O
capítulo nove de Daniel é um dos mais controvertidos e especulados da Bíblia.
Quantas datas foram marcadas para a vinda de Jesus a partir desse capítulo?
Quantas pessoas pensaram que o Anticristo foi o Hitler? Ou o Papa? Tudo a
partir da leitura desse capítulo.O que se tem no capítulo nove é a terceira
visão dos mistérios proféticos a respeito do tempo do fim onde de forma direta
e através do anjo Gabriel o profeta Daniel recebeu de Deus tais informações.
Duas divisões naturais aparecem neste capítulo: a oração de Daniel (vv.3-19) e
a resposta divina transmitida pelo anjo Gabriel (vv.20-27).
A
respeito da oração de Daniel é importante que o professor considere algumas
questões importantes:
2.
Enquanto empenhava-se por entender a mensagem do profeta Jeremias, Daniel
humilhou-se na presença de Deus e jejuou (v.3);
3. Daniel
suplica ao Senhor confessando o pecado do povo e colocando-se, juntamente com o
povo cativo, responsável por aquele pecado (vv.4-14);
4.
Suplicou também pela misericórdia divina lembrando esta mesma misericórdia
quando o Senhor livrou o Seu povo do Egito e, igualmente, usou de justiça para
castigar o pecado de Jerusalém (vv.15,16).
5. Por
fim, Daniel pede a Deus para libertar a cidade santa, Jerusalém, e a nação cujo
Deus é o Senhor (vv.17-19);
6. O anjo
Gabriel responde a Daniel após o processo de busca por resposta divina. É
interessante destacar que é a primeira vez que um anjo aparece se locomovendo
no Antigo Testamento. Antes, outros anjos apenas apareciam.
O
capítulo pelo qual estamos estudando revela a disposição e a motivação de
Daniel em buscar os desígnios de Deus. Embora não seja, neste espaço, a nossa
intenção criar uma espécie de receita de bolo para buscarmos a Deus, pois
entendemos que as experiências espirituais são de caráter subjetivo, cada
pessoa tem a sua experiência com o Pai, mas é impossível não observarmos
algumas características que chama-nos atenção na atitude de Daniel: a sua sede
de conhecer a vontade de Deus, a humildade; a sinceridade; a disposição em orar
e jejuar. Que a atitude de Daniel estimule-nos a buscarmos a vontade de Deus
para a nossa vida!Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 41.
COMENTÁRIO INTRODUÇÃO
O
capítulo 9 é, indiscutivelmente, a profecia mais importante do livro de Daniel.
Neste capítulo a profecia ganha um sentido histórico especial e ao mesmo tempo
escatológico, tanto em relação a Israel, quanto em relação ao mundo.
Diferentemente dos capítulos anteriores, esta revelação não se preocupa com os
poderes mundiais, mas trata de uma revelação especial sobre o futuro de Israel
que afeta, indiscutivelmente, todo o mundo. Nos capítulos anteriores, tais como
os capítulos 2,4, 7 e 8, se percebe que Deus utilizou figuras diferentes do
mundo mineral (metais), bem como, figuras do mundo animal para ilustrar os
acontecimentos futuros do mundo. Na realidade, Deus usa elementos neutros como
os metais (ouro, prata, cobre, ferro e barro), e elementos do mundo animal,
para tratar de aspectos políticos, morais e espirituais. Todos esses capítulos
tem uma relação especial com Israel que é o alvo da profecia. No capítulo 9,
Deus revela a Daniel fatos futuros do povo de Israel utilizando número de
semanas, dias e anos. Esses números ganham uma linguagem especial na sua
interpretação em relação ao povo de Israel. Daniel, ao rever o livro do profeta
Jeremias descobriu uma profecia literal que estava chegando ao seu cumprimento.
O período de 70 anos predito para um tempo de escravidão e exílio do povo judeu
em terras estrangeiras estava chegando ao fim. Porém, Deus toma esta
circunstância histórica para revelar outra verdade futura acerca do seu povo.
Seria outro período de 70 semanas de anos totalizando 490 anos literais, sob o
qual Israel experimentaria a força da soberania de Deus sobre Israel que
afetaria o mundo inteiro. Depois da visão estarrecedora dos capítulos 7 e 8,
quando Daniel visualiza espiritualmente o futuro com “um rei feroz de
semblante” que prefigura numa perspectiva escatológica o futuro Anticristo, ou
seja, “o homem do pecado”, Daniel enfraqueceu física e emocionalmente e lhe
restou, tão somente, orar e buscar o socorro de Deus.Elienai Cabral.
Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 127-128.
As
setenta semanas de anos (cap. 9)
As duas
principais profecias do livro de Daniel são as do capítulo 2 e do capítulo 9. A
do capítulo 2, como já vimos, revela o futuro do mundo gentílico, terminando
pelo reino dos dez dedos dos pés da grande estátua, quando a pedra (que
representa Cristo na sua vinda para julgar) bateu violentamente nos pés da
estátua e esmiuçou-a. Três vezes está dito isto (2.34,40,44). Portanto, as
nações ímpias não findarão pacificamente, mas de modo violento e catastrófico,
como veremos à vinda de Jesus, com poder e grande glória. Vemos ainda que o
reino final será o do Céu (2.44).
A segunda
profecia mais importante do livro de Daniel é esta do capítulo 9, revelando o
futuro da nação israelita, incluindo também o período da Igreja, se bem que
parentético, como veremos durante o estudo. Podemos dizer que esta profecia é o
futuro de Israel no plano de Deus.
Se não
entendermos bem a profecia das Setenta Semanas, tampouco entenderemos o Sermão
Profético de Mateus 24, e nem o livro de Apocalipse, uma vez que ela abrange
esses dois. Quase todo o livro de Apocalipse (caps. 6 a 22) é apenas uma aplicação
da profecia preditiva das Setenta Semanas de Daniel. Noutras palavras: Deus deu
a Daniel um quadro geral dos eventos futuros relacionados com Israel; e a João,
no Apocalipse, deu os detalhes desses eventos.Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos
dias. Editora CPAD.
Temos,
nesse capítulo: I. A oração de Daniel pedindo a reintegração dos judeus que
estavam no cativeiro, e na qual ele confessa o pecado, reconhece a presença da
justiça de Deus nas calamidades, e implora as promessas divinas de misericórdia
que o Senhor ainda havia reservado para eles (w. 1-19). II. A resposta recebida
em seguida à sua oração e que foi transmitida por um anjo. Nesta,
1. Ele
recebe garantias sobre a imediata libertação dos judeus do seu cativeiro (w.
20-23). 2. Ele é informado a respeito da redenção do mundo por Jesus Cristo
(que o próprio Daniel estava tipificando), de como seria a natureza dessa
redenção, e quando ela seria realizada (w. 24-27). E essa é a profecia mais
clara e luminosa em todo o Antigo Testamento a respeito do Messias.HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora
CPAD. pag. 879.
I -
DANIEL INTERCEDE A DEUS PELO SEU POVO
(Dn 9.3
19)
1.O tempo
da profecia de Jeremias (vv. 1,2).
Daniel
examina o tempo da profecia de Jeremias (9.1-4)
“No ano
primeiro de Dario,filho deAssuero, da nação dos medos” (9.1). Em 539 a. C.,
Daniel já tinha mais de 80 anos de idade. Era um ancião respeitado por mais de
60 anos em reinos anteriores, mas ainda exercia atividades políticas sob o
domínio de Dario. Dario era filho de Assue- ro, rei conhecido pelo nome que não
pode ser confundido com o rei Assuero da história de Ester (Et 1.1).
Entretanto, o rei Dario de Dn 5.31; 6.1 e 9.1 é a mesma pessoa, a quem Ciro da
Pérsia o designou para ser o rei da Babilônia. E interessante notar que o rei
Dario de 9.1 é o que veio a ser rei sobre o reino dos caldeus (Babilônia).
(9.2)
Daniel entende que o número de anos da profecia de Jeremias havia chegado. Ele
disse: “entendi pelos livros que o número de anos, de quefalou o Senhor ao
profeta feremias”. Consultando a profecia, Daniel descobre o que Deus disse ao
profeta Jeremias: “quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade
do rei da Babilônia”(]v 25.11,12). Uma vez que a punição já havia acontecido
contra a Babilônia, Daniel entendeu que o momento de cessarem as assolações de
Jerusalém havia chegado. Ele descobre que a profecia que o tempo dos 70 anos de
cativeiro estava chegando ao fim, “Setenta anos” era o tempo da indignação
divina contra Jerusalém e as cidades de Judá conforme falou Zacarias 1.12, que
disse: “Então o anjo do Senhor respondeu e disse: O Senhor dos Exércitos, até
quando não terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais
estiveste irado estes setenta anos?” Outra profecia está descrita em 2 Cr 36.21
que diz: “para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até
que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou,
até que os setenta anos se cumpriram”. No texto de Daniel 9.2, o servo de Deus
orou com todas as suas forças pedindo a Deus que cumprisse a promessa da sua
graça sobre Israel, restaurando o seu reino e a sua cidade.
Daniel
ora objetivamente a Deus: “e eu dirigi o meu rosto ao Senhor” (9.3). Daniel
demonstrou que a oração precisa ter ousadia e temor de Deus no coração. Ele
dirigiu seu rosto ao Senhor, isto é, ele não usou de subterfúgios para falar
com Deus, mas expôs sua face para se apresentar ao Senhor. A oração foi o meio
providencial para que se cumprisse o que já estava determinado por Deus (Is
42.24,25; 43.14,15; 48.9-ll;Jr 49.17-20; 50.4,5,20).
Daniel
orou e intercedeu pelo seu povo. “E orei ao Senhor, meu Deus, e confessei... ”
(9.4-6). Daniel teve a humildade de confessar o pecado do seu povo incluindo
ele mesmo. Ele não viu apenas a culpa da sua gente, mas a sua também. Ele usa a
expressão: “pecamos cometemos iniquidade” (9.5). A despeito de ser homem
íntegro, não foi presunçoso diante da justiça de Deus. mas colocou-se debaixo
da mesma culpa pedindo perdão a Deus. Daniel teve uma atitude de intercessão
que dominou seu coração diante de Deus. Essa atitude em favor do seu povo foi
demonstrada com total humildade. Ele estava convencido da soberania de Deus e seu
poder para manifestar o seu perdão, mas acima de tudo, para cumprir a sua
palavra. Daniel sabia que não podia adiantar nem atrasar o cumprimento dos
desígnios divinos para com Israel. Ele preferia colocar-se diante de Deus como
alguém que sabia da incapacidade do seu povo para entender que a disciplina do
Senhor estava se cumprindo, mas que havia algo futuro que ainda se cumpriria na
história de Israel. Daniel depois de haver expressado seu reconhecimento da
grandeza de Deus, se volta para si mesmo e para seu povo, se identificando com
os pecados de Israel (Dn 9.5,6).Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a
Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 128-129.
Dn 9.1 O
assunto principal deste capítulo que, em suma, encerra uma série de 27
versículos, é a oração do profeta Daniel, para que Deus desse início ao
regresso de seu povo. (Ver Salmo 126). Podemos dividir o presente capítulo da
seguinte maneira: 1) A introdução (versículos 1 e 3). 2) A oração propriamente
dita (versículos 4 a 19). 3) A resposta da oração: Deus enviando o anjo Gabriel
(versículos 20 a 27). Então o capítulo é dividido em duas partes: 1) A
introdução (versículos 20 a 23). 2) A resposta propriamente dita (versículos 24
a 27). Agora a consolidação: A grande profecia das “setenta semanas”. Os
versículos 1 e 2 do presente capítulo, apontam no tempo esta oração: foi no
primeiro ano do governo de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos. Não
sabemos determinar se o “Assuero” do texto em foco é o mesmo que vem citado no
livro de Ester 1.1. Alguns comentadores aceitam que o Assuero do texto é
Xerxes, e o nome “Assuero” pode ser um “título real aque- mênida”. Seja como
for, nós aceitamos o que fica depreendido dos textos divinos, o mais são
especulações humanas.
Dn 9.2
“Era de setenta anos”. Daniel primeiro examina com cuidado as predições do
profeta Jeremias sobre os “setenta anos de cativeiro” (Jr 25.11, 12). Setenta
anos de cativeiro sobre a nação foi para “que a terra se agradasse dos seus
sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se
cumpriram” (2 Cr 36.21). Deus ordenou a Israel, no deserto, que trabalhasse
seis dias em sete e, semelhantemente, seis anos em sete. (Ver Ex 20.9, 10; Lv
25.1-7). A guarda do sábado à risca foi observada por Israel logo no deserto, e
um homem foi morto porque apanhou lenha no sábado. (Ver Nm 15.32-36). A segunda
ordem de Deus para que se guardasse o ano sabático só entraria em vigor com a
entrada da nação na terra prometida. (Ver Lv 25.2-4). Isto significa que todo o
“tempo pertence a Deus”. Durante esse ano (de repouso), a terra não era
lavrada, o fruto era livre, e a confiança do povo em Deus era provada.
Aprendemos de Deuteronômio 31.10-13, que este ano era empregado para dar
instrução religiosa ao povo. Durante os 490 anos da monarquia, esta lei não foi
observada, como devia ter sido por 70 vezes. Por isso, foram dados ao povo 70
anos de cativeiro. Deus, apenas, como sempre, só exigiu o dízimo dos 490 anos.
(Ver 2 Cr 36.21). Daniel sabia que Deus é o “Justo Juiz” e só cobraria o
“dízimo” dos anos, e pôs-se a orar confiantemente por um repatriamento. (Comp.
SI 126).Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 165-166.
O estudo
desta profecia torna-se mais edificante e empolgante quando consideramos que
estamos vivendo agora no “tempo do fim”, de que falou o profeta Daniel em
8.17,19; 10.14; 12.4.
1. O
cenário histórico da profecia (9.1,2). "No primeiro ano de Dario" (v.
1). Isso teve então lugar após 5.31. Estava chegando o final dos setenta anos
de cativeiro do povo judeu. "Eu, Daniel, entendi pelos livros" (v.
2). Daniel possuía uma biblioteca, cujos livros ele estudava, e entre esses
estavam os da Bíblia de então. Ele menciona aqui, no versículo 2, as profecias
de Jeremias. Hoje podemos ter mais conhecimentos ainda, porque dispomos de
livros das Escrituras como o de Apocalipse, que ele não tinha. A profecia de
Jeremias, em apreço, diz: "Toda esta terra virá a ser um deserto e um
espanto; estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá,
porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei
de Babilônia..." (Jr 25.11,12). Esse rei de que fala
a
profecia já fora castigado. Daniel considerava então que já estava no tempo
para terminarem as "assolações de Jerusalém", a qual continuava
destruída.
2. A
oração de Daniel (9.3-19). Daniel era homem de oração e jejum. Certamente temos
aí uma das razões por que sempre permaneceu firme na fé, vivendo e trabalhando
nas "alturas" palacianas. Davi deu o mesmo testemunho no Salmo 18.33.
"E me firmou nas minhas alturas". Deus pode guardar o crente nas
altas posições, sejam quais forem que venha a ocupar. Muitos crentes, ao
subirem nesse sentido, infelizmente começam a "descer" espiritualmente.
O caminho certo nesses casos é o da oração e da Palavra, como fez Daniel.
Uma coisa
tocante nesta oração de Daniel (vv. 3-19) é o fato de ele confessar os pecados
da sua nação como se fossem os seus, identificando-se, assim, com o seu povo.
"Temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente, e fomos
rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos" (v. 5).
Ele sabia conjugar os verbos bíblicos na primeira pessoa...Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos
dias. Editora CPAD.
A Ocasião
da Oração de Daniel (9.1-3)
Uma
mudança no governo trouxe à mente de Daniel a convicção aguda de que alguma
mudança providencial de grandes proporções estava para acontecer com o
remanescente do seu povo no exílio. O reino dos caldeus tinha chegado ao fim
com a queda da Babilônia (5.30-31). O govemo dos persas e seus aliados medos o
tinha destituído. Se Dario, que foi constituído rei sobre o reino dos caldeus
(1), era, na verdade, o parente idoso do persa Ciro, a situação política
continuava instável. O equilíbrio do poder estava passando da Média para a
Pérsia. Ciro, dentro de dois anos, assumiria a liderança civil e militar.
Mas
Daniel estava acima do cenário secular. Ele entendeu pelos livros [...] que
falou o Senhor (2). Daniel estava ciente de quão minuciosamente exato havia
sido o cumprimento das advertências que Deus tinha dado ao seu povo. Ele tinha
passado pelos dias angustiantes de calamidade descritos detalhadamente em
Levítico 26.14-35. O castigo imposto por causa da negligência dos anos
sabáticos estava ficando claro. A promessa de Deus de misericórdia e
restauração baseadas na aliança que Ele havia feito com os pais (Lv 26.40-45),
com a condição indispensável de arrependimento, continuava valendo. Deus estava
aguardando a reação do povo. Então Daniel lembrou da referência profética
alarmante de Jeremias em relação a uma série de ciclos sabáticos que culminava
naqueles dias: “Porque assim diz o Senhor: Certamente que, passados setenta
anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa palavra,
tornando-vos a trazer a este lugar” (Jr 29.10; cf. 29.11-13; 2 Cr 36.12). Ele
sabia que o tempo estava próximo e sabia exatamente o que deveria fazer. Na
profecia de Jeremias, Daniel descobriu o plano de Deus para a época em que
vivia.
A
seriedade da luta na oração de Daniel pode ser percebida na seguinte frase: E
eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração, e rogos, e
jejum, e pano de saco, e cinza (3).
Aqui
estava um homem empenhado em uma busca profunda e sincera pela ajuda divina.
Calvino observa que “quando Deus promete algo singular e valioso, devemos estar
alertas e sentir essa expectativa como um estímulo aguçado”. Calvino então
ressalta que o uso do pano de saco, da cinza e do jejum por Daniel, foi usado,
não como obras meritórias para alcançar o favor de Deus, mas como auxílio para
aumentar o ardor na oração. “Assim, observamos que Daniel fez o uso correto do
jejum, não desejando agradar a Deus por meio dessa disciplina, mas em
conferir-lhe mais seriedade em suas orações”.
Em Daniel
9.1-3, encontramos os “Fatores da Oração Eficaz”: 1) Um coração aberto para “a
palavra do Senhor” (2a, NVI). 2) Uma convicção esmagadora de que o tempo de
Deus é agora (2b). 3) A observância das disciplinas da oração insistente (3).Roy E.
Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 532-533.
2. A
confissão dos pecados de um povo (vv.3-11,20).
A
preparação para a oração (Dn 9.3)
Daniel,
em sua preparação para a oração, nos ensina quatro coisas importantes: em
primeiro lugar, uma busca intensa. Ele voltou o rosto para o Senhor. Isso
demonstra a intensidade de sua oração. Ele tinha vida de oração metódica e
regular, mas agora esse homem se concentra em oração.
Em
segundo lugar, um clamor fervoroso. Daniel ora e suplica. O decreto de Dario o
leva a ser mais enfático em sua oração e clamor.
Em
terceiro lugar, uma urgência inadiável. Daniel ora e jejua. Quem jejua tem
pressa. Quem jejua não pode protelar. Daniel tem urgência em seu clamor. Faltam
apenas mais dois anos para o cumprimento da profecia e ele não vê em seu povo o
quebrantamento necessário. Ele sabe que a profecia passa pelo arrependimento do
povo. Por isso, ora com tanta urgência.
Em quarto
lugar, um quebrantamento profundo. Ele se humilha. Veste-se com pano de saco e
cinza. Ele era um homem do palácio, mas despoja-se de sua posição.
Os
atributos da oração (Dn 9.4-19)
A oração
feita por Daniel contém os pontos mais importantes de uma oração. Ele começa
adorando a Deus (Dn 9.4). Daniel se aproxima de Deus com santa reverência. Sua
oração não era daquele tipo que chama Deus de paizinho, tão popular hoje, que
descreve intimidade na verbalização, mas distância na comunhão. Daniel tinha
intimidade com Deus, mas reconhecia a majestade e a grandeza de Deus diante de
quem os serafins cobrem o rosto. Confiança filial não é inconsistente com
profunda reverência. Daniel adora a Deus por causa de sua fidelidade ao pacto.
Ele pode confiar em Deus por saber que Deus é fiel a Sua Palavra. Daniel adora
a Deus também por causa de Sua misericórdia e prontidão em perdoar (Dn 9.4,9).
Daniel,
depois de adorar a Deus, é tomado por profunda contrição, faz confissão de seus
pecados e dos pecados do povo (Dn 9.5-15). Quais foram as características da sua
confissão? Em primeiro lugar,
Daniel
fez uma confissão coletiva (v. 7,8). Daniel compreendeu que ele, os líderes de
seu povo e o povo pecaram contra Deus. Aqui não há justificativa nem
transferência de culpa. Todos pecaram. Todos são culpados: os líderes e o povo.
Deus falou, e eles não ouviram. Deus ordenou, e eles não obedeceram. Deus fez
grandes maravilhas, e eles não agradeceram.
Em
segundo lugar, Daniel faz uma confissão específica (v.5,6). Ele não faz
confissões genéricas: Daniel usa vários termos para expressar o pecado do povo:
pecado, iniqüidade, procedimento perverso, rebeldia, desvio dos mandamentos e
juízos (v. 5), desobediência (v. 10), transgressão da lei (v. 11) e
procedimento perverso (v. 15).
Em
terceiro lugar, Daniel faz uma confissão sincera (v. 7,14). Daniel está corado
de vergonha. Ele sabe que os males que vieram sobre o povo foram provocados
pela desobediência e rebeldia do povo. O pecado traz opróbrio, vergonha, dor,
humilhação e derrota. Daniel reconhece que as aflições do povo são por causa de
seu pecado, e, por isso, Deus é justo em castigar seu povo (v. 11). Daniel
entende que o mal veio sobre o povo por causa de seu pecado (v. 11-13). Deus já
havia alertado o povo sobre esse perigo, Mas a despeito da maldição vir, do mal
chegar, o povo ainda não havia se quebrantado.
O povo
não tinha atendido nem mesmo à voz do chicote de Deus.
Em último
lugar, Daniel, em sua confissão, reconhece a ingratidão do povo (v. 15). Deus
tirara Israel do Egito com mão forte e poderosa. Realizara tantos milagres e
providências em sua vida e o engrandecera aos olhos das nações. Mas Israel, em
vez de agradar a Deus, rebelou-se contra Ele. Depois de confessar seus pecados
e os pecados do povo, Daniel faz súplicas a Deus (Dn 9.16-19). Seus pedidos são
específicos (v. 16-18): Daniel pediu por Jerusalém e pelo monte santo (v. 16).
Pediu pelo templo assolado (v. 17) e pela cidade que é chamada pelo nome de
Deus (v. 18). Seus pedidos são urgentes (v. 19). Daniel tem pressa.
Ele não
pode esperar. Ele pede a Deus urgência na resposta.
Seus
pedidos são importunos (v. 15-19). No versículo 15 ele diz: “Já fizeste grandes
coisas por este povo, não o farás de novo? Não peço algo novo, mas o que já
fizeste no passado”. No versículo 16 Daniel diz: “É a tua cidade. É o teu monte
santo. Não deverias, portanto, fazer algo por eles? E o teu povo que está sendo
desprezado”.Ficará
Deus impassível? No versículo 17 Daniel diz: “O teu santuário é o único lugar
que escolheste para tua habitação. Deixarias tu este lugar desolado para
sempre?”.
No
versículo 18 Daniel diz: “E a cidade chamada pelo teu nome”. O apelo de Daniel
não é para que Deus simplesmente liberte Seu povo, mas que o faça por amor de
Seu nome. E a glória do nome de Deus que está em jogo. Não é simplesmente por
causa do povo, ele não o merece. É por causa do nome de Deus! A desolação
refletirá no caráter de Deus. As pessoas poderão questionar Seu poder e Sua
bondade. Se Deus não agir, Seu nome será blasfemado. No versículo 19 a oração
alcança seu ápice: “O Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e
põe mãos à obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó Deus meu, porque a tua
cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome”.
Quando
foi a última vez que você orou assim? Esse é o tipo de oração que Deus ouve.
Precisamos conhecer as promessas de Deus e orar por elas dessa forma. Quando um
remanescente ora dessa forma a história é mudada.Seus
pedidos são cheios de clemência (v. 19). Daniel não pede justiça, mas
misericórdia. Ele pede perdão. Ele não pede por amor ao povo, mas por amor a
Deus. Seus pedidos são fundamentados na misericórdia (v.18). A oração
verdadeira é sempre marcada por profunda humildade. Nossas orações devem ser
fundamentadas não na justiça humana, mas na misericórdia divina. Não nos
méritos do homem, mas no nome de Jesus.LOPES.
Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 112-115.
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PAZ DO SENHOR
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