Escola Dominical - Lição 8
Lições de uma vida
pródiga
LIÇÃO 8 – 22 de novembro de 2015 – BETEL
TEXTO AUREO
“Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a
glória do SENHOR vai nascendo sobre ti.” Is 60.1
Comentarista: Pastor José Fernandes Correia Noleto
VERDADE APLICADA
Não é difícil perceber a fraqueza daqueles que nos
rodeiam; difícil é não ter a capacidade de enxergar a fraqueza que existe em
nós mesmos.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
• Explicar as atitudes do irmão mais velho, sua
incompreensão da graça e sua recusa a seu irmão;
• Mostrar a posição inflexível e impiedosa tomada
pelo irmão mais velho no momento em que se deparou com a música e as danças;
• Esclarecer que enquanto um irmão reconhecia seus
erros e voltava para pedir perdão, o outro buscava prestígio pelos serviços
prestados.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Lc 15.26 - E, chamando um dos servos, perguntou-lhe
que era aquilo.
Lc 15.27 - E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu
pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Lc 15.28 - Mas ele se indignou, e não queria entrar.
Lc 15.29 - E saindo o pai, instava com ele. Mas,
respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca
transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com
os meus amigos;
Lc 15.30 - Vindo, porém, este teu filho, que
desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Introdução
A figura do irmão mais velho e bastante incomodado
com a festa é uma representação dos fariseus. Eles acreditavam que eram
perfeitos e preferiam antes a destruição de um pecador do que a sua salvação.
1 Conhecendo o pano de fundo
A parábola do filho pródigo nos fala mais do amor de
um pai que do pecado de um filho. Ela tem por base o perdão de Deus, que é
estendido a todo aquele que se arrepende de coração. Nesta lição, nos deteremos
apenas nas ações do irmão mais velho, que ficou indignado ao saber que seu pai
havia matado o bezerro cevado e preparado uma festa para seu irmão pródigo (Lc 15.13).
1.1. Apenas um jornaleiro
Segundo o doutor e teólogo Kenneth E. Bailey, na
Palestina, pedir herança ao pai vivo era afrontá-lo. Significava o mesmo que
desejar sua morte. Outra grave afronta é que, pedindo parte da herança, o pai
deveria vender uma parte da fazenda, porque, segundo os costumes da época, os
funcionários ali residiam. Fica evidente que o pródigo recebera tudo o que lhe
cabia, não tendo mais direito a nada em termos de herança. É por esse motivo
que, ao “cair em si”, ele pensa em voltar como um dos jornaleiros de seu pai. O
escravo comum era em certo sentido um membro da família, mas o jornaleiro podia
ser despedido no dia. Não era absolutamente alguém da família (Lc 15.19).
Comente com os alunos que o pai do filho pródigo não
lhe deu oportunidade de formular seu pedido, antes disso, ele o interrompeu.
Ressalte pare eles que a túnica simboliza a honra; o anel a autoridade, porque
se um homem dava a outro o anel com seu selo era como se o designasse seu
procurador; os sapatos diferenciam o filho do escravo, uma vez que os filhos da
família andavam calçados e os escravos não. Sendo assim, realizou-se uma festa
para que todos se alegrassem com a chegada do filho que se havia perdido.
1.2. Uma atitude surpreendente
Em momento algum são citados os danos, os prejuízos
ou o desequilíbrio moral do filho mais novo (Lc. 15.20-24). O pai não lança em
seu rosto os seus desvarios e, mesmo tendo ele falhado e causado tantos danos à
família, o pai o aguardava, acreditava em sua restauração, o que demonstra um
amor ilimitado por um filho que, na interpretação de muitos, de nada era
merecedor. Assim como o pai agiu com esse filho, Deus também age conosco. E a
misericórdia, a graça, o dom imerecido de Deus que recai sobre todos os seres
viventes. Assim como Deus age, temos também que agir. Não precisamos buscar
respostas, precisamos apenas obedecer. Essa é a vontade de Deus (Ef 2.8, 9).
Esclareça para os alunos que Deus na figura do pai
tem paciência com Seus filhos pecadores. Informe para eles que o pai descrito
na parábola é muito paciente com o absurdo que o filho mais novo fez. Ele não
estava preocupado com os bens materiais que se perderam, mas com o crescimento
do filho. Esse pai i soube esperar o filho crescer e se arrepender de seus
pecados. Ressalte para os alunos que a paciência de Deus visa dar tempo para
cairmos em si e nos arrependermos dos nossos erros. Deus sempre nos recebe de
braços abertos quando sermos humildes e nos arrependemos. Quando o pai vê a
volta de seu filho arrependido, manda preparar uma festa (Lc 15.32).
1.3. Ouvindo a música e as danças
Ao chegar do campo e ver a música e as danças, o
irmão mais velho ficou indignado. Sentiu-se injustiçado e não acreditou que o
pai fosse capaz de receber a seu pródigo irmão com uma festa (Lc 15.25-28). Ele
não conhecia o poder do perdão. Em vez de alegrar-se, ficou enciumado,
desprezando não somente a festa, mas a alegria de seu pai. Sua mágoa era por
causa do bezerro cevado. Era porque nunca teve uma festa. Porém, ele nunca saiu
do aprisco, nunca viveu os pesadelos e as desventuras de seu irmão. Nunca
perdeu tudo e mendigou, nunca foi escarnecido por seus erros, nunca se expos ao
ridículo, nem esteve do outro lado. É por isso que ele nunca teve uma festa de
reconciliação.
Esclareça para os alunos que o pai saiu de casa duas
vezes. Primeiro, ele saiu para receber um filho perdido e fazê-lo entrar em
casa. Na segunda vez, ele saiu para atender um filho problemático que não
queria entrar. Ressalte para eles que esse filho deveria estar ausente da casa
há muito tempo porque uma festa não acontece da noite para o dia. Geralmente,
os maiores causadores de problemas sempre estão fora da agenda da casa. Reforce
para eles que, infelizmente, pessoas como esse filho preferem conviver com a
indignação do que entrar na casa (Lc 15.28,29).
2 A má interpretação da graça divina
Quando soube da festa que seu pai havia promovido, o
irmão mais velho ficou tão indignado que assentou em seu coração não fazer
parte da festa. Seu pai muito insistiu para que fizesse parte daquele momento
tão especial, mas ele, por não compreender o valor daquele momento, apresentou
ao pai suas críticas.
2.1. Nunca me deste um cabrito
Ele rejeitou o banquete porque carnalmente não
entendia o motivo da festa. Ignorou o arrependimento do irmão e a bondade do
pai. A única coisa que ele visualizou foi um cabrito (ICo 2.12-14). Era, na
verdade, uma pessoa rica, coberta por uma pobreza de espírito. Enquanto o pai
sacrificou o bezerro cevado, o filho brigava por um cabrito! E triste ser rico
sem saber. Enquanto ele discutia por um cabrito, seu pai dizia: “Todas as
minhas coisas são tuas” (Lc 15.31; Ap 3.17). O que o pai está dizendo é que o
filho, mesmo vivendo com ele, jamais reconheceu o potencial que possuía.
Pessoas que brigam por um cabrito jamais podem ver o que um cordeiro pode
produzir.
Explique para os alunos que, talvez, no pensamento
do irmão mais velho, seu irmão tivesse voltado como se nada tivesse acontecido
e ainda havia ganhado de brinde uma festa. Comente com eles que ele não sabia o
que estava no coração de seu irmão. A passagem indica que ele se arrependeu e
que estava disposto a voltar como funcionário e não como filho (Lc 15.17. 21).
Ressalte para eles que devemos evitar fazer juízos precipitados.
2.2. “Teu filho”, e não “meu irmão”
“Vindo, porém, este teu filho...” (Lc 15.12a).
Devemos observar essa frase com muita atenção porque, às vezes, sem entender a
obra que Deus está realizando em uma vida, agimos como esse jovem, que achou
injusta a recepção e o calor humano dado ao seu perdido irmão. Há tanta gente
assim, doente no meio da Igreja, que não aceita ver Deus levantando gente que
um dia foi escória da sociedade (ICo 1.28; 4.10). Assim, não entram na festa,
fazem biquinho e não sentem o calor do culto. Todos pulam, louvam, dançam e se
divertem, mas eles estão mumificados, bocas fechadas, corações empedrados e, a
cada dia, mais mortos espiritualmente (At 7.51).
Comente com os alunos que, como o filho mais velho,
muitas vezes focamos no menos importante ao invés do mais importante. Informe
para eles que o filho mais velho fica extremamente preocupado com sua própria
justiça e zelo e com os bens materiais que seu irmão desperdiçou, achando-se
superior. Estava tão cego que não conseguia enxergar a conversão de seu irmão,
pelo contrário, dá a entender que preferia que seu irmão permanecesse no mundo
(Lc 15.29, 30)
2.3. Ele desperdiçou tua fazenda
Tudo o que o pai desejava era ter o filho de volta.
Não importava o que gastasse. Para o pai, o filho era mais importante que a
própria fazenda. Esse é o exemplo claro do caráter de Deus. Ele perdoa os erros
que cometemos mesmo quando lhe causamos prejuízos. A graça de Deus é
indescritível e foi isso que o irmão mais velho nunca entendeu (Lc 15.30). Como
pode uma pessoa desperdiçar tudo e ser restaurado? A resposta está na graça.
Ela é um dom oferecido exatamente a quem nunca fez por merecer (Rm 5.8; Ef
2.12).
Comente com os alunos que valorizamos muito os dons
espirituais, mas esquecemos de que todos eles desaparecerão e a única coisa que
subsistirá será o amor. O maior exemplo de amor é Jesus Cristo, vemos isso
através de Sua vida, Suas palavras e Suas atitudes (Ef 3.19). Esclareça para
eles que, assim como Deus, aquele pai esperava que houvesse uma parte de sua
essência em seu filho para que ao menos entendesse o motivo de sua alegria (Jo
3.16; Rm 8.35).
3 Diante de um pai amoroso e perdoador
Enquanto o irmão mais novo sai de uma vida de
vergonha para um banquete, o mais velho fica travado na porta, expondo sua
indignação diante dos funcionários de seu pai. Seu pai usa de muita
sensibilidade no falar e, com muito amor, lhe convida a fazer parte da festa e
a se alegrar junto a ele (Lc 15.32).
3.1. Teu filho... teu irmão
Com um tom de insatisfação pelo glamour da festa, o
irmão mais velho desconsidera o momento de alegria, perdão e regozijo. Ele se
mantém como filho, mas não se considera irmão daquele que retornou do fracasso
(Lc 15.30). E, com muita sensibilidade, o pai lhe diz:
“Este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se
perdido, e achou-se” (Lc 15.32). A intenção do pai era reintegrar o filho
perdido à família com todos os direitos de filho, pois, mesmo tendo ele
desperdiçado tudo, jamais havia deixado de ser filho. Por razões egoístas,
irmãos podem deixar de ser irmãos, mas filho jamais deixará de ser filho.
Merece ser especialmente ressaltado para os alunos
que, até que esse encontro acontecesse, o tempo certamente passou. É bem
provável que, nesse tempo, o irmão mais velho trabalhou, reconstruiu a fazenda,
alargou os temos e prosperou. Ressalte para os alunos que é possível
compreender o porquê de sua insatisfação. Ele não queria dividir o que
conquistou. Ele só não contam com uma coisa: tudo era do pai e, enquanto o pai
estivesse vivo, este não desampararia \ um filho arrependido. Assim é a graça
de Deus (Rm 11.6).
3.2. Era justo nos alegrarmos
Em outras palavras, o pai está dizendo: “Filho, você
deveria estar feliz juntamente comigo; todos os de fora estão alegres (Lc 15.9,
10, 25). Você é irmão dele! Deveria abraçá-lo, chorar com ele. Dizer que sentiu
muito sua falta, dizer que o perdoa e está feliz pelo seu retorno. Filho, você
tem vida, mas seu irmão estava morto. Será que você não possui sensibilidade?
Filho, ele já sofreu bastante, esteve longe de nós, quase comeu bolotas de
porcos! Viveu momentos de opressão, sentiu o sabor de derrota. Mas teve coragem
de passar por cima do fracasso, do orgulho e voltou para se reconciliar” (Rm
8.31-39).
Comente com os alunos que a sutileza da sabedoria de
Jesus ao contar a parábola do filho pródigo impressiona. O patriarca, um homem
de andar lento e solene, corre em direção ao filho, abraça-o e beija-o no
rosto, na frente de todos. Informe para eles que aquela cena chocante
contrariava todas as tradições do patriarcado. Por amor ao filho, o pai se
humilha perante a aldeia naquele gesto público. Esclareça para os alunos que,
naquela região, até hoje, quando há um conflito, uma forma comum de resolução é
a mediação, feita por uma pessoa de confiança dos litigantes. Se a questão for
resolvida, o gesto que sela a paz é exatamente o beijo no rosto.
3.3. Todas as minhas coisas são tuas
Enquanto ele discutia por um bezerro, seu pai dizia:
“Tudo o que eu tenho te pertence”. Em outras palavras: “Você tem o mesmo
potencial que eu tenho. Você é meu filho”. Essa palavra também indica que o pai
tinha esperança de que seu filho mais velho tivesse sua essência, seu carisma,
seu amor e sua compreensão. No entanto, enquanto seu irmão reconhecia seus
erros, se humilhava e voltava para pedir perdão, ele buscava um reconhecimento
pelos serviços prestados a seu pai (Lc 15.29).
"... Teu pai matou o bezerro cevado, porque o
recebeu são e salvo” (Lc 15.27). Explique para os alunos que essa é a razão
pela qual o bezerro cevado teve que morrer. Reforce que isso o irmão mais velho
nunca entendeu. Aqui estão representados dois tipos de cristãos: os que
procuram acertar, reconhecendo seus erros e confessando seus pecados; e os que
se justificam, cobrando os serviços prestados à Igreja.
Conclusão
A grande verdade dessa parábola é que o filho que
regressou havia voltado à condição antiga de todo ser humano (Cl 2.13; Ef 2.5).
O irmão mais velho não precisou sair para morrer. Ele estava morto dentro da
própria casa. A parábola termina com um filho arrependido, mas não diz que o
outro entrou na casa.
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