OS FRUTOS DA COMUNHÃO CRISTÃ
Artigo Mauricio Berwald
Estes são os frutos gerados pela comunhão cristã, conforme
facilmente depreendemos da leitura do capítulo dois de Atos dos Apóstolos:
Temor a Deus. A verdadeira comunhão
frutifica, na vida da igreja como um todo e na vida de cada crente em
particular, um santo temor a Deus. Lucas destaca: “Em cada alma havia temor”
(At 2.43). E o temor a Deus, como todos sabemos, é o princípio do saber (Pv
1.7).
Quando os crentes temem e amam a Deus, a igreja mostra-se sabia
não apenas diante do Senhor, mas também do mundo. Ainda há temor a Deus em seu
coração?
Sinais e maravilhas. Pentecostais
que somos, acreditamos piamente que Deus ainda opera sinais e maravilhas entre
o seu povo. Mas, para que isso ocorra, é urgente que vivamos uma perfeita
comunhão com o Pai e com cada um de seus filhos. Lucas realça que, na Igreja
Primitiva, o sobrenatural era algo bastante natural entre os crentes: “e muitas
maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). O segredo? A
comunhão.
Assistência social. Uma igreja que cultiva a
verdadeira comunhão cristã não permitirá que nenhum de seus membros passe
necessidade. Eis o que testemunha o autor sagrado: “Todos os que criam estavam
juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam
com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At 2.44,45). Não se tratava de
um comunismo cristão, mas da autêntica comunhão que o Espírito Santo nos
esparge na alma. O comunismo só espalha o medo, a miséria e o ateísmo. A Igreja
de Cristo não precisa dessa ideologia para socorrer os seus membros; ela tem o
amor de Deus.
Crescimento. Uma igreja que cultiva a
comunhão e não se acha dividida só tem a crescer:.E todos os dias acrescentava
o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47b). A Igreja como a
agência por excelência do Reino de Deus não pode ficar estagnada. Haverá de
crescer local e universalmente.
Adoração. A Igreja Primitiva era
também uma comunidade de adoração “louvando a Deus e caindo na graça de todo o
povo” (At 2.47). Sim, a Igreja que louva a Deus jamais deixará de ser
reconhecida, até mesmo por seus inimigos, como um povo especial. Voltemos ao
altar da verdadeira adoração. Louvemos a Deus com salmos e hinos. Abramos a
Harpa Cristã e celebremos os grandes atos de Deus.
Sua igreja cultiva a verdadeira comunhão? É hora de voltarmos ao
cenáculo e reviver os tempos de refrigério e avivamento. Somente uma igreja que
experimenta a verdadeira comunhão com Cristo e com os seus membros em
particular, sobreviverá nestes tempos difíceis e trabalhosos. O Espírito Santo
quer operar em nosso meio. Mas só o fará se estivermos vivendo a genuína
comunhão cristã.
“No Pentecostes, depois da vinda do Espírito Santo, o grupo
de 120 explodiu! Em um dia três mil pessoas adotaram a fé, e passaram a servir
a Cristo. Elas foram agregadas à igreja, isto é, imediatamente se uniram à
comunhão de crentes. Os três mil novos crentes se reuniram com os outros como
eles, pessoas de pensamento e fé semelhantes. Lucas ressaltou a natureza
cotidiana das reuniões da igreja. Os crentes se reuniam tanto no templo
([...]), como em casa, para o partir do pão e, supostamente, para comunhão,
para darem atenção às necessidades e para a prática da oração. Uma má
interpretação comum sobre os primeiros cristãos (que eram judeus) era que eles
rejeitavam a religião judaica. Mas estes crentes viram a mensagem e a
ressurreição de Jesus como o cumprimento de tudo o que eles conheciam, e do
Antigo Testamento e em que criam.
A princípio, os crentes de origem judaica não
se separaram do restante da comunidade judaica. Eles ainda iam ao Templo e às
sinagogas para adorarem e aprenderem mais sobre as Escrituras. Mas a sua fé em
Jesus Cristo criou um grande atrito com os judeus que não acreditavam que Jesus
fosse o Messias. Assim, os crentes judeus eram forçados a se reunirem nas suas
casas para compartilharem as suas orações e os ensinos a respeito de Cristo. No
final do século I, muitos desses crentes judeus foram excomungados das suas
sinagogas”. (notas Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol.1. RJ: CPAD,
2009, pp.632-34).
“A Comunhão dos Santos na Bíblia
A comunhão dos santos é uma expressão teológica e historicamente
forte. Quer na comunidade de Israel, quer na Igreja Primitiva, seu conceito não
é um mero casuísmo; é uma prática que leva o povo de Deus a sentir-se como um
só corpo”.“A comunhão
dos Santos em Israel.Nos momentos de emergência nacional,
levantavam-se os hebreus como um só homem. Isto mostra que, se um israelita
sofria, os demais padeciam; se uma tribo via-se em perigo, as outras sentiam-se
ameaçadas. A fim de manter o seu povo unido, suscitava-lhe o Senhor líderes
carismáticos como Gideão e Davi.
O amor entre os israelitas era realçado na Lei e nos Profetas.
Os hebreus, por exemplo, não podiam emprestar com usura para seus irmãos.
Quando da colheita, eram obrigados a deixar, aos mais pobres, as respigas. Foi
o que aconteceu a moabita Rute.
Quando a comunhão dos santos em Israel era quebrantada,
instalava-se a injustiça social, a opressão e a violência. Para conter todas
essas misérias, erguia Deus os seus profetas que, madrugando, repreendiam os
injustos, buscando reconduzi-los aos princípios da Lei de Moisés”.
A Comunhão dos santos em o Novo Testamento
Ao retratar a comunhão entre os santos, escreve o português
Camilo Castelo Branco: ‘O amor de Deus é inseparável do amor do próximo. É
impossível no coração humano o incêndio suavíssimo do amor de Deus, quando o grito
da miséria não desperta no coração a mágoa das aflições do próximo’.Mais
adiante, acrescenta Camilo: ‘Vede como eles se amam diziam os pagãos, quando a
sociedade cristã repartia seus haveres em comunas, onde grande despojado de
suas galas, vinham sentar-se ao lado dos pobres, vestido de uma mesma túnica, e
nutrido por um semelhante quinhão nos ágapes da caridade’.
Sem a comunhão dos santos não pode haver cristianismo. Aliás,
protestou alguém certa vez: ‘O amor é a única forma de nos sentirmos realmente cristãos’.
Todos os escritores do Novo Testamento, a exemplo do Salvador, realçaram a
comunhão dos santos.No Sermão do Monte, ensinou Jesus os seus discípulos a se
amarem uns aos outros; doutra forma: não seriam contados entre os seus
seguidores”.(notas ANDRADE, C. As
Disciplinas da Vida Cristã. RJ: CPAD, 2008,
pp.117-19).
Sinais e maravilhas na Igreja
Por que os sinais e maravilhas eram tão comuns à Igreja
Primitiva? Qual o segredo daqueles cristãos? Não havia segredo algum. Havia uma
obediência amorosa e consciente à Grande Comissão que o Senhor Jesus confiou
aos seus discípulos. Quanto mais evangelizavam e faziam missões, mais o Cristo
neles operava por intermédio do Espírito Santo.
O mesmo não ocorre hoje com as igrejas que levam a sério o
imperioso “ide” de Cristo? Leia com atenção os últimos versículos do Evangelho
de Marcos e constate, em nossa própria realidade, o cumprimento pleno desta
promessa: “E estes sinais seguirão aos que crêem: em meu nome, expulsarão demônios;
falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa
mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os
curarão” (Mc 16.17,18).
Vejamos, pois, o papel e as funções dos sinais e maravilhas,
operados pelo Espírito Santo, na vida da Igreja.
SINAIS E MARAVILHAS, A AÇÃO SOBRENATURAL DA IGREJA
O milagre tem de ser visto não como algo que ficou nos tempos
bíblicos, mas como um recurso que o Espírito Santo nos coloca à disposição para
que glorifiquemos a Deus e disseminemos o evangelho de Cristo.
Definição. Os sinais e maravilhas
descritos na Bíblia, principalmente em o Novo Testamento, são operações
extraordinárias e sobrenaturais de Deus no âmbito das coisas naturais. São uma
suspensão das leis da natureza. Somente o que criou todas as coisas pode agir
natural e sobrenaturalmente em todas as coisas, porque tudo lhe é possível (Mc
10.27).
Objetivos do milagre. Dois
são os objetivos do milagre: glorificar a Deus e expandir-lhe o Reino (Mc 2.12;
Lc 5.26; Jo 11.4). Em Atos, os prodígios operados pelos apóstolos abriram-lhes
as portas da Palavra, a fim de que anunciassem com poder e destemor o
evangelho. Haja vista o ocorrido na Porta Formosa (At 3.1-11). E o ocorrido em
Listra? (At 14.8-18). A intervenção sobrenatural de Deus visa também beneficiar
o ser humano. Alguém que é curado do câncer, por exemplo, enaltece o nome do
Senhor pelo favor imerecido.
O milagre, por conseguinte, não tem por objetivo criar um
espetáculo. Foi por isso que o Senhor emudeceu-se e nada fez ante a curiosidade
de Herodes (Lc 23.8,9). Somente os que buscam a própria glória transformam os
sinais e maravilhas em um show.
Em Atos capítulo três, Pedro e João dirigiam-se ao Santo Templo
a fim de orarem, quando se depararam com aquele coxo de nascença que,
diariamente, era trazido ao lugar sagrado para esmolar (At 3.2). Observemos que
os apóstolos subiam juntos à Casa de Deus para buscar ao Senhor. Se juntos
clamavam ao Senhor, juntos estavam prestes a realizar um grande milagre.
Oração e milagre. Sem oração não há
poder. Moisés e Jesus, que operaram grandes e portentosos sinais, viviam em
constante oração e jejum (Êx 24.12-18; Mt 4.2). Se nós obreiros desta geração
quisermos também realizar milagres e maravilhas é mister que, juntos, à hora da
oração, subamos ao templo. A mão do nosso Deus não está encolhida para efetuar
o sobrenatural.
Quando nem ouro nem a prata fazem a diferença.
Ao
ver os apóstolos, esperava o coxo receber deles alguma coisa. Todavia,
declarou-lhe Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em
nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
Hoje, há muitas igrejas ricas e poderosas. Algumas destas,
porém, já não conseguem mostrar o poder que operava nos apóstolos. Sim, elas
possuem muita prata e muito ouro, mas nenhum poder. O ouro e a prata somente
são eficazes quando utilizados na expansão do Reino de Deus. Caso contrário, de
nada valem diante daquele que disse: “Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o
Senhor dos Exércitos” (Ag 2.8). Portanto evangelizemos e façamos missões!
O milagre na Porta Formosa. O
mendigo achava-se justamente na Porta Formosa do Santo Templo (At 3.2). Que
contraste! Diante de toda aquela suntuosidade, um mendigo. A porta era formosa
e rica, mas achava-se fechada para aquele homem enfeado pela doença e
empobrecido por sua condição social.
O MILAGRE ABRE A PORTA DA PALAVRA
Realizado o milagre, o que fizeram os apóstolos? Certamente não
trabalharam o seu marketing pessoal nem foram abrir uma igreja independente.
Sabendo que a excelência estava em Cristo e não em si, aproveitaram a ocasião a
fim de proclamar o evangelho. Como tem você agido quando Deus usa-o na realização
de um milagre ou prodígio? Chama a glória toda a si? Ou glorifica o Senhor da
glória? Observe o modo como os apóstolos trataram o prodígio.
A proclamação da Palavra é mais importante que o milagre. Não
resta dúvida de que um portento fora realizado. Era notório a todos (At 4.16).
Era algo simplesmente inegável. Todavia, os apóstolos estavam prestes a mostrar
que aquela ocasião era mais do que propícia à proclamação da Palavra de Deus.
Hoje, temos muitas terças e quintas-feiras de milagres. Mas que todos os dias
sejam dedicados à pregação do evangelho. O Senhor Jesus estará presente entre
nós operando sinais e prodígios diariamente.
A proclamação da Palavra deve ser feita a tempo e a fora de
tempo. É o que recomenda Paulo a Timóteo: “Conjuro-te, pois diante de Deus e do
Senhor Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu
reino, que pregues a palavra, instes a tempo, redarguas, repreendas, exortes,
com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.1,2).
Por conseguinte, Pedro e João aproveitaram a oportunidade a fim
de proclamar o Evangelho de Cristo tanto para o povo quanto para os sacerdotes.
Leia com vagar os capítulos três e quatro de Atos dos Apóstolos. E veja quantas
portas a pregação da Palavra foram abertas através do milagre operado pelos
apóstolos na Porta Formosa. Tem você aproveitado as oportunidades para anunciar
a mensagem da cruz? Ou acha que o milagre não passa de um espetáculo? É chegado
o momento de se pregar a tempo e fora de tempo que Cristo Jesus morreu e
ressuscitou para salvar o pecador.
Os sinais seguem aos que crêem. Mas quando estes seguem aqueles,
a igreja começa a ter problemas. Vejamos, pois, os milagres e prodígios como
oportunidades para anunciarmos o Evangelho de Cristo até aos confins da terra.
Por acaso não agiam assim os apóstolos de Nosso Senhor? Por que,
então, agiríamos de outro modo? À semelhança de Pedro e João, declaremos com
autoridade e ousadia: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.
Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
A natureza teológica de um milagre.
Cada
uma destas três palavras que se referem a eventos sobrenaturais (sinal,
maravilhas e poder) delineia um aspecto do milagre. Um milagre é um evento
incomum (maravilha) que transmite e confirma uma mensagem incomum (sinal) por
intermédio de uma habilidade incomum (poder). Do ponto de vista divino
privilegiado, o milagre é um ato de Deus (poder) que atrai a atenção do povo de
Deus (maravilhas) para a Palavra de Deus (por meio de um sinal). [...] Eles são
normalmente utilizados como sinais para confirmar um sermão; como maravilhas
para verificar as palavras de um profeta; como milagre para ajudar a
estabelecer a sua mensagem (Jo 3.2; At 2.22).
Um milagre, portanto, é uma intervenção divina, ou uma
interrupção, no curso regular do mundo que produz um evento com um objetivo
definido, o qual, apesar de incomum, não ocorreria (ou não poderia ocorrer) de
outra forma. Nessa definição, as leis naturais são compreendidas
como sendo a forma normal regular e geral pela qual o mundo funciona.
Entretanto, o milagre ocorre como um ato incomum, não-padronizado e específico
de um Deus que transcende o universo. Isto não significa que os milagres são
contrários às leis naturais; significa simplesmente que eles são originados em
uma fonte que está além da natureza”. (notas GEISLER, N. Teologia Sistemática. Vol.1.
1.ed. RJ: CPAD, 2010, pp.43-44).
A importância da disciplina na Igreja
Numa igreja descompromissada com a sã doutrina, crentes como
Ananias e Safira seriam até homenageados por sua “liberalidade e altruísmo”.
Mas numa igreja que prima pelo ensino, não subsistiriam. Haveriam de ser
desmascarados, repreendidos e fulminados pelo próprio Deus, pois Ele sonda-nos
a mente e o coração. A falta de doutrina, pois, acaba por induzir toda uma
congregação à hipocrisia e à mentira.No episódio de Ananias e Safira, Lucas
destaca o valor da disciplina na Igreja de Cristo. Por conseguinte, vejamos
porque o ensino é imprescindível ao povo de Deus.
A DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE
Definindo a disciplina. O
que é disciplina senão ensino? Mas possui ela também o seu lado grave: a
correção (Pv 15.10). Seu objetivo é conscientizar-nos quanto às consequências
de nossas atitudes (Gl 6.7). A falta de disciplina pode conduzir à morte. Foi o
que aconteceu a Ananias e a Safira.
A disciplina no Antigo Testamento.
Por
intermédio de seus profetas, Deus mostra ao seu povo o valor e a
imprescindibilidade da disciplina (Jó 5.17). Ele requer que todos os seus
filhos sejam ensinados na Lei e nos Profetas (Sl 25.8). A disciplina é tão
preciosa quanto à própria vida (Pv 6.23). Eis o que diz Salomão: “O que ama a
correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto” (Pv
12.1).
Nestes tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos
coagidos a não aplicar a disciplina aos nossos próprios filhos. É claro que
também somos contra os maus tratos impingidos às crianças. Mas que estas têm de
ser disciplinadas, não o podemos negar. A recomendação é do próprio Deus: “O que
retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv
13.24 — ARA). Por que os educadores contrários à educação cristã, ao invés de
nos constrangerem com as suas impropriedades, não saem em defesa das crianças
abandonadas e prostituídas que fervilham nossas cidades? É necessário e urgente
resgatar a infância abandonada e proporcionar-lhe uma vida digna e segura.
A disciplina em o Novo Testamento
Embora
vivamos sob os termos da Nova Aliança, Deus em nada mudou quanto ao padrão
disciplinar de seu povo. Haja vista o Sermão do Monte. Agora, além de o Senhor
ratificar o sétimo mandamento, por exemplo, requer tenhamos nós um coração puro
(Mt 5.27,28). Por conseguinte, viver sob a lei do Espírito requer uma
disciplina ainda maior.
Por quebrarem a disciplina, Ananias e Safira foram severamente
punidos pelo Senhor.
A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA
Disposto a dedicar-se integralmente ao cumprimento da Grande
Comissão, Barnabé vende a sua propriedade e entrega todo o dinheiro aos
apóstolos. Lucas, ao registrar o fato, realça o desprendimento daquele levita
natural da ilha de Chipre, que haveria de prestar relevantes serviços ao Reino
de Deus (At 4.36,37).
Ananias e Safira, imitando a Barnabé, também vendem a sua
propriedade. Ao contrário deste, o casal retém parte do dinheiro, e repassa o
restante aos apóstolos, como se aquele depósito representasse o valor total da
propriedade. Eles, porém, seriam desmascarados, repreendidos e mortalmente
punidos. Não se pode mentir a Deus.
O pecado contra o Espírito Santo e a Igreja.
O
pecado de Ananias e Safira não foi um requinte social como eles supunham;
constituiu-se numa ofensa contra o Espírito Santo (At 5.9). Ajamos, pois, com
muito cuidado, porque o Senhor chamar-nos-á a prestar contas de todas as palavras
frívolas que proferirmos (Mt 12.36).
Se formos disciplinados na Palavra de Deus, jamais cairemos no
erro de Ananias e Safira: mentira, hipocrisia e roubo. Como vem você agindo?
Tem se dado à mentira? Cuidado. Os mentirosos não terão guarida no Reino de
Deus (Ap 22.15).
Uma oferta como a de Caim.
Nossa
atitude diante do Senhor é sempre mais importante do que a nossa oferta.
Vejamos a história de Abel e Caim. Ambos trouxeram o fruto do seu trabalho a
Deus. O primeiro teve a sua oferenda aceita, pois justo era o seu coração.
Quanto ao segundo, por ser iníquo, foi rejeitado (Gn 4.6,7). Antes de atentar
para a oferta, o Senhor contempla o ofertante.
Ananias e Safira poderiam ter vendido a propriedade pelo valor
que bem entendesse e haver dado todo o montante, ou parte deste, à Igreja.
Pedro deixou-lhes isso bem patente (At 5.4). Mas como o casal, buscando a
própria honra, não mentiram somente a Pedro, mentiram também ao próprio Deus
(At 5.3).
O EXTREMO DA DISCIPLINA
Ananias e Safira conheciam muito bem a doutrina dos apóstolos e
não ignoravam o Antigo Testamento. Nas sinagogas, ouviam sábado após sábado, a
leitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Chegaram eles a conhecer a Jesus?
É bem provável. Por conseguinte, não foram eles punidos inocentemente. Ao
mentirem a Pedro, sabiam estarem ofendendo o Espírito Santo. Eles sabiam que
esse pecado era gravíssimo (Mt 12.32).
A sentença de morte
Confrontado
pelo apóstolo Pedro, Ananias viu-se desmascarado. Naquele momento, aliás, vê-se
ele diante do tribunal divino e do Senhor recebe a sentença pela boca do
apóstolo: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao
Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava
para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em
teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3,4).
Informa Lucas que, ouvindo a reprimenda de Pedro, Ananias caiu
por terra fulminado. O mesmo aconteceria à sua esposa três horas depois (At
5.10). O casal que contra o Senhor peca unido, unido também perecerá. Não
poderiam eles andar no temor e na disciplina divina?
A maldição é retirada do arraial dos santos
Se
Ananias e Safira não houvessem sido confrontados e punidos, a Igreja de Cristo,
como um todo, sofreria por causa do anátema. Lembra-se do caso de Acã? Quando o
pecado é revelado e a liderança não faz uso da disciplina, segundo os padrões
bíblicos, toda a igreja sofre debaixo da maldição do pecado. Leia com atenção e
temor o capítulo sete de Josué. Tomemos cuidado, pois Deus não mudou. Ele
continua o mesmo. Aliás, vejamos esta advertência de Pedro: “Porque já é tempo
que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual
será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe
4.17)
“O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa
a repreensão prudentemente se haverá” (Pv 15.5). A disciplina é uma prova de
amor. Deus requer que seus filhos andem de conformidade com a sua Palavra. Se
errarmos, Ele certamente disciplinar-nos-á. No entanto, cuidado: Deus não se
deixa escarnecer.
Ananias e Safira, simulando uma justiça que não possuíam,
mentiram para o próprio Deus. Por isso foram mortalmente punidos. Andemos,
pois, no temor do Senhor. “O delito de Ananias não foi reter parte do preço do
terreno; poderia ter ficado com tudo se quisesse; seu delito foi tentar
impor-se sobre os apóstolos com uma mentira espantosa unida à cobiça, com o
desejo de ser visto. Se pensarmos que podemos enganar a Deus, fatalmente
enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam
estimular-se mutuamente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau!
Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria
as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia,
cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos
falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da
verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas
com o uso de expressões duvidosas e de significado duplo em nosso
falar”. (notas HENRY, M. Comentário
Bíblico. 1.ed. RJ: CPAD, 2002, p.891).
O Pecado de Acã.“Certamente Acã descobriu que o
pecado é uma emoção passageira. Houve a emoção de obter alguma coisa
secretamente. Ele teve a emoção de conhecer uma coisa que os outros não
conheciam. Ele teve a emoção de ser procurado. Finalmente, chegou a emoção de
ser o centro das atenções, de ser ‘a manchete do dia’. Há pessoas dispostas a
trocar suas vidas por essas compensações.
Mas a emoção teve vida curta. O que ele fizera foi logo
descoberto por todos. O que ele havia escondido foi rapidamente manifesto a
toda a sua nação. Aquilo que ele considerou valioso mostrou-se impotente para
ministrar-lhe. Aquilo que ele teve orgulho tornou-se sua vergonha. Sua alegria
transformou-se em tristeza. Sua emoção momentânea terminou numa morte violenta.
Com ele pereceu tanto aquilo que ele havia roubado quanto o que era
legitimamente seu. Ele recebeu o salário do pecado. Ele foi ‘sem deixar de si
saudades’ (2 Cr 21.20).
Este evento evidencia o princípio de que somente aqueles que
vivem vidas submissas diante de Deus recebem ajuda do Senhor. Acã recusou-se a
se submeter ao plano de Deus. Ele carecia da santidade que daria permanência ao
seu programa de vida.
O fato de que ‘nenhum de vós vive para si e nenhum morre para
si’ (Rm 14.7) é ilustrado pela vida de Acã. Um homem pode contaminar uma
comunidade tanto para o bem como para o mal. Paulo dá a essa ideia um cuidadoso
desenvolvimento em sua carta aos coríntios. Ele conclui: ‘De maneira que, se um
membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado,
todos os membros se regozijam com ele’ (1 Co 12.26).
A vida de Acã também nos ensina que o pecado nunca está oculto
aos olhos de Deus. O Senhor sabe o que os olhos veem, o que o coração deseja e
o que os dedos manipulam. Ele também sabe dos inúteis esforços do homem de
tentar enganá-lo. Mais cedo ou mais tarde, um ser humano deverá encarar seus
atos e prestar contas de todos eles.
Outra verdade importante é encontrada no fato de que, assim que
o pecado foi expiado, a porta da esperança se abriu. O povo sentiu mais uma vez
a segurança de que poderia avançar. Esta verdade continua em ação. Aquele que
aceita o sacrifício de Cristo pelo pecado imediatamente olha para a vida com
esperança e segurança”.(notas MULDER, C. O. et
al. Comentário
Bíblico Beacon. 1.ed. Vol.2. RJ: CPAD, 2005, p.45).
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PAZ DO SENHOR
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