Atanásio de Alexandria
Artigo Mauricio Berwald
Fonte Wikipédia.
Nascimento ca. 296 em
Alexandria, no Egito
Morte 2 de maio de 373 (77
anos) em Alexandria, no Egito
Veneração por Praticamente todas
as confissões cristãs
Principal templo Catedral Ortodoxa
Copta de São Marcos no Cairo, Egito
Igreja de São Zacarias, Veneza, Itália
Festa litúrgica 2 de maio
(cristianismo ocidental)
15 de maio na Igreja Ortodoxa Copta
18 de janeiro (demais igrejas orientais)
Atribuições Bispo discutindo com um
pagão; Bispo segurando um livro aberto; Bispo pisoteando um herético derrotado.
Atanásio de Alexandria (em grego: Ἀθανάσιος Ἀλεξανδρείας; transl.:
Athanásios Alexandrías; em latim: Athanasius), dito o Grande ou o Confessor,
chamado também de o Apostólico na Igreja Ortodoxa Copta, foi o vigésimo
arcebispo de Alexandria (como Atanásio I de Alexandria). Seu episcopado durou
45 anos (ca. 8 de junho de 328-2 de maio de 373), dos quais dezessete ele
passou exilado, em cinco ocasiões diferentes e por ordem de quatro diferentes
imperadores romanos. Atanásio foi um importante teólogo cristão, um dos
"padres da Igreja", o principal defensor do trinitarismo contra o
arianismo e um grande líder da comunidade de Alexandria no século IV.
O conflito contra Ário e seus seguidores, apoiados muitas vezes pela
corte em Roma, moldou a carreira de Atanásio. Em 325, com 27 anos, começou a
luta contra os arianos como assistente de seu arcebispo, Alexandre, no Concílio
de Niceia, convocado pelo imperador Constantino I entre maio e agosto de 325
para tratar da tese ariana de que o Filho de Deus, Jesus de Nazaré, e Deus Pai
seriam de substâncias (ousia) diferentes[2] . Três anos depois de Niceia,
Atanásio sucedeu ao seu mentor como arcebispo.
Além do conflito contra os arianos, que incluía o poderoso e influente
partido liderado por Eusébio de Nicomédia, ele lutou também contra os
imperadores Constantino, Constâncio II, Juliano, o Apóstata e Valente e, por
isso, era conhecido como "Athanasius Contra Mundum" em latim.
Apesar disso, poucos anos depois de sua morte, Gregório de Nazianzo
chamou-o de "Pilar da Igreja". Suas obras foram celebradas por todos
os padres da Igreja que vieram depois dele, tanto no ocidente quanto no
oriente, que ressaltaram sua rica devoção ao Verbo-encarnado, sua grande
preocupação pastoral e seu profundo interesse no nascente monasticismo. Atanásio
aparece entre os quatro grandes doutores da Igreja orientais da Igreja Católica
Romana[3] . Na Ortodoxia, ele é chamado de "Pai da Ortodoxia".
Algumas denominações protestantes chamam-no de "Pai do Cânon".
Primeiros anos
Atanásio nasceu em Alexandria ou, possivelmente, na cidade de Damanhur,
perto do delta do Nilo, no Egito romano em 296[4] . Alguns acadêmicos
ocidentais consideram que seu domínio do grego, língua que Atanásio utilizou na
maioria das obras sobreviventes, evidenciam que ele seria de origem grega.
Porém, na literatura copta, ele é considerado como sendo o primeiro patriarca
de Alexandria a fazer uso do copta juntamente com o grego em suas obras .
A Enciclopédia Católica afirma que Atanásio teria nascido entre ca. 296 e
antes de 298. O argumento para esta última data começa com uma análise do
compilador das famosas "Cartas Pascoais" logo depois de sua morte.
Este autor, anônimo, afirmou que os arianos haviam acusado Santo Atanásio,
entre outras coisas, de não ter ainda atingido a idade canônica (30 anos) e,
por isso, não poderia teria ter sido ordenado patriarca de Alexandria em 328.
Como ele não foi julgado novamente por essas acusações, Atanásio deve ter pelo
menos parecido ter mais de 30 anos em 328 para a acusação ser minimamente
plausível[6] . Além disso, em duas passagens distintas (Hist. Ar., lxiv e De
Syn., xviii), Atanásio afirma não se lembrar de ter sido testemunha ocular do
início da grande perseguição pelos tetrarcas Diocleciano e Maximiano em
fevereiro de 303. Ao fazer referência a estes eventos, ele nunca menciona
lembranças próprias e se volta para as tradições, o que tende a indicar
juventude (menos de 10 anos de idade) em 303[4] .
Educação
Alexandria era o mais importante centro comercial de todo o Império
Romano durante a infância de Atanásio. Intelectualmente, moralmente e
politicamente, a fervilhante cidade egípcia era o retrato da diversidade étnica
do mundo greco-romano, mais do Roma, Constantinopla, Antioquia ou Massilia
(Marselha, na França) . Sua famosa escola catequética, sem sacrificar em nada
sua famosa paixão pela ortodoxia doutrinária que vinha dos tempos de Panteno,
Clemente, Orígenes, Dionísio e Teognosto, já havia começado a adquirir uma
característica quase secular e contava com estudiosos da cultura pagã entre os
seus membros.Rufino relata a ocasião quando o bispo Alexandre convidou seus colegas
para um café da manhã depois de um importante serviço religioso. Enquanto
esperava pelos convidados na janela, ele assistiu alguns jovens brincando na
praia. Ele logo percebeu que eles estavam imitando o elaborado ritual cristão
do batismo. Ele mandou chamar os garotos e descobriu que um deles (Atanásio)
era o "bispo" do grupo. Alexandre determinou que os batismos de
mentira fossem considerados reais e estimulou Atanásio e seus companheiros a se
prepararem para receber funções clericais.
O próprio Alexandre ordenou Atanásio diácono em 319. Em 325, Atanásio
serviu como secretário do bispo no Concílio de Niceia. Já reconhecido como
teólogo e asceta, ele era uma escolha óbvia para suceder seu velho mentor como
patriarca , apesar da oposição dos seguidores de Ário e de Melécio de Licópolis
. Enquanto ainda era diácono à serviço de Alexandre ou nos primeiros anos de
seu patriarcado, é possíve que Atanásio tenha se encontrado com alguns dos
eremitas do deserto egípcio, principalmente com Antônio, o Grande, cuja hagiografia
acredita-se que ele tenha escrito .
Ele havia tido uma boa educação e era versado em gramática e retórica e,
apesar de ainda jovem e de não ter ainda alcançado o episcopado, já dava provas
aos que o conheciam de sua sabedoria e sagacidade" .
A primeira obra de Atanásio, "Contra os Pagãos - Sobre a Encarnação
" (escrita antes de 319), revela traços da influência do origenismo no
pensamento alexandrino (como a citação frequente de Platão e a utilização de um
definição originada no "Organon" de Aristóteles), mas de forma
ortodoxa. Atanásio conhecia também as teorias das diversas escolas filosóficas
e, em particular, os principais avanços do neo-platonismo da época. Apesar
disso, em obras subsequentes, Atanásio cita Homero mais de uma vez[13] . Em sua
carta a Constâncio II, ele apresenta uma defesa de si com traços evidentes da
influência da obra "De Corona", de Demóstenes.
Atanásio conhecia o grego e admitia não saber nada de hebraico . As
passagens do Antigo Testamento que ele cita frequentemente são quase todas da
Septuaginta grega .
Início da controvérsia ariana
Por volta de 319, quando Atanásio era diácono, um presbítero chamado Ário
entrou em conflito direto com o bispo Alexandre de Alexandria. Ao que parece,
Ário teria repreendido o bispo pelo que entender que doutrinas heréticas
estariam sendo ensinadas por ele[16] . A visão teológica de Ário (o pouco que
sobrevive de sua obra são citações feitas por inimigos) parece ter estado
firmemente enraizada no cristianismo alexandrino e seus pontos de vista
certamente não eram radicais : ele defendia uma cristologia subordinacionalista
(que defendia que o Filho de Deus, o Logos, era "criado" e não
"gerado eternamente", "subordinado", portanto, ao
"criador"), fortemente influenciada por pensadores alexandrinos como
Orígenes , uma visão comum na cidade na época . O apoio de bispos poderosos
como Eusébio de Cesareia e Eusébio de Nicomédia] ajudam a entender como a
cristologia de Ário era compartilhada por diversos outros cristãos por todo o
império.
Patriarca
O episcopado de Atanásio começou em 9 de maio de 328 depois que o sínodo
de Alexandria elegeu-o para suceder o idoso Alexandre. Este concílio também
denunciou várias heresias e cismas, problemas que ocupariam Atanásio durante os
45 anos que ocuparia o trono em Alexandria. Ele passou dezessete fora de sua sé
em cinco exílios diferentes ordenados por quatro imperadores romanos, sem
contar aproximadamente seis outros incidentes nos quais Atanásio teve que fugir
da cidade para fugir da população que pretendia matá-lo. Estes eventos deram
origem à expressão "Athanasius contra mundum ("Atanásio contra o
mundo"). Porém, durante seus primeiros anos como bispo, visitou as igrejas
de seu território, que abrangia todo o Egito e a Líbia. Ele também estabeleceu
contato com os eremitas e monges do deserto, incluindo Pacômio, o que lhe seria
muito útil no futuro. Porém, logo em seguida Atanásio se envolveu nas variadas
disputas contra o Império Bizantino e o arianismo que tomariam o resto de sua vida.
Primeiro exílio (11 de julho de 335—22 de novembro de 337)
O primeiro problema de Atanásio foi Melécio de Licópolis e seus
seguidores, que não aceitaram o resultado do Concílio de Niceia, que havia
anatemizado Ário. Um antigo adversário de Atanásio, Melécio já havia tentado
tomar o trono de Alexandria antes e era considerado um lapsi . Acusado de
maltratar os arianos e os melecianos, Atanásio se defendeu das acusações num
sínodo em Tiro, o Primeiro Concílio de Tiro, em 335. Durante os trabalhos, o
líder ariano Eusébio de Nicomédia e seus aliados depuseram Atanásio[10] . Em 6
de novembro, ambos os lados da disputa se encontraram com Constantino I em
Constantinopla . Na reunião, Atanásio foi acusado de tentar interferir com o
suprimento de cereais do Egito e, sem nenhum julgamento formal, Constantino
exilou-o em Augusta Treveroro (Trier, na Alemanha), na Gália Bélgica .
Segundo exílio (16 de abril de 339—21 de outubro de 346)
Quando Constantino morreu, Atanásio recebeu permissão para retomar sua sé
em Alexandria. Logo depois, em 338, o filho de Constantino, o novo imperador
Constâncio II, renovou o banimento de Atanásio. Ele seguiu para Roma e passou a
ser protegido por Constante, o imperador romano do ocidente. Nesta época,
Gregório da Capadócia foi instalado no trono de Alexandria, usurpando o direito
de Atanásio que, contudo, manteve-se em contato com seu povo através das suas
"Cartas Pascoais" anuais, nas quais ele também anunciava a data da
Páscoa anualmente .
Além disso, em 340, cem bispos se reuniram em Alexandria e se declararam
a favor de Atanásio, vigorosamente rejeitando as críticas feitas pelo partido
de Eusébio em Tiro. O papa Júlio I escreveu para os aliados de Ário exigindo
fortemente que eles reinstalassem Atanásio, mas sem sucesso. O papa Júlio II
convocou um sínodo em Roma em 341 para tratar do impasse e o resultado foi que
Atanásio foi inocentado de todas as acusações .
“No início de 343, encontramo-lo em corajoso exílio na Gália, para onde
ele havia ido para se consultar com o santo Ósio, o grande campeão da ortodoxia
no ocidente. Os dois seguiram juntos para o Concílio de Sárdica que havia sido
convocado em deferência aos desejos do sumo pontífice. Nesta grande reunião de
prelados, o caso de Atanásio foi retomado novamente; e novamente sua inocência
foi reafirmada. Duas cartas conciliares foram preparadas, uma para o claro e os
fieis de Alexandria e a outra para os bispos do Egito e da Líbia, onde o desejo
do concílio se fez conhecer. Enquanto isso, o partido de Eusébio havia seguido
para Filipópolis e, lá reunidos, emitiram um anátema contra Atanásio e seus
aliados.
A perseguição contra o partido
ortodoxo reiniciou com renovado vigor e Constâncio II foi induzido a preparar
medidas drásticas contra Atanásio e os padres que ainda lhe eram fieis. Ordens
foram recebidas indicando que se o Santo [Atanásio] tentasse retomar sua sé
episcopal, deveria ser executado. Atanásio, por conta disto, fugiu de Sérdica
para Naísso na Mísia, onde celebrou a Páscoa de 344. ”
Em 346, quando o detestado usurpador, Gregório, morreu, Constante usou
sua influência para permitir que Atanásio retornasse para Alexandria. A maior
parte dos egípcios já havia então passado a considerar o bispo como uma espécie
de herói nacional e sua recepção foi calorosa. Este foi o início de uma década
de paz e prosperidade na região, durante a qual Atanásio reuniu diversos
documentos sobre seus exílios e retornos numa obra chamada "Apologia
Contra os Arianos". Porém, com a morte de Constante em 350, outra guerra
civil se iniciou e o pró-ariano Constâncio II acabou tornando-se o único
imperador. Um concílio local em Alexandria em 350 reafirmou (ou recolocou)
Atanásio em sua sé .
Terceiro exílio (9 de fevereiro de 356—21 de fevereiro de 362)
Mapa do Império Romano em 337 d.C. Em verde-escuro, o território do
aliado de Atanásio, o imperador Constante. Contudo, a sé de Alexandria ficava
no Egito, no território do ariano Constâncio II (verde água), o que resultou em
diversos exílios do patriarca de Alexandria.
Constâncio II, retomando suas políticas anteriores em prol dos arianos,
baniu Atanásio de Alexandria mais uma vez. Ao exílio se seguiu, em 356, uma
tentativa de prendê-lo durante uma vigília. O bispo deposto fugiu para o Alto
Egito e se escondeu em diversos mosteiros e eremitérios entre monges e eremitas
com quem havia mantido contato. Foi neste período que Atanásio completou sua
obra "Quatro Orações contra os Arianos" se defendeu na "Apologia
a Constâncio" e "Apologia por sua Fuga". A persistência do
imperador em sua luta contra Atanásio combinada a relatos de perseguições
contra os cristãos não-arianos pelo novo bispo de Alexandria, o ariano Jorge de
Laodiceia, estimularam Atanásio a escrever a emotiva "História dos
Arianos", na qual ele descreve Constâncio como o precursor do Anticristo .
Em 361, depois da morte do imperador, seguida logo depois pelo
assassinato do tremendamente impopular Jorge, Atanásio retomou sua sé. No ano
seguinte, ele convocou um novo concílio em Alexandria e o presidiu juntamente
com Eusébio de Vercelli. Atanásio pediu união a todos os cristãos, mesmo que
diferissem em questões de terminologia, preparando o caminho para sua definição
do que seria a doutrina ortodoxa da Trindade. Porém, o concílio também tratou
dos que negavam a divindade do Espírito Santo, a alma humana de Cristo e a
divindade de Cristo. Acordaram-se medidas leves contra os bispos que se
arrependeram, mas penas severas foram decretadas contra os principais líderes
dos grandes movimentos heréticos] .
Quarto exílio (24 de outubro de 362—5 de setembro de 363)
No mesmo ano, o novo imperador Juliano, conhecido por sua rejeição ao
cristianismo, ordenou que Atanásio deixasse Alexandria novamente. Ele seguiu
para o Alto Egito e lá ficou até a morte do imperador em 363.
Quinto exílio (5 de outubro de 365—31 de janeiro de 366).
Dois anos depois, o imperador Valente, que também era favorável aos
arianos, exilou novamente Atanásio. Desta vez, porém, Atanásio se escondeu nos
subúrbios de Alexandria, onde permaneceu por uns poucos meses até que as
autoridades locais convenceram Valente a mudar de ideia[11] . Alguns relatos
indicam que ele teria passado todo este período no túmulo ancestral de sua
família .
Anos finais
Depois de retornar para o trono no início de 366, Atanásio passou seus
últimos anos arrumando os danos provocados pelos sucessivos períodos de
violência, dissenção e exílios na sé de Alexandria. Ele voltou a escrever e a
pregar livremente e, caracteristicamente, re-enfatizou a visão sobre a
Encarnação que havia sido definida em Niceia. Em 2 de maio de 373, tendo
consagrado o papa Pedro II de Alexandria, um de seus presbíteros, como
sucessor, Atanásio morreu dormindo, rodeado de fieis e aliados .
Obras teológicas e polêmicas
Atanásio não era um teólogo especulativo. Como ele mesmo afirmou na sua
"Primeiras Cartas a Serapião", se agarrava "à tradição,
ensinamentos e fé proclamadas pelos apóstolos e guardadas pelos padres" .
Ele defendia não apenas que o Filho de Deus era consubstancial com o Pai, mas
que também o era o Espírito Santo, uma ideia que teve grande influência no
desenvolvimento de doutrinas posteriores sobre a Trindade .
Sua "Carta sobre os Decretos do Concílio de Niceia" (De
Decretis) é um importante relato histórico e teológico sobre os procedimentos
do concílio. Outra, de 367, é a mais antiga conhecida listando os livros do
Novo Testamento que inclui todos os livros aceitos universalmente como parte do
Novo Testamento[10] (há listas mais antigas que variam pela omissão ou adição
de um ou outro livro; veja Desenvolvimento do cânon do Novo Testamento).
Atanásio também escreveu uma obra em dois volumes. "Contra os
Pagãos" e "Sobre a Encarnação do Verbo de Deus". Provavelmente
escritas no início de sua vida, antes da controvérsia ariana[25] , elas são as
primeiras obras clássicas de uma teologia ortodoxa mais desenvolvida. Na
primeira parte, Atanásio ataca diversas práticas e crenças pagãs. Na segunda,
ele apresenta sua tese sobre a redenção .
Entre as demais estão suas "Cartas a Serapião", que tratam da
divindade do Espírito Santo numa polêmica contra os macedonianos, e uma carta a
Epiteto de Corinto, na qual Atanásio antecipa a controvérsia futura sobre a
humanidade de Cristo. Outra carta, esta para um tal Dracôncio, clama ao monge
que deixe o deserto para assumir encargos mais ativos como bispo[11] .
Literatura copta
Na literatura copta, Santo Atanásio é o primeiro patriarca de Alexandria
a fazer uso, além do grego, da língua copta em suas obras.Obras incorretamente
atribuídas a AtanásioHá várias outras obras atribuídas a ele, mas nenhuma outra
conte com a aceitação geral dos estudiosos. Entre elas está o Credo de Atanásio
que se acredita hoje em dia ter se originado no século V.
Cânon do Novo Testamento
Atanásio foi também a primeira pessoa a identificar os mesmos 27 livros
do Novo Testamento utilizados hoje em dia como canônicos. Até então, listas
similares de obras a serem lidas nas igrejas eram utilizadas. Um marco na
evolução do cânon do Novo Testamento é a sua carta pascoal escrita em 367,
conhecida geralmente como "39ª Carta Pascal". O papa Dâmaso I, bispo
de Roma em 382, promulgou uma lista de livros que continha os mesmos livros
propostos por Atanásio . Um sínodo em Hipona, em 393, repetiu a lista de
Atanásio e Dâmaso (sem a Epístola aos Hebreus) e um concílio em Cartago em 397
repetiram-na novamente.
Porém, estudiosos debatem se a lista de Atanásio em 367 era ou não a base
das listas posteriores. Como o cânon de Atanásio é, dentre os padres da Igreja,
o que mais se parece com o cânon utilizado pelas igrejas protestantes modernas,
muitos teólogos protestantes apontam Atanásio como o "Pai do cânon".
Eles são idênticos, exceto que Atanásio inclui o Livro de Baruque e a Epístola
de Jeremias, além de incluir o Livro de Ester entre os "sete livros que
não fazem parte do cânon, mas que devem ser lidos", juntamente com a
Sabedoria de Salomão, Sirácida, Judite, Tobias, a Didaquê e o Pastor de
Hermas .
Personalidade]
Muitas denominações cristãs reverenciam Atanásio como santo, professor e
"pai". Elas citam sua defesa à cristologia descrita no primeiro
capítulo do Evangelho de João (João 1:1-4) e a importância de suas obras
teológicas[33] como evidências de sua virtude. Elas também enfatizam a já
citada relação próxima com Santo Antão, que é universalmente reverenciado.
São Cirilo de Alexandria (370—444), em sua primeira epístola, diz:
"Atanásio é um dos confiáveis: ele não diria nada que não estivesse de
acordo com as sagradas escrituras" (Ep 1).
Críticos
Por toda vida, Atanásio teve muitos detratores. O estudioso clássico
Timothy Barnes relata as acusações da época contra Atanásio: desde poluir um
altar a vender os cereais que a Igreja havia destinado à alimentação dos pobres
para obter ganhos pessoais, passando por atos violentos e até mesmo
assassinatos para calar oponentes, nada faltou no rol das acusações[34] .
Atanásio utilizava o termo "ariano" para descrever os seguidores de
Ário, mas também como um termo político depreciativo contra seguidores de
ideias que ele considerava tão ruins quanto as dele .
Estudiosos atualmente acreditam que o "partido ariano" não era
monolítico , mas que defendia diversas visões teológicas drasticamente
diferentes que abrangiam todo o espectro teológico cristão . Ele apoiava os
princípios do pensamento e da teologia origenista] e pouco mais em comum. Além
disso, muitos dos chamados "arianos" não se consideravam seguidores
de Ário .
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