A
conversão de Paulo
Artigo Mauricio Berwald
As autoridades religiosas de Jerusalém outorgaram a Saulo cartas
que lhe garantiam o direito de prender os cristãos. Todavia, no caminho de
Damasco, Saulo teve um encontro memorável com Jesus. Este encontro mudou
radicalmente sua vida. Diante do Rei dos reis, Saulo, o perseguidor
de cristão, se prostra. Um dia, todos terão que se curvar diante de Jesus. As
convicções religiosas de Saulo também são lançadas ao chão naquele momento.
Embora cego, Saulo sai daquele encontro transformado e “enxergando” a
realidade! Esse novo homem ficou três dias sem comer ou beber nada, certamente
pensando em tudo que lhe aconteceu. Mais tarde Paulo aprendeu o que é padecer
pelo Senhor. Por intermédio desse “vaso escolhido” a igreja tornou-se
basicamente gentia.
RESUMO DA VIDA DE PAULO
• Nascido em Tarso,
Capital da Cilícia (22.3);
• Fariseu (23.6);
• Cidadão romano
(22.25-28);
• Fazedor de tendas
(18.3);
• Aluno de Gamaliel
(22.3);
• Guardava a Lei (26.5);
• Um encontro com Jesus
mudou sua vida (9);
• Foi batizado (9.18);
• Suas últimas palavras (2
Tm 4.6-8).
Paulo é considerado, depois de Jesus, o personagem mais
importante da historia da Igreja Cristã (At 24.5). Ele escreveu quase a metade
dos livros do Novo Testamento e foi responsável direto pela evangelização dos
gentios. Dezessete dos vinte e oito capítulos de Atos dos Apóstolos são
dedicados à conversão e ao ministério do apóstolo dos gentios (At 9;
13-28).Sabemos mais a respeito de Pauto do que dos demais apóstolos.
Aprendamos, pois, com a vida e a obra de Paulo!
SAULO DE TARSO
Na comunidade judaica, Paulo era conhecido por um nome bem
hebreu: Saulo (At 9.1,4,11). Ele provinha de uma família benjamita que, apesar
de viver na Diáspora, era mui fiel à tradição (Fp 3.5). Tendo em vista
sua formação cultural e religiosa; mostrou-se mais do que
hábil para atuar como o apóstolo dos gentios.
A formação cultural de Paulo. Instruído
aos pés de Gamaliel (At 22.3), Saulo pertencia ao partido religioso mais
conceituado do Judaísmo — os fariseus (At 26.5; Fp 3.5). Ele conhecia profunda
e intimamente o Antigo Testamento (Rm 1.17; 3.4,5,10-18; 9.6-33), as tradições
de seu povo (At 26.24: 28.17,18; Gl 1.13-14) e a língua hebraica (At 22.1,2).
Era tão bem versado no meio religioso de Israel que, dos principais sacerdotes,
recebera autorização para perseguir os discípulos de Cristo (At 26.10).
As evidências indicam que Paulo cursou a universidade de Tarso.
Haja vista o seu domínio do idioma grego e dos autores clássicos, dos quais
cita pelo menos dois: Aratos e Epimênides (At 17.28; Tt 1.12). Cidadão romano,
falava também mui provavelmente o latim.
Paulo, cidadão romano. Natural
de Tarso, na Cilícia (At 9.11; 21.39; Gl 1.21), Paulo tornara-se, por
nascimento, cidadão de Roma, pois a cidade era província romana (At 22.25-29).
Naquele tempo, a nacionalidade romana era adquirida de três maneiras: por
direito de nascença, por concessão imperial e por aquisição pecuniária (At
22.28; 23.27; 24.7,22).
Embora conhecesse muito bem os seus direitos como romano (At
22.25-29; 25.10-12,21,27), era-lhe a cidadania celeste (Ef 2.19; Fp 3.20) mais
importante do que os privilégios concedidos pelos homens. Esta é a razão pela
qual renunciou a todas as regalias terrenas para assumir a cruz de Cristo (Fp
3.7-9). Como tem agido você como cidadão do céu?
A CONVERSÃO DE PAULO
A conversão de Paulo está narrada em três capítulos de Atos dos
Apóstolos (9.3-18; 22.6-21 e 26.12-18). Vejamos os relatos segundo o
desenvolvimento cronológico dos fatos.
O Encontro com Jesus. Saulo
solicita autorização aos principais sacerdotes, afim de perseguir os discípulos
de Cristo que se achavam em Damasco (At 9.1-2; 22.5; 26.10-11). Já próximo da
cidade, ele e seus companheiros são envolvidos subitamente por uma luz do céu,
muito mais forte que o sol (At 9.3; 22.6; 26.13). E todos caem por terra (At
9.4; 22.7; 26.14). Em língua hebraica, Jesus deu-se-Ihe a conhecer (At
26.14,15).
Os que o acompanhavam não viram a ninguém. Aturdidos, ouviram,
sim, a voz, mas não entenderam a mensagem (At 9.7; 22.9; cf. Jo 12.28-30).
Paulo, então, é confrontado por Jesus Cristo (At 9.5; 22.7; 26.14,15) e por
este é comissionado a levar o evangelho tanto aos filhos de Israel como aos
gentios (At 26.16-18). Em seguida, o Senhor orienta-o a seguir viagem até
Damasco, onde receberia novas instruções (At 9.6; 22.10).
Erguendo-se, Saulo nada enxerga. Conduzido por seus auxiliares
até Damasco, na cidade permanece durante três dias sem nada ver, sem nada comer
e sem nada beber (At 9.8,9; 22.11).
Ananias visita a Paulo. Enquanto isso, o
Senhor em visão aparece a Ananias, homem piedoso e justo que morava em Damasco,
e ordena-lhe que vá à casa de Judas, que ficava na rua Direita, e pergunte “por
um homem de Tarso chamado Saulo”. Naquele instante, este orava e via numa visão
a Ananias que, entrando em seus aposentos, impunha-lhe as mãos para que
voltasse a enxergar (At 9.10-12; 22.12).
Ananias, então, retruca. Sabe ele qual o propósito de Paulo na
cidade (At 9.13-14). O Senhor, porém, afiança-lhe que o perseguidor será
doravante um vaso escolhido para tornar o evangelho conhecido em todo o mundo
(At 9.15-16; 26.16-18). Imediatamente Ananias vai ao encontro de Saulo e,
impondo-lhe as mãos, confirma a comissão que ele recebera do Senhor,
recobra-lhe a visão e batiza-o (At 9.17-18; 22.13-16).
Saulo, de perseguidor a perseguido. Já
refeito, Saulo busca congregar-se com os irmãos em Damasco (At 9.19). Apesar
dos temores iniciais, os discípulos acabam por estender-lhe a destra de
comunhão. Em ato contínuo, põe-se ele a testemunhar de Cristo a todos nas
sinagogas da cidade (At 9.20). Os judeus perturbam-se com a sua conversão (At
9.21-22). E intentam tirar-lhe a vida (At 9.23). Tal plano chega ao
conhecimento de Saulo (At 9.23-24). Para o livrarem da cilada, os irmãos
descem-no de noite num cesto pelo muro (At 9.25). E ele segue em direção a
Jerusalém (At 9.26; 22.17).
PROPÓSITOS DA VOCAÇÃO DE PAULO
Os objetivos de Cristo ao confrontar Saulo na estrada de Damasco
são desenvolvidos nas três narrativas de sua conversão de Atos dos Apóstolos
(9.3-18; 22.6-21; 26.12-18).
Conhecer a vontade de Deus. Saulo
teria de conhecer realmente a vontade de Deus concernente a Israel, a Igreja e
ao mundo (At 22.14,15). Mais tarde, em sua Epístola aos Efésios, revela a sua
compreensão concernente à Igreja de Deus, formada não por uma nação, mas constituída
igualmente por judeus e gentios. Tudo isso revelou-lhe o próprio Senhor. Tem
você procurado saber a vontade divina para a sua vida?
Tornar-se ministro e testemunha de Jesus. Consciente
de sua vocação, põe-se Paulo a testemunhar de Cristo não somente diante dos
gentios, mas também perante Israel. Faz ele apologia do evangelho ante os reis
e filósofos. É um verdadeiro campeão de Deus (At 9.15; 22.15,21; 26.16-18).
Como está o seu testemunho cristão? Acha-se preparado para defender a sua fé?
Sofrer a favor de Cristo e do evangelho. Em
virtude de sua audácia, muito sofre por amor a Cristo (Gl 6.17). O que dantes
perseguira a Igreja de Cristo, vê-se de repente perseguido por causa deste
mesmo nome. No capítulo 11 de sua Segunda Epístola aos Coríntios, discorre ele
acerca das muitas perseguições por ele sofridas, quer por parte de seus
patrícios, quer por parte dos gentios. Mesmo perseguido, o evangelho foi
poderosamente anunciado através de suas
A conversão e vocação de Paulo ensinam-nos que Deus chama e
capacita a quem ele quer para ministérios específicos. Ele transforma o mais
terrível dos homens num “vaso escolhido”, a fim de que proclame o seu Evangelho
até aos confins da terra.Você foi chamado para anunciar a mensagem da cruz?
Obedeça, já. É o tempo de segar.
A conversão de Saulo.“Saulo (posteriormente
chamado de Paulo, o equivalente grego do nome ‘Saulo’), que é mencionado pela
primeira vez como tendo participado do apedrejamento de Estêvão era tão zeloso
das suas crenças religiosas que iniciou uma campanha de perseguição contra
todos os que acreditavam em Cristo, todos que eram do ‘Caminho’ (versão RA)
(veja o testemunho de Paulo em Filipenses 3.6).
A expressão ‘o Caminho’ se
referia ao ‘caminho do Senhor’ ou ‘o caminho da salvação’. Por que os judeus em
Jerusalém queriam perseguir os cristãos a uma distância tão grande como
Damasco? Há várias possibilidades: (1) para prender os cristãos que tinham
fugido; (2) para evitar a chegada do cristianismo a outras cidades importantes;
e (3) para impedir que os cristãos causassem qualquer problema com Roma. [...]
Damasco [era] uma cidade comercial importante, estava situada cerca de 280
quilômetros a nordeste de Jerusalém, na província romana da Síria. [...] Saulo
pode ter pensado que ao eliminar o cristianismo em Damasco, ele poderia impedir
a sua disseminação a outras regiões. Já próximo do seu destino, quase ao
meio-dia, quando o sol estava a pino [...], Saulo repentinamente se encontrou
cercado por um resplendor de luz. Embora o texto não afirme abertamente que
Saulo viu a Cristo, este fato fica implícito, uma vez que ver o Senhor
ressuscitado era um requisito para o apostolado do Novo Testamento (1 Co 9.1;
15.8)”. (notasComentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol.1. 1.ed. RJ: CPAD,
2009, pp.662-63).
O Evangelho propaga-se entre os
gentios
Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Criador de tudo
quanto existe, a todos preserva pela sua bondade e justiça (At 17.25-28). Ele
ama a todos indistintamente e deseja a salvação de toda a humanidade (Jo 3.16)
através de Jesus Cristo (Mt 1.21; At 4.12). Esta é a mensagem que os apóstolos
de Nosso Senhor proclamaram aos gentios. No Filho, todos somos amados pelo Pai,
sem quaisquer distinções. Está você também disposto a anunciar o evangelho até
aos confins da terra? Há muita terra ainda a ser conquistada.
OS GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO
Toda a humanidade descende de um único casal a quem Deus formara
segundo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27; 5.2). Embora criado santo, justo e
bom para a glória do Senhor (Gn 5.1; Sl 115.1), o homem desobedeceu-lhe as
ordens e veio a conhecer experimentalmente o pecado. Com a sua apostasia, fez
com que a maldade tomasse conta do mundo (Gn 4.8,23). A Deus, então, não restou
outra alternativa senão destruir a primeira civilização através de um dilúvio
universal (Gn 6-9).
Um novo começo com Noé. Apenas
Noé e a sua família salvaram-se daquele cataclismo. Por intermédio dos filhos
do piedoso e santo patriarca: Jafé (Gn 10.2-5), Cam (Gn 10.6-20) e Sem (Gn
10.21-31), vieram a formarem-se as nações com as suas respectivas geografias
(Gn 10 - 11). Infelizmente, a humanidade porfiou em desobedecer a Deus (Gn
11.1-9). Em meio a essa desolação espiritual e moral, Deus santifica um
descendente de Sem, Abraão, para que dele uma nova nação fosse formada (Gn
12.1-3). Em Abraão, fomos todos abençoados.
A exclusividade dos descendentes de Abraão (Gn 15.5,6). Ao
chamar Abraão, o Senhor dá início à história de Israel (Gn 12.1-3). Seu
propósito à nação judaica (Gn 18.18; 22.18) era torná-la uma propriedade
peculiar, um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.5,6). Ele a constituiu
para que esta lhe fosse uma possessão distinta e particular (Is 44.1-2), a fim
de que, por seu intermédio, alcançasse os gentios.
A partir de então, todas as demais etnias passaram a ser
conhecidas como gôyim —
gentios (Gn 15.18-21). Isso não significa, porém, que Deus não ame as demais
nações. Ele as ama, sim! E de tal maneira amou-as, que deu o seu Único Filho,
para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Além do
mais, em Abraão foram benditas todas as nações da terra (Gn 12.3).
OS GENTIOS EM O NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento faz questão de realçar o amor de Deus não
somente por Israel, mas por todos os povos. João 3.16 deixa isso bem claro. Não
resta dúvida: a salvação vem dos judeus, mas não se restringe aos judeus, mas
através dos judeus deve alcançar a todos os não-judeus.
Nos Evangelhos. Nos evangelhos há várias
referências aos gentios (Mt 6.7,32: Mc 10.33; Lc 12.30; 18.32). Descritos às
vezes com certa reserva (Mt 20.19; Mc 10.33), são eles vistos como a grande seara
a ser alcançada pelos apóstolos que, no cumprimento da Grande Comissão,
deixariam Jerusalém e a Judeia para evangelizar e ensinar todas as nações (Mt
28.18-20). Aliás, Isaías já destacava a missão do Cristo entre os gentios (Is
42.1-4). Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus agraciou
alguns destes como a mulher cananeia (Mt 15.21-28) e o centurião (Lc 7.1-10).
Nos Atos dos Apóstolos. Embora Atos 1.8
estabeleça a obrigatoriedade da missão entre os gentios, somente no capítulo 9
e versículo 15, após a conversão de Paulo, é que se declara aberta e
enfaticamente a evangelização das nações (ver At 13.44-47). A resistência
inicial dos apóstolos em discipulá-Ios (At 10.9-16) é vencida quando Cornélio,
sua família e demais assistentes, recebem o batismo com o Espírito Santo (At
10.44-48). O fato trouxe perplexidade no colégio apostólico (At 11.1-3,18), mas
após a apologia de Pedro (At 11.4-17 ver 15.7-11), a Igreja glorificou a Deus
pelo fato de os gentios serem também objeto do amor de Deus (At 10.45).
Missão e Salvação entre os Gentios. Se
Pedro, com o evangelho da circuncisão, é proeminente nos capítulos de 1 a 12 de
Atos, nos capítulos de 13 a 28, destaca-se Paulo com o evangelho da
incircuncisão (Gl 1.7). O primeiro diz respeito aos judeus, o segundo aos
gentios (At 13.44-47). Trata-se, porém, de um só evangelho — o evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo.Paulo estava consciente de que fora chamado por Deus para
anunciar o evangelho aos gentios (At 9.15), sem os entraves da lei (At
15.19,28,29; Rm 4.9-16). Em suas viagens missionárias, não foram poucos os
gentios que se converteram ao Senhor (At 11.1,18) e de bom grado ouviram a
exposição da graça divina (At 13.42).
Você se preocupa com a evangelização transcultural? Se você não
foi chamado ao campo, coopere financeiramente com a Obra Missionária e ore
pelos que se acham além-fronteira falando do amor de Deus. A responsabilidade
pelo “Ide” também é sua.
JUDEUS E GENTIOS UNIDOS POR DEUS MEDIANTE A CRUZ
A Igreja de Deus. Ao defender a
difusão do Evangelho entre as nações, afirmou Pedro: “[...] Deus visitou os
gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” (At 15.14). Esse povo é a
Igreja formada por judeus e gentios em Cristo (Rm 9.24-33). De ambos, fez Ele
um só povo, derribando a parede de separação que estava no meio, e, pela cruz,
reconciliou ambos com Deus em um corpo (Ef 2.14-16).
Dessa maneira, o Espírito Santo revela a Paulo (Ef 3.4,5) que os
gentios não são mais estrangeiros (gôyim)
e nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, da família de Deus (Ef 2.11-22;
1 Pe 2.5), co-herdeiros e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho
(Ef 3.6).
Expansão da Igreja entre os gentios. Através
de suas viagens missionárias, Paulo propagou o evangelho entre os povos e
culturas conhecidos naqueles dias (Rm 15.19,20). Em várias regiões, estabeleceu
ele igrejas constituídas notadamente por gentios (Rm 16.4).
A evangelização dos povos é o maior desafio da igreja moderna. A
responsabilidade é nossa. O Senhor confiou-nos a Grande Comissão para que, sem
remissões, alcancemos os confins da terra. Ele deseja que todos os gentios
sejam salvos. Você sabia que muitos povos ainda não ouviram falar de Jesus?
Como responderá você a esse grande desafio? Se o Senhor o chama à Obra
Missionária, responda prontamente: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim”.
“Israel e a Igreja.Nos capítulos iniciais
de Atos dos Apóstolos, a recepção judaica à mensagem do evangelho foi poderosa
e inquietou os líderes judaicos. Mas, depois, iniciou-se a reação e a
perseguição judaicas para que a Igreja se dispersasse. Em alguns locais, a
mensagem foi tirada da sinagoga e oferecida diretamente aos gentios que
responderam de forma favorável (At 13.46; 18.6; 28.28). Esse padrão híbrido de
recepção judaica, perseguição e busca dos gentios foi comum, em especial, no
ministério de Paulo.
Os apóstolos iniciaram na sinagoga, pois criam que a
mensagem de Cristo era também para os de Israel. As igrejas locais
desenvolveram-se por necessidade de sobreviver em face da rejeição. Essas
realidades fizeram com que Lucas, em Atos dos Apóstolos, falasse de forma
reiterada sobre os mensageiros da Igreja ‘se voltarem para os gentios’ e
‘advertirem Israel’. Esses temas, com frequência, aparecem lado a lado e
dominam o último terço do livro de Atos dos Apóstolos. Eles mostram que a
Igreja não era Israel e que essa distinção tornou-se uma realidade do ponto de
vista histórico”. (notasZUCK, R. B., et
al. Teologia
do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2008, pp.
160-61).
“A inclusão dos Gentios na Única e Nova Humanidade em
Cristo (Ef 2.13-18).
Paulo continua a descrever como a obra da
redenção torna as pessoas um só povo em Cristo. O verso 13 começa com duas
frases importantes: ‘Mas, agora’ que aparece em contraste com ‘antes’ (v.11) e
‘naquele tempo’ (v.12); e ‘em Cristo Jesus’, que aparece em contraste com ‘sem
Cristo’ (v.12). Essas duas expressões enfatizam como a situação dos gentios
seria drasticamente modificada, de estarem ‘longe’ para chegarem ‘perto’. Essa
nova aproximação de Deus é tanto ‘em Cristo Jesus’ como ‘pelo sangue de
Cristo’. Essa última se refere ao evento histórico da morte de Jesus na cruz; e
a primeira está relacionada à conversão dos infiéis e sua presente união com
Cristo. Os cinco versos seguintes explicam o que foi alcançado pela morte redentora
de Cristo na cruz.
Os versos 14-18 revelam o âmago da mensagem de reconciliação de
Paulo, e como Deus deu início ao ser eterno plano de reconciliação cósmica
(embora não universal) (1.10). A palavra principal nessa passagem é paz, e ela aparece quatro
vezes (vv.14,15, e duas vezes no verso 17).
O verso 14 começa com uma declaração enfática: ‘Porque ele
[Cristo] é a nossa paz’. Cristo, e somente Cristo, nos deu a solução para esse
problema que infesta a raça humana, isto é, a separação de Deus e de outras
pessoas. Ele é a Reconciliação do povo com Deus e a Reconciliação das pessoas,
umas com as outras. Assim, o evangelho torna-se uma mensagem de reconciliação
(2 Co 5.17-21). Por causa de seu sangue redentor (2.14), nesse ponto de Efésios
Paulo anuncia, em dois sentidos, o próprio Cristo Jesus como sendo a ‘nossa
paz’:
Como pecadores, Ele nos reconcilia com Deus pela cruz
(v.16) e Reconcilia grupos mutuamente hostis entre si (tais como
judeus e gentios) e ‘de ambos os povos faz um’ (v.14b; também vv.15-18).
A reconciliação é o tema central desta passagem. Nada, a não ser
o evangelho, poderá nos oferecer, genuinamente, a paz com Deus (Rm 5.1), ‘e
nada, a não ser o evangelho, poderá remover as barreiras que dividem a
humanidade em grupos hostis em sua própria época’ (Bruce, 1961, 54). A paz
entre judeus e gentios exigia a destruição da ‘parede de separação que estava
no meio’ (v.14c). Nenhuma distinção de cor, conflito étnico, separação por
classes ou divisão política era mais absoluta que a barreira entre judeus e
gentios no primeiro século d.C. Bruce acrescenta: ‘O maior triunfo do evangelho
na era apostólica foi que ele venceu essa antiga e longa desavença e permitiu
que judeus e gentios se tornassem verdadeiramente um único povo em Cristo’”. (notas Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. 2.ed. RJ: CPAD, 2004, pp.1219-20).
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