15, e o
versículo 16 opera como um tipo de parênteses aforístico. Há uma forma de
piedade religiosa que pronuncia um ‘amém’, de coração, às mais fortes exigências
do discipulado, mas que raramente faz qualquer coisa com elas. Jesus já havia
condenado aqueles que ouvem suas palavras mas deixam de guardá-las (12.47,48; c
f 8.31). Agora, ele enfatiza a verdade novamente, conforme uma ênfase repetida
nos evangelhos (e.g. Mt 7.21-27; Mc 3-35; Lc 6.47,48) e em outras passagens
{e.g. Hb 12.14; Tg 1.22-25).D. A.
CARSON. O Comentário De João. Editora Shedd Publicações. pag. 462-469.
3. O
discípulo é um serviçal.
Mc
10.35-42. A repreensão que Ele fez a dois de seus discípulos, pelo ambicioso
pedido que lhe fizeram. Essa história é muito semelhante à que lemos em Mateus
20.20. Mas ali está escrito que a mãe deles fez o pedido, aqui eles mesmos o
fazem. Ela os apresentou e fez o pedido, e então eles a apoiaram, e concordaram
com o pedido.
Observe:
1. Assim como, por um lado, existem alguns que não usam os grandes incentivos
que Jesus nos deu em oração, por outro lado, também existem alguns que abusam
deles. Ele tinha dito: “Pedi, e dar-se-vos-á”. E pedir as grandes coisas que
Ele prometeu significa uma fé elogiável, mas era uma presunção condenável a
desses discípulos, de fazer uma exigência tão ilimitada ao seu Mestre:
“Queremos que nos faças o que pedirmos”.
Seria melhor
que o deixássemos fazer por nós o que Ele julgar adequado, pois Ele “é poderoso
para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”
(Ef 3.20).
2. Nós
devemos tomar muito cuidado com a maneira como fazemos promessas genéricas.
Jesus não se comprometeu a fazer o que eles pedissem, mas quis saber deles o
que desejavam: “Que quereis que vos faça?” Ele os deixaria prosseguir com o seu
pedido, para que pudessem se envergonhar de tê-lo feito.
3. Muitos
foram levados a uma armadilha por falsas noções acerca do Reino de Deus, como
se ele fosse deste mundo, e como os reinos das potestades deste mundo.
Tiago e
João chegam à seguinte conclusão: se Jesus ressuscitar, Ele deverá ser um rei,
e se Ele for um rei, os seus apóstolos deverão ser nobres, e um deles, de bom
grado, será o Primus par regni - O primeiro dos nobres do reino, e outro estará
ao seu lado, como José, na corte de Faraó, ou Daniel, na de Dario.
4. A
honra deste mundo é uma coisa cintilante, com a qual os olhos dos próprios discípulos
de Cristo ficaram, muitas vezes, fascinados. Mas ser bons deveria ser a nossa
preocupação, mais do que parecer grandiosos, ou ter alguma proeminência.
5. A
nossa fraqueza e falta de perspectiva aparecem tanto nas nossas orações quanto
em qualquer outra coisa.
Não
podemos dar ordens com as nossas palavras quando falamos com Deus, tanto a
respeito dele quanto a nosso respeito. E loucura fazer exigências a Deus, mas
nos submetermos a Ele é uma atitude sábia.
6. É a
vontade de Cristo que nós nos preparemos para os sofrimentos, e deixemos que
Ele cuide de nos recompensar por eles. Ele não precisa ser lembrado, como
precisou Assuero, dos serviços do seu povo, nem consegue esquecer a obra da sua
fé e de seu trabalho de caridade.
A nossa
preocupação deve ser a de termos sabedoria e graça para sabermos como sofrer
com Ele, e então confiarmos que Ele possibilitará a melhor maneira de reinarmos
com Ele. O Senhor também definirá quando, e onde, e quais serão os graus da
nossa glória.
A
repreensão de Jesus aos demais discípulos,XX pelo
desconforto deles com o pedido de Tiago e João. Eles começaram a ficar muito
descontentes, a indignarem-se contra Tiago e João (v. 41). Eles ficaram
irritados com os dois por pedirem preferência, não porque isto não fosse
conveniente aos discípulos de Cristo, mas porque cada um deles esperava tê-la.
Quando o cínico pisou sobre o jaez (manto do cavalo) de Alexandre, com a
expressão: Calco fastum Alexandri - Agora eu piso sobre o orgulho de Alexandre,
foi oportunamente repreendido com: Sed Majorifastu - Mas com um orgulho ainda
maior do que o seu próprio. Assim eles descobriram a sua própria ambição,
através do seu desagrado pela ambição de Tiago e João; e Jesus aproveitou essa
ocasião para adverti-los quanto a isso, e a todos os seus sucessores, no
ministério do Evangelho (w. 42-44). Ele os chamou a si de uma maneira familiar,
para dar-lhes o exemplo de condescendência, mesmo quando estava reprovando a
sua ambição, e para ensiná-los a nunca manter os seus discípulos à distância.
Ele lhes mostra:
1. Que o
mundo geralmente abusa ou usa mal o domínio (v. 42): Que eles pareciam dominar
os gentios, que têm o nome e o direito de governar; eles exercem soberania
sobre outros, e este é o objetivo do seu estudo, não tanto para protegê-los e
cuidar do seu bem-estar quanto para exercer autoridade sobre eles. Eles serão
obedecidos, desejando ser arbitrários e ter a sua vontade realizada em todos os
aspectos. Sic volo, sic jubeo, stat pro ratione voluntas - Assim eu desejo,
assim eu ordeno; o meu prazer é a minha lei. A sua preocupação é o que os seus
súditos farão para sustentar a sua própria pompa e grandeza, não o que eles
farão pelos súditos.
2. Que,
portanto, isso não deve ser aceito na igreja: “Entre vós não será assim”;
aqueles que estiverem aos seus cuidados deverão ser como ovelhas sob os
cuidados do pastor, que deve guiá-las e alimentá-las, e deve ser um serviçal
para elas, não como cavalos sob o comando do cocheiro, que os faz trabalhar e
os espanca, e obtém os seus pagamentos com eles. Aquele que pretende ser grande
e poderoso, ao invés de se lançar a uma dignidade e a uma dominação secular,
deverá ser “servo de todos”.
Ele será
humilde e desprezível aos olhos de todos os que são sábios e bons: “o que a si
mesmo se exaltar será humilhado”. Ou, em outras palavras, aquele que desejar
ser verdadeiramente grande e importante, deverá se entregar integralmente a
fazer o bem a todos, deverá se curvar aos serviços mais humildes, e trabalhar
nos serviços mais duros. Não somente serão mais honrados no futuro, como também
são mais honrados agora, aqueles que são mais úteis. Para convencê-los disso,
Jesus apresenta o seu próprio exemplo diante deles (v. 45). “O Filho do Homem
se submete primeiro às maiores dificuldades e aos maiores perigos, e depois entra
na sua glória, e vocês podem esperar conseguir algo tão elevado de outra
maneira, ou tendo mais facilidade ou honra do que Ele?”.
(1) Ele assume “a
forma de servo”. Ele “não veio para ser servido”, e atendido, “mas para
servir”, e conceder a sua graça. (2) Ele se apresenta de modo obediente à
morte, e ao seu domínio, pois Ele dá “a sua vida em resgate de muitos”. Pois
Ele morreu para o benefício de todas as pessoas que o aceitarem como Senhor e
Salvador; e será que nós não deveremos nos esforçar para viver de um modo que
beneficie os salvos?HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição
completa. Editora CPAD. pag. 463-464.
Mc
10.35,36 Dois dos discípulos de Jesus, Tiago e João (irmãos que juntamente com
Pedro formavam o círculo íntimo de discípulos, 9.2) se aproximaram de Jesus.
Eles pediram que o Senhor prometesse que lhes faria um favor. Eles podem ter
compreendido erroneamente a promessa de Jesus de que os doze discípulos “se
sentariam em doze tronos, julgando as doze tribos de Israel” (Mateus 19.28).
Jesus estava pensando no que iria enfrentar em Jerusalém, e na morte que Ele
sabia que lhe aguardava ali. Contudo, o Senhor mostrou uma paciência notável
com estes dois amados discípulos que apresentaram este pedido. Jesus não fez
promessas, mas simplesmente perguntou o que eles queriam que Ele fizesse. Os
discípulos, como a maioria dos judeus daquela época, tinham uma ideia errada do
Reino do Messias, da maneira que este foi predito pelos profetas do Antigo
Testamento. Eles pensavam que Jesus iria estabelecer um reino terreno que
libertaria Israel da opressão de Roma. Enquanto os discípulos seguiam Jesus em
direção a Jerusalém, eles perceberam que algo estava prestes a acontecer; eles
certamente esperavam que Jesus fosse inaugurar o seu Reino. Tiago e João
queriam se sentar em lugares de honra ao lado de Cristo em sua glória. Nas
antigas cortes reais, as pessoas escolhidas para se sentar à direita e à
esquerda do rei eram as pessoas mais poderosas do Reino.
Tiago e
João estavam pedindo o equivalente a estas posições na corte de Jesus. Eles
entendiam que Jesus teria um Reino; eles entendiam que Jesus seria glorificado
(eles tinham visto a Transfiguração); e se dirigiram a Ele como súditos leais
ao seu rei. No entanto, eles não entenderam que o Reino de Jesus não é deste
mundo; ele não está centralizado em palácios e tronos, mas no coração e na vida
de seus seguidores. Nenhum dos discípulos entendeu esta verdade antes da
ressurreição de Jesus.
Mc 10.38
Jesus respondeu a Tiago e João que ao fazer tal pedido egocêntrico, eles não
sabiam o que estavam pedindo. Pedir posições da mais elevada honra significava
também pedir um profundo sofrimento, porque eles não poderiam ter um sem o
outro. Portanto, o Senhor perguntou primeiro se eles poderiam beber o cálice
amargo de tristeza que Ele iria beber. O “cálice” ao qual Jesus se referiu era
o cálice de sofrimento que Ele teria que beber a fim de trazer a salvação aos
pecadores. Então Jesus perguntou se eles eram capazes de ser batizados com o
batismo de sofrimento que Ele enfrentaria. A referência a “batismo” é uma
metáfora do Antigo Testamento em que uma pessoa é esmagada pelo sofrimento.
O
“cálice” e o “batismo” se referem àquilo que Jesus iria enfrentar na cruz. Nas
duas perguntas, Jesus estava perguntando a Tiago e a João se eles estavam
prontos para sofrer por amor ao Reino.
Mc
10.39,40 Tiago e João responderam confiantemente a pergunta de Jesus. A
resposta deles pode não ter revelado bravata ou orgulho; ela mostrou a
disposição que eles tinham para seguir Jesus, qualquer que fosse o custo desta
decisão. Eles disseram que estavam dispostos a enfrentar qualquer tribulação
por amor a Cristo. Jesus respondeu que eles certamente seriam chamados a beber
do cálice de Jesus, e seriam batizados com o seu batismo de sofrimento: Tiago
morreu como um mártir (Atos 12.2); João viveu muitos anos passando por
perseguições, antes de ser forçado a viver os últimos anos de sua vida no
exílio, na ilha de Patmos (Apocalipse 1.9).
Embora
estes dois discípulos fossem enfrentar grande sofrimento, isto ainda não
significaria que Jesus iria conceder o pedido de grande honra que haviam feito.
Jesus não tomaria esta decisáo; em vez disso, aqueles lugares estavam
preparados... para aqueles a quem está reservado. A onisciência de Deus está
revelada na declaração de Jesus; Ele já sabia quem receberá aqueles lugares de
grande honra.
Mc
10.41,42 Os outros dez discípulos ficaram indignados, provavelmente porque
todos os discípulos desejavam honra no Reino. As atitudes dos discípulos se
degeneraram em puro ciúme e rivalidade. Jesus lhes explicou a diferença entre
os reinos que eles viram no mundo e o Reino de Deus, que eles ainda não haviam
experimentado. Os reinos do mundo (um exemplo óbvio era o próprio Império
Romano) têm tiranos e altos oficiais que se assenhoreiam do povo, exercendo
autoridade e exigindo submissão.
Jesus era
seu exemplo perfeito de um líder servo, porque Ele veio aqui não para ser
servido, mas para servir os outros, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
A missão de Jesus era servir - em última análise dando a sua vida a fim de
salvar a humanidade pecadora. Sua vida não foi “tirada”; Ele a “deu”, a
ofereceu como um sacrifício pelos pecados do povo. Um resgate era o preço pago
para libertar um escravo da escravidão. Jesus pagou um resgate por nós, e o
preço exigido foi a sua vida. Jesus tomou o nosso lugar; Ele morreu a morte que
merecíamos.Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 259- 261.
Ao ler
esses versículos ficamos chocados com a falta de espiritualidade dos discípulos
- a memória curta (9.33-35) e o descarado egoísmo deles. Mas também ficamos
impressionados com a incrível paciência e sabedoria do nosso Mestre. Jesus mal
tinha acabado de lhes dar uma outra detalhada previsão de Sua paixão, que se
aproximava, quando Tiago e João (35), evidentemente instigados pela mãe deles
(Mt 20.20-21), aproximaram-se e fizeram uma pergunta digna de uma criança:
Queremos que nos faças o que pedirmos. Era o mesmo que pedir para assinar um
cheque com a quantia em branco! Pacientemente, Jesus perguntou: Que quereis que
vos faça? (36).
Crendo
que Jesus estava prestes a estabelecer o reino messiânico, os Filhos do Trovão
pediram o máximo possível. Concede-nos que, na tua glória, nos assentemos, um à
tua direita, e outro à tua esquerda (37). “O grande vizir se colocava à mão
direita de seu soberano, e o comandante-em-chefe à sua esquerda.” Eles estavam
procurando ocupar as posições de maior autoridade. Que sofrimento isso deve ter
causado ao Senhor!
Enquanto
Ele estava pensando em uma cruz, eles estavam pensando em coroas. O fardo do
Senhor se confrontava com a cegueira deles, e o seu sacrifício com o egoísmo
que demonstravam. Ele só queria dar, mas eles só queriam receber. A motivação
dele era servir; a deles era a própria satisfação pessoal.
Não
sabeis o que pedis (38) foi a triste réplica de Jesus. Em seguida vieram
perguntas para investigar a mente desses ambiciosos jovens e levá-los a um
melhor entendimento do Reino. Podeis vós beber o cálice de um sofrimento
interior e de uma agonia que eu bebo (cf. SI 75.8; Is 51.22; Jo 18.11) e vos
submeter ao batismo de uma esmagadora tristeza (cf. Is 43.2; Lc 12.50) - ou de
uma visível perseguição e aflição - com que eu sou batizado? Em outras
palavras: “Podeis suportar ser atirados às provações que estão prestes a me
esmagar?” Como futuros mártires, desde os dias dos Macabeus, Tiago e João
disseram: Podemos (39). A impetuosidade deles é admirável e até espantosa. No
entanto, eles estavam falando uma parte da verdade. Em seu devido tempo eles
iriam realmente beber o cálice da agonia de Jesus e experimentar um pouco do
Seu batismo de morte, como está confirmado em Atos 12.2 e Apocalipse 1.9.
Com
respeito ao pedido de posições de autoridade, Jesus entendeu que “é o mérito,
não o favor... nem a busca egoísta... que assegura a promoção no Reino de
Deus”. O assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence, “mas
isso é para aqueles a quem está reservado” (40). Lugares de honra - e sua
correspondente responsabilidade - não são distribuídos a pedido. Eles ocorrem,
na própria natureza do Reino, àqueles que estão preparados para eles por meio
das qualidades de caráter e espírito (cf. SI 75.6).
Se os
dois filhos de Zebedeu aparecem sob um aspecto pouco favorável, os dez
discípulos restantes não eram melhores que eles, pois quando ouviram isso
começaram a indignar-se contra Tiago e João (41). A discussão anterior sobre
“qual era o maior” (9.34) surgiu novamente. Com incansável persistência, Jesus,
chamando-os a si, procurou mostrar-lhes a Sua “escala de valores”.
Eles
nascem, florescem e morrem,
E é tudo
que se sabe da sua história.
Só um
Reino é Divino,
E só uma
bandeira ainda triunfa,
Aquele
cujo Rei é um servo,
E, seu
emblema, um patíbulo na colina.
Mas por
que teria que ser assim? “Porque o próprio Filho do Homem não tinha vindo para
ser servido, mas para servir” (45, Goodspeed). Nisto, Cristo nos deixou o
exemplo que devemos imitar, seguindo as Suas pisadas (1 Pe 2.21).
A parte
restante do versículo 45 é fundamental para a doutrina da expiação. O Filho do
Homem... veio... para servir e dar a sua vida em resgate (lutron, “o dinheiro
do resgate pago pela libertação de um escravo”)68 de muitos. A expressão de
muitos, que literalmente significa “em lugar de” ou “em vez de” indica o
elemento da substituição, essencial para o entendimento bíblico da expiação.
Essa grande passagem “mostra claramente como Jesus sabia que havia sido chamado
para fundir em Seu próprio destino os dois papéis de Filho do Homem (Dn 7) e de
Servo do Senhor (Is 53)”.
Os
versículos 32-45 podem ser assim esboçados: 1) Auto sacrifício, 32-34; 2) Busca
interesseira, 35-40; 3) Serviço abnegado, 41-45.
Ralph
Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 288-289fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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PAZ DO SENHOR
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