Lições
Bíblicas CPAD
Jovens 4º
Trimestre de 2015
Título:
Estabelecendo relacionamentos saudáveis — Vivendo e aprendendo a viver
Comentarista:
Esdras Costa Bentho
Lição 8: O
relacionamento com pessoas de uma fé diferente
Data: 22 de
Novembro de 2015
TEXTO DO DIA
“Mas Deus,
não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em
todo lugar, que se arrependam” (At 17.30).
SÍNTESE
A fé cristã
está fundamentada na revelação de Deus em Cristo, e nisto se distingue das
demais crenças e religiões, embora reconheça o direito de todos expressarem
livremente suas crenças.
AGENDA DE
LEITURA
SEGUNDA — Jo
4.1-30
O
relacionamento de Jesus com a religião samaritana
TERÇA — Lc
9.51-56
Jesus repreende
a intolerância religiosa dos apóstolos
QUARTA — 1Co
1.10-17
Relacionamento
conflituoso entre os domésticos da fé
QUINTA — At
5.17-42
A
intolerância religiosa dos judeus à fé cristã
SEXTA — Gl
1.6-24
Pela pureza
do Evangelho
SÁBADO — Mc
16.14-20
A missão
imperativa da Igreja
OBJETIVOS
Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
EXPLICAR o
sentido de religião na esfera secular e bíblica;
COMPREENDER
que as religiões não são iguais no plano bíblico.
DESENVOLVER
tolerância, respeito e civilidade com as demais religiões.
INTERAÇÃO
Nesta lição
estudaremos um tema muito presente na realidade social e urbana das metrópoles:
a religião nos espaços públicos e o relacionamento do cristão com pessoas de
crenças diferentes. Este é o momento de reafirmar a necessidade de os alunos
serem pacientes e tolerantes com aqueles que professam uma crença diferente,
evitando as controvérsias desrespeitosas e agressivas que só impedem a
comunicação eficiente do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Lembre-se, o
texto de 1 Pedro 3.15, exorta o cristão a “defender” a fé com mansidão.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
A aproximação
dos jovens com pessoas de crenças ou religiões diferentes é uma realidade na
sociedade brasileira. O “fenômeno religioso”, ou seja, a presença da religião
nos espaços públicos, é um dado que o cristão deve refletir. Na Europa, a
religião tem recuado para os espaços privados da vida doméstica e se
restringido à tradição familiar. No Brasil, no entanto, a religião está
presente em todos setores, seja público, seja privado. Solicite aos aprendentes
que descrevam suas observações do fenômeno religioso e da religiosidade popular
em sua comunidade. A seguir ministre a respeito dos relacionamentos com pessoas
de tradição religiosa distinta. Boa aula!
TEXTO BÍBLICO
Atos
17.16,18,22-28.
16 — E,
enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo,
vendo a cidade tão entregue à idolatria.
18 — E alguns
dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele. Uns diziam: Que quer
dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos.
Porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição.
22 — E,
estando Paulo no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vos vejo
um tanto supersticiosos;
23 — porque,
passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava
escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo é o
que eu vos anuncio.
24 — O Deus
que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita
em templos feitos por mãos de homens.
25 — Nem
tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa;
pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
26 — e de um
só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra,
determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação,
27 — para que
buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que não
está longe de cada um de nós;
28 — porque
nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas
disseram: Pois somos também sua geração.
COMENTÁRIO DA
LIÇÃO
INTRODUÇÃO
A
globalização do mundo trouxe à fé cristã imperiosos desafios. Novas culturas
emergiram das regiões mais remotas do planeta e se difundiram nos países de tradição
judaico-cristã. Se a era Moderna foi marcada pela difusão do Cristianismo no
Ocidente, a Pós-Moderna se anuncia como era plural, caracterizada pela expansão
e presença de várias crenças orientais e tradições religiosas até então
ignoradas pelos cidadãos das metrópoles. Na modernidade, a fé cristã era
inquestionável e exclusiva, na pós-modernidade tornou-se mais uma opção no
variado cardápio religioso. O Cristianismo, portanto, não é a única religião a
disputar pelo interesse e adesão das pessoas, mas divide o espaço público com
outras crenças e saberes religiosos opostos. Nesta lição, estudaremos o sentido
de religião e a forma de o cristão se relacionar com pessoas de crenças
diferentes.
I. RELIGIÃO
NO CONTEXTO MODERNO
1. Sentido
secular de religião? (At 17.16-22). Religião não é uma palavra de fácil
definição, embora a religiosidade esteja presente nos espaços públicos e
privados por meio dos templos, símbolos, músicas e costumes sociais (vv.16,22).
Uns afirmam que ela é fruto da cultura, da autoconsciência do homem, do medo, e
há aqueles que descrevem-na como “ópio” para suportar as angústias da vida e
suspiro da criatura oprimida. O sentido positivo de religião designa assim uma
atitude de reverência a Deus manifesta nos ritos, cultos, crenças e doutrinas.
A religião é um fenômeno presente em todas as metrópoles brasileiras assim como
fora nos dias de Paulo.
2. Sentido
bíblico de religião. Todavia, esses conceitos não expressam o pensamento das
Escrituras. A religião não procede da busca do homem pelo divino, mas da
revelação que Deus fez de si mesmo às suas criaturas (Jo 1.16; 1Tm 6.15,16).
Ela surge por iniciativa do Senhor e não pela busca do próprio homem (Gn 3.8).
É Deus quem se revela ao homem, e não o homem a Deus (Gn 12.1-3; Êx 3.1-14; Rm
1.19). Foi por meio da revelação divina ao povo hebreu que o monoteísmo se
difundiu e apregoou às religiões politeístas da Antiguidade a crença no Deus
único e verdadeiro.
3. A religião
na sociedade brasileira (Sl 33.12). O Brasil assegura o direito à liberdade
religiosa a todos os cidadãos e a completa separação entre o Estado e as
instituições religiosas. Deste modo, cada cidadão pode manifestar sua religião
e expressar a sua crença, individual ou coletivamente, de modo público ou
particular, com toda liberdade. Esse fundamento é estendido a todas as pessoas
e religiões em todo território nacional.
Pense!
A Revelação é
um ato amoroso pelo qual Deus se dá a conhecer e comunica sua vontade aos
homens.
Ponto
Importante
O artigo 18
da Declaração dos Direitos Humanos garante a liberdade religiosa a todos.
II. FÉ CRISTÃ
NO CONTEXTO DAS RELIGIÕES MUNDIAIS
1. Todas as
religiões são iguais? (At 17.23-29). O fato de o homem não compreender
adequadamente a revelação de Deus deu origem às muitas religiões (Rm 1.20-23).
Contudo, tais religiões estavam afastadas do propósito divino (At 17.29),
embora aspectos do conhecimento de Deus ainda fossem percebidos nelas (At
17.23, 28; Rm 1.21,22; 2.12-16; Tt 1.12,13). Do ponto de vista histórico e
social as religiões apresentam muitas semelhanças (templos, ritos, grandes
narrativas) e concordam quanto ao valor da criatura humana, da preservação do
planeta e solidariedade. Sob a perspectiva da verdade bíblica e salvífica, no
entanto, elas são muito distintas e até mesmo contraditórias. O budismo, por
exemplo, possui templos, ritos e valoriza a vida humana assim como o
cristianismo. Todavia, nele não há o conceito de um Deus pessoal, de pecado e
salvação como na fé cristã. O budismo é muito diferente da fé cristã e os
ensinos de ambas religiões são opostos e se contradizem.
A respeito da
distinção entre os credos das religiões, Gilbert K. Chesterton (1874-1936) com
propriedade afirmou que “os credos que existem para destruírem um ao outro têm
escrituras, do mesmo modo que exércitos que existem para destruírem um ao outro
têm canhões”. É claro que aqui, para não nos determos em mais pormenores, temos
um abismo irreconciliável entre mulçumanos e cristãos ortodoxos a respeito de
Deus e de Cristo, embora ambos sejam monoteístas. É certo que as religiões,
como afirma um dos fundadores da psicologia moderna, William James (1842-1910),
concordam em muitas partes: uma inquietude a respeito de alguma coisa que está
errada conosco e a solução de que podemos ser salvos do erro. Todavia, embora
sejam reconhecidas as semelhanças em sua forma e função, as religiões mundiais
“reivindicam coisas contraditórias sobre a realidade suprema, a libertação
condicional e espiritual do ser humano”. Portanto, as religiões não são iguais,
embora haja “pontos de concordância” (At 17.16-29), e elas não procedem da
revelação de Deus em Cristo, embora algumas tenham-no em grande consideração.
2. A fé
cristã é superior às outras religiões? Os cientistas das religiões acusam a fé
cristã de arrogar-se superior as demais crenças e religiões. Afirmam que os
cristãos são exclusivistas e intolerantes. A razão dessa superioridade reside
no fato de a fé cristã apregoar que Jesus é o único caminho de salvação que
conduz o homem a Deus (Jo 14.6; At 4.12). Por causa desta revelação bíblica
eles recriminam o cristão (1Pe 2.19-25).
A posição
defendida pelo cristianismo bíblico é chamada de exclusivista e rejeitada por
John Harwood Hick (1922-2012), um filósofo da religião e principal expoente
contra a exclusividade da salvação em Jesus. Para Hick a forma como o
cristianismo apregoa a salvação exclusivamente em Jesus Cristo está equivocada,
como também os teólogos inclusivistas. A teologia inclusivista afirma que a
salvação acontece em todo o mundo, dentro e fora das religiões mundiais, quer
por meio da fé em Jesus, quer nas religiões independente da fé cristã. Hick,
entretanto, propõe a perspectiva pluralista, que defende a ideia de uma
Realidade Última e inefável que é a fonte de toda salvação e mediante a qual as
tradições religiosas estão alinhadas em contextos de salvação e libertação.
Nesse aspecto, todos os sistemas de crenças e credos são verdadeiros, pois
refletem esta Realidade Última, e assim todas as religiões mundiais são inspiradas
e convertidas em fonte de salvação pela mesma influência transcendente do
Logos. Portanto, segundo Hick, é preciso abandonar o Jesus de Nazaré dos
Evangelhos e aceitar como novo paradigma o Cristo cósmico ou Logos eterno, que
se traduz como o Transcendente, o Divino, o Último ou Real, e que se manifestou
como Cristo para o Cristão, Dharma para os hinduístas e budistas, Allah para os
mulçumanos, e assim por diante. Essa posição dificilmente seria sustentada
pelos primeiros teólogos da igreja nascente e, provavelmente, seria condenada
pelos primeiros concílios.
É necessário
observar, contudo, que existe contradição nesse sistema pelo fato de ele não
contemplar as diferenças que existem entre as religiões mundiais. Mesmo
religiões monoteístas como o cristianismo e o islamismo distinguem o único Deus
das obras criadas, entretanto, o islamismo não aceita o testemunho do Novo
Testamento de que Deus é mais completamente revelado em Jesus Cristo, bem como
o monoteísmo judaico não aceita o fato de que o Novo Testamento contém uma
maior revelação do Deus trino. Obviamente que não é difícil para o mulçumano
pronunciar a sentença de culpados de idolatria contra os cristãos quando estes
adoram a Deus em três pessoas consideram a Cristo como a encarnação de Deus.
Todavia, a
exclusividade da salvação em Cristo não significa superioridade e intolerância.
Como pode ser intolerante e orgulhosa a fé no Cristo que a todos acolheu
indistintamente (Jo 4.7-9; Mt 15.21-28), e a todos deu exemplo de profunda
humildade (Fp 2.5-10; Jo 13.1-20; 14.28)?
3. A
singularidade da salvação em Cristo. Jesus é o único mediador entre Deus e os
homens (1Tm 2.5; Hb 9.11-15). Ele não apenas manifestou a salvação, mas a
realizou na história. A salvação revelada e operada por Jesus é única, exclusiva
e singular. Há salvação fora das instituições religiosas, mas não há salvação
fora de Jesus.
Pense!
Jesus não
apenas manifestou a salvação, mas a realizou na história.
Ponto
Importante
A mediação
salvífica de Jesus Cristo é específica e única.
III.
RELACIONAMENTO COM PESSOAS DE OUTRAS CRENÇAS
1.
Relacionamento religioso (At 17.17-23). O diálogo com pessoas de crenças
diferentes está presente em todos os relacionamentos cristãos onde a segunda
pessoa professa um credo distinto ou procede de uma outra religião. Jesus (Jo
4.1-30) e Paulo (At 17) deram profundas lições no que concerne ao diálogo
religioso. Neste diálogo devemos aproveitar a oportunidade para falar da
salvação em Jesus Cristo.
2.
Relacionamento inter-religioso (1Pe 3.15-18). O relacionamento do cristão com
pessoas de outras religiões deve ser com todo respeito, mas sincero e firme.
Com sabedoria, exponha a razão de sua esperança. Seu testemunho deve ser tão
eloquente quanto suas palavras.
Pense!
A missão
primordial da Igreja é o anúncio da salvação em Cristo.
Ponto
Importante
O testemunho
que Jesus dá de si mesmo e o seu exemplo evangelizador são paradigmas para o
diálogo religioso.
CONCLUSÃO
Vivemos numa
sociedade plural onde o indivíduo tem o direito de expressar sua crença ou
mesmo de se pronunciar ateu. É imperativo que o cristão saiba respeitar as
diferenças religiosas sem negar-se ao mandato cristão de apregoar a salvação em
Cristo. Pregue o Evangelho com firmeza e sabedoria.
ESTANTE DO
PROFESSOR
DEERE, Jack.
Surpreendido pelo Poder do Espírito. 1ª Edição.
RJ: CPAD, 1995.
WARREN, Neil Clark; PARROTT, Les. A Vida dos seus Sonhos: Três Segredos para se
Sentir Bem no Fundo de sua Alma. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2014.
HORA DA
REVISÃO
1. Descreva o
sentido positivo de religião.Atitude de reverência a Deus manifesta nos ritos,
cultos, crenças e doutrinas.
2. Descreva o
sentido de religião na Bíblia.
Ela surge por
iniciativa do Senhor e não pela busca do próprio homem.
3. Todas as
religiões são iguais?
Do ponto de
vista histórico e social apresentam muitas semelhanças, mas sob a perspectiva
da verdade bíblica e salvífica são distintas e contraditórias.
4. Por que a
fé cristã não é orgulhosa e intolerante?
Porque não
pode ser intolerante e orgulhosa a fé no Cristo que a todos acolheu
indistintamente e a todos deu exemplo de profunda humildade.
5. Cite
exemplos de diálogo religioso.
Jesus (Jo
4.1-30) e Paulo (At 17).
SUBSÍDIO I
“A Nova
Apologética e o diálogo inter-religioso
[...] A Nova
Apologética Cristã precisa estar disposta a dialogar no atual contexto do
pluralismo religioso. Diálogo inter-religioso, missão evangelizadora e Anúncio
são diferentes. O diálogo inter-religioso como o conjunto das relações
inter-religiosas, positivas e construtivas, com pessoas e comunidades de outros
credos para um conhecimento mútuo e um recíproco enriquecimento não impede a
missão evangelizadora e o Anúncio, isto é, a comunicação do mistério de
salvação realizado por Deus para todos em Jesus Cristo. O diálogo representa um
desafio, mas não um impedimento à missão evangelizadora. Deste modo, o diálogo
não deve substituir o Anúncio, pois se constitui a tarefa primordial da Igreja
fazer crescer o Reino de nosso Senhor e do seu Cristo [...]. A Igreja entra em
diálogo de salvação com todos, mas a natureza de seu diálogo não é meramente
antropológico, mas teológico. O diálogo da Igreja é um diálogo de salvação,
embora não esteja excluído o diálogo da vida, das obras e da experiência
religiosa” (BENTHO, Esdras C. Como Identificar uma Seita. Mensageiro da Paz,
2014).
SUBSÍDIO II
“Definição de
Seita
O termo
‘seita’, do grego ‘hairesis’, procede de uma raiz que significa ‘selecionar’,
‘escolher’ ou ‘facção’, traduzido pela Vulgata Latina por ‘secta’. O termo e
seus derivados acham-se com abundância nas páginas do Novo Testamento (Mt
12.18; 1Co 11.19; Gl 5.20; Fp 1.22; 2Ts 2.13; Hb 11.25; 2Pe 2.1). Um herege era
alguém cuja opinião distinguia-se da teoria de um partido ou escola de
pensamento historicamente estabelecido. Essas escolas de pensamento declaravam
suas teorias por meio de afirmações doutrinárias que expressavam o ponto de
vista oficial de seu mestre ou escola. Chamava-se assim dogmas ao conjunto
teórico abraçado pelos adeptos de certas correntes filosóficas ou religiosas
que as confessavam publicamente. A declaração pública necessariamente devia
estar de acordo com alguma confissão religiosa ou conjunto de doutrinas, como
apresentam as perícopes neotestamentárias de Jo 1:20; At 24:14; Rm 10:9,10; 1Tm
6:12; Tt 1:16. Uma confissão dogmática distinguia-se da mera opinião do
populacho. Quando surgia uma nova percepção que se distinguia da tradição
entendia-se a nova perspectiva como seita” (BENTHO, Esdras C. Como Identificar
uma Seita. Mensageiro da Paz, 2014).
www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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