Anabatista
Artigo Mauricio Berwald
Fonte Wikipédia.)
Anabaptistas
ou anabatistas ("re-batizadores", do grego ανα (novamente) + βαπτιζω
(baptizar); em alemão: Wiedertäufer) são cristãos sectários do anabatismo, a
chamada "ala radical" da Reforma Protestante. Os anabatistas não
formavam um único grupo ou igreja, pois havia diversos grupos chamados
genericamente de "anabatistas" com crenças e práticas diferentes e
divergentes. Eles foram assim chamados porque os convertidos eram baptizados
apenas na idade adulta, por isso, eles re-baptizavam todos os seus prosélitos
que já tivessem sido baptizados quando crianças, pois creem que o verdadeiro
baptismo só tem valor quando as pessoas se convertem conscientemente a Cristo.
Desta forma os anabatistas desconsideravam tanto o batismo católico quanto o
batismo dos protestantes luteranos, reformados e anglicanos.
Montanismo e
Novacianismo
O primeiro
uso do termo anabatistas ocorreu após o Segundo Concílio de Cartago no ano 225
quando 87 bispos sob a direção de Cipriano de Cartago decidiram rebatizar os
fiéis das igrejas adeptas novaciano, porém o bispo da Igreja Católica, papa
Estêvão I combateu a aceitação do batismo feito por grupos cismáticos.
Em primeira
instância, os grupos que realizavam o re-baptismo eram os adeptos do montanismo
e novacianismo até o século IV, os seguidores do donatismo até o século X na
África, os paulicianos condenados pelo código justiniano pelo anabatismo em 525
d.C., os bogomilos nos Balcãs e Bulgária do século IX.
Esses grupos não
aceitavam os sacramentos das igrejas estabelecidas e não necessariamente criam
em batismo de crentes adultos.
O anabatismo
moderno surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI. A Reforma, baseada
nos princípios de justificação pela fé e do sacerdócio universal, levou ao
desenvolvimento da doutrina de adesão voluntária do crente à Igreja. Contudo,
enquanto Lutero, Calvino e Zuínglio mantiveram o baptismo infantil e a
vinculação da igreja ao Estado, os anabatistas liderados por Georg Blaurock,
Conrad Grebel e Félix Manz ansiavam por uma reforma mais radical.
Os
anabatistas fundaram então sua primeira igreja no dia 21 de janeiro de 1525,
próxima a Zurique, na Suíça. Perseguidos na Suíça, o movimento espalhou pelo
sul da Alemanha, Vale do Reno, Caríntia e Países-Baixos. Somente grupos
pacifistas dos anabatistas sobreviveram, como os organizados por Menno Simons
nos Países Baixos e hutteritas no Tirol, organizado por Jacob Hutter em um
grupo comunal que ainda existe nos Estados Unidos. Os amish nasceram dentre os
mennonitas e os Dunkers são frutos do encontro entre anabatismo e o pietismo.
É difícil
sistematizar as crenças anabaptistas daquela época, porque qualquer grupo que
não era católico ou protestante e que batizava adultos, como os unitários
socinianos ou místicos como Thomas Muentzer eram rotulados como anabatistas.
Esses grupos, junto com os anabatistas constituem a Reforma Radical.
Em In nomine
Dei, José Saramago retrata um conhecido episódio na história do movimento
anabatista que teve lugar na cidade de Münster (no norte da Alemanha), onde
entre 1532 e 1535 foi estabelecida uma teocracia nas linhas das orientações
desta denominação. Ver a Rebelião de Münster.
Migrações e
perseguições
A queima no
século XVI do holandês anabatista Anneken Hendriks, que foi acusado pela
Inquisição espanhola de heresia.Católicos e
protestantes perseguiram os anabatistas, recorrendo à tortura e execução na
tentativa de conter o crescimento do movimento. Os protestantes sob Ulrico
Zuínglio foram os primeiros a perseguir os anabatistas, com Felix Manz
tornando-se o primeiro mártir em 1527. Em 20 de maio de 1527, autoridades da
Igreja Católica Romana executaram Michael Sattler. O rei Fernando declarou
afogamento (chamado "terceiro batismo") o melhor antídoto para
Anabaptistas. O regime de Tudor, mesmo aqueles que eram protestantes (Eduardo
VI de Inglaterra e Isabel I de Inglaterra) perseguiu os anabatistas por eles
serem considerados demasiado radicais e, portanto, um perigo para a
estabilidade religiosa.
A perseguição
de anabatistas foi permitida pelas leis antigas do Teodósio I e Justiniano I
proferidas contra os donatistas. Tais leis decretaram a pena de morte para
qualquer um que praticasse o rebatismo.[4] O "Espelho dos Mártires",
por Thieleman J. van Braght, descreve a perseguição e execução de milhares de
anabatistas em várias partes da Europa entre 1525 e 1660. A continua
perseguição na Europa foi largamente responsável pelas grandes emigrações à
Rússia e América do Norte por amish, huteritas e mennonitas.
Anabaptistas
hoje
Depois de
serem massacrados na Guerra dos Camponeses, os Anabaptistas sobreviveram na sua
forma pacifista, como a Igreja mennonita. Originalmente concentrados no vale do
rio Reno, desde a Suíça até a Holanda, os anabaptistas conquistaram adeptos de
cultura germânica. Perseguidos pelo Estado e guerras, tiveram imigração em
massa para a Rússia e América do Norte. No final do século XIX e começo do XX
surgiram colónias na América do Sul (Paraguai, Argentina, Brasil, Bolívia),
onde mantêm suas culturas e fé.
Muitos
anabaptistas conservadores vivem em comunidades rurais isoladas e desconfiam do
uso de tecnologia.
Os principais
remanescentes anabaptistas são: os huteritas, mennonitas, amishes, cuja postura
em muito se assemelha ao estilo de vida dos cristãos descrito no Novo
Testamento, especialmente em Actos dos Apóstolos 4:34,35 (pacifismo,
comunalismo na produção e consumo).
Os
Anabaptistas influenciaram ainda outras denominações religiosas, como os
quakers, Baptistas, dunkers e outras denominações protestantes que afirmam a
necessidade de uma adesão voluntária à Igreja. há grupos que reclamam os
princípios anabatistas, mesmo que não tenham sua origem nos grupos históricos.
Um bom exemplo são grupos pentecostais que se autodenominam anabatistas, como
os Pentecostais do Nome de Jesus.
Doutrina
As doutrinas
enfatizadas pelos anabaptistas, a exemplo dos Mennonitas, apontadas pelo
teólogo John Howard Yoder[5] são:
A Bíblia,
principalmente a ética do Novo Testamento, devem ser obedecidas como a vontade
de Deus, embora não sistematizando sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia.
A interpretação da Bíblia é realizada nos cultos e reuniões da igreja.
Credos e
confissões são somente documentos para demonstrar aquilo que se crê em comum,
assim não requerem a adesão formal a eles. Aceitam, portanto, em essência os
credos históricos do Cristianismo, mas não o professam.
A Igreja é
uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A Igreja não é
subordinada a nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou hierarquia
religiosa. Assim evitam participar das actividades governamentais, jurar
lealdade à nação, participar de guerras.A Igreja não é uma instituição
espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real, marcada pela
separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os mandamentos
de Cristo.
A Igreja
celebra o Batismo adulto normalmente por infusão como símbolo de reconhecimento
e obediência a Cristo, e a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo.A
Igreja tem autoridade de disciplinar seus membros e até mesmo sua expulsão, a
fim de manter a pureza do indivíduo e da igreja.
Como pode ser
notado, a teologia anabatista é maciçamente eclesiológica, baseada na vida
comunitária e Igreja.Quanto a salvação, o anabatismo crê no livre-arbítrio, o
ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados e Deus regenera e
ajuda-o a andar em uma vida de regeneração.
O que é único
na Teologia Anabatista, principalmente depois de Menno Simons, é a visão sobre
a natureza de Cristo, possui uma doutrina semi-nestoriana, crendo que Jesus
Cristo foi concebido miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria,
mas não herdou nenhuma parte física dela. Maria, seria portanto um instrumento
usado por Deus, para cumprir o seu plano, mas não Theotokos (Mãe de Deus).
A essência do
cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo.A ética
do amor rege todas as relações humanas.
Pacifismo:
Cristianismo e violência são incompatíveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.