Paulo
testifica de Cristo em Roma
Artigo Mauricio Berwald
A respeito da viagem de Paulo a Roma. Veremos que essa não foi
uma viagem fácil. Paulo enfrentou grande perigo, todavia o Senhor o guardou e o
levou em segurança até o seu destino final. Em Roma, Paulo ficou em prisão
domiciliar e teve a oportunidade de se reunir com os líderes da comunidade
judaica, testemunhando de Cristo e dando continuidade à obra do Senhor.
O apóstolo Paulo não era prisioneiro de César ou de Roma;
era-o de Cristo (Ef 3.1; Fm 9). Do relato lucano, concluímos: os fatos que o
conduziram a Roma não eram incidentais, mas propositais, pois foram dirigidos
por Deus (At 23.11). Se era urgente fosse o evangelho anunciado em Jerusalém, a
capital religiosa dos judeus, era premente que a palavra da salvação alcançasse
Roma, a capital política do Império.
Assim chega o evangelho à capital do Império Romano. O
mensageiro na verdade achava-se preso, mas a mensagem da cruz tinha livre curso
em Roma, Ninguém era capaz de detê-la. A Palavra de Deus avançava sem
impedimento algum.
VIAGEM DE PAULO A ROMA (At 27.1 — 28.10)
Constrangido a apelar para César, o apóstolo Paulo é conduzido
agora pelas autoridades romanas à capital do império. O que parecia um simples
traslado de preso, haveria de ser registrado pela história como o início da
maior expansão do Cristianismo que, conquistando toda a Europa Ocidental, não
tardaria a chegar aos pontos mais ignorados do planeta.
De Cesareia a Roma (27.1-44)
Em
sua viagem, o apóstolo conta com a assistência de Lucas e de um crente
macedônio chamado Aristarco (ver 19.29; 20.4; Cl 4.10; Fm 24). Como diz o sábio
rei de Israel, é na angústia que nasce o irmão (Pv 17.17; 18.24). Além disso, o
centurião que lhe cuida da segurança, trata-o com deferência e humanidade.
Permite-lhe inclusive que visite a igreja em Sidom. Quando Deus nos envia, até
os inimigos fazem-se amigos e os amigos tornam-se irmãos.
Açoitada pela voragem do mar, segue a nau lenta e
dificultosamente até Mirra, na Lícia. Desta cidade, zarpam em direção da Itália
em um navio procedente de Alexandria. Embora prisioneiro, o apóstolo mantém o
controle da situação. Mostra uma autoridade moral e espiritual que viria a
surpreender a todos naquela nau. Haja vista a advertência que faz ao centurião
quanto aos perigos que os aguardavam em seu trajeto a Roma. O militar, que de
início prefere ouvir o piloto a Paulo, ver-se-á mais adiante obrigado a
reconhecer a oportunidade de seu conselho.
Paulo na ilha de Malta (At 28.1-10)
Forçados
a desembarcar em Malta, localizada ao sul da Sicília, todos são tratados com
singular bondade pelos naturais da terra. Ali, opera o Senhor, por intermédio
de Paulo, sinais e maravilhas. Aquele que se mostrara imune à víbora que se
achava oculta nos gravetos, cura o pai de Públio, magistrado local, e recupera
a saúde a muitos ilhéus. Dessa maneira, semeia Paulo uma igreja que não tardaria
a florescer. Apesar das dificuldades que você enfrenta, querido missionário,
Deus quer operar o sobrenatural por seu intermédio.
Paulo chega a Roma (At 28.11-15)
Decorridos
três meses, o navio que conduziria Paulo a Roma, zarpa generosamente suprido pelos
malteses. Desembarcam em Siracusa, chegam a Régio e aportam em Putéoli. Aqui,
instados pelos irmãos, o apóstolo juntamente com seus companheiros hospedam-se
por sete dias.
Já em Roma, encontra-se com alguns irmãos na praça de Ápio. O
Senhor jamais abandona os seus mensageiros, mesmo distantes da pátria querida,
faz-nos Ele sentir-nos em casa. Você passa por alguma provação? Parece que o
trabalho não avança? Não se deixe abater. A Palavra de Deus jamais voltará
vazia. Você ficará surpreso com o que o Cristo está para realizar através de
seu ministério.
O EVANGELHO É PROCLAMADO NA CAPITAL DO IMPÉRIO (At
28.16-31)
Se o Senhor decretou fosse o evangelho conhecido em toda a Roma,
por que manteve encarcerado o seu maior campeão? Neste momento, talvez esteja
você aprisionado a entraves burocráticos dentro e fora de nossas fronteiras.
Não se desespere. Ninguém haverá de algemar a mensagem da cruz. Não há
protocolo capaz de barrar a vontade de Deus.
Prisão domiciliar (28.16)
Como
não recaía sobre Paulo nenhuma acusação de crime capital, era-lhe permitido
morar por sua própria conta. Apesar de vigiado por um soldado, tinha liberdade
de ler, escrever, receber visitas e, naturalmente, evangelizar. Terá aquele
militar se convertido a Cristo? Não tenho dúvidas. Mesmo sem liberdade, o
Senhor deixa-nos livres para realizar a sua obra.
Apologia entre os judeus (28.17-22)
De
sua prisão domiciliar, Paulo convoca os líderes da comunidade judaica para
expor-lhes os eventos que o trouxeram sob algemas a Roma. Como apóstolo dos
gentios, aproveita ele para anunciar que Jesus era, de fato, o Messias de
Israel. Alguns deixam-se persuadir, outros preferem continuar na incredulidade.
Entre os gentios, contudo, o evangelho põe-se a expandir até mesmo na elite
romana. Na exposição da Palavra de Deus, seja um autêntico apologeta.
Apresente, com mansidão e firmeza, as razões da esperança cristã.
Progresso do evangelho em Roma (28.23-31)
Roma
era o centro político, econômico e cultural do mundo. Apesar de sua grandeza e
não obstante a sua importância, a cidade fizera-se notória pela lassidão moral
e pela degenerescência de seus costumes. Em seus termos, os cultos mais
extravagantes e as mais exóticas religiões. E os deuses encontradiços em cada
praça e logradouro?
Gente de toda parte misturava-se pelas ruas de Roma. Berço de
notáveis oradores, políticos, generais e juristas, era a cidade marcada pela
injustiça, ignorância e por uma soberba tola e animalesca. Haja vista as
deferências cultuais que recebiam imperadores como Nero e Calígula.Todavia, ali
estava um poder que haveria de sobrepor-se sobre a todos os mais afamados
símbolos e potentados romanos: o Evangelho de Cristo Jesus. Haveria este de
avançar com muito mais determinação do que as mais aguerridas legiões romanas.
Avançaria sim e conquistaria nações sem impedimento algum.
Se Lucas deixa em aberto os Atos dos Apóstolos, por que iríamos
nós fechar as portas que o Espírito Santo nos abre todos os dias? Sim, portas à
evangelização nacional e portas às missões transculturais. Aproveitemos, pois,
o Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, para dar continuidade à
evangelização dos povos. Atos 1.8 é uma ordenança que não pode ser esquecida.
Se nos dispusermos a ir, todos os impedimentos ser-nos-ão tirados.
Paulo em meio à tempestade
“A
experiência de Paulo na tempestade, dentro da vontade de Deus, contrasta com a
de Jonas, que estava em desobediência. Comparando as duas, notamos: Paulo
viajava para cumprir sua sagrada vocação. Jonas fugia da chamada que recebeu.
Este se escondeu e dormiu durante a tempestade. Aquele dirigia as operações e
encorajava os passageiros. A presença de Jonas no navio era a causa da
tempestade. O navio em que Paulo viajava seria preservado de todo dano se os
tripulantes respeitassem seu aviso (At 27.9,10). Jonas foi forçado a dar
testemunho acerca de Deus (Jn 1.8,9).
Paulo, com boa vontade e coragem, falou
acerca da sua visão e do seu Deus. A presença de Jonas no navio ameaça a vida
dos gentios. A presença de Paulo era uma garantia para a vida dos seus
companheiros de viagem. O navio em que Jonas viajava recebeu alívio quando ele
foi jogado no mar. A conversão de Paulo salvou a tripulação do navio no qual
era prisioneiro. Há muita diferença em atravessar uma tempestade dentro e fora
da vontade de Deus! Paulo, andando segundo o querer de Deus, em comunhão com
Ele tornou-se bênção para todos quantos atravessavam o perigo com ele. Conforme
Paulo anunciou, todos escaparam ilesos para a terra. Ficaram na ilha durante o
inverno, um período de três meses. Mais uma vez foi manifestada a presença de
Deus através de Paulo” (NOTAS PEARLMAN, M. Atos. 1.ed., RJ: CPAD, 1995, pp.
248-49).
• Malta — “A ilha e
pequena, com cerca de 29 quilômetros de extensão e 13 de largura. Está situada
entre a Silícia e a costa africana. Provavelmente, seja o local identificado
como a ‘baía de São Paulo’. Na época de Paulo, Augusto alojou, no local,
veteranos aposentados do exército. A população falava, além do grego, sua
língua original fenícia” (NOTAS RICHARDS. L. O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse
capítulo por capítulo. 1.ed., RJ: CPAD. 2005, p.733).
• Roma — “Antiga
rainha do mundo, acha-se edificada às margens esquerdas do Rio Tibre, sobre
sete colinas. A cidade é mencionada nos Atos, na Epístola de Paulo aos Romanos
e na Segunda Epístola a Timóteo.
No tempo de Pompeu, muitos foram os judeus levados a Roma como
cativos. Para eles, o governo reservara um território na margem direita do
Tibre. Apesar de desfrutarem dos favores de Júlio César e Augusto, foram os
judeus perseguidos por Cláudio que resolveu expulsá-los da capital do império
(At 18.2).Muitos, todavia conseguiram permanecer em Roma, pois quando Paulo
aqui chegou, como prisioneiro do Império, encontrou uma considerável colônia
judaica (At 28.17)”.(NOTAS ANDRADE, C. Geografia
Bíblica. A
geografia da Terra Santa é uma das maneiras mais emocionantes de se entender a
história sagrada. 11.ed., RJ: CPAD, 2001, p.248).
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