João Crisóstomo
Artigo Mauricio Berwald
Fonte Wikipédia.
No oriente: Grande Hierarca;Professor Ecumênico
No ocidente: Patriarca de Constantinopla e Doutor da Igreja
Nascimento ca. 347[1] em Antioquia, Síria (província romana)
Morte 14 de setembro de
407] em Comana Pôntica, Ponto
(província romana)
João Crisóstomo (ca. 347, Antioquia—14 de setembro de 407, Comana
Pôntica) foi um arcebispo de Constantinopla e um dos mais importantes patronos
do cristianismo primitivo. Ele é conhecido por suas poderosas homilias e por
sua habilidade oratória, por sua denúncia dos abusos cometidos por líderes
políticos e eclesiásticos de sua época, por sua "Divina Liturgia" e
por suas práticas ascetas. O epíteto Χρυσόστομος ("Chrysostomos",
aportuguesado como "Crisóstomo") significa "da boca de ouro"
em língua grega e lhe foi dado por conta de sua lendária eloquência. O título
apareceu pela primeira vez na "Constituição" do papa Vigílio em 553 e
ele é considerado o maior pregador cristão da história.
As Igrejas ortodoxas e católicas orientais veneram-no como santo e como
um dos Três Grandes Hierarcas, juntamente com Basílio, o Grande e Gregório
Nazianzeno. A Igreja Católica também o proclamou Doutor da Igreja. As igrejas
de tradição ocidental, incluindo a católica, algumas províncias da Comunhão
Anglicana e partes da Igreja Luterana comemoram sua festa em 13 de setembro. As
restantes igrejas luteranas e províncias anglicanas o fazem na data tradicional
no oriente ortodoxo, 27 de janeiro. A Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria
também reconhece Crisóstomo como santo.
Entre suas homilias, oito dirigidas aos cristãos judaizantes ainda geram
controvérsia por causa do impacto que provocaram no desenvolvimento do
antissemitismo cristão.
Biografia
Primeiros anos e educação
João nasceu em Antioquia em 349 (ou 347[1] ) de pais greco-sírios.
Diferentes estudiosos afirmam que sua mãe, Antusa, era ou pagã[11] ou cristã.
Seu pai era um oficial militar de alta patente[nt 1] de nome desconhecido e
morreu logo depois do nascimento de João.
Seu batismo ocorreu em 368 (ou 373) e ele foi tonsurado leitor (uma das
ordens menores da Igreja). Por conta dos contatos de sua mãe, que era influente
na cidade, João iniciou seus estudos sob a influência do famoso professor pagão
Libânio.Com ele, João aprendeu muitas das ferramentas que futuramente
utilizaria em sua carreira como retórico e também adquiriu sua paixão pelo
grego e sua literatura.
Porém, Crisóstomo foi se tornando cada vez mais dedicado ao cristianismo
conforme crescia e, ainda jovem, foi estudar teologia com Diodoro de Tarso, o
fundador da reconstituída Escola de Antioquia. De acordo com o historiador
cristão Sozomeno, Libânio teria dito, em seu leito de morte, que João teria
sido seu sucessor "se os cristãos não tivessem roubado-o de nós".João
já vivia em extremo ascetismo e, por volta de 375, tornou-se eremita. Nesta
época, passou dois anos continuamente em pé, dormindo muito pouco e decorou a
Bíblia. Como consequência disso, seu estômago e seus rins foram danificados
permanentemente e sua saúde se deteriorou tanto que ele acabou sendo forçado a
voltar para Antioquia.
Antioquia
João foi ordenado diácono em 381 por Melécio de Antioquia, que, na época,
não estava em comunhão com Alexandria e Roma. Depois da morte de Melécio, João
se distanciou de seus seguidores, mas não se juntou a Paulino, seu adversário
no cisma que dividia a Igreja de Antioquia. Em 386, depois da morte de Paulino,
foi ordenado presbítero por Evágrio, sucessor dele.[16] Foi João que, depois
disso, conseguiu reconciliar Flaviano I de Antioquia, o indicado por Roma e
Alexandria, os sucessores de Melécio e os de Paulino, unificando novamente a sé
de Antioquia sob uma única liderança depois de quase setenta anos do chamando
"cisma meleciano".
Em Antioquia, num período de doze anos (386-397), João ganhou enorme
popularidade por causa da eloquência de seus discursos na "Igreja
Dourada", a catedral da cidade, especialmente suas iluminadoras aulas
sobre passagens da Bíblia ou ensinamentos morais. Sua obra mais valiosa desta
época é "Homilias", que versa sobre os vários livros da Bíblia. Ele
enfatizava a caridade e se mostrava sempre preocupado com as necessidades
materiais e espirituais dos pobres. Falava também contra o abuso da riqueza e
das propriedades pessoais:
“Você deseja honrar o corpo de Cristo? Não o ignore quando ele está nu.
Não o homenageie no templo vestido com seda quando o negligencia do lado de
fora, onde ele está malvestido e passando frio. Ele que disse "Este é o
meu corpo" é o mesmo que diz "Tu me vistes faminto e não me destes
comida"[18] e «quantas vezes o fizestes a um destes meus irmãos mais
pequeninos, a mim o fizestes» (Mateus 25:40)... Que importa se a mesa
eucarística está lotada de cálices de ouro quando seu irmão está morrendo de
fome? Comeces satisfazendo a fome dele e, depois, com o que sobrar, poderás
adornar também o altar.”
— João Crisóstomo, Comentário sobre Mateus .
Sua compreensão simples e direta das Escrituras - contrária à tendência
alexandrina de utilizar interpretações alegóricas - implicava que os temas de
seus discursos eram práticos, explicando como a Bíblia poderia ser utilizada na
vida cotidiana. Este tipo de pregação é que tornou João tão popular. Ele fundou
ainda muitos hospitais em Constantinopla para tratar dos pobres.
Um incidente ocorrido durante uma de suas missas em Antioquia ilustra bem
a influência alcançada por suas homilias. Quando Crisóstomo chegou em
Antioquia, o bispo da cidade teve que intervir junto ao imperador bizantino
Teodósio I em nome dos cidadãos que, enfurecidos por um discurso de João,
saíram pela cidade mutilando estátuas do imperador e de sua família. Na mesma
época, durante a Quaresma de 387, João pregou vinte e uma homilias nas quais
convidou seus ouvintes a meditarem sobre seus próprios erros. De grande impacto
na população, muitos pagãos se converteram ao cristianismo e, por conta disso,
a vingança de Teodósio, um devoto cristão, não foi tão severa quanto poderia
ter sido.
Arcebispo de Constantinopla
Crisóstomo e a imperatriz bizantina Élia Eudóxia, esposa de Arcádio, uma
de suas grandes adversárias. Depois de condená-lo ao exílio, Eudóxia se
arrependeu e convenceu o marido a trazê-lo de volta com medo de uma punição
divina.
ca. 1880. Por Jean-Paul Laurens.
No outono de 397, João foi nomeado arcebispo de Constantinopla sem que o
poderoso eunuco Eutrópio ficasse sabendo. Curiosamente, ele teve que deixar
Antioquia escondido porque se temia que a despedida de alguém tão popular
pudesse provocar uma revolta.
Durante seu mandato como arcebispo, João teimosamente recusou participar
ou realizar festas e banquetes luxuosos, o que tornou-o muito popular entre o
povo, mas também valeu-lhe muitos inimigos na aristocracia local e no clero.
Não ajudou também sua reforma clerical, que obrigava que todos os sacerdotes
regionais deixassem a corte (e seus prazeres) e retornassem para suas igrejas,
que era onde deveriam estar servindo, e, para piorar, sem receber nada em
troca.
O período que Crisóstomo passou em Constantinopla foi ainda mais
tumultuado que o anterior, em Antioquia. Teófilo, o patriarca de Alexandria,
queria colocar a sé de Constantinopla sob sua esfera de influência e não apoiou
a nomeação de Crisóstomo. Num episódio local, Teófilo havia disciplinado quatro
monges egípcios (que passaram a ser chamados de "os Altos Irmãos")
por apoiarem as doutrinas de Orígenes. Sentindo-se injustiçados, eles fugiram
para Constantinopla e foram recebidos por João, dando a Teófilo o pretexto que
precisava para acusar João de ser partidário de Orígenes, cuja doutrina era
condenada na época.
Outro inimigo de João era Élia Eudóxia, esposa do imperador Arcádio, que
assumiu (provavelmente com razão) que a fúria do arcebispo contra a
extravagância das roupas femininas era um ataque direto a si. Eudóxia, Teófilo
e outros adversários realizaram um sínodo em 403 (o chamado "Sínodo do
Carvalho") para acusar João de ser um origenista e conseguiram depô-lo e
bani-lo.
Não demorou muito e Arcádio teve que chamá-lo de volta, pois o povo se
revoltou com sua partida. Além disso, um terremoto ocorrido na noite de sua
prisão convenceu Eudóxia da insatisfação divina e ela pediu ao marido que
chamasse João de volta.[26] Porém, a paz durou pouco. Uma estátua de prata de
Eudóxia foi erigida no Augusteu, perto da catedral. João, implacável, denunciou
as cerimônias dedicatórias e acusou a imperatriz em termos duros:
"Novamente, Herodíades se regojiza; novamente se preocupa; novamente
dança; e, novamente, deseja receber a cabeça de João numa bandeja", uma
alusão aos eventos da morte de São João Batista. Mais uma vez João foi banido,
desta vez para a Abecásia, no Cáucaso.
Por volta de 405, Crisóstomo passou a apoiar, moral e financeiramente, os
monges cristãos que estavam aplicando as leis imperiais contra os pagãos,
destruindo templos e santuários na Fenícia e regiões vizinhas.
Tendo que enfrentar o exílio.
Crisóstomo apelou a três grandes
nomes da Igreja: o papa Inocêncio I, o bispo de Mediolano, Venério, e o bispo
de Aquileia, Cromácio.[30] [31] [32] [33] Inocêncio protestou contra o
banimento, sem sucesso. Em 405, enviou uma delegação que tinha por objetivo
interceder em nome de Crisóstomo, liderada por Gaudêncio de Bréscia, mas ele e
seus dois companheiros enfrentaram muitas dificuldades na viagem e não chegaram
a Constantinopla.
Mesmo exilado, as cartas de João ainda exerciam grande influência em Constantinopla
e, por isso, ele foi exilado para uma região ainda mais longínqua que o Cáucaso
(onde ele esteve entre 404 e 407), a cidade de Pítio (moderna Pitiunt), na
Abecásia, onde um túmulo é ainda hoje visitado por peregrinos como sendo de
João. Porém, João não chegou lá e faleceu em Comana, no Ponto, em 14 de
setembro de 407, durante a viagem. Suas últimas palavras foram δόξα τῷ θεῷ
πάντων ἕνεκεν ("Glória a Deus por todas as coisas").
Obras
Homilias
Homilia Pascoal
A mais conhecida de suas muitas homilias, a famosa "Homilia
Pascoal" (Hieratikon), é bastante breve. Na Igreja Ortodoxa, ela é
geralmente lida anualmente durante a cerimônia Divina Liturgia (eucarística) da
Páscoa depois das orthros da meia-noite (ou matinas).]
Demais
Conhecido como o "maior pregador da Igreja primitiva", as
homilias de João são, sem dúvida, seu maior e mais duradouro legado. A
homilética ainda existente de João é vasta, incluindo muitas centenas de
homilias exegéticas tanto sobre o Novo Testamento (especialmente as obras de
São Paulo) quanto o Antigo (particularmente sobre o Gênesis).
Entre elas estão sessenta e sete
sobre o Gênesis, cinquenta e nove sobre os Salmos, noventa sobre o Evangelho de
Mateus, oitenta e oito sobre o Evangelho de João e cinquenta e cinco sobre os
Atos dos Apóstolos.[36] Elas foram geralmente anotadas por estenógrafos já com
o objetivo de serem circuladas depois e revelam um estilo que tendia a ser
direto e muito pessoal, mas influenciado pelas convenções retóricas de sua
época e do local onde pregava. De maneira geral, sua teologia homilética revela
uma característica influência da Escola de Antioquia, privilegiando uma interpretação
mais literal dos eventos bíblicos, mas Crisóstomo também utiliza, quando
necessário, interpretações alegóricas, uma técnica associada à rival Escola de
Alexandria.
O mundo social e religioso de João era fortemente influenciado pela
contínua e penetrante presença do paganismo na vida urbana. Por isso, um dos
assuntos mais frequentes em suas homilias era o paganismo na cultura de
Constantinopla, geralmente condenando as diversões populares ligadas aos
pagãos: o teatro, as corridas de bigas e as festas populares nos feriados.
Crisóstomo criticava principalmente os cristãos que participavam destas
atividades:
“ Se você perguntar [a um
cristão] quem é Amós ou Obadias, quantos eram os apóstolos ou os profetas,
ficam mudos; mas se perguntar-lhes sobre cavalos ou jóqueis, responder-te-ão de
forma mais solene que sofistas ou retóricos.
As homilias de João sobre as epístolas paulinas seguem uma estrutura
linear, tratando os textos de forma metódica, verso por verso, geralmente
entrando em grande nível de detalhe. Ele se preocupava em ser compreendido por
leigos, utilizando para isso divertidas analogias ou exemplos práticos. Outras
vezes, comentava em profundidade, claramente com o objetivo de endereçar as
sutilezas teológicas de uma interpretação herética ou revelar a presença de um
tema mais profundo no texto.
Uma das características mais recorrentes das homilias de João é sua
ênfase no cuidado com os necessitados.[38] Ecoando temas do Evangelho de
Mateus, ele exorta os ricos a abandonarem o materialismo para ajudar os pobres,
empregando todas as suas habilidades retóricas para envergonhar os ricos e
obrigá-los a abandonar o consumismo mais conspícuo:
“Honras de tal forma teus excrementos a ponto de recebê-los em vasilhas
de prata quando outro homem criado à imagem de Deus está morrendo de frio? ”
Homilias sobre judeus e cristãos judaizantes
]
Durante seus dois primeiros anos como presbítero em Antioquia (386-387),
João denunciou judeus e cristãos judaizantes numa série de oito homilias que
pregou aos cristãos de sua congregação que participavam de festivais judaicos e
de outras observâncias judaicas, mas não se sabe ao certo qual dos dois grupos
era o alvo principal.
Um dos objetivos destas homilias era evitar que os cristãos continuassem
praticando hábitos judaicos e, assim, evitar o que Crisóstomo percebia como uma
erosão de seu rebanho. Nelas, ele criticava os "cristãos judaizantes"
que participavam dos festivais ou que observavam outros costumes,
principalmente o sabá, a circuncisão e a peregrinação aos lugares santos
judaicos. João afirmava que nos sabás e nos festivais, as sinagogas se enchiam
de cristãos, especialmente as mulheres, que amavam a solenidade da liturgia
judaica, gostavam de ouvir o shofar no Rosh Hashaná e aplaudiam os pregadores
mais famosos, como pedia o costume na época.
Uma teoria mais recente defende
que ele estaria tentando persuadir os judeo-cristãos, um grupo que, por
séculos, mantinha relações com os judeus e o judaísmo, a finalmente escolherem
entre este e o cristianismo.] Na língua grega, as homilias são chamadas de
"Kata Ioudaiōn" (Κατὰ Ιουδαίων), que se traduz como "Adversus
Judaeos" em latim e "Contra os Judeus" em português.O primeiro
editor medieval das homilias, o beneditino Bernardo de Montfaucon, acrescenta a
seguinte nota ao título: "Um discurso contra os judeus; mas que foi
pregado contra os que judaizavam e que jejuavam com eles [os judeus]".
De acordo com os estudiosos patrísticos, a oposição a qualquer ponto de
vista no final do século IV era geralmente expressada de uma determinada
maneira, principalmente utilizando uma forma retórica conhecida como psogos,
que vilificava os oponentes de maneira inflexível; assim, tem-se argumentado
que chamar Crisóstomo de "antissemita" seria empregar uma terminologia
anacronística de uma maneira incongruente com o contexto e o registro
histórico. Porém, esta interpretação não evita que se alegue que a teologia de
Crisóstomo fosse uma forma de supersessionismo anti-judeu ou que sua retórica
fosse contrária ao judaísmo.[
Tratados
Além de suas homilias, diversos outros tratados de João foram muito
influentes. Um deles é um de seus primeiros e chama-se "Contra os
Oponentes da Vida Monástica", escrito quando ele ainda era um diácono
(algum momento antes de 386), dirigido aos pais, pagãos e cristãos cujos filhos
contemplavam seguir a vocação monástica. O livro é um afiado ataque aos valores
da classe alta urbana antioquena escrita por alguém que era membro dela.[46]
Nesta obra percebe-se que, já no tempo de Crisóstomo, era costumeiro para os
antioquenos enviarem seus filhos para serem educados por monges.
Outros importantes tratados escritos por João incluem "Sobre o
Sacerdócio" (escrito em 390/1, traz, no livro I, um relato de seus
primeiros anos e uma defesa de sua fuga da ordenação pelo bispo Melécio de
Antioquia, e, nos livros seguintes, sua compreensão sobre o sacerdócio),
"Instruções ao Catecúmenos" e "Sobre a Incompreensibilidade da
Natureza Divina". Além disso, Crisóstomo escreveu também uma série de
cartas à diaconisa Olímpia, das quais dezessete sobreviveram.
Liturgia
Além de sua pregação, o outro duradouro legado de João foi sua influência
sobre a liturgia cristã. Duas de suas obras sobre o tema são particularmente
importantes. Ele harmonizou a vida litúrgica da igreja ao revisar as orações e
rubricas da Divina Liturgia e, até hoje, a Igreja Ortodoxa e as Igrejas
Católicas Orientais, que seguem o rito bizantino, celebram a "Divina
Liturgia de São João Crisóstomo" como a liturgia eucarística normal, mesmo
que a ligação exata desta com Crisóstomo seja tema de debate entre os
especialistas.
Legado e influência
"O Perdão de São João Crisóstomo". Cena popular na arte cristã
no início do século XVI, retrata o perdão da princesa que teria tido o filho de
João que, para se penitenciar, teria passado anos "rastejando como um
animal".ca. 1640. Por Mattia Preti, atualmente no Museu de Arte de
Cincinnati, em Cincinnati, Estados Unidos.Urnas contendo as relíquias de São
Gregório de Nazianzo e São João Crisóstomo na Igreja de São Jorge, em Istambul.
Numa época que o clero urbano era alvo de duras crísticas pelo luxuoso
estilo de vida que levava, João estava determinado a reformá-lo em
Constantinopla. Seus esforços foram recebidos com poderosa resistência e
tiveram sucesso limitado. Ele era um excelente pregador cujas homilias e outras
obras são ainda hoje estudadas e citadas.
Como teólogo, ele foi e ainda é muito importante para o cristianismo
oriental e ele é geralmente considerado como o mais importante doutor da Igreja
Grega, apesar de sua importância menor para o cristianismo ocidental. Suas
obras que sobreviveram são muito mais numerosas que as de qualquer outro dos
Padres Gregos.[2] João rejeitava a tendência de sua época em relação à
interpretação alegórica, utilizando, em vez disso, um estilo direto que
aplicava as passagens bíblicas e suas lições à vida prática do ouvinte. Seu
exílio demonstrou a rivalidade que existia entre Constantinopla e Alexandria
pelo reconhecimento como sé mais importante do oriente, enquanto a primazia do
papa no ocidente permanecia inquestionável.
Influência no Catecismo da Igreja Católica e seu clero
A influência de João nas doutrinas da igreja está presente por todo o
moderno "Catecismo da Igreja Católica" (rev. 1992), no qual ele é
citado em dezoito seções, principalmente por suas reflexões sobre o objetivo
das orações e o significado do Pai Nosso.
“ Considere como [Jesus
Cristo] ensina-nos a sermos humildes ao nossa virtude não depende
de nossas obras apenas, mas da graça do Altíssimo. Ele comanda cada um dos
fieis que ora que o faça universalmente, pelo mundo inteiro. Pois ele não disse
"seja feita Sua vontade em mim ou em nós", mas "na terra",
toda a terra, para que o erro seja banido dela, a verdade possa se enraizar,
todos os vícios sejam destruídos nela, a virtude floresça nela e a terra não
seja mais diferente do céu. ”
— João Crisóstomo, Homilia sobre Mateus .
Clérigos cristãos, como R.S. Storr, consideram Crisóstomo como "um
dos mais eloquentes pregadores a terem trazido, depois da era apostólica, as
novas divinas de verdade e amor" e John Henry Newman, no século XIX,
descreveu João como "uma alma brilhante, alegre e gentil; um coração
sensível.".
Música e literatura
O legado litúrgico de João inspirou diversas composições musicais.
Particularmente notáveis são a "Liturgia de São João Crisóstomo", Op.
31, de Sergei Rachmaninoff, composta em 1910,[52] uma de suas duas grandes
composições para corais desacompanhados; a "Liturgia de São João
Crisóstomo", Op. 41, de Pyotr Tchaikovsky; e a "Liturgia de São João
Crisóstomo" do compositor ucraniano Kyrylo Stetsenko.
A novela "Ulisses", de James Joyce, inclui um personagem
chamado Mulligan que fez outro personagem, Stephen Dedalus, lembrar-se de
Crisóstomo relacionando sua obturação de ouro e seu dom de papear, que lhe
valeram o mesmo título que João recebeu, mas por sua pregação, "boca de
ouro":[54] "[Mulligan] espiou de lado para cima e assobiou longa e
gravemente e então parou absorto, seus dentes iguais brilhando aqui e ali com
pontos de ouro. Crisóstomo."
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