OS
AVIVALISTAS E SUAS PROEZAS
Artigo Mauricio Berwald
Os
reavivamentos periódicos são fatos históricos, característicos do cristianismo
anglo-saxônico que recebeu grande ênfase na formação dos Estados Unidos da
América. Os não-crentes precisam ser alcançados e os crentes, motivados de
tempos em tempos. A princípio, esses movimentos eram espontâneos. Com o tempo,
passaram a ser intensas reuniões de avivamento.
Foi nesse
contexto que surgiram grandes pregadores de multidões nos EUA, na Grã-Bretanha
e na Europa. Muitas vezes, o número de pessoas era tão grande que os cultos
liderados por esses homens só podiam ser realizados ao ar livre.
É
impossível ler a biografia desses pregadores e não se entusiasmar com sua vida
consagrada e não desejar os mesmos resultados por eles obtidos. A ênfase sobre
a santidade e o comprometimento com a salvação das almas era muito grande. Uns
poucos olhavam tudo isso com olhar crítico, taxando o movimento
deemocionalismo, subjetivismo vazio.
Independente
das correntes opinativas, os avivalistas tiveram grande impacto na vida
espiritual dos séculos XVIII e XIX, principalmente sobre a Igreja Americana que
até hoje colhe os frutos resultantes da atuação desses gigantes da fé.
Jonathans
Edwards (1703 - 1758)
Pastor
congregacional avivalista, missionário aos índios, escritor, primeiro
presidente de Princenton e, na estimativa de alguns, primeiro e maior
filósofo-teólogo americano. Em 1741, pregou seu famoso sermão: “Pecadores na
mão de um Deus irado”, espalhando o avivamento pelas 13 colônias e até na Inglaterra.
Formou-se
precocemente em Yale (1720) aos 17 anos, tornando-se pastor em Nortampton, no
Oeste de Massachussetts.
Apesar de
ter o hábito de ler seus sermões, sua vida de oração teve grande impacto sobre
seu povo. Costumava ficar até 13 horas por dia orando e estudando. Era muito
comum entrar na floresta para orar e ali ficar durante duas ou três horas com o
rosto em terra, clamando a Deus. Seu referido sermão, que teve tanto impacto
sobre o primeiro grande avivamento americano do século XX, foi precedido por
três dias de oração e jejum.
Um de seus
biógrafos disse: “Em todo o mundo onde se fala o inglês era considerado o maior
erudito desde os dias de Paulo e Agostinho”.
Faleceu em
1758, em Princeton, vitima da febre resultante da vacina contra a varíola.
John Wesley
(1703-1791)
Foi o
fundador do Movimento Metodista, hoje uma das maiores denominações do mundo.
Ele, com certeza, dominou o cenário religioso no século XVIII, tanto na
Inglaterra, seu país de origem, quanto nos EUA. Foi ordenado ao ministério em
1728, tornando-se ministro anglicano. Destacando-se por sua vida piedosa e pelo
metódico estudo da Palavra, ganhou, junto com o seu grupo, o apelido de
“metodista”, que acabou se tornando o nome oficial de sua denominação.
Assim como
Lutero, seu desejo era reformar espiritualmente a igreja na Inglaterra, mas
acabou tendo de se desligar. Alguns historiadores julgam que o metodismo
impediu a Inglaterra de mergulhar em uma Revolução sangrenta, semelhante à que
ocorrera na França.
Ao
decepcionar-se com seu trabalho missionário nas Treze Colônias Americanas,
Wesley encontrou dois irmãos Morávios, na viagem de volta, que tiveram grande
influência sobre sua vida, transformando o seu relacionamento com Deus. A
partir de então, multidões de cerca de 5 a 10 mil pessoas afluíam para ouvir
seus sermões. Era comum nesses cultos, os pecadores acharem-se angustiados e
começarem a gritar e a gemer.
Com 70
anos, pregou para um auditório de 30 mil pessoas. Aos 86, fez uma viagem à
Irlanda onde, além de pregar seis vezes ao ar livre, anunciou o evangelho cerca
de 100 vezes em 60 cidades.
George
Whitefield (1714 - 177O)
Converteu-se
em 1735, aos 21 anos, e, aos 25, começou a pregar ao ar livre. Foi, no início,
um dos maiores colaboradores na obra de John Wesley, de quem se separou mais
tarde por motivos teológicos. Pregador por excelência, não havia prédio onde
coubessem os auditórios e, por isso, sempre armava seu púlpito nos campos, fora
das cidades. Algumas vezes também pregou ao ar livre, devido à oposição da Igreja
Oficial (Anglicana).
Viajava
intensamente para pregar o evangelho. Atravessou treze vezes o Atlântico para
pregar nos Estados Unidos. Organizou seus convertidos em saciedades, conforme o
costume metodista, e utilizou largamente o serviço de pregadores leigos.
Seu dom de
oratória era tão extraordinário que, certa vez, descrevendo para uns
marinheiros um navio perdido em um furacão, estes se levantaram gritando: “Às
baleeiras! As baleeiras!”.
Foi o
profeta do movimento metodista. Sua preocupação com a área social o levou a
criar orfanatos para cuidar dos órfãos.
Whitefield
morreu aos 56 anos, na cidade de Newburyport, Inglaterra.
Charles
Grandison Finney (1792-1875)
Convertido
aos 29 anos, seu nome está ligado, como nenhum outro, ao movimento avalista.
Durante dez anos, de 1824 a 1834, trabalhou incansavelmente pelo avivamento da
Igreja. Depois disso, caiu enfermo, devido aos grandes esforços, tendo de
entrar em repouso.
Foi nesse
período que publicou seu livro “Conferencias sobre avivamento”. Em 1835, tornou-se
professor de teologia no Oberlin College, do qual se tornou presidente mais
tarde. Posteriormente, escreveu também extensa obra sobre Teologia Sistemática.
Sua vida
foi repleta de milagres. Conta-se que, certa vez, ao entrar em uma fábrica, uma
mulher começou a caçoar dele. Diante disso, olhou nos olhos dela e saiu. Após
algum tempo, ela estava chorando com o desejo de entregar-se a Cristo.
Em outra
ocasião, ele apenas passou por um vilarejo em um trem e as pessoas que estavam
nos bares, dirigiram-se às igrejas, sentindo agonia pelo seu pecado. Um
repórter que investigava a sua vida para saber o seu segredo espantou-se ao
vê-lo entrar na floresta para orar e passar horas prostrado diante de Deus.
Algumas
estatísticas demonstraram que cerca de 85% dos convertidos de Finney
perseveraram em servir a Deus, enquanto a média dos demais pregadores era de
30%.
Charles
Haddon Spurgeon (1834-1892)
A família
Spurgeon foi para a Inglaterra durante a perseguição de Filipe II, da Espanha,
no final do século XVI, nos Países baixos.
Converteu-se
aos 17 anos pela pregação de um orador metodista em Cambridge e tornou-se um
pregador leigo, isto é, sem formação acadêmica.
Após sua
conversão, juntou-se à comunidade batista em Cambridge. Sua fama cresceu e, aos
17 anos, tornou-se pastor. Aos 20, era conhecido, por todo o país, como “o
menino pregador”. Seus sermões começaram a ser impressos e lidos pelo mundo
inteiro. Era comum, em Londres, as pessoas se reunirem, às segundas-feiras,
para ler seus sermões. A leitura abrangia tanto trabalhadores da construção
civil quanto o pessoal dos escritórios.
Por
quarenta anos pregou para imensas audiências e ganhou cerca de 10.000 almas
para Cristo. Entrou para os anais da história eclesiástica como o “príncipe dos
pregadores”. Fundou o Colégio de Pastores e, até a sua morte, treinou cerca de
900 pregadores.
Ao morrer,
em 1892, 6.000 pessoas assistiram ao seu funeral em cortejo fúnebre. Em seu
caixão, a Bíblia aberta no texto usado para convertê-lo: “olhai para mim, e
sereis salvos, vós, todos os confins da terra; pois eu sou Deus, e não há
outro” (Is 45.22).
Dwight
Lyman Moody (1837 - 1899)
Foi
evangelista por excelência. Convertido aos dezessete anos, começou seu
ministério como professor de Escola Dominical, chegando a reunir 1500 crianças,
aproximadamente. As crianças sempre foram uma grande preocupação em sua vida.
Dava bastante ênfase ao evangelismo pessoal, chegando a fazer, em um só dia,
duzentas visitas. Tinha o propósito de não dormir antes de pregar o evangelho
para alguém. Deixou, por fim, seu trabalho secular para dedicar-se inteiramente
à obra de Deus.
Em 1871,
foi tomado por um forte desejo de salvar muitas almas. Então, devido a esse
desejo, em 1873, junto com Ira D. Sankey começou uma missão intensa no norte da
Inglaterra, seguindo depois para a Escócia, onde espalhou uma onda de
avivamento.
Além de seu
trabalho evangelístico, fundou escolas e um Instituto Bíblico em Chicago.
Levantou grandes donativos para auxiliar a Associação Cristã de Moços. Conduziu
também inúmeras conferências para ministros, estudantes e obreiros cristãos.
Pregou seu
último sermão no dia 22 de dezembro de 1899 para uma audiência de 15.000
pessoas, quando ganhou centenas de almas para Cristo.
O
AVIVAMENTO DA RUA AZUZA
Willian
Joseph Seymour (1906)
O
pentecostalismo surgiu com o norte-americano Charles Fox Parham. Foi ele quem,
pela primeira vez, elaborou essa definição teológica para o movimento que
sublinhava o vínculo entre o “falar em línguas” e o “batismo com o Espírito
Santo”. A glossolalia, fenômeno caracterizado por falar em línguas
desconhecidas espontaneamente, tornou-se, então, a evidência inicial do batismo
com o Espírito Santo.
Em 1900,
Parham alugou a “Mansão de Pedra”, como era conhecida em Topeka, Kansas, para
constituir uma escola bíblica chamada Betel. Cerca de 40 estudantes, motivados
pelo movimento, ingressaram na escola para o primeiro e único ano de curso
plenamente relacionado às doutrinas que envolviam a pessoa do Espírito Santo.
Em janeiro
de 1901, os alunos de Parham se reuniram para orar e, neste dia, foram
batizados com o Espírito Santo e passaram a emitir palavras desconhecidas. Esse
foi o estopim para o movimento da rua Azuza.
Poucos
eventos afetaram a história da igreja contemporânea tão profundamente quanto o
avivamento da rua Azuza, cuja explosão é explicada por meio de uma renovação
espiritual mundial calcada em princípios pentecostais. O personagem histórico
central desse evento foi o pastor William Joseph Seymour, discípulo deParham. O
movimento desenvolveu-se a partir de um pequeno armazém em Los Angeles naquela
rua, número 312, justificando assim seu nome.
A
contribuição do pregador Seymour foi essencial, pois, se não fosse por ele,
talvez o pentecostalismo de Parham não tivesse passado de boatos. Daí para
frente, Seymour se tornou o grande anunciador do movimento pentecostal. Em
1906, seus ensinos sobre as práticas de falar palavras desconhecidas trouxe
grande quantidade de adeptos ao pentecostalismo e, dois anos mais tarde, sua
igreja já mandava missionários para 25 países.
O advento
da rua Azuza, de fato, estava exercendo profunda força, tanto centrípeta como
centrífuga, no mundo protestante. Funcionava como um potente imã, atraindo
líderes de diversos segmentos do protestantismo que desejavam conhecer o que
estava ocorrendo ali. E também como centro irradiador da mensagem pentecostal,
enviando grupos para diversas localidades do país e do mundo.
O
pentecostalismo chegou ao Brasil trazido por operários imigrantes. Primeiro em
1910, pelo italiano Louis Francescon, fundador da Congregação Cristã no Brasil,
e, Logo em seguida, em 1911, pelos suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg,
fundadores da Igreja Evangélica Assembléia de Deus. Foi expressiva também a
contribuição da missionária Aimee Semple McPherson, fundadora da Igreja do
Evangelho Quadrangular, iniciada no Brasil em 1951 pelo pastor Harold Edwin
Willians. Todos eles, sem distinção, foram influenciados pelo avivamento da rua
Azuza.
Enquanto
isso, Seymour Continuou seu pastorado na rua Azuza até sua morte, em 28 de
setembro de 1922. O edifício da igreja onde tudo começou foi destruído poucos
anos mais tarde.Todavia, quando isso ocorreu, a chama pentecostal já havia
atravessado fronteiras.
Hoje, há
mais pentecostais no mundo do que luteranos, anglicanos. batistas tradicionais
e presbiterianos somados. A maior igreja pentecostal do mundo possui cerca de
700.000 membros e está na Coréia do Sul.
Fonte:
Revista Defesa da fé.
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PAZ DO SENHOR
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