O QUE É O TRIBUNAL
DE CRISTO
Artigo Maurico berwald
O apóstolo Paulo descreve em 1 Co
3.9-15, o cristão como um construtor que usa vários tipos de materiais numa
construção. Assim, no sentido espiritual, o valor do seu trabalho vai depender
dos materiais que usará para construir sua obra. Paulo adverte: “cada um veja
como edifica” (1 Co 3.10). A construção do cristão precisa ser feita sobre um fundamento
eficaz e correto, e com materiais de qualidade que dêem sustentação à sua vida
espiritual.
Duas palavras distintas na língua
original do Novo Testamento esclarecem bem o sentido da palavra tribunal: criterion, conforme está em Tg 2.6 e 1 Co 6.2,4; e bimá, encontrada em 2 Co 5.10, (também em Ne 8.4). O termo criterion significa “instrumento ou meio para provar ou julgar qualquer
coisa”. Ou seja: “a regra pela qual alguém julga”, ou “o lugar onde se faz um
juízo”, o tribunal de um juiz ou de juízes. O termo bimá comumente significa uma “plataforma ou um banco de assento onde o
juiz julga”. Havia naqueles tempos tribunais militares e, também, o tribunal (bimá ou assento) da recompensa, especialmente utilizado nos jogos
gregos de Atenas. Os atletas vencedores eram julgados perante o juiz da arena e
galardoados por suas vitórias.
ASPECTOS GERAIS DO TRIBUNAL DE CRISTO
O tempo. É lógico que
o tribunal não pode acontecer logo após a morte de qualquer cristão. Ele se
dará por ocasião de um tempo especial e determinado depois do arrebatamento da
Igreja.
O lugar. Não há texto
específico que declare o local, mas o contexto bíblico indica que, uma vez a
Igreja arrebatada até as nuvens, nos céus, a instalação do tribunal de Cristo,
inevitavelmente, terá de ser no céu, nas regiões celestiais.
Os julgados. Quem será
julgado no tribunal? Quais são os sujeitos desse tribunal? Indubitavelmente, as
pessoas julgadas nesse tribunal são os santos remidos por Cristo. O texto de 2
Co 5.1-10 fala daqueles que lutam nesta vida para alcançarem o privilégio de
serem revestidos de uma habitação espiritual no céu. Não haverá discriminação
nesse lugar. Só entrarão os salvos, os remidos. Não haverá lugar nesse tribunal
para julgamento condenatório.
O juiz. O apóstolo
Paulo declara que o exame das obras dos crentes será realizado perante o Filho
de Deus (2 Co 5.10). O próprio Jesus falou que todo o juízo é colocado nas mãos
do Filho de Deus. Faz parte da exaltação de Cristo depois de Sua conquista no
Calvário receber do Pai toda a autoridade e poder para julgar.
COMO PROCEDERÁ O TRIBUNAL DE CRISTO
A forma do exame. E claro que
não se trata de examinar quem será salvo ou não. A salvação do crente implica
no ato especial da misericórdia divina mediante a aceitação da obra expiatória
de Cristo e a sua manutenção enquanto ele estiver neste mundo. Todo crente está
livre do Juízo se permanecer fiel até o fim (Rm 8.1; Jo 5.24; 1 Jo 4.17).
Então, o julgamento não tratará da questão do pecado, de condenação, uma vez
que o pecado já foi abolido na vida do crente e, por isso, ele estará no céu.
Os materiais
da obra de cada crente (1 Co 3.12). O apóstolo Paulo mencionou seis
diferentes materiais que, figurativamente, representam os elementos que
empregamos na construção de nossa vida cristã. Os materiais são indicados como
ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. Os três primeiros são
resistentes ao fogo do julgamento de Cristo. Os três últimos são frágeis e não
resistem ao juízo de fogo.
A obra de
cada um será provada (1 Co 3.13-15). O tribunal de Cristo avaliará
os materiais que temos utilizado na construção do edifício da nossa vida
cristã. As obras feitas com madeira, feno e palha serão manifestas naquele dia,
e o galardão será consoante à avaliação divina. Os materiais de madeira, feno e
palha são inflamáveis e perecíveis, por isso, tudo o que for construído com
eles não subsistirá.
O juízo que
determinará a qualidade das obras feitas (2 Co 5.10). As obras
praticadas pelo crente serão submetidas ao julgamento naquele dia para se
determinar se são boas ou más. A palavra “mal” na língua grega aparece
como kakosou poneros, e ambas significam aquilo que é eticamente mal. Porém, a palavra poneros, além de denotar maldade, tem o sentido de se estar praticando alguma
coisa de total inutilidade. Portanto, o que Paulo entendia como obras más era a
prática de coisas sem utilidade alguma, feitas com materiais espiritualmente
imprestáveis.
EXAME FINAL NO TRIBUNAL DE CRISTO
No texto de 1 Co 3.14,15 está
declarado que haverá dois resultados finais do exame (a prova do fogo) das
obras manifestas: o recebimento e a perda da recompensa.
Perda da
recompensa. Esse fogo nada tem a ver com o fogo do Geena. O fogo do tribunal de Cristo é figura da luz que revela as impurezas,
ou seja, a purificação. Portanto, as obras feitas por impulso carnal e para a
ostentação da carne não suportarão o calor do fogo de Deus, por mais bonitas
que sejam, serão desaprovadas.
Obtenção da
recompensa. As obras praticadas com materiais indestrutíveis na prova do fogo
serão dignas da recompensa final. O Novo Testamento apresenta várias
recompensas, mas destaca algumas relativas às atividades especiais. O próprio
Senhor Jesus, Juiz desse tribunal, é quem fará a entrega dos prêmios,
galardões, recompensas (2 Co 9.6). Ele declara a João, na ilha de Patmos,
dizendo: “O meu galardão está comigo para dar a cada um segundo as suas obras”
(Ap 22.12). O apóstolo Paulo declara, também, que todo crente receberá o seu
louvor (elogio) da parte de Deus (1 Co 4.5).
Tipos de
recompensas. O Novo Testamento usa uma linguagem especial dos tempos do
primeiro século da era cristã relativa ao tipo de galardão que os vencedores
das olimpíadas gregas e romanas recebiam como prêmio. Havia coroas de vários
materiais representando o tipo de vitória conquistada por aqueles vencedores (1
Co 9.24,25).
a) A coroa da
vitória (1 Co 9.25). A vida cristã se constitui numa batalha espiritual contra três inimigos
terríveis: a carne, o mundo e o Diabo. Esta coroa é denominada, também, como
coroa incorruptível, porque se refere à conquista do domínio do crente sobre o
velho homem.
b) A coroa de gozo
(1 Ts 2.19; Fp 4.1). A palavra gozo significa prazer, alegria, satisfação. Uma das
atividades cristãs que mais satisfazem o coração do crente é o ganhar almas.
Isto é, praticar o evangelismo pessoal e ganhar pessoas para o reino de Deus.
Na busca do gozo nesta vida, nada é comparável ao de salvar almas para Cristo,
livrando-as da perdição eterna. Por isso, quem ganha almas, sábio é (Pv 11.30;
Dn 12.3).
c) A coroa da
justiça (2 Tm 4.7,8). É o prêmio dos fiéis, dos batalhadores da fé, dos combatentes do
Senhor, os quais vencendo tudo, esperam a Sua vinda.
d) A coroa da vida
(Ap 2.10; Tg 1.12). Não se trata da simples vida que temos aqui. Essa coroa é um
prêmio especial porque implica conquista de um tipo de vida superior à vida
terrena, ou à simples vida espiritual, como a tem os anjos. É a modalidade de
vida conquistada mediante a obra expiatória de Cristo Jesus — a vida eterna. E
o galardão da fidelidade do crente.
e) A coroa de
glória (1 Pe 5.2-4). Certos eruditos na Bíblia entendem que esta coroa é o galardão dos
ministros fiéis que promoveram o reino de Deus na Terra, sem esperar recompensa
material.
AS BODAS DO CORDEIRO.
ANALOGIA CORRETA DA PARÁBOLA
Fundo
histórico. Jesus ilustrou Seu ensino utilizando-se do costume oriental para o
casamento. Depois de feitas as cerimônias religiosas, começava-se a celebração
festiva do casamento. A festa podia prolongar-se por vários dias, dependendo
das possibilidades do pai da noiva. Nos festejos noturnos, os convidados deviam
sempre ter lâmpadas acesas. No caso da história de Jesus, o noivo atrasou. Os
convidados deveriam estar devidamente preparados com azeite em suas vasilhas e
nas lâmpadas. Qualquer convidado sem lâmpada era considerado um estranho e não
podia entrar na festa.
Correntes de
interpretação. A primeira interpretação diz que as virgens representam o
remanescente judeu (144 mil) salvo no período da Grande Tribulação. A segunda
distingue os dois grupos como uma representação dos crentes salvos e dos
crentes apenas nominais no seio da Igreja, quando da vinda de Cristo. A
terceira interpreta as dez virgens como um todo e, também, cada crente
individualmente.
Quem são as dez
virgens? (Mt 25.1). Não são dez pretendentes do esposo. Nem são dez igrejas cristãs
que competem pelo mesmo esposo. São, na verdade, os crentes individualmente que
compõem o corpo da Igreja (a esposa do Cordeiro). O número dez não tem um
significado dogmático ou doutrinário e, sim, um sentido de inteireza.
Representa a noiva na sua inteireza. Jesus via a Igreja como um todo, o corpo
invisível em toda a Terra (1 Co 12.12,14,27). Ele via, também, a igreja local e
visível, isto é, os membros em particular.
Por que as palavras
“esposo” e “esposa”? No Oriente, o noivado é tão sério quanto o casamento. Na história
bíblica a mulher comprometida em noivado era chamada esposa e, apesar de não
estar unida fisicamente ao noivo, ela estava obrigada à mesma fidelidade como
se estivesse casada (Gn 29.21; Dt 22.23,24; Mt 1.18,19). A Igreja é a esposa de
Cristo porque está comprometida com Ele (Ap 19.7; 21.9; 22.17).
AS CONDIÇÕES
ESPIRITUAIS DA ESPOSA. (Mt 25.2-5)
Duas classes
de crentes: os insensatos e os cautelosos. Essas duas classes são uma realidade
espiritual na Igreja de Cristo. São identificadas por Jesus como loucas e
prudentes. As loucas representam os cristãos insensatos e alienados
espiritualmente. São aqueles cristãos que não agem racionalmente na sua vida de
fé, por isso, não sabem o que estão fazendo.
As prudentes representam os cristãos
cautelosos e previdentes, que mantêm uma vida de vigilância e espiritualidade.
Ingredientes
indispensáveis para estar nas bodas. Aquelas virgens tinham vasilhas
e lâmpadas (Mt 25.7-9). Mas precisavam, na verdade, ter o principal elemento: o
azeite. As loucas não levaram azeite em suas vasilhas, mas as prudentes sim.
Estavam devidamente preparadas. Aquelas virgens tinham que ter vestidos brancos
de linho fino (Ap 19.8), lavados no precioso sangue do Cordeiro (Ap 7.14).
Precisavam de calçados do Evangelho da Paz (Is 52.7; Ef 6.15). Tinham que ter
com elas vasilhas para o azeite (Mt 25.4: Ef 5.18) e o próprio azeite (Mt
25.3,4), que é símbolo do Espírito Santo.
O TEMPO
DAS BODAS (Mt 25.6)
O sentido do
clamor da meia-noite. O texto diz: “Mas à meia-noite, ouviu-se um clamor” (Mt 25.6). Que
representa a meia-noite? É o tempo do clímax da esperança da Igreja. É o fim e
o princípio de um tempo (dia, dispensação, era). É a hora do silêncio total,
quando todos dormem. Pode ser a consumação ou princípio de um novo dia ou
tempo. Não é difícil de estabelecer o tempo desse evento. Ele acontecerá entre
o arrebatamento da Igreja e a segunda fase da volta de Cristo à Terra. Ocorrerá,
precisamente, logo após o julgamento das obras dos crentes no tribunal de
Cristo, visto que em Ap 19.8, a esposa aparece vestida de linho fino que “são
as justiças dos santos”.
O Dia de
Cristo (Fp 1.10). Na linguagem escatológica a palavra “dia” é interpretada, literal
ou figuradamente, dependendo do seu contexto. Dia pode, então, representar ano,
ou seja, um dia igual a um ano, conforme se percebe na profecia de Daniel
capítulo 9. Destacamos no contexto bíblico quatro dias (anos, tempos) históricos
para a humanidade: o “dia do homem” (1 Co 4.3), que compreende o tempo da
história da humanidade; o Dia de Cristo (Fp 1.10), que diz respeito,
especialmente, ao tempo de sete anos, nos quais a Igreja estará no céu e,
simultaneamente, ocorrerá na Terra a Grande Tribulação; o Dia do Senhor (1 Ts
5.2), a manifestação pessoal e visível de Cristo no final da Grande Tribulação,
e durará mil anos (Milênio); e, finalmente, o Dia de Deus (2 Pe 3.12,13), que é
o tempo do Juízo Final e da restauração de todas as coisas, o começo do Reino
eterno.
Neste estudo, o Dia de Cristo abrange
três fatos escatológicos especiais, os quais são: o encontro da Igreja com
Cristo nas nuvens (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17); o tribunal de Cristo (2 Co
5.10; Fp 1.10; 2 Co 1.14; Ef 5.27); e, as bodas do Cordeiro (Ap 19.7).
CARACTERÍSTICAS
DAS BODAS
Lugar das bodas (Ap
19.1; 21.9). Pela ordem normal dos acontecimentos escatológicos, esse evento
acontecerá no céu. Quando João declarou “ouvi no céu como que uma grande voz de
uma grande multidão que dizia: Aleluia!”, ele identificou naturalmente o lugar.
Alegria e triunfo pelas vitórias do Cordeiro são demonstradas e, a seguir,
surge a noiva do Cordeiro já glorificada, coroada e preparada para o glorioso casamento.
Entendemos, então, que o céu é o lugar mais adequado para esse acontecimento
extraordinário.
Participantes
das bodas. O casamento é de Cristo e a Igreja, mas os convidados são muitos.
De acordo com Dn 12.1-3 e Is 26.19-21, o Israel salvo da Grande Tribulação e os
santos do Antigo Testamento são os convidados especiais. Devemos ter cuidado na
interpretação desse evento para não confundirmos nem misturarmos os fatos que
envolvem as bodas no céu e as bodas na Terra. No céu, as bodas são da Igreja e
o Cordeiro (Ap 19.7-9). Na Terra, as bodas envolvem Israel e o Cordeiro (Mt
22.1-14; Lc 14.16-24; Mt 25.1-13). A cena das bodas no céu difere das bodas na
Terra. No céu, somente a Igreja e seus convidados participarão. Na Terra,
Israel estará esperando que o esposo venha convidá-lo a conhecer a esposa (a
Igreja), que estará reinando com Ele no período milenial.
FONTE LIÇÕES CPAD
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