A PROMESSA DO BATISMO
COM O ESPIRITO SANTO
Artigo Mauricio Berwald
A vida cristã é viva no
Espírito. Todos os cristãos concordam nisso com alegria. Seria impossível ser
cristão, sem falar em viver e crescer como cristão, sem o ministério do
gracioso Espírito de Deus. Tudo o que temos e somos como cristãos devemos a
ele.
Assim, cada cristão tem
uma experiência do Espírito Santo desde os primeiros momentos da sua vida
cristã. Para o cristão, a vida começa com um novo nascimento, e o novo
nascimento é um nascimento "no Espírito" (Jo 3:3-8). Ele é o
"Espírito da vida", e é ele quem dá vida às nossas almas mortas. Mais
que isto, ela vem pessoalmente morar em nós, de maneira que a presença do
Espírito é o privilégio que todos os filhos de Deus têm em comum.
Será que Deus nos
faz seus filhos e depois nos dá seu Espírito, ou será que ele nos dá primeiro
seu "Espírito de adoção", que nos torna seus filhos? Podemos
responder que Paulo diz as duas coisas. Por um lado, "porque vós sois
filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho" (Gl 4:6).
Por outro lado, "todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos
de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes outra vez
atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção" (Rm 8:14-15). Não
importa como você encara a questão: o resultado é o mesmo. Todos os que têm o
Espírito de Deus são filhos de Deus, e todos os
que são filhos de Deus têm o Espírito de Deus. É impossível, até inconcebível,
ter o Espírito sem ser filho, ou ser filho sem ter o Espírito. Além disso, uma
das primeiras obras do Espírito que mora em nós, e, graças a Deus, sempre
repetida, é assegurar-nos que somos filhos, especialmente quando oramos. Quando
"clamamos: Aba, Pai!", o próprio Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8:15,16; veja Gl 4:6). Ele também
inundou nosso coração com o amor de Deus (Rm 5:5). Paulo resume o assunto ao
dizer que "se alguém não tem o Espírito de Cristo, este tal não é
dele" (Rm 8.9; veja Jd 19).
Toda esta passagem
em Rm 8 é muito importante, porque demonstra que, no entender de Paulo, estar
"em Cristo" e "no Espírito", ter "Cristo em vós"
e "o Espírito em vós" são todas expressões sinônimas. Ninguém pode
ter Cristo, portanto, sem ter o Espírito. O próprio Jesus deixou isto claro em seu
discurso no Cenáculo, quando não fez distinção entre a "vinda" a nós
das três pessoas da Trindade. Ele disse "eu virei", "nós
viremos" (o Pai e o Filho) e "o Consolador virá"
(Jo 14:18-23; 16:7-8).
Depois que ele vem
a nós, passando a residir em nós, tornando nosso corpo seu templo (1
Co 6:19,20), começa sua obra de santificação. Em poucas palavras, seu
ministério implica tanto em revelar-nos Cristo como em formar Cristo em nós, de
maneira que cresçamos firmemente em nosso conhecimento de Cristo e em nossa
semelhança com ele (veja, p. ex., Ef 1:17; Gl 4:19; 2 Co 3:18). Pelo poder
do Espírito que habita em nós os desejos maliciosos da nossa natureza decaída
são controlados e o bom fruto do caráter cristão é produzido (Gl 5:16-25).
Da mesma forma, o Espírito não é uma propriedade particular, que ministra
somente aos cristãos individualmente; ele também une todos no Corpo de Cristo,
a Igreja, de maneira que a comunhão cristã é "a comunhão do Espírito
Santo", e o culto cristão é adoração no ou pelo Espírito Santo (p. ex., Fp
2:1; 3:3). Também é ele que chega a outros através de nós, levando-nos a
testemunhar de Cristo, e equipando-nos com dons para o serviço para o qual ele
nos convoca. Além disso, ele é chamado de "o penhor da nossa herança"
(Ef 1:13,14), porque sua presença dentro de nós é tanto a garantia de que
iremos ao céu quanto o antegozo dele. Por fim, no último dia sua atividade será
a de ressuscitar nossos corpos mortais (Rm 8:11).
Esta visão de
relance de algumas das principais atividades do Espírito Santo na experiência
do cristão deve bastar para mostrar que, do começo ao fim da nossa vida cristã,
somos dependentes da obra do Espírito Santo – o Espírito, nas palavras de
Paulo, "que nos foi outorgado (dado)" (Rm 5:5). Eu creio nisto, e
espero que todos os cristãos concordem comigo.
Todavia, será que
este "dom" do Espírito prometido é a mesma coisa que o
"batismo" do Espírito Santo? É neste ponto que as convicções diferem.
Alguns dizem "sim"; outros, "não". Os que dizem
"não", creem que "dom" e "batismo" são
diferentes, passam a ensinar que o "batismo" é uma segunda
experiência, subsequente, mesmo se, pelo menos em termos ideais, ela
segue a primeira muito de perto. Por outro lado, para os
que creem que ambos são idênticos, e que ser "batizado" com
o Espírito é uma figura vívida para ter "recebido" o Espírito, o
"batismo" é algo que todos os cristãos tiveram. Esta é a minha
convicção, e em seguida explicarei o que entendo ser a base bíblica para esta
posição.
Não estamos
fazendo um jogo de palavras superficial, como poderia parecer. Pelo contrário,
nossa posição terá um impacto considerável sobre a compreensão da nossa
peregrinação cristã pessoal e sobre nosso aconselhamento de outras pessoas. Por
isso, precisamos estudar algumas passagens bíblicas importantes, porque tratam
desta questão. Antes, no entanto, precisamos visualizar o cenário do nosso
debate.
Ao estudarmos a
Bíblia, sempre é essencial que interpretemos um texto em seu contexto, e,
quanto mais amplo for o contexto, mais correta provavelmente será nossa
interpretação. O contexto mais amplo possível é a Bíblia toda. Cremos que toda
a Bíblia é a Palavra escrita de Deus. Por isso, já que Deus não se contradiz,
concluímos que a Bíblia é uma revelação divina harmoniosa. Nunca devemos
"expor uma passagem da Escritura de uma maneira que seja
repugnante a outra" (Vigésimo artigo dos 39 artigos da Igreja da
Inglaterra). Antes devemos interpretar cada trecho bíblico à luz de toda a
Escritura.
Ao aplicarmos este
princípio à nossa pesquisa do que é o "batismo do Espírito",
perceberemos antes de tudo que a expressão é exclusiva do Novo Testamento (onde
ocorre sete vezes), mas que, mesmo assim, é o cumprimento de uma expectativa do
Antigo Testamento. Esta expectativa geralmente era expressa em termos da
promessa de Deus de "derramar seu Espírito, sendo que o apóstolo Pedro, em
seu sermão no dia de Pentecostes, igualou especificamente o
"derramamento" do Espírito (prometido por Joel) ao
"batismo" do Espírito (prometido por João Batista e Jesus). As duas
expressões estavam se referindo ao mesmo evento e à mesma experiência (Veja At 1:4, 5; 2:17, 33).
A Promessa de uma Bênção
Diferente
Podemos ir além. Este
"derramamento" ou "batismo" do Espírito haveria de ser uma
das bênçãos mais distintivas da nova época. Tanto que o apóstolo Paulo pôde
descrever a nova era iniciada por Jesus como "o ministério do Espírito"
(2 Co 3:8).
É claro que isto
não quer dizer que o Espírito Santo não existia antes. O Espírito Santo é Deus
e, portanto, eterno. Também não quer dizer que ele estava inativo antes. No
tempo do Antigo Testamento, ele estava incessantemente ativo – na criação e na
preservação do universo, na providência e na revelação, na regeneração de
crentes, e na capacitação de pessoas especiais para tarefas especiais.
Mesmo assim,
alguns profetas predisseram que nos dias do Messias, Deus concederia uma
difusão liberal do Espírito Santo, nova e diferente, bem como acessível a todos
(como veremos). Neste sentido Isaías falou do dia em que o Espírito seria
"derramado sobre nós lá do alto" (32:15). Em Is 44:3 Deus prometeu:
"Derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca,
derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os
teus descendentes". A mesma terminologia foi usada por Ezequiel, a quem
Deus disse: "Saberão que eu sou o Senhor seu Deus, quando..., derramarei o
meu Espírito sobre a casa de Israel" (39:28,29). Da mesma forma,
em uma passagem mais conhecida, Deus disse: "E acontecerá depois que
derramarei o meu Espírito sobre toda a carne" (Jo 2:28).
João Batista, o
último profeta da ordem antiga, resumiu esta expectava em seu dito conhecido,
que creditou o derramamento do Espírito ao próprio Messias: "Eu vos tenho
batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo" (Mc
1:8).
A esta altura é
instrutivo observar que esta profecia de João, registrada pelos três
evangelistas sinóticos como futuro simples ("ele vos batizará"), no
quarto evangelho toma a forma de um particípio presente: "Eu não o
conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água, me disse: Aquele
sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito
Santo" (Jo 1:33). Este uso do particípio presente tira do verbo os
limites do tempo. Ele não descreve o evento único que foi o Pentecostes, mas o
ministério específico de Jesus: "Esse é o que batiza com o Espírito
Santo"(Outro exemplo
desta construção no grego está em Gl 1:23, onde Saulo de Tarso é descrito
como hodiokon hemas pote, "aquele que antes nos
perseguia", ou, simplesmente, "nosso antigo perseguidor, mostrando
que esta era sua característica antes de sua conversão).
Na verdade, as
mesmas palavras, ho baptizôn,
que aqui se referem a Jesus, são aplicadas por Marcos a João Batista!
Geralmente, João é chamado de ho baptistés,
"o Batista", porém três vezes na narrativa de Mc (1:4; 6:14, 24)
ele é chamado de ho baptizôn,
(diferença que não aparece em nossas traduções em português, mas que significa
"o Batizador", N.T.). Em outras palavras, assim como João é
chamado de "o Batista" ou "o Batizador", porque a
característica do seu ministério era batizar com água, também Jesus é chamado
de "o Batista" ou "o Batizador", porque a
característica do seu ministério é batizar com o Espírito Santo.
Esta referência ao
ministério diferente de Jesus é reforçada pelo versículo 29 do mesmo capítulo
(João 1), em que João Batista diz: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo!" Trata-se de outro particípio presente, ho airôn. Se
juntarmos os versículos 29 e 33, descobriremos que a obra característica de
Jesus é dupla: ela inclui uma remoção e uma doação, uma retirada do pecado e um
batismo com o Espírito Santo. Estes são os dois grandes dons de Jesus Cristo,
nosso Salvador. Eles são sempre apresentados juntos pelos profetas do Antigo
Testamento e pelos apóstolos no Novo, e não podem ser separados. Por isso Deus
prometeu através do profeta Ezequiel: "Aspergirá água pura sobre vós, e
ficareis purificados; ...porei dentro em vós o meu Espírito, e farei com que
andeis nos meus estatutos..." (36.25,27).
Estas duas
promessas de Deus na verdade são as duas grandes bênçãos da "nova
aliança" profetizada por Jeremias. Porque os termos da nova aliança
incluem estas palavras: "Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também
no coração lhes inscreverei... perdoarei as suas iniquidades, e dos seus
pecados jamais me lembrarei” (Jr 31:31-34.
A inscrição da lei no coração sem dúvida seria obra do Espírito Santo, como
fica claro em Ez 36:27 e 2 Co 3:3, 6-8).
É um testemunho
maravilhoso à unidade da Escritura verificar como os apóstolos retomaram estas
promessas relacionadas com a nova aliança. Eles sabiam que a nova aliança tinha
agora sido estabelecida e ratificada pelo sangue de Jesus (Mt 26:28, Hb
7:22; 8:1-13), e por isso falaram abertamente que as bênçãos da aliança
prometidas, agora estavam disponíveis através do mesmo Senhor Jesus. Assim
Paulo chamou os ministros cristãos de "ministros de uma nova
aliança", avançando em seguida para descrevê-la como "ministério da
justiça" (isto é, justificação), e como "ministério do Espírito"
(2 Co 3:6-9).
De maneira
semelhante, o apóstolo Pedro exclamou no dia de Pentecostes: "Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2:36). Assim,
Pedro garantiu a todos que se arrependessem e cressem, (O fato de que a fé era uma exigência
além do arrependimento está nos versículos 41, "os que lhe aceitaram a
palavra", e 44 "todos os que creram", bem como em todo o Novo
Testamento.) e dessem testemunho público de sua fé penitente em
Jesus, sendo batizados em seu nome, que receberiam gratuitamente de Deus dois
presentes: o perdão de seus pecados e o dom do Espírito Santo.
Além disso, uma
leitura cuidadosa dos dois primeiros capítulos de Atos leva à conclusão de que
este "dom do Espírito" é sinônimo com o que antes é chamado de
"a promessa do Espírito" (1:4; 2:33, 39), "o batismo do
Espírito" (1:5) e "o derramamento do Espírito" (2:17,33), embora
possamos dizer que duas destas expressões põem mais ênfase no ato de dar, e as
outras duas no ato de receber o Espírito. Podemos resumir tudo isto dizendo que
aqueles crentes penitentes receberam o dom do
Espírito que Deus tinha prometido antes
de Pentecostes, e que foram batizados com o Espírito que Deus derramou no dia
de Pentecostes. O apóstolo Pedro conservou sua convicção sobre esta
identificação de significados. Quando Cornélio se converteu mais tarde e
recebeu o Espírito, Pedro se referiu àquilo como o "batismo" e como o
"dom" do Espírito (At 11:16,17).
À luz de todo este
testemunho bíblico, parece-me estar claro que o "batismo" do Espírito
é idêntico à promessa ou dom do Espírito, e é tão parte integrante do evangelho
da salvação quanto a remissão de pecados. Certamente, jamais devemos
pensar na "salvação" em termos meramente negativos, como se ela
consistisse apenas em nossa libertação do pecado, culpa, ira e morte.
Agradecemos a Deus porque ela inclui todas estas coisas. Mas ela abrange também
a bênção positiva do Espírito Santo, que nos regenera, vem morar em nós, nos
liberta e transforma. Quão truncada fica a nossa pregação do evangelho se damos
ênfase somente a um lado! E que evangelho glorioso temos para
compartilhar quando nos mantemos fiéis à Escritura!
Quando pecadores
se arrependem e creem, Jesus não somente tira seus pecados, mas também os
batiza com o seu Espírito. De fato, Paulo coloca isto para Tito em termos
dramáticos, quando Deus "salva", ele não somente nos
"justifica" por sua graça, mas também nos faz passar por um
"lavar" ou "banho". Se isto é uma referência ao batismo na
água, como é provável, então é uma indicação do que significa o batismo na
água. Paulo o descreve com uma expressão marcante, composta. É um "banho
de renascimento e renovação do, isto é, por meio do Espírito Santo, que ele
derramou sobre nós de maneira abundante, através de Jesus Cristo, nosso
Salvador" (3.4-7, tradução própria). Assim, vemos novamente que o
Espírito, derramado para nos regenerar e renovar, também faz parte da salvação.
O "batismo" ou "dom" do Espírito realmente é uma das
bênçãos especiais da nova era iniciada por Jesus Cristo.
A Promessa de uma Bênção
Universal
O próximo passo em nosso
estudo é constatar que o derramamento ou batismo do Espírito não é somente uma
bênção diferente,
especial, para esta nova era (por não ter estado disponível antes), mas também
é uma bênção universal (por
ser agora direito recebido por todos os filhos de Deus). Isto já transpareceu
no fato de que ele é parte da salvação que Deus nos concedeu por meio de
Cristo. Todavia, há ainda outras evidências que o confirmam.
A primeira é a
profecia de Joel e como Pedro a entendeu. A ênfase na promessa de Deus através
de Joel está na universalidade do dom do Espírito. Veja os termos em que Pedro
a citou: "E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do
meu Espírito sobre toda a carne" (At 2:17). Isto não pode estar se
referindo a "toda a carne", seja qual for sua disposição
interior de receber o dom, seu arrependimento e sua fé; refere-se a "toda
a carne", independente de sua posição ou privilégios exteriores. Indica que
não haverá distinção de sexo ou idade, dignidade ou raça no recebimento deste
dom divino, porque tanto filhos como filhas, jovens ou idosos,servos ou servas,
e mesmo "todos os que ainda estão longe" (v. 39) o que se refere aos
gentios, irão recebê-lo. Ainda mais: independente de idade, sexo, raça e classe
social, o dom inclui todos os que se arrependem e creem.
No tempo do Antigo
Testamento, apesar de todos os crentes serem realmente regenerados, (As principais evidências disto são
indiretas. Em primeiro lugar, eles eram certamente "justificados"
(cf. Rm 4:1-8, baseado em Gn 15:6 e Sl 32:1, 2, e é difícil conceber como um
pecador pode ser justificado sem ter sido antes regenerado. Em segundo lugar,
eles diziam amar a lei de Deus (p. ex., Sl 119:97), já que a natureza não
regenerada é hostil a Deus e rebelde à sua lei (Rm 8:7), parece que eles
possuíam uma natureza nova. Nós cantamos os salmos nos cultos cristãos porque
reconhecemos neles a linguagem dos regenerados.) o Espírito Santo
vinha sobre pessoas especiais para ministérios especiais em épocas especiais.
Ele ainda capacita pessoas especiais para tarefas especiais, como veremos mais
adiante. Porém, agora este ministério é mais amplo e profundo do que jamais foi
em tempos do Antigo Testamento. Então, qual é a diferença entre o ministério do
Espírito nos dias do Antigo Testamento e os nossos dias?
Em primeiro lugar,
todos os crentes, de todas as raças, participam agora da bênção do Espírito. Em
segundo lugar, apesar de os crentes do Antigo Testamento terem conhecido a Deus
e experimentado um novo nascimento, a presença do Espírito, morando agora nos
crentes, é algo que eles nunca presenciaram, e que faz parte da nova aliança e
do reino de Deus, profetizado tanto pelos profetas corno pelo Senhor Jesus
(Jr 31:33, Ez 36:26, 27; Jo 14:16, 17; Rm 14:17), Em terceiro lugar, a
obra diferente do Espírito Santo se relaciona essencialmente com Jesus Cristo.
Vimos acima que ele, em seu ministério de santificação, revela Cristo aos
crentes e forma Cristo nos crentes, e isto, pela natureza do assunto, ele não
poderia ter feito antes que Cristo viesse (veja Jo 16:14; Gl 4:19; Ef
3:16, 17).
Pedro entendeu que
a profecia de Joel prometia este dom ou batismo do Espírito a todos os crentes;
isto parece claro da conclusão do seu grande sermão (At 2:38, 39), onde
ele aplica a passagem aos seus ouvintes: "Arrependei-vos, e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros (para nós também) é a
promessa (que nós herdamos, veja v. 33) para vossos filhos, e para todos os que
ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar". Esta
última sentença é uma afirmação muito clara e impressionante. Quer dizer que a
promessa do "dom" ou "batismo" do Espírito é para tantos
quantos o Senhor nosso Deus chamar. A promessa de Deus está ligada à vocação de
Deus. Todos os que acatam o chamado de Deus herdam a promessa divina.
O Dia de Pentecostes
E foi assim que
aconteceu! Dos que ouviram a palavra naquele dia, três mil Se arrependeram,
creram e foram batizados com água. Não é dito especificamente que eles
receberam a remissão dos seus pecados e o dom do Espírito, mas temos fortes
razões para crer que isto aconteceu. Não se trata de um argumento fraco baseado
no silêncio. Ele está baseado na promessa inequívoca do apóstolo Pedro de que
eles receberiam estes dons se se arrependessem, cressem e fossem batizados.
Sabemos que todos os três mil foram batizados (v. 41) depois de ter
"aceitado a palavra" (com fé penitente). Uma vez que eles preencheram
os requisitos, Deus deve ter cumprido sua promessa. Isto leva à conclusão de
que, de acordo com o segundo capítulo de Atos, dois diferentes grupos de
pessoas receberam o "batismo" ou "dom" do Espírito no dia
de Pentecostes – os 120 do início do capítulo e os 3.000 do fim.
Parece que os
3.000 não experimentaram os mesmos fenômenos miraculosos (o vento impetuoso, as
línguas de fogo, a comunicação em línguas estranhas). Pelo menos não lemos nada
sobre isto no relato, Porém, devido à promessa de Deus através de Pedro, eles
devem ter herdado a mesma garantia e recebido o mesmo dom (versículos 33 e 39).
Mesmo assim, havia uma diferença entre os dois grupos: os 120 já estavam
regenerados, e receberam o batismo do Espírito somente depois de esperar em
Deus durante dez dias. Os 3.000, por sua vez, eram descrentes, e receberam o
perdão dos seus pecados e o dom do Espírito ao mesmo tempo – imediatamente após
terem se arrependido e crido, sem precisarem esperar nem um instante.
Esta distinção
entre os dois grupos, os 120 e os 3.000, é de grande relevância, porque a norma
parra hoje, sem dúvida, deve ser o segundo grupo, os 3.000, e não o primeiro
(como muitos pensam). A experiência dos 120 ocorreu em dois estágios
diferentes, simplesmente em razão de circunstâncias históricas. Eles não
poderiam ter recebido o dom pentecostal antes do Pentecostes. Todavia, estas
circunstâncias históricas há muito deixaram de existir. Nós vivemos depois dos
acontecimentos de Pentecostes, como os 3.000. Portanto, nós, como eles,
recebemos o perdão dos pecados e o "dom" ou "batismo" do
Espírito ao mesmo tempo.
Isto não quer
dizer que tudo o que está relacionado com o segundo grupo no dia de Pentecostes
é normativo para a experiência cristã hoje. Creio que todos concordarão em que
a conversão de 3.000 pessoas como resultado de um único sermão é um tanto
excepcional; certamente não é a expectativa média de um evangelista no mundo
moderno!
A verdade é que o
Dia de Pentecostes teve pelo menos dois significados, e
muitos fazem confusão hoje em dia porque não entendem a distinção
entre eles. Em primeiro lugar, este evento foi o último da atividade salvadora
de Jesus: o derramamento do Espírito prometido há tanto tempo, subsequente à
sua morte, ressurreição e ascensão.
fonte AVIVAMENTO NO SUL
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