II - O IRREVOGÁVEL JUÍZO DE DEUS
1. O dedo de Deus escreve na parede (Dn 5.5).
A justiça de Deus é perfeita e não há nada que
possa revogar sua demonstração quando é ferida pela presunção e arrogância do
homem. A misericórdia divina está aliada à justiça e se manifesta quando há
possibilidade de arrependimento. No caso de Belsazar, no seu coração insensato
e cruel não havia espaço para a prática da justiça nem para o arrependimento, o
que o levou a sofrer a pena pelo seu pecado. A justiça de Deus manifesta-se
pela sua santidade que é a essência do próprio Deus, por isso, não há nenhuma
lei acima de Deus, mas há uma lei em Deus. A justiça é uma forma de sua
santidade. Não há nada que possa alterar os padrões
absolutos de Deus, porque Ele é Deus e sendo Deus, Ele é o que é e, por sua
natureza divina Ele faz o que sua natureza requer. Na história do reino da
Babilônia e do seu rei Belsazar, o juízo divino revelado e demonstrado contra
Belsazar era a manifestação automática e natural da reação divina aos pecados
de profanação desse rei.
“Na mesma
hora” ou “no mesmo instante” (5.5)
da bebedeira e comilança, quando danças
sensuais, lascívia e idolatria aconteciam, o juízo de Deus quebrou a arrogância
de Belsazar e dos seus grandes, com suas mulheres e concubinas. A festa de
orgias e libertinagens que Belsazar promoveu com os objetos sagrados do Templo
de Jerusalém, foi surpreendida pelo juízo de Deus. O sábio Salomão escreveu em
um dos seus provérbios: “O peso e a balança justa são do Senhor” (Pv 16.8). Não
há concessões, nem peso a mais ou menos, na balança da justiça divina. Todos
somos pesados pela mesma medida, porque Deus é justo juiz e julga com equidade.
O que é irrevogável é aquilo que não se pode anular, não se pode mudar. A
resposta divina foi imediata dentro do palácio. De repente, no meio da festa de
ostentação e profanação no palácio babilónico, Deus interfere naquela história
e manifesta seu poder de juízo escrevendo na parede do salão de festas, diante
dos olhos de Belsazar.
O dedo de
Deus escreve na parede do salão de festas (5.5).
Na linguagem antropomórfica da
Bíblia, quando se atribui a Deus mãos, pés, coração, olhos e outros órgãos
físicos, próprios do ser humano, há uma demonstração autêntica da figura de
“uns dedos da mão de homem” que aparecem escrevendo sobre uma parede caiada.
Esta parede estava iluminada por um candeeiro e os dedos daquela misteriosa mão
escrevem palavras de juízo contra Belsazar e o reino da Babilônia. A euforia da
festa é silenciada e todos, assustados tentam ler a escritura enigmática que
tinha um caráter misterioso e exigia que alguém a interpretasse.
A visão
era nítida sobre a parede. Não só o rei via a mão se movimentando na parede,
mas seus convidados também viam. O barulho das taças e dos vasos de vinho
cessou e todos estavam pasmados e emudecidos. A alegria do rei e dos convidados
também cessou. O fruto do desprezo ao Deus do céu e o sacrilégio com as coisas
sagradas do templo do Senhor em Jerusalém produziram um desespero sepulcral. Na
parede se escrevia de modo esplendoroso e assustador a sentença contra aquele
rei e contra o seu reino. O mistério da mão escrevendo na parede era confuso,
porque Deus confunde os sábios do mundo, porque eles não sabem discernir as
coisas espirituais (1 Co 2.14-16). De repente, tudo terminou para aquele
monarca estúpido e atrevido.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a
Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 80-82.
Dn 5.5 No
mesmo instante apareceram uns dedos de mão de homem.
O Espírito de Deus não
suportou o que estava acontecendo, pelo que interveio im ediatamente. A reação
de Yahweh foi im ediata nesse caso, embora com freqüência ela demore um pouco.
No entanto, os moinhos de Deus trituram muito fino, pelo que opera a Lei M oral
da Colheita Segundo a Semeadura, inevitável e necessária. Embora o moinho de
Deus moa com extrema lentidão, Mói excessivamente fino. Embora Ele espere com
paciência, Com precisão Ele m ói a tudo. (Henry Wordsworth Longfellow)
Sem dúvida havia muitos candelabros no salão para mil convidados, e a orgia se
deu à noite. O rei era um dos convivas, e o fenômeno sobre a mão ocorreu perto
dele. O rei, estando próximo, viu claramente o notável fenôm eno — uma mão com
seus dedos, separada do corpo, escrevendo na parede perto dele. Barnes vê aqui
o candeeiro de ouro do templo de Jerusalém como o objeto em destaque. Isso
teria adicionado certa justiça poética ao acontecimento, Mas trata-se de mera
conjectura. Seja como for, temos aqui uma ilustração de como o Deus invisível
realmente contempla o homem e reage de acordo com o que vê, segundo as leis
morais.CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 3392.
Deus
aterrorizou o rei e o deixou cheio de medo. Belsazar e seus oficiais se
encontravam no meio da sua orgia, as taças estavam passando rapidamente de mão
em mão, todos se equilibravam sobre as suas pernas, e bebiam à destruição,
talvez de Ciro e seu exército, com suas calorosas aclamações, confiando que o
cerco logo terminaria. Mas havia chegado a hora em que se cumpriria a profecia
expressa há tanto tempo sobre o rei da Babilônia, quando a cidade seria sitiada
pelos medos e persas (Is 21.2-4): “O crepúsculo, que desejava, se me tornou em
tremores”.
A alegria desse baile da corte logo desapareceria, e o desânimo se
abateria sobre toda aquela jovialidade, embora o próprio rei fosse o mestre do
festim. No momento em que Deus pronuncia a sua palavra, o rei e seus convidados
são imediatamente envolvidos por uma enorme confusão, e a festança termina em
grande aflição. 1. Apareceram os dedos de uma mão escrevendo sobre a superfície
da parede, bem à frente do rei (v. 5): “O anjo Gabriel”, diz um rabino, “estava
dirigindo esses dedos e escrevendo através deles”. “A mão divina” (diz o nosso
próprio rabino, Dr. Lightfoot) “que havia escrito as duas tábuas da lei para o
seu povo, agora está escrevendo a condenação de Babel e de Belsazar sobre a
parede”. Nada havia sido enviado que pudesse assustá-los com seu barulho ou
ameaçar a sua vida. Nenhum estrondo de trovão nem clarões de raios, nenhum anjo
destruidor trazendo uma espada na mão, mas apenas um dedo escrevendo sobre a
parede, e à frente do castiçal, para que todos pudessem ver à luz das suas
velas.
Note que quando lhe apraz fazer isso, a palavra escrita de Deus é
suficiente para levar o mais atrevido dos pecadores a se aterrorizar. 0 rei viu
apenas uma parte da mão que estava escrevendo, mas não viu a pessoa a quem essa
mão pertencia. E era isso que tornava a situação ainda mais assustadora.
Observe que aquilo que vemos de Deus, isto é, a parte da sua mão que escreve no
livro das criaturas e no livro das Escrituras (que são partes dos seus
caminhos, Jó 26.14), pode servir para nos encher de pensamentos terríveis a
respeito daquilo que não somos capazes de ver no Deus precioso. Se esse é o
dedo de Deus, por que o seu braço está estendido? E o que Ele é?HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora
CPAD. pag. 855.
Dn 5.5:
“Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do
castiçal, na estucada parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que
estava escrevendo”.
"...
o rei via a parte da mão...”
mão direita de Deus Pai, está em foco na
presente passagem. O rei não pôde ver a mão completa, mas apenas uma parte;
certamente apenas os dedos que escreviam; os magos de Faraó, no Egito, não
puderam ver a mão de Deus, mas apenas o seu “dedo” (Êx 8.19). Existe um grande
contraste entre “o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o
serve” (Ml 3.18); enquanto o rei via apenas “a parte da mão” misteriosa, os
profetas do Senhor puderam contemplar com exatidão, não só os dedos de Deus,
mas de um modo particular: 1) suas mãos (1 Rs 22.19); 2) as palmas das mãos (Is
49.16); 3) a sombra da sua mão (Is 49.2). Aquela mão escrevia na “estucada
parede”. Segundo a Arqueologia, escavações contemporâneas têm demonstrado que
as paredes do palácio tinham uma fina camada de emboço pintado. Esse emboço era
branco, pelo que qualquer objeto, movendo-se à sua superfície, tornava-se
distintamente visível.Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 92.
2. A
rainha lembrou-se do profeta Daniel (Dn 5.6-12).
O estado
de espírito de pavor total (5.6). O rei e seus convidados empalideceram e seus
corações se encheram de terror e medo. Belsazar perdeu o domínio da situação
naquele banquete, porque a mensagem sobre a parede era uma realidade.A busca
de respostas de Belsazar (5.7-9).Belsazar manda chamar com urgência os
astrólogos, magos e sábios do reino. Pediu aos seus sábios que lessem a
escritura sobre a parece e a interpretassem. Não estava entre eles o sábio
Daniel. Mais uma vez aqueles homens falharam e não puderam ler nem interpretar
aquela mensagem, porque lhes era misteriosa. Belsazar, no seu desespero,
ofereceu honrarias especiais aos que conseguissem ler a mensagem, mas ninguém
pôde fazer isso.
A rainha
mãe se lembrou do profeta Daniel (5.10). Quem era “A rainha”? Seu nome era
Nitocris, filha de Nabucodonosor e mãe de Belsazar. Tudo indica que a rainha
não estava presente naquela festa de seu filho Belsazar, mas estava no palácio.
A rainha mãe, ao ouvir os gritos do filho, entendeu que havia um movimento
diferente no palácio. Entrou no salão de festa onde estava o filho-rei para
saber o que estava acontecendo. Ao ter conhecimento da misteriosa mão sobre a
parede lembrou-se de que havia no Reino um homem (v. 11), chamado Daniel e que
era de confiança, tanto de seu pai quanto de seu marido, mas tudo indica que
Belsazar sabia muito pouco acerca de Daniel, porque ele não estava no palácio
(Dn 5.13).
“Daniel,
um espírito excelente” (5.12).
No versículo 11, a rainha disse que era um homem
“que tem o espírito dos deuses santos”. Era um modo pagão de identificar que
havia em Daniel algo superior aos demais sábios. O fato de referir-se aos
“deuses santos” tinha a ver com a crença politeísta dos caldeus, mas que Daniel
diferia em tudo. Ele não era o jovem do capítulo 2 interpretando o sonho do
rei. Ele já era um velho, respeitado e se manteve ausente do palácio por mais
de 20 anos, desde a morte de Nabucodonosor. O fato de Daniel “ter um espírito
excelente” significava que ele demonstrava um comportamento equilibrado, firme,
honesto e despido de egoísmo. O seu temor ao Deus de seus pais, o Deus de
Israel, era percebido pela sua fidelidade aos seus princípios.Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a
Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 82-83.
Dn 5.6
Então se mudou o semblante do rei. O rei ficou estupefacto e aterrorizado com o
que viu. Imediatamente passaram os efeitos do vinho embriagador. Nem mesmo em
seus sonhos mais desvairados, ele jam ais vira algo como aquele fenômeno. Diz
aqui o hebraico, literalmente, “seu brilho foi mudado nele”, indicando total
alteração no colorido e na expressão de seu rosto. O vinho tinha iluminado sua
face, e até então ele estivera todo cheio de risos e gargalhadas. De súbito,
porém, seu rosto foi coberto como que por uma máscara de terror. Seus
pensamentos caíram na consternação e na perplexidade. Ele perdeu o controle m
uscular, e seus joelhos batiam um no outro. Uma reação neurológica comum de
temor é o trem or das pernas, bem como a perda do controle muscular. Essa
reação é espontânea e difícil de controlar. Ovídio fala de algo similar em sua
obra M etam orfoses 11,180, genua intremuere timore. Ver também Homero,
Odisséia, IV.703 e Híada XXI. 114. Algumas vezes, as juntas são chamadas de
“nós”, conforme diz aqui o hebraico, literalmente. O tem or desfez os nós do
pobre homem e o deixou a tremer, uma descrição pitoresca, para dizermos a
verdade, Os Psíquicos Profissionais e os Sábio São Cham ados (5.7-9)
Dn 5.7 O
rei ordenou em voz alta que se introduzissem os encantadores. Cada vez que um
oficial babilônico caía em dificuldade, chamavam-se os caldeus (a casta dos
sábios), alguns dos quais são enumerados neste versículo. Cf. Dan. 1.20;
2.2,4,27 e 4,7 (as listas variam um pouco, adicionando ou deixando de lado uma
ou outra das classes; mas está em vista a mesma classe dos sábios em todas
essas listas). Esses sábios eram sempre chamados, mas sempre falhavam. Então
aparecia alguém para lembrar o rei a respeito de Daniel, o solucionador dos
problemas que outras pessoas não podiam solucionar.
Aqui, tal como em Dan. 2.6,
o rei prometeu que o revelador do enigma seria enriquecido e glorificado. Foi
prometida também a veste púrpura, aquela que denotava alguém como autoridade do
governo digna de admiração e respeito, Cf. as vestes púrpura de Mordecai, em
Est. 8.15. Entre os persas, essas vestes eram sinal da dignidade real (ver Est.
8.15; I Esd. 3.6; Xenofonte, Anabasis, I.5.8). A tintura utilizada era tirada
de uma substância vermeiho-purpurina de certos m oluscos (Plínio, Hist. N
atural IX.60-62). A cadeia de ouro era outro sinal de dignidade principesca,
conforme se vê em Gên. 41.42; Xenofonte (Anabasis, I.5.8); Heródoto (Hist.
III.20). Tais correntes de ouro eram dadas pelos reis para honrar certos
elementos selecionados por serviços prestados, e só podiam ser usadas como
decoração, por altas autoridades. Será o terceiro no meu reino. Esta referência
é obscura. Pode dizer respeito a alguma espécie de triunvirato no governo (ver
I Esd. 3.9). Ou então está em foco um oficial babilônico, o salsu.
O rei era o
comandante-em-chefe do exército; o oficial à sua mão direita era o segundo no
comando; e o oficial que ficava à sua esquerda era o terceiro. Mas alguns dizem
que Nabonido era o verdadeiro rei; Belsazar era seu governante nomeado; e o
terceiro seria alguém que atuaria como principal assistente de Belsazar. Sem
importar o que essas palavras queiram dizer, uma altíssima posição no reino foi
prometida ao homem que pudesse interpretar a escrita na caiadura da parede.
Dn 5.8
Então entraram todos os sábios do rei.
Conforme era usual, nenhum membro da
casta dos caldeus (os sábios, membros dos quais são especificados em Dan. 1.20;
2.2,4,27 e 4.7) foi capaz de ler e interpretar o escrito. Mas por que eles foram
incapazes de ler uma inscrição que Daniel decifrou no primeiro olhar?
Conjecturas: 1. Os caracteres eram escritos em semítico antigo ou em alguma
escrita que os sábios não conheciam; 2. a linguagem da inscrição era
desconhecida para eles; 3. as palavras foram escritas em colunas verticais, mas
aqueles ineptos eruditos tentaram lê-las horizontalmente; 4. ou então a coisa
toda era um enigma autêntico e só podia ser interpretada com ajuda divina, que
não estava disponível para aqueles pagãos. A quarta idéia é, provavelmente, a
que o autor sacro tencionava.
Dn 5.9
Com isto se perturbou muito o rei.
Belsazar ficou espantado e perplexo com a
ocorrência. Aqueles em quem ele confiava serem capazes de aliviar seu espanto
apenas lhe aumentaram a inquietação, pois deixaram um mistério profundo e
potencialmente ameaçador. “Havia espaço para alarma, quando sábios
profissionais foram incapazes de interpretar a misteriosa escrita na parede.
Sem dúvida deve-se com preender que o fenômeno apontava para algo portentoso. A
incerteza que havia na questão apenas aumentou a agitação do monarca. “Sua cor
mudou, e seus senhores ficaram perplexos” (Revised Standard Version). “Seu
rosto empalideceu. Os convidados reais ficaram confusos” (NCV). Cf. o vs. 6. “O
terror de Belsazar e de seus senhores foi causado pela impressão de que a
incapacidade de os sábios lerem a inscrição era o portento de alguma terrível
calamidade que estava prestes a atingir a todos” (Ellicott, in loc.).
A
Rainha-mãe Faz uma Sugestão Crítica (5.10-17)
Dn 5.10 A
rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei. Está em pauta a mãe de
Belsazar, ou sua avó, mãe de Nabonido. Mas talvez esteja em vista sua principal
esposa, a qual se apresentou como pessoa de autoridade superior às das muitas
concubinas do rei. Daniel era conhecido pela corte inteira, incluindo a
rainha-mãe, que foi o instrumento para solucionar o mistério.
Embora a
mulher fosse esposa, mãe ou avó de Belsazar, ela se prostrou diante do rei e
proferiu as palavras apropriadas. Cf. Dan. 2.4; 3.9 e 6.6,21. Tendo cuidado das
formalidades, ela apresentou sua útil sugestão, conforme o vs. 11 passa a
relatar. O rosto caído do rei e sua tez pálida se recuperaram ligeiramente, mas
não por muito tempo. Seria melhor ele não ter ouvido a interpretação da mensagem
celeste.
Dn 5.11
Há no teu reino um homem. Daniel era cheio do espírito dos deuses santos (cf.
Dan. 4.8,9,18). Ele era conhecido como um psíquico extraordinário, o chefe dos
sábios profissionais (a casta dos caldeus). Ver Dan. 2.48 e 4.9. Nabucodonosor
tivera seus problemas solucionados por Daniel, e Nabucodonosor é erroneamente
chamado aqui de pai de Belsazar. Ver a introdução ao capítulo, quanto a
explicações. Seja como for, Daniel era o homem de sabedoria e compreensão que
nunca errara em suas interpretações. Ele tinha a sabedoria dos próprios deuses,
e nenhum membro da casta dos caldeus — encantadores, magos ou adivinhos — podia
comparar-se a ele. Quanto a essa casta e seus vários membros, ver as notas
sobre Dan. 1.20; 2.2-4,27; 4.7. Uma vez mais, Daniel foi chamado de chefe dos
“sábios”.
Dn 5.12
Porquanto espírito excelente.
Continua aqui o louvor dado a Daniei, revelando
sua extraordinária reputação. Ele era um especialista na interpretação de
sonhos, capaz de resolver enigmas e problemas. Portanto, que se chamasse
Daniel. As habilidades de Daniel na oneiromancia compõem o tema dos capítulos 2
e 4 do livro de Daniel. Os enigmas (literalmente, “uma coisa fechada ou
oculta") eram decifrados por ele. A “solução de problemas”, literalmente,
é “desmanchar de nós”. Jesus libertou uma mulher que havia dezoito anos tinha
sido amarrada com um nó (ver Luc. 13.16). No Alcorão (113.4), Maomé busca a
ajuda de uma mulher que era especialista em “desmanchar nós” e desatá-los.CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 3392-3393
Dn 5.6:
“Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram: as juntas
dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro”.
"...
seus joelhos bateram um no outro”.
O presente texto descreve a situação do
monarca diante do supremo poder divino; o rei foi achado por seu pecado, num
momento inesperado (Ver Nm 32.23). No dizer de Swete: “O que os pecadores mais
temem não é a morte, e sim a presença revelada de Deus” (Comp. com Ap 6.15 a
17). Isso pode ser observado em nossos primeiros pais, Adão e Eva; eles
correram apavorados com medo da santidade de Deus, o qual, na viração do dia,
passeava no Jardim (Gn 3.8-10). O famoso pintor Hashington Alliston, gastou
mais de doze (12) anos experimentando pintar a festa de Belsazar; morreu
deixando a obra incompleta! - O pintor não podia alcançar, mesmo com todo o seu
potencial de imaginação, o desespero duma alma sem redenção que, de repente, se
encontra face a face com o julgamento de Deus; o veredicto judicial escrito na
parede, por mão misteriosa do outro mundo, refletia toda aquela sentença
pronunciada por Deus.
Dn 5.7:
“E ordenou o rei, com força, que se introduzissem os astrólogos, os caldeus e
os adivinhadores: e falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que
ler esta escritora, e me declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura,
e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e será no reino o terceiro dominador”.
O
presente versículo tem muitas coisas importantes a serem analisadas, mas
tomaremos como base a frase: “o terceiro dominador”, por ser ela imprescindível
no versículo em foco. O profeta Daniel, em sua visão apocalíptica, observa que
o poderoso Leão visto no capítulo 7, versículo 4: “Tinha asas de águia”. Na
simbologia profética, isto pode significar o neto e o filho de Nabucodonosor,
respectivamente, Belsazar e Nabonido (este o regente durante a doença do pai -
Dn 4.25 - depois ocupou o trono por direito de sucessão). Nabonido não é nominalmente
citado nas Escrituras, mas sim na História Universal; no entanto, ele pode ser
uma das asas do Leão visto por Daniel em visão (Dn 7.4). Eis a razão por que o
rei Belsazar só podia dar a Daniel o “terceiro lugar”, pois o segundo era dele
próprio (Dn 5.7, 11, 29). E observado por Zenofon que o povo da Babilônia se
sentia seguro e zombava daqueles que sitiavam a cidade. Assim o rei foi levado
a fazer essa promessa que nada valia, porque ele tinha de morrer dentro de
pouco, e o reino passaria para os medos e os persas.
Dn 5.8:
“Então entraram todos os sábios do rei, mas não puderam ler a escritura nem
fazer saber ao rei a sua interpretação”.
O
presente versículo, bem como outros correlatos neste livro de Daniel, nos faz
lembrar dos magos de Faraó diante do supremo poder de Deus, na terra do Egito.
Houve uma hora em que eles tiveram de parar, em virtude de Deus ter
neutralizado todo o avanço das forças do mal (Êx 8.18). Os sábios podiam ter
feito uma interpretação falsa sem que qualquer coisa os desacreditassem, mas
não o fizeram. Até os mais infames propósitos não podem ir além daquilo que
Deus permite. O mal que permeia todo o Universo não pára de alastrar-se, mas
sempre há um momento em que Deus entra em ação conforme lhe apraz: “Operando
eu, quem impedirá?” - é a sua grande declaração pela boca de Isaías. Deus não
deixou desviar-se o seu plano, mas o executou de uma maneira sublime.
Dn 5.9: “Então
o rei Belsazar perturbou-se muito, e mudou-se nele o seu semblante; e os seus
grandes estavam sobressaltados”.
A Bíblia
descreve que o “salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). E foi esta a “paga” que
Belsazar, com “seus grandes”, escolheu: este “salário mortal”, e ainda podemos
verificar que o lugar em que havia tanta alegria (da carne), transforma-se
agora, numa verdadeira “perturbação”. “O caminho do homem ímpio é sempre
trevas”, diz a palavra divina. A Bíblia diz literalmente, que o rei naquela noite
ficou “perturbado”. Ele também literalmente, ouviu a voz de Deus no recôndito
da alma, que lhe dizia: “Louco, esta noite pedirão a tua alma; e o que tens
preparado para quem será?” (Lc 12.20). O banquete de Herodes começou com muita
alegria da carne, mas foi encerrado com tristeza da alma (Mt 14.9).
O Senhor
Jesus sempre tinha em mãos uma “bacia e uma toalha” para seus discípulos (Jo
13.4, 5). Ao contrário, para seus inimigos, Ele chegou a usar um azorrague de
cordéis” (Jo 2.15). No dia da vinda de Jesus para seus santos, Ele virá como a
“estrela da manhã”, no dia da vingança, porém, como “o sol da justiça”. O
monarca Belsazar estava bem instruído sobre o grande poder de Deus e suas
manifestações, mas escolheu o “caminho largo” e nele pereceu (Mt 7.13).
Dn 5.10:
“A rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na casa do
banquete: e falou a rainha, e disse: Orei, vive para sempre! não te turbem os
teus pensamentos nem se mude o teu semblante”.
“A
rainha”. O presente texto, fala de uma “senhora rainha” que subentendemos ser a
mãe do rei Belsazar. O fato de a rainha se ter dirigido ao rei, também atesta a
notável exatidão do presente capítulo. Em Babilônia, a rainha-mãe ocupava a
mais proeminente posição no palácio real e, aí, devido à sua intervenção, foi
chamado Daniel. Ele rejeitou a recompensa real e, após pregar ao rei no tocante
à sua perversidade, prosseguiu para a interpretação do estranho escrito. João
Batista não teve acesso ao banquete de Herodes, mas apenas a sua cabeça! Mas certamente
o tetrarca, olhando para aquele prato manchado de sangue, contemplou a cabeça
cuja “boca” um dia repreendera a sua maldade!
Dn 5.11:
“Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e, nos dias de
teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos
deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe
dos magos, dos astrólogos, dos caldeus, e dos adi vinh a d ores”.
"...
deuses santo’.
A expressão no original é realmente “Elohim”, mas como a
palavra “Deus”, saiu dos lábios de uma mulher “paga ,os tradutores acharam por
bem, traduzir por “deuses”. Mesmo assim, a expressão em si, faz uma revelação
da Santíssima Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Dn 5.12:
“Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência e
entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas,
no qual o rei pós o nome de Beltessazar: chame-se pois agora Daniel e ele dará
interpretação”.
O Leitor
deve observar que, em diversas passagens do livro de Daniel, ocorre: “sonho” ou
“visão da noite”. (Ver 1.17; 2.3,4,5,6,7,9,19,45; 7.1,7, etc.). Os antigos
povos criam muito nos sonhos de caráter significativo, e freqüentemente era uma
das maneiras pelas quais Deus podia manifestar a sua vontade (Jó 33.14-16). O
termo denota as idéias presentes ao espírito durante o sono. Os sonhos podem
ser classificados da seguinte forma: 1) Sonhos vãos (Jó 20.8; SI 73.20; Is
29.8). 2) Sonhos que Deus usa para fins especiais. Produzindo estes sonhos,
Deus age de conformidade com as leis do espírito, e talvez empregue causas
secundárias. O doutor J. Davis define os sonhos especiais da seguinte maneira:
1) Os que tinham por fim impressionar a vida psíquica dos indivíduos. Assim se
deu com os midianitas, cujo sonho abateu o ânimo das hostes inimigas e elevou o
espírito de Gideão que, providencialmente, ouviu a sua narrativa (Jz 7.13). Da
mesma sorte aconteceu dom o sonho da mulher de Pilatos. O que esta senhora
(Claudia Procla, segundo a tradição) sofreu no sonho, foi, provavelmente, o
horror de ver um homem inocente ser ferido até a morte, vítima do inflamado
ódio do mundo. (Ver Mt 27.19). Muitos outros sonhos, porém, têm sido revelações
nos tempos modernos. João Newton foi impressionado com a salvação da sua alma,
quando teve um sonho que veio esclarecer-lhe o caminho a seguir. João Bunyan,
quando se encontrava preso na cadeia de Bedford, em 1660, teve um sonho que
imortalizou o seu nome. O resultado foi “O Peregrino”, hoje a mais famosa
alegoria do mundo.
2) Sonhos proféticos instrutivos de que Deus se servia
(quando a revelação era ainda incompleta) e que tinham em si mesmos as
credenciais divinas. Os exemplos são: 1) Abimeleque (Gn 20.3). 2) Jacó (Gn
28.12; 31.10). 3) Labão (Gn 31.29). 4) José (Gn 37.5, 9, 10, 20). 5) Com Faraó
(Gn 41.7,15). 6) O padeiro e o copeiro mor de Faraó (Gn 40.5). 7) Salomão (1 Rs
3.5). 8) Nabucodonosor (duas vezes - Dn caps. 2,4). Os magos do Oriente (Mt
cap. 2). 10) José, esposo de Maria (Mt 21.20 e ss.).Severino Pedro da Silva.
Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 94-98.
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