E O
REINO DO MESSIAS
Dn 7.4: “O primeiro era como leão”. Todos os
estudiosos das profecias de Daniel concordam nesta passagem, com o mesmo
simbolismo. O leão é Babilônia, compreendendo seu rei. (Ver Jr 4.7; 49.19; Hc
1.8). Podemos observar que, nas próprias composições que são empregadas para
representar este reino, diz-se que seus sucessores cresceriam naquele reino
sempre apontando para baixo (Dn 2.39,
40). Três composições nas visões de Daniel, que representam Babilônia e o
monarca, formam um simbolismo evidentemente perfeito:
1) A cabeça de ouro. 2) O
leão. 3) A águia. A cabeça é a parte mais nobre do corpo humano e, sendo de
ouro, é mais evidente. O leão e a águia são dois animais nobres da fauna: o
primeiro, como o rei dos animais terrestres, e a águia, como a rainha das aves
do céu. Esse simbolismo sempre representou Babilônia, em várias conexões das
Escrituras Sagradas. O leão, majestoso, corajoso, representa perfeitamente essa
grande cidade. Babilônia, de fato, era representada em seu escudo por um leão
com asas de águia. A águia é outro animal majestoso, a rainha das alturas, como
o leão o é das planuras.
O leão representa a brutalidade, a força e a
violência. E fera de mandíbula trituradora. Na simbologia profética das
Escrituras Sagradas, é o Império Babilónico “um destruidor de nações” (Jr 4.7).
A águia, por sua vez, metaforiza a rapidez e a voracidade. Esse Império é
considerado nas Escrituras como “u- ma nação feroz” que voa como a águia (Dt
28.49-50; Mq 1.6-8). “E tinha asas de águia”. Na simbologia profética, isso bem
pode, como em outras partes das Escrituras, simbolizar Nabonido e Belsazar.
“E foi
levantado da terra”. A presente passagem, descreve em resumo, a humilhação, a
doença, a exaltação do poderoso monarca Babilónico, o rei Nabucodonosor. No
capítulo quatro deste livro, Deus o feriu de licantropia. O doutor Montagu G.
Barker, a descreve também como segue: “Licantropia”, uma condição
freqüentemente mencionada em tempos antigos. Muitas vezes ligada à hidrofo-
bia, em que parecia que as pessoas afetadas imitavam cães e lobos.
Nabucodonosor, uma vez ferido por Deus desta doença, foi colocado junto com os
animais do campo (Dn 4.33), onde passou “sete tempos”. Sete tempos (“sete
anos”).
A palavra “iddãnin” não denota especificamente “anos”, mas pode
significar “estações”. E a mesma palavra traduzida por “tempo” em 2.8 e
“momento” em 3.8, do livro em foco. A sua situação é indefinida, mas, no
conceito geral, isso significa mesmo “sete anos” (Dn 7.25; 12.7; Ap 12.14. Um
tempo nessas passagens significa um ano).
“E posto
em pé como um homem”. O texto em foco descreve, em resumo, o estado normal e o
restabelecimento do rei Nabucodonosor, e, com certeza, também o seu
restabelecimento no posto e trono, como ele mesmo descreve: “Mas ao fim
daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a
vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei... no mesmo tempo
me tornou a vir o meu entendimento, e, para a dignidade do meu reino, tornou a
vir a minha majestade e o meu resplendor” (cap. 4.34-36).
“E
foi-lhe dado um coração de homem”.
O coração deste monarca estava muito
endurecido no início do reinado; era realmente “um coração de leão” (Jr 4.7).
Ele tornou-se um Faraó. Faraó foi um monarca, também de coração endurecido. Dez
vezes lemos que ele endureceu seu coração e dez vezes lemos, também, que Deus o
endureceu (Ex 7.13,14, 22; 8.15,19, 32; 9.7, 34, 35; 13.15 - Faraó). (Êx 4.22;
7.3; 9.12; 10.1, 27; 11.10; 14.4, 8, 17 - Deus). Theodoret assim explica o
caso: “O sol pelo seu calor torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um e
amolecendo outro, produzindo, pela mesma ação, resultados contrários. Assim a
longanimidade de Deus faz bem a alguém e mal a outros. - Por quê? - Porque
alguns apresentam-se amolecidos e outros endurecidos”. O juízo de Deus caiu
sobre Faraó quando se exaltou. O juízo de Deus caiu também sobre Nabuco-
donosor quando se exaltou. Diferença: Faraó se endureceu; Nabucodonosor se
humilhou. Teve seu “coração” mudado de “leão” para “coração de homem”.
Nabucodonosor morreu, e seus dois sucessores, as asas, foram arrancadas,
terminando, assim, aquela dinastia Babilónica (Dn 5.30; 7.4).
Dn 7.5:
“Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual
se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e
foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne”.
“...o
segundo animal...” No capítulo 2 versículos 32 e 39 do livro em foco, o Império
Medo-persa é representado pelo “peito e braços” de prata da estátua “terrível”
do sonho do monarca Nabucodonosor. O “peito do colosso, na simbolo- gia
profética, representava a unificação dos dois reinos (Média e Pérsia) em um só.
Os “braços”, porém, geograficamente falando, são seus dois monarcas: Dario e
Ciro, respectivamente. 1. O braço esquerdo representava Dario. 2. O braço
direito representava Ciro (Is 45.1). São eles os dois “Tufões de vento do Sul,
que tudo assolam...” (Is 21.1).
No capítulo 4 de Daniel, esse Império, bem pode
ser visto nos “ramos” da árvore que o rei Nabucodonosor viu em sonho.
O segundo animal presenciado por Daniel, nesta visão é “um urso”. E
quase tão temível quanto o leão, o primeiro animal. O urso marrom da Síria pode
chegar a 250 kg de peso e tem um apetite voraz. “Embora o urso não seja
considerado o rei dos animais, atinge maior estatura e peso, como já ficou
demonstrado, do que o leão. Diz-se que sua espécie foi encontrada na Média,
país montanhoso, acidentado e frio. Seus quarenta e dois (42) dentes
pontiagudos, suas garras aguçadas, sua malícia, o seu enorme peso, a sua
coragem e a sua astúcia, fá-lo grandemente terrível. No que diz respeito à sua
crueldade, ferocidade e sede de sangue, não tem rival”. Todos esses requisitos
possuídos por essa fera, foram realmente incorporados em grau supremo ao
Império Medo-persa, e mais ainda. Dele está escrito: “Levanta-te, devora muita
carne”.
"...
levantou-se de um lado”.
O presente versículo põe em foco Dario e Ciro se
“levantando do sudeste” da Babilônia; nessa região se encravavam a Média e a
Pérsia; os medos predominaram antes dos persas. A frase: “levan- tou-se de um
lado” é interpretada na maneira de haver a fera se levantado de um lado, isto
é, no sentido literal, o urso levantou-se sobre duas patas, ficando as duas
outras suspensas, como se quisesse andar com os pés. Esses dois reinos, após
conquistarem Babilônia, cada um queria andar só. Eis a razão por que Ciro
depois vence Dario e reina com grande poder.
“Tendo na
boca três costelas...” O presente texto mostra algo admirável no urso faminto,
como fora presenciado no majestoso leão do versículo 4. As três costelas em
foco, que o urso trazia na sua boca, na simbologia profética significam as três
primeiras potências conquistadas pelo Império Medo-persa. São elas: 1)
Babilônia. 2) A Lídia, na Á- sia Menor. 3) O Egito. Esses três reinos
(costelas) fizeram uma coligação pensando suplantar as ameaças do inimigo. Mas
não tiveram nenhum êxito nisso, pois a conquista por Dario e Ciro dessas nações
já estava vaticinada cerca de 80 anos antes, como está descrito pelo profeta do
Senhor: “O Senhor despertou o espírito dos reis da Média; porque o seu intento
contra Babilônia é para a destruir. (Jr 51.11, 29). Dario e Ciro fizeram com
estas três costelas (nações) o que antes já fora vaticinado. As nações aí
mencionadas foram, em suma, as primeiras a caírem nas garras do urso voraz. Ele
as subjugou.
"...
entre os seus dentes”.
O profeta Daniel, observa um detalhe importante na
presente visão: as três costelas acima mencionadas, vinham presas “entre” os
dentes da fera. Foi realmente o que aconteceu com as três potências aludidas:
Babilônia, Lídia, e Egito. Elas foram conquistadas pelos poderosos dentes
(exércitos) do urso faminto. Segundo a história natural, um urso da Média, é
portador de 42 dentes pontiagudos. Nas conquistas mencionadas foram usados 42
exércitos em revezamento. As Escrituras são proféticas e se combinam em cada
detalhe. (Ver Ec 7.27).
“Levanta-te,
devora muita carne”.
Essa voz que ordena ao “urso” que devore muita carne é a
voz de Deus. Refere-se a Ciro, também chamado o “pastor” de Deus (Is 44.28) e
seu “ungido”, em Is 45.1. Esses títulos lhe são dados, não por causa do seu
caráter, pois ele era ignorante quanto à pessoa de Deus (Is 45.5). Ele não
conhecia a Deus, e é chamado “uma ave de rapina” em Is 46.11, mas Deus o
predestinou para executar a destruição de Babilônia e a obra de restauração de
Israel. No texto de Is 45.1, 2, lemos a seu respeito: “Assim diz o Senhor ao
seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante
de sua face, eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas e
as portas não se fecharão. Eu irei diante de ti, e endireitarei os caminhos
tortos; quebrarei as portas de bronze e despedaçarei os ferrolhos de ferro”. O
leitor deve observar que os elementos apresentados nesta profecia existiam de
fato em Babilônia. No cap. 8.3- 22 deste livro, o poderoso Império Medo-persa
ainda continua, porém, já enfraquecido: não é mais representado por um “urso
voraz”, mas por um animal doméstico. Não está mais diante do mar (v. 3) mas
diante do rio (8.3).
Dn 7.6:
"... eis aqui outro”.
No texto em foco, é o Império Gre- co-macedônio que
entra em cena. No capítulo 2, versículos 35 a 39 deste livro, esse Império é
representado pelo “ventre e coxas” de cobre da estátua vista pelo monarca Nabu-
codonosor, em seu majestoso sonho. Como na representação anterior dos dois
reis, Dario e Ciro, o mesmo acontece aqui. “O ventre” como é descrito pelo
profeta do Senhor, simboliza a unificação dos reinos Grego e Macedônio em um só.
As “coxas” falam de duas nações que se uniram, depois, porém se dividiram com o
“andar” das coxas. O ventre e as coxas formam uma extensão maior do que a
cabeça. Contudo, a cabeça é mais nobre.
O Império Babilónico era de fato maior
do que todos em riquezas e glórias, mas foi menor em extensão territorial do
que o reino de Alexandre Magno. Na simbologia profética, esse Império
Greco-macedônio pode ser visto nas “folhas” da árvore do sonho do rei
Nabucodonosor (4.21). O profeta Daniel diz, na sua interpretação, que as
“folhas eram formosas”. Alexandre, foi de fato o maior em sua geração: foi
chamado de Magno (o Grande). Ele foi um vulto muito culto e inteligente, mas,
ao mesmo tempo, era violento e traiçoeiro até para com seus generais.
“... um
leopardo”.
O simbolismo usado na presente passagem se coaduna com a etimologia
da palavra que dá nome ao animal do texto em foco. “Leo” (leão) e “pardo”
(pantera). E realmente perfeito o que foi o reino de Alexandre Magno: duas
naturezas. As duas naturezas interligadas deste Império Greco-macedônio eram
vistas em vários aspectos, mas tomemos como exemplo: 1) Os dois povos (gregos e
macedônios) eram diferentes em temperamento: os gregos sempre foram diferentes
dos macedônios; isto pode ser visto e examinado em Atos dos Apóstolos e nas
Epístolas de Paulo. Esse apóstolo foi enviado por Deus a esses dois povos. (Ver
At 16.9 a 40 e 17.15 a 34; 1 Co 16.5, etc.) 2) Sentido geográfico: A Grécia
ficava “no sudeste da Europa, ocupando a parte Sul da península dos Balcãs e
numerosas ilhas do mar Jónico e do mar Egeu, no Mediterrâneo”. 3) A Macedônia.
A região geográfica da antiga Ma- cedônia compreende hoje “a Iugoslávia, o Sul
da Bulgária e a Turquia européia”. Vejamos onde se encravam essas três nações:
a. Iugoslávia. Sua situação geográfica, Sudeste da Europa. E limitada ao norte
pela Áustria e pela Hungria, a leste pela Romênia e Bulgária, ao sul pela
Grécia e pela Albânia e a oeste pelo mar Adriático e pela Itália, b. A
Bulgária. Sua situação geográfica, sudeste da Europa, na parte oriental da
península balcânica. A Bulgária é limitada ao norte pela Romênia, a leste pelo
mar Negro, ao sul pela Turquia e a Grécia, e a oeste pela Iugoslávia”, c. A
Turquia Européia. E separada da parte asiática pelo estreito de Dardanelos,
pelo mar de Mármara e pelo Bósforo. A parte européia é constituída de colinas
próprias para a agricultura.
“E tinha
quatro asas de ave nas suas costal.
O profeta Daniel, em sua visão futurística,
observa algo mais no “leopardo” como vira no leão e no urso, respectivamente.
Ele notifica que, nas costas do animal, vinham quatro asas. Na simbologia
profética e em outras representações simbólicas, asas têm sempre o sentido de
insígnia militar. Verdade é que pode trazer também o sentido de rapidez. Um
fato notável que deve ser observado no texto em foco é que essas asas estavam
postas nas “costas” do animal. Elas representam, sem dúvida, os “quatro
generais” de Alexandre que, após sua morte, fundaram quatro realezas. São eles:
1) Ptolomeu. 2) Selêuco. 3) Lísímaco. 4) Cassan- dro. Esses generais, de fato,
estavam por “trás” de Alexandre em tudo que ele fazia. Cada um deles começou
por implantar-se na região que lhe fora designada, e não ficaram somente nisso,
pois a ambição de glória e de poder, levou- os a lutarem entre si, para novas
conquistas.
“Tinha
também este animal quatro cabeças”.
O profeta do Senhor, Daniel, continua em
sua descrição sobre o famoso “leopardo”. Ele observa algo mais naquela fera:
ela tinha quatro cabeças. A cabeça, que é de um animal quadrúpede, está diante
de si. Na simbologia profética, isso significa as quatro realezas que estavam
por vir. Após a morte de Alexandre, seus quatro generais, já mencionados,
fundaram quatro realezas dentro da divisão do Império. São elas: 1) Egito
(Ptolomeu). 2) Síria (Selêuco). 3) Macedonia (Lisímaco). 4) Ásia Menor
(Cassandro).
“E
foi-lhe dado domínio”.
Esse domínio, do texto em foco, dado a Alexandre, foi,
sem dúvida, concedido pelo próprio Deus (Ver Rm 13.1-6). Mas em breve surgiram
dis- sensões entre seus próprios generais, que, ao todo, eram sete (7):
Ptolomeu, Selêuco, Lisímaco, Cassandro, Pérdi- cas, Antípatro e Polispercon. Os
três últimos era os primeiros agentes do reino, mas foram afastados do poder.
Enquanto que os quatro primeiros dividiram-se em quatro formas ideológicas (4
cabeças) e fundaram as 4 realezas já mencionadas. Cumpriu-se, assim o que está
escrito a respeito de Alexandre, em 11.4: “O seu reino será quebrado, e
repartido para os quatro ventos do céu mas não para a sua posteridade”. O
domínio que foi dado, ele não soube aproveitar, e, assim, foi-lhe tirado, mas
não para seus filhos, isto é, para a sua posteridade.
Dn 7.7:
"... eis aqui o quarto animaP.
O presente versículo coloca em cena o
quarto Império Mundial. E o Império Romano. Esse poderoso Império, desde sua
fundação, tem como capital a cidade de Roma. E cidade das mais antigas da
península itálica, está edificada sobre “sete colinas” que João, o apóstolo do
amor, chama de “sete montes” (Ap 17.9). Nos dias do Império, essas sete colinas
eram chamadas: Aventino, Palatino, Célio, Esquilino, Vidimal, Quiri- nal e o
Capitólio. A cidade ficava à margem esquerda do rio Tibre, a 24 quilômetros da
desembocadura desse rio no mar Tirreno, na costa ocidental da península
itálica. O seu fundador foi um habitante do Lácio (donde vem a palavra latino),
chamado Rômulo, que, junto com seu irmão Rê- mulo, foi amamentado pela loba do
Capitólio. (Lenda). No capítulo 2.33, deste livro, esse Império é representado
pelas “pernas de ferro” do majestoso colosso visto pelo monarca Nabucodonosor,
em seu sonho escatológico. Não é contemplado com os dois Impérios (Medo-persa e
o Greco- macedônio) anteriores, que eram unificados pelo “peito e ventre” da
imagem; mas segue um paralelismo até sua consumação. Na simbologia profética,
esse paralelismo é representado pelas pernas da estátua. (Ver notas expositi-
vas sobre isso em 2.33). No campo simbólico, esse Império pode ter também sua
representação nos “frutos” da árvore do sonho do rei Nabucodonosor (Dn 4.14). A
maneira como os romanos conquistaram o Império Greco-macedônio todos conhecem.
Os romanos conquistaram o Ocidente e voltaram depois suas vistas para o
Oriente. Apoderaram-se da Grécia, Síria, Palestina e outros países. Tornaram-se
senhores do mundo. Quando Matatias começou a lutar pela independência de seu
país, os romanos eram fracos; agora, porém, eram os dominadores do mundo.
O
anjo deixou bem claro para Daniel quem seria o quarto animal, quando disse: “O
quarto animal será o quarto reino na terra” (v. 23). Todos os estudiosos das
profecias de Daniel sabem a quem esta passagem se refere. E ao Império Romano,
o quarto reino mundial. Esta fera terrível não há nada a que ela se compare. A
descrição salienta apenas o caráter destruidor da fera, como segue:
O Império Romano foi, de fato, “terrível” em todos os seus aspectos; Jesus
Cristo, o nosso Senhor, foi morto sob a força brutal deste terrível poder. Os
próprios judeus sofreram muito sob esse sistema de governo desumano. O Velho
Testamento deixa a Palestina como uma satrapia persa. Abrimos o Novo Testamento
e ali encontramos a dominação romana no apogeu da sua força.
"...
espantoso”.
O texto em foco, se consolida em uma profecia de alcance muito
vasto. A própria história secular diz que este Império deixou atrás de si um
rastro de sangue. Ele era espantoso até mesmo para seus próprios governantes;
ali havia muita traição e maldade. Só em falar na palavra “romano” todo o mundo
tremia. (Ver Jo19.12, 13; At 16.37-39).
"...
muito forte”.
Essa expressão e outras correlatas se coadunam muito bem com a
natureza desse império, que é o ferro visto nas pernas do majestoso colosso do
sonho do rei, conforme Dn 2. Esse Império desenvolveu os três emblemas
consolidados nas composições anteriores: O domínio do leão, a força do urso e a
rapidez do leopardo; por essa razão, tornou-se “terrível, e espantoso, e muito
forte”.
"...
tinha dentes grandes de ferro”.
O animal tinha a mesma natureza das pernas e
pés da estátua descrita em Daniel 2.33, 41. Isto é, composto de ferro e barro.
O Império Romano tinha o mais poderoso arsenal militar em sua época. Seus
dentes (exércitos) pontiagudos, eram adversários velozes como cavaleiros,
fortes como leões, venenosos como serpentes, e lançavam elementos que cegavam e
queimavam com poder mortal. É descrito, portanto, que eles eram forças mortais
poderosas, maliciosas, e incansáveis. Eram, em suma, como diz a profecia
divina: verdadeiros dentes grandes de ferro.
“Ele
devorava...”
O presente texto, fala do que fez de fato o Império Romano. Ele
conquistou, em pouco tempo, o mundo civilizado; subjugou todos os reinos,
dominou todos os povos, tornando-se, assim, o senhor do mundo. Ele fez mesmo,
como diz o texto em foco: devorou toda a terra. Essa foi a interpretação dada
pelo próprio ser angelical, no versículo 23, do presente capítulo: “O quarto
animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos;
e devorará toda a terra...”
"...
fazia em pedaços”.
A primeira coisa que fazia o Império Romano após conquistar
uma nação, era dividir suas terras em regiões, tetrarquias, províncias e
distritos. Roma, depois de conquistar o mundo, dividiu-o em regiões chamadas
“províncias”. A divisão dos romanos era semelhante às satrapias dos persas. A
Judéia foi anexada à Síria, e ambas, com outros pequenos países, constituíram
uma província romana. Nos dias de Jesus como pessoa humana, encontramos o
território da Palestina dividido em 4 ou 5 regiões, como por exemplo: Galiléia,
Samaria, Judéia, Peréia e Decápolis. Os próprios judeus foram despedaçados por
esses dentes (exércitos) de ferro, e, ainda hoje (1986 d.C.) encontram-se
judeus em todas as partes do mundo. (Ver Mt 21.44).
“E pisava
aos pés o que sobejava”.
O texto em foco salienta o que já ficou demonstrado no
capítulo 2.33 da estátua terrível que tinha os seus pés de ferro. O Império
Romano só tinha dois objetivos consigo em suas grandes conquistas: matar e
reduzir à escravidão. As Sagradas Escrituras falam com intensidade sobre esses
“pés” em várias partes (Ver Dn 2.33, 34, 41,42; 7.7,19, 23; 8.10,13). Outras
expressões com o mesmo sentido são vistas no Novo Testamento (Lc 21.24,
“pisada”, “pisarão”; Ap 11.2 “pisarão”; Ap 13.2, observe a expressão “seus
pés”). As Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Até
o “mapa geográfico” do país sede deste Império é a “figura de um pé” (mapa da
península Itálica)!
“Era
diferente de todos os animais”.
Na interpretação feita pelo anjo a Daniel, ele
lembra isso ao profeta do Senhor, dizendo: “o quarto animal será o quarto reino
na terra, o qual será diferente de todos os reinos. Realmente é o que diz a
profecia de Daniel; o Império Romano, durante sua existência, de 754 a.C. a 455
d.C. (1209 anos), foi diferente de todos os reinos que já existiram no mundo.
Ele era, no campo profético, o emblema expressivo do reinado cruel do
Anticristo, a Besta que subiu do mar (Ver Ap 13.1 e ss.).
“E tinha
dez pontas”.
O animal espantoso do texto em foco tinha dez pontas como tinham
dez dedos os pés da estátua do capítulo 2. Isso já tivemos a oportunidade de
ver em outras notas expositivas sobre este livro, isto é, as dez pontas vistas
em alinhamento na cabeça da fera simbolizam dez reis que “se levantarão” no
tempo do fim. Eles não existiram nos dias do Império. Observe bem a frase: “se
levantarão”. João, o vidente de Patmos, descreve a mesma coisa em Ap 13.1. O
fato de estarem em alinhamento como em alinhamento estavam os dez dedos da
estátua do cap. 2, quer dizer que esses reis escatológicos governarão ao mesmo
tempo (Ap 17.12). Alguns deles (três) receberão poder apenas por “uma hora” mas
depois cairão (Ap 17.12).
Dn 7.8:
“Estando eu considerando...”
A presente passagem nos dá a entender que existia
um espaço de tempo para que essas pontas se mobilizassem. Os intérpretes
históricos procuram encaixar essas profecias dentro da história secular.
Segundo eles, nesta identificação ocorre um fato a comprovar sua exatidão
perfeita, quando diz: “... diante da qual [do pequeno chifre] três das pontas
primeiras foram arrancadas”. Com efeito, em prol da ascensão do “papado” foram
extirpadas três nações representadas pelas dez pontas. Essas três nações,
alojadas por sinal na península Itálica, são os povos Hérulos, Ostrogodos e
Lombardos. Para nós, essa maneira de interpretar o texto é muito lógica, mas não
se coaduna com a tese principal. Os intérpretes contemporâneos são de opinião
que o Mercado Comum Europeu é o princípio de formação desta grande profecia.
Para os intérpretes futuristas (o que nós aceitamos), a ponta pequena que subiu
por último, é o Anticristo que, após estar tudo pronto aparecerá no cenário
mundial. Ele fará uma aliança com dez monarcas escatológicos, porém com sua
ascensão, três destes reis serão afastados, e apenas sete lhe apoiarão. (Ver Dn
7.8, 20, 24; Ap 17.12, 16 e ss.).Severino Pedro
da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 127-138.
2. O leão
(7.4).
Corresponde à cabeça de ouro da estátua do capítulo 2, isto é, Babilônia
(2.32,37,38). O leão tinha duas asas, o que fala da rapidez nas suas
conquistas, como bem revela a história.
Primeiro
império mundial dos tempos dos gentios: Babilônia (606-536 a.C.). Simbolizada
pelo leão (Dn 7.4), rei dos animais. Isso fala da primazia do Império
Babilônico sobre os demais que se seguiram. Corresponde á cabeça de ouro da
estátua de Dn 2.32,37,38. As asas de águias falam de suas rápidas conquistas.
3. O urso
(7.5) corresponde ao peito de prata do capítulo 2, isto é, à Medo-Pérsia
(2.32,39).
No capítulo 8.2o a Medo-Pérsia volta a ser representada por um
carneiro. O urso se levantou sobre um dos lados, e tinha na boca três costelas.
O lado que se elevou foi a Pérsia, que passou a ter ascendência sobre a Média.
As três costelas na boca aludem à conquista (pela Pérsia) de Babilônia, Lídia e
Egito.
Segundo
império mundial dos tempos dos gentios: a Pérsia. Simbolizada por um urso que
se levantou sobre um dos lados tendo três costelas na boca (Dn 7.5). O lado que
elevou-se foi a Pérsia que passou a ter ascendência sobre a Média. As três
costelas falam da sua conquista da Babilônia, Lídia e Egito. Período da Pérsia
como império mundial: 536-331 a.C.
4. O
leopardo (7.6)
corresponde ao ventre de bronze do capítulo 2, isto é, à Grécia
(2.32,39). No capítulo 8.5,21 a Grécia volta a aparecer sob a figura de um
bode. O leopardo tinha quatro asas e quatro cabeças. As quatro asas indicam
mais rapidez nas conquistas do que Babilônia. As quatro cabeças falam da
quádrupla divisão do império grego após a morte de Alexandre, a saber: Egito,
Macedônia, Síria e Ásia Menor. De fato, em dez anos Alexandre dominou o mundo
civilizado do seu tempo. Seu exército era altamente treinado e utilizava o
princípio da guerra-relâmpago, isto é, surpresa e rapidez nos ataques.
Terceiro
império mundial dos tempos dos gentios: a Grécia. Período: 331-146 a.C. É
simbolizada por um leopardo tendo quatro azas e quatro cabeças. As quatro azas
falam do avanço relâmpago da Grécia nas suas guerras. As quatro cabeças falam
da quádrupla divisão do império grego após a morte de Alexandre. Texto bíblico:
Dn 7.6.
5. O
quarto animal (7.7,8,11,19-24) corresponde às pernas e pés da estátua do
capítulo 2, ou seja, ao Império Romano, e ainda à sua última forma de
expressão, por ocasião da vinda de Jesus. Tinha dez chifres. Entre esses dez
surgiu um pequeno. Três dos outros foram derrubados pelo chifre pequeno (vv.
8,24).
O quarto
império mundial dos tempos dos gentios: Roma. Período: 146 a-C- a 476 d.C.
quando se deu a queda de Roma. Tinha dez chifres (Dn 7.7,8,19-24).
O quarto
animal seria um rei ou reino, como os demais animais (7.17,23). Esse animal
tinha dentes de ferro (v. 7). Seria o reino da força, da ferocidade, do
esmagamento, como foi o Império Romano. Os dez chifres do versículo 7
correspondem a dez futuros reis (v. 24). Esses futuros reis ou reinos
correspondem aos dez dedos dos pés da estátua do capítulo 2.41,44, e aos dez
chifres da besta de Apocalipse 13.1 e 17.12, a saber, ao Anticristo e suas
nações confederadas durante a Grande Tribulação.
A visão
do quarto animal com seus detalhes foi tão impressionante, que Daniel concentrou
sua atenção sobre ele, querendo saber a que se referia (vv. 19,20).
Ele, ao emergir entre os
dez reinos, abaterá três reis. Essa expressão do Império Romano em dez reinos
ainda não ocorreu, pois quando esse império deixou de existir tinha apenas duas
formas, correspondentes às duas pernas da estátua do capítulo 2, isto é, o
Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente. O primeiro caiu em
476 d.C. O segundo, em 1453. A divisão do império em dois deu-se em 395 d.C.
Portanto, os fatos proféticos do versículo 8 são ainda futuros, como bem mostra
o livro de Apocalipse. O versículo 8 em apreço revela também que o Anticristo
será muito inteligente {"olhos" - vv. 8,20), e também um orador inflamado
e magnetizador de massas ("boca que falava com insolência" - vv.
8,20). Com isso concorda Apocalipse 13.5,6.Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos
dias. Editora CPAD.
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PAZ DO SENHOR
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