O Julgamento Final Artigo Mauricio Berwald
“Porquanto tem
determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão
que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos” (At 17.31).
O vocábulo grego traduzido por
“tribunal” no Novo Testamento é “bema”, cujo significado
literal é “passo”, representando “uma medida pequena”. A expressão em Atos 7.5
“bema podos” traduzido por “julgarei” é no grego
“o espaço de um pé”, referindo-se à plataforma oficial de onde se proferia
discursos (At 12.21), juízos e sentenças (Jo 19.13), ou onde o réu comparecia
(At 25.6). Portanto, a palavra se refere ao “tribunal” ou a um “trono de
julgamento”. O Novo Testamento menciona três tipos de tribunais: humano (1 Co
4.3), de Cristo e de Deus (2 Co 5.10; Rm 14.10), bem como cinco categorias de
julgamentos: das nações (Mt 25.31-40), de Israel (Ez 20.34-38; Ml 3.2-5), dos
crentes nos céus (2 Co 5.10), dos anjos (1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd v.6) e do
Grande Trono Branco (Ap 20.11-15). Neste último, serão julgados todos os homens
não inscritos no Livro da Vida (Ap 20.12,15). Após o julgamento, o destino ou
estado final destes são identificados como “fogo e tormento eterno”(Mt 25.41,46)
e, “segunda morte” (Ap 21.8).
Terminada a Segunda Guerra Mundial,
os aliados reuniram-se na cidade alemã de Nuremberg, a fim de julgar os líderes
nazistas por haverem estes cometido o mais hediondo crime contra a humanidade.
Apesar de vários assessores de Hitler serem punidos com a morte, outros
criminosos, igualmente culpáveis, conseguiram fugir ao julgamento, e
refugiarem-se em confortáveis anonimatos.No Julgamento Final, entretanto,
ninguém escapará à justiça divina. Contra esta não há casuísmo nem brechas
jurídicas. Os culpados serão, severamente, lançados no lago de fogo, onde serão
atormentados pelos séculos dos séculos.
O JULGAMENTO
FINAL
Definição. O Julgamento
Final é a sessão judicial que terá lugar na consumação de todas as coisas temporais
que, conduzido pelo Todo-Poderoso, retribuirá a cada criatura moral o que esta
tiver cometido através do corpo durante a sua vida terrena.
No Antigo
Testamento. Embora seja o Julgamento Final tratado, implicitamente, do
primeiro ao último livro do Antigo Testamento, foi o profeta Daniel que
discorreu, de forma mais explícita, acerca deste ato que haverá de realçar a
supremacia e a singularidade da justiça divina: “Naquele tempo, livrar-se-á o
teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro. E muitos dos que dormem no
pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
desprezo eterno. Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do
firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas,
sempre e eternamente” (Dn 12.1-3).
No Novo
Testamento. No Sermão Profético, o Senhor deixa bem claro que o Julgamento
Final não é uma mera hipótese; é uma realidade: “E, quando o Filho do Homem
vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no
trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará
uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas” (Mt 25.31-41).
Paulo, Pedro e João tratam do
Julgamento Final como algo integrante do plano redentivo de Deus. Na presente
era, o Todo-Poderoso, através de seu Filho, oferece gratuitamente a salvação a
todos os que creem, mas, na vindoura, haverá de condenar a quantos rejeitaram o
Senhor Jesus e a graciosa salvação que ele consumou na cruz (2 Tm 4.1; 1 Pe
4.5; Ap 20.4).
Nosso Credo. O Credo das
Assembleias de Deus no Brasil afirma de forma bem clara e irrespondível:
“Cremos no Juízo Vindouro que justificará os fiéis e condenará os infiéis”.
OBJETIVOS DO
JULGAMENTO FINAL
Tem o Julgamento Final vários
objetivos conforme revelam-nos as Sagradas Escrituras:
Mostrar que a
justiça de Deus deve ser observada e acatada por todos. Quando
intercedia por Sodoma e Gomorra, indaga Abraão ao Senhor: “Não faria justiça o
Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Esta mesma pergunta é feita ainda hoje por
milhões de seres humanos inconformados com a situação a que este mundo chegou.
No Julgamento Final, contudo, mostrará Deus que a sua justiça haverá de
prevalecer de forma absoluta tanto sobre os vivos como sobre os que já tiverem
morrido. Nosso Deus não compactua com a impunidade.
Punir os que
rejeitaram a Cristo Jesus e sua tão grande salvação. Os que
aceitam a Cristo Jesus são automaticamente justificados pela fé diante de Deus.
Todavia, aqueles que rejeitam a sua justiça, hão de ser lançados no lago de
fogo (Ap 20.15; Mt 25.41). Jamais entraremos nos céus fiados em nossa justiça
que, aos olhos de Deus, não passa de trapos de imundície (Is 64.6).
Destruir a
personificação do mal. Afirma Paulo aos irmãos de Corinto que iremos
julgar os anjos: “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as
coisas pertencentes a esta vida?” (1 Co 6.3). O apóstolo refere-se,
logicamente, aos anjos que acompanharam o ungido querubim em sua estúpida
rebelião contra Deus; aos tais reservou o Senhor o lago de fogo (Mt 25.41). E,
assim, estará sendo destruída, de uma vez por todas, a personificação do mal.
Aliás, o Diabo há de ser lançado no eterno tormento antes mesmo da instauração
do Julgamento Final (Ap 20.10-12).
OS
FUNDAMENTOS DO JULGAMENTO FINAL
Se os falhos e imperfeitos
julgamentos humanos têm os seus fundamentos, o que não diremos do Julgamento
Final que será efetuado pelo justíssimo Deus. Vejamos, pois, em que consistem
os fundamentos do Julgamento Final.
A natureza
justa e santa de Deus. Em sua primeira carta, João oferece-nos uma
das mais belas definições essenciais do Todo-Poderoso: “Deus é amor” (1 Jo
4.8). Contudo, não podemos esquecer-nos de que Deus possui uma natureza santa e
justa. Todas as vezes que a sua santidade é ferida, sua justiça reclama, de
imediato, uma reparação. Por conseguinte, estes dois atributos de Deus: a
justiça e a santidade acham-se a fundamentar o Julgamento Final. Neste, todos
os que porfiaram em menosprezar a santidade de Deus terão de se haver ante a
sua justiça (Rm 2.5-10).
A Palavra de Deus. Além da
natureza santa e justa de Deus, o Julgamento Final terá como fundamento a
Palavra de Deus. Os que hoje a desprezam, serão por ela julgados conforme
realçou o Senhor Jesus Cristo: “Quem me rejeitar a mim e não receber as minhas
palavras já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar
no último dia” (Jo 12.48).
A consciência das
criaturas morais. Os impenitentes também serão julgados por sua própria consciência
que, embora falha, não deixa de ser um dos fundamentos do Julgamento Final: “Os
quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a
sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”
(Rm 2.15). A lei moral divina acha-se gravada na consciência de todo o ser
humano. É um dos “livros” a ser aberto no dia do juízo (Ap 20.12).
COMO SE DARÁ O
JULGAMENTO FINAL
O Julgamento Final terá início logo
após o Milênio. O Apocalipse mostra que, terminados os mil anos, Satanás será temporariamente
solto, e sairá a seduzir as nações, buscando induzi-las a se revoltarem contra
o Cristo de Deus. Mas eis que sairá fogo do céu, e destruirá por completo os
que se houverem levantado contra o Senhor (Ap 20.7-10).
Em seguida, terá início o Julgamento
Final, que o Livro de Apocalipse descreve de forma vívida:“E vi um grande trono
branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o
céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que
estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é
o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos
livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte
e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo
as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a
segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado
no lago de fogo” (Ap 20.11-15).
Hoje, através de Cristo Jesus, somos
justificados por Deus. A partir do momento em que, pela fé, recebemos a Jesus
como o nosso único e suficiente Salvador, passamos a ser vistos por Deus como
se jamais tivéssemos cometido qualquer pecado; passamos a ser vistos como
santos.Se você ainda não recebeu a Jesus, faça-o agora mesmo! Somente Ele pode
justificar-nos.Querido Jesus, agradecemos-te, porque morreste na cruz, para que
fôssemos plenamente justificados. E, agora, com base no teu precioso sangue,
nenhuma condenação pesa sobre nós. Como a tua graça é maravilhosa! Tu nos
livraste da ira vindoura.
“Este será o grande dia: o Juiz, o
Senhor Jesus Cristo, vestido de majestade e terror. As pessoas que serão
julgadas são os mortos, pequenos e grandes, jovens e velhos; altos e baixos;
ricos e pobres. Ninguém é tão vil que não tenha talentos dos quais deverá
prestar contas; e ninguém é tão grande que possa se livrar da prestação de
contas; não somente os que estiverem vivos quando Cristo vier, mas todos os
mortos também.
Há um livro de memórias para o bem e
o mal; o livro da consciência dos pecadores, mesmo que antes secreto, então
será aberto. Cada homem recordará todos os seus atos passados, ainda que muitos
os tenham esquecido há muito tempo. Outro livro será aberto, o livro das Escrituras,
a regra da vida; representa o conhecimento do Senhor sobre o seu povo e suas
declarações de arrependimento, a fé e as boas obras deles, mostrando as bênçãos
do novo pacto.
Os homens serão condenados ou
justificados pelas suas obras; Ele provará seus princípios por suas práticas...
Esta é a segunda morte, a separação final entre os pecadores e Deus. Que o
nosso grande desejo seja observar se as nossas Bíblias nos justificam ou nos
condenam agora; Cristo julgará os segredos de todos os homens conforme o
Evangelho. Quem habitará com as chamas devoradoras?”
(HENRY, M. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 3 ed., RJ: CPAD, 2003,
pp.1113-4).
Bíblia ensina que Deus é, sem a menor
dúvida, um Deus de julgamento, ira e raiva.Se alguma coisa ela ensina, é
que Deus vai julgar o homem. Repetidas vezes, Jesus avisou sobre o julgamento:
"E contudo vos digo: No dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidom,
do que para vós outros" (Mateus 11:22). "De toda palavra frívola que
proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo" (Mateus 12:36).
"Mandará o Filho do homem os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos
os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha acesa;
ali haverá choro e ranger de dentes" (Mateus 13:41, 42). "Nada há encoberto
que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido"
(Lucas 12:2). "E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o
julgamento" (João 5:22).
Em todo o Novo Testamento os
Apóstolos ensinam que haveria um momento de julgamento. "Porquanto
estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão
que destinou" (Atos 17:31). "Mas, segundo a tua dureza e coração
impenitente acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do
justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento"
(Romanos 2:5, 6). "E a vós outros que sois atribulados, alívio juntamente
conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder,
em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra
os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus" (II
Tessalonicenses 1:7, 8). "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez e,
depois disto, o juízo" (Hebreus 9:27). "Certa expectação horrível de
juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários" (Hebreus 10:27).
"Os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos
e mortos" (I Pedro 4:5). "Os reis da terra, os grandes, os
comandantes, os ricos, os poderosos, e todo escravo e todo livre se esconderam
nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram aos montes e aos rochedos:
Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono, e da ira
do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira deles; e quem é que pode
suster-se?" (Apocalipse 6:15-17).
São estas apenas algumas em meio a
centenas de passagens que poderíamos citar indicando um momento de julgamento a
vir ainda, no qual todo homem que já viveu estará envolvido e do qual nenhum
escapará! Se tirássemos da Bíblia todas as referências que ela contém sobre o
juízo final, ela ficaria muito menor do que é .(notas o mundo em chamas Billy
Gharan,1965).
JUSTIÇA, MISERICÓRDIA E AMOR
Existem muitos a dizer que o
julgamento não é coerente com a justiça, a misericórdia e o amor, mas
afirmam-no por não entenderem a natureza de Deus. Recusaram-se a aceitar a
revelação da natureza de Deus, encontrada na Bíblia.
O julgamento é coerente com a justiça, pois esta exige a pesagem na balança, e sem o julgamento isso seria
impossível. Quando Jeremias disse: "rei que ... executará o juízo e a
justiça na terra" (Jeremias 23:5), ele colocou esses fatores em
justaposição. A justiça é impossível sem o julgamento, a lei não pode existir
sem uma penalidade. A razão nos diria que haverá uma época na qual os Hitlers,
os Eichmanns e os Stalins serão levados a prestar contas de seus atos. De outra
maneira, não haveria justiça no universo. Milhares de homens maus viveram e
praticaram sua maldade sobre os demais, sem parecerem ter pago um castigo em
sua vida e a razão nos diz que haverá uma época em que os lugares errados serão
tornados retos (Isaías 45:2).
O julgamento é coerente com a misericórdia. O Deus que fosse misericordioso deveria agir na misericórdia conforme
os padrões da justiça e retidão. O julgamento de modo nenhum colide com a
misericórdia, pois se esta deve ser utilizada, o julgamento deve ser uma parte
da ordem divina. Ser misericordioso sem ser justo é uma contradição.
O juiz que ministra justiça deve basear
seus atos na lei. O rompimento da lei exige punição, e demonstrar misericórdia
diante da lei transgredida é destruir a ordem e criar o caos. A misericórdia é
qualidade que não pode esquecer ou negligenciar o princípio da lei; não sendo
uma atitude universal em todos os casos de lei transgredida, mostra-se
destruidora da ordem.
Há tempos atrás, fui detido na
estrada por excesso de velocidade numa zona em que havia limite para ela, e no
tribunal de tráfego declarei-me culpado. O juiz se mostrou não apenas amigo,
mas ficou até bastante embaraçado por estar eu em sua presença, como faltoso. A
multa foi de dez dólares, e se ele me tivesse deixado ir sem a pagar, teria
sido incoerente com a justiça. A penalidade tinha de ser paga, por mim ou por
outra pessoa!
O julgamento é coerente com o amor.
Um Deus de amor deve ser um Deus de justiça. É por amar que Deus é justo. Sua
justiça põe na balança Seu amor e torna significativos Seus atos, tanto de amor
quanto de justiça. Deus não poderia amar coerentemente os homens, se não
proporcionasse o julgamento dos pecadores. Sua punição ao pecador e a separação
que faz dos justos é manifestação do grande amor divino. Devemos sempre olhar a
cruz no negro pano de fundo do julgamento. Foi devido ao amor de Deus pelo homem
ser tão intenso que Ele deu Seu Filho, de modo que o homem não tivesse de
enfrentar o julgamento.
O julgamento é
necessário como incentivo da consciência. O homem necessita do incentivo da
recompensa pelo bem e da ameaça do castigo como elemento dissuasório contra o
mal. Na composição atual de sua natureza moral, o castigo é um
"aguilhão" necessário à sua consciência. O homem precisa dessa ameaça
e de seu aviso, para evitar fazer o mal. Pode não ser esse o motivo mais
elevado para que façamos o bem, mas mostra-se necessário diante das
imperfeições que têm existido na natureza moral do homem, desde o Jardim do
Éden.
Devemos ver o homem como ele é, não
como devia ser, e pregar as nossas opiniões de justiça, misericórdia, amor e
julgamento sobre o caráter de Deus e a natureza imperfeita atual do homem. O
"ideal absoluto" não existe, a não ser na fantasia irracional do
filósofo moderno que tece suas teorias filosóficas sem levar em consideração a
revelação bíblica de Deus e da doença espiritual do homem.
Suponhamos que em algum país não
houvesse forças policiais. O caos se instalaria da noite para o dia.
Suponhamos, também, que não houvesse tribunais para corrigir os errados. Em que
barafunda ficaria tal país! Ninguém estaria a salvo, em lugar nenhum. Em algumas
cidades as pessoas não se encontram a salvo, a despeito da proteção policial, e
em algumas ruas até os policiais correm perigo. E de quando em vez até mesmo um
policial é preso por ter infringido a lei. As paixões más dos homens, mesmo com
os dispositivos de aplicação da lei, são restringidas de leve apenas. Os
jornais dão testemunho constante disso, com os seus relatos sobre atividades
criminosas.
(notas o mundo em chamas Billy Grahan,1965).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.