O primeiro Concílio da Igreja de Cristo
Artigo Mauricio Berwald
A igreja de Jerusalém corria o risco de se transformar num
movimento religioso como outro qualquer da Judeia. Se não fosse a sábia decisão
dos Apóstolos, dos líderes e da comunidade palestínica, a Igreja de Cristo
estaria fadada a um fortuito fracasso já em seus primórdios. Porém, o Espírito
Santo conduziu o Concílio de Jerusalém, abalizando-o por uma sábia decisão: “Pois
pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas
coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem
como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas;
destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde” (At 15.28,28 — ARA).
O CONCÍLIO DE JERUSALÉM
Contexto.A conversão dos gentios; a
tensão entre judeus e gentios; a insistência dos crentes judaizantes
tradicionalistas para que os gentios adotassem o estilo de vida judaico; o
combate violento de Paulo contra o evangelho judaizante; a necessidade de uma
resolução que legislasse sobre o tema.
A questão levantada.Para os gentios serem salvos,
era necessário se tornar um judeu? Atualmente, é necessário alguma outra coisa,
fora de confessar a Cristo, para ser salvo?
O debate.De um lado os fariseus cristãos
apoiavam a visão dos judaizantes; do outro, Paulo e Barnabé enfatizavam que
Cornélio e sua família foram aceitos por Deus como gentios.Em harmonia com as
Escrituras, a contribuição do apóstolo Tiago foi preponderante para a resolução
apostólica em conjunto com a igreja: 1) não se devia pedir aos gentios que
adotassem a “cultura” judaica, pois isto “perturbaria” (15.19) a liberdade em
Cristo; 2) As recomendações estabelecidas foram: não comer carne sacrificada a
ídolos; não ingerir sangue e não comer carne sufocada; não praticar relação
sexual ilícita. Estas resoluções deixam patentes a verdadeira liberdade que há
em Cristo Jesus e o verdadeiro princípio de respeito à vida que Deus exige de
nós!
Sob as instâncias de Paulo e Barnabé, os apóstolos convocam o
Concílio de Jerusalém, para tratar de uma questão que vinha perturbando os
crentes gentios: Deveriam estes também observar os costumes e ritos judaicos?
Isto porque, “alguns que tinham descido da Judeia ensinavam assim os irmãos: Se
vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At
15.1).
As decisões desse concílio, realizado no ano 48, foram mais do
que vitais à expansão do Cristianismo até aos confins da terra.]
O QUE É UM CONCÍLIO
Definição. Originária do vocábulo
latino concilium,
a palavra concílio significa conselho, assembleia. O concílio, por conseguinte,
é uma reunião de representantes da Igreja, cujo objetivo é deliberar acerca da
fé, doutrina, costumes e disciplina eclesiástica.
Os concílios no Antigo Testamento. O
primeiro concílio da velha aliança deu-se quando Moisés congregou os anciãos de
Israel para declarar-lhes o plano de Deus para libertar os hebreus do Egito (Êx
4.29). A partir daí, muitos foram os concílios convocados quer pelos reis, quer
pelos profetas, para tratar das urgências nacionais e das crises que surgiram
ao longo da história de Israel no Antigo Testamento (2 Cr 34.29: Ed 10.14; Ez
8.1).
Os concílios em o Novo Testamento. Os
apóstolos reuniram-se em três ocasiões distintas, para decidir sobre pendências
na comunidade cristã. A primeira vez para eleger Matias em lugar de Judas
Iscariotes e aguardar a chegada do Consolador; a segunda para instituir o
diaconato; e a terceira, para discutir as imposições que os judaizantes
buscavam impor sobre os cristãos gentios (At 1.12-26; 6.1-15; 15.6-30).
A IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM
A terceira reunião dos apóstolos, que viria a ser conhecida como
o Concílio de Jerusalém, foi tão importante e vital à Igreja de Cristo que dela
dependia o futuro do Cristianismo. Se os apóstolos houvessem cedido à pressão
dos judaizantes, a religião do Nazareno extinguir-se-ia em mera seita judaica.
Mas os dirigentes da Igreja, instrumentalizados pelo Espírito Santo,
houveram-se com sabedoria e firmeza, possibilitando que o Reino de Deus,
transcendendo as fronteiras de Israel, se universalizasse até aos confins da
terra.
O Concílio de Jerusalém foi modelar desde a convocação até as suas
derradeiras decisões.
Convocação. O Concílio de Jerusalém
foi convocado pelos apóstolos sob as instâncias de Paulo e Barnabé. Enviados
pelas igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, requeriam eles fosse tomada uma
resolução urgente quanto a este problema: deveriam os gentios observar também
os costumes e ritos judaicos, incluindo a circuncisão?
Presidência. Sendo a figura de Pedro
preponderante entre os santos da circuncisão, conclui-se tenha ele presidido o
Concílio de Jerusalém. Em todos aqueles acalorados debates, o apóstolo agiu com
sabedoria, moderação. Tudo fez por preservar a unidade da Igreja no Espírito
Santo.
Debates. As discussões são
acaloradas. Extremados na defesa do farisaísmo, exigiam os judaizantes: “É
necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés” (At
15.5 — ARA).
Em seguida, Pedro levanta-se e põe-se a historiar como os
gentios, por seu intermédio, vieram a converter-se a Cristo. Para calar a boca
aos adversários, indaga o apóstolo: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo
sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem
nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também
aqueles o foram” (At 15.10,11 — ARA).
Depois da exposição de Pedro, os também apóstolos Paulo e
Barnabé tomam a palavra. Faz Lucas esta observação: “Então toda a multidão
silenciou, passando a ouvir a Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e
prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios” (At 15.12 — ARA).
O pronunciamento decisivo de Tiago. Apesar
de sua reputação conservadora, sai Tiago irmão do Senhor, em defesa dos santos
gentios e da universalidade da igreja de Cristo: “Pelo que, julgo eu, não
devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes
que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais
ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue” (At 15.19,20 — ARA).
A CARTA DE JERUSALÉM.
os debates,
decidem os apóstolos enviar uma encíclica às igrejas de Antioquia, Síria e
Cilícia, por intermédio de Paulo, Barnabé, Judas e Silas, expondo as resoluções
tomadas no Concílio de Jerusalém (At 15.27-30). Resoluções estas, aliás, que se
fizeram universais tanto em relação ao tempo quanto ao espaço; tornaram-se
contemporâneas dos cristãos de todas as eras. Em resumo, o documento trata dos
seguintes temas:
Da salvação pela graça. Deixam os
apóstolos bem patente o seu apoio ao evangelho que Paulo proclamava aos
gentios: a salvação pela graça (At 15.11).
Da comida sacrificada aos ídolos. A
carta circular dos apóstolos é bem clara: “Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos” (At 15.29). Terá essa recomendação alguma serventia
para nós hoje? Além das festas juninas e dos doces distribuídos no dia de Cosme
e Damião, há muitos banquetes consagrados aos deuses das riquezas, às
divindades do poder corrupto e corruptor, e aos demônios da permissividade
moral e do relativismo ético. Outrossim, cuidado com os restaurantes que, logo
na entrada, expõem a sua divindade como se fora um mero folclore. Não é
folclore; é demônio mesmo.
Da ingestão de sangue e de carne sufocada. Parece
uma recomendação banal? Nada na Bíblia pode ser banalizado. Ouçamos e
obedeçamos à encíclica apostólica: “Que vos abstenhais [...] do sangue, da
carne de animais sufocados” (At 15.29 — ARA). Receitas culinárias que empregam
o sangue como um de seus ingredientes contrariam as leis divinas. Leia Gênesis
9.4.
Das relações sexuais ilícitas. Num
século tão promíscuo e leniente como este, a recomendação dos santos apóstolos
não haverá de ser esquecida: “[...] que vos abstenhais das relações sexuais
ilícitas” (At 15.29). O que é uma relação sexual lícita? É a praticada no
âmbito do casamento entre um homem e uma mulher. Logo, o sexo antes e fora do
casamento é ilícito e pecaminoso (Êx 20.14; Ap 22.15). Pecado também é o
homossexualismo tanto masculino quanto feminino (Lv 18.22; Rm 1.26-27; 1 Co
6.9).
A voz dos apóstolos não pode ser calada pela “lei da
mordaça”.Que o exemplo dos santos apóstolos mova a Igreja de Cristo a livrar-se
de toda briga local, a fim de mostrar a sua vocação universal e eterna. O mesmo
Espírito que dirigiu o Concílio de Jerusalém faz-se presente no meio de seu
povo, inspirando os ministros do Evangelho a tomarem decisões de conformidade
com a Bíblia Sagrada. Interessante, o concílio convocado para combater o
legalismo judaizante tornou a Igreja de Cristo mais santa e pura.
A decisão do Espírito Santo
‘Na
verdade pareceu bem ao Espírito Santo, e a nós, não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias: que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação
[relações sexuais ilícitas — ARA]; das quais coisas fazeis bem se vos
guardares’ (At 15.28,29). A expressão ‘pareceu bem ao Espírito Santo’
significa: O Espírito Santo, na sua atuação entre os gentios já testemunhara
que estes foram libertos do jugo da Lei mosaica (At 10.44-48). O Espírito
Santo, cuja orientação foi prometida aos apóstolos e outros líderes [e à
Igreja], já testemunhara ao coração deles que os gentios deviam ser livres do
fardo (Mt 18.20; Jo 16.13). [Ou seja] Os gentios foram isentos da obrigação de
observar os costumes judaicos. [...] Estes convertidos já possuíam a vida e a
liberdade espiritual. Por que enterrar esta vida com formulários mortos?”
(notas PEARLMAN, M.Atos. E a Igreja se fez Missões. 1.ed.
RJ: CPAD, 1995, pp. 169-70).
As viagens missionárias de Paulo
A
Igreja Primitiva cumpriu a Grande Comissão enviando Paulo e
Barnabé para a obra que o Senhor os chamara. Assim, Paulo alcançou as nações de
sua época. Nós, como Igreja do Senhor, também devemos fazer a nossa parte, pois
ainda existem muitas nações e povos que precisam ser alcançados com o Evangelho
de Cristo. Atualmente na “Janela 10x40” existem milhares de pessoas que se
encontram em trevas espirituais. Como elas ouvirão o Evangelho se não há quem
pregue? (Rm 10.14). E como pregarão, se a Igreja do Senhor não enviar e
sustentar os missionários? (Rm 10.15). Ouçamos a voz do Espírito Santo, pois
Ele continua a falar à sua Igreja: “Separai meus servos para a obra que os
tenho chamado”.
A Igreja Primitiva evangelizou o mundo gentio em aproximadamente
trinta anos. O imperativo missionário de Atos 1.8 era, e sempre será, uma
demanda que não admite contestação ou indolência. Movidos pelo Espírito Santo,
os discípulos saíram a evangelizar e a discipular a todos os povos. Nenhuma
nação deixou de ser contemplada.
A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 13 — 14)
De Antioquia a Chipre (At 13.1-12).
A
primeira viagem missionária de Paulo ocorre logo após ter sido ele comissionado
pelo Espírito Santo (vv.2,3). Orientado pelo mesmo Espírito, o apóstolo,
juntamente com Barnabé, embarca em Selêucia, porto marítimo de Antioquia, em
direção à Ásia Menor (v.4). Com isto, Lucas demonstra ser o Espírito de Cristo
o verdadeiro protagonista de Atos dos Apóstolos (v.9).
Já em Chipre, cidade natal de Barnabé (At 4.36), desembarcam em
Salamina, onde havia uma considerável população judaica. Ali anunciam a Palavra
do Senhor à sinagoga local. Depois, viajando em direção à ilha de Pafos,
proclamam o Evangelho de Cristo às suas aldeias e povoados.
De Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52).
De
Pafos, subindo o rio Cestro, Paulo chega a Perge, região da Panfília, cuja
população era devota de Diana (Ártemis). Após uma viagem de 160 quilômetros, o
apóstolo chega a Antioquia da Pisídia, onde havia uma grande comunidade judaica
e um posto militar romano.
Na sinagoga local, Paulo proclama o evangelho aos judeus da
Diáspora, conduzindo muitos à conversão. Não poucos prosélitos também aderem à
fé. No sábado seguinte, uma grande multidão congrega-se, a fim de ouvir a
Palavra de Deus. Os judeus incrédulos, porém, saem a blasfemar e a incitar a
cidade contra o apóstolo.
De Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28).
Localizada
no entroncamento de Éfeso, Tarso e Antioquia, era Icônio uma cidade mui
estratégica à difusão do evangelho. Como de costume, Paulo põe-se a evangelizar
os judeus da dispersão. Muitos crêem. Outros, porfiando em sua incredulidade,
incitam as gentes contra os apóstolos.
Temendo por suas vidas, Paulo e Barnabé deixam Icônio e
dirigem-se a Listra e a Derbe, cidades da Licaônia.
Em Listra, que tinha como padroeiro a Zeus, o maioral dos deuses
gregos, os apóstolos pregam e restauram a saúde a um coxo de nascença.
Abismados pelo milagre, os licaônios atribuíram o prodígio à manifestação de
Zeus e Hermes (At 14.11,12). E já completamente fora de si, puseram-se a
oferecer sacrifícios aos apóstolos que, energicamente, impediram-nos (At
14.15).
Logo em seguida, os que eram adorados como deuses são tratados
como a escória da humanidade. Uma multidão, procedente de Antioquia e Icônio,
incita as pessoas a apedrejarem a Paulo, que é dado como morto (At 14.19). No
entanto, a semente ali plantada haveria de florescer e frutificar.
A SECUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 15.36 — 18.28)
Em direção à Ásia (15.36 — 16.8).
Após
a ruptura com Barnabé, prossegue Paulo na companhia de Silas, que também era
profeta (At 15.32). Em Listra, une-se a eles um jovem greco-hebreu — Timóteo, a
quem o apóstolo escreveria duas epístolas.
Deixando Antioquia, passaram pela Síria e Cilicia. Confortando
as igrejas na fé, informando-as acerca da resolução do Concílio de Jerusalém
(16.4,5). Em ato contínuo, atravessam a região da Frígia e da Galácia. Mas o
Espírito Santo, sempre na direção dos atos de seus apóstolos, interrompe-lhes a
jornada, conduzindo-os por um itinerário que haveria de mostrar-se vital à
expansão do Cristianismo.
Em direção à Europa (16.12 — 18.18).
Em
Trôade, Paulo é orientado, numa visão, a seguir para a Macedônia. Rumo a
Filipos, passa pela Samotrácia e por Neápolis, até chegar a Filipos. Esta foi a
primeira cidade da Europa a receber o evangelho. E Lídia, a primeira européia a
receber a Cristo, constrange os apóstolos a hospedarem-se em sua casa.
Nessa cidade, Paulo expulsa o espírito de adivinhação de uma
jovem que, por intermédio desse artifício, dava grandes lucros a seus senhores
(At 16.16-18). Vendo estes que a fonte de seu ganho secara, incitaram a cidade
contra os apóstolos que, levados ao tribunal, foram postos em prisão.No
cárcere, Paulo e Silas adoravam a Deus quando um terremoto abriu-lhes as portas
da cadeia. O episódio constrangeu o carcereiro e toda a sua família a
converterem-se a Cristo (At 16.31). Já libertos, seguiram eles a Tessalônica,
passando por Anfípolis e Apolônia. E dali, prosseguiram a pé por 64 quilômetros
até a cidade.
Regresso (18.18-22).
De
Atenas, dirigiu-se Paulo a Corinto, a mais importante metrópole da Grécia. Na
cidade, fez contatos com Áquila e Priscila. Aos sábados, consagrava-se ele a
proclamar o evangelho aos judeus e gentios ali residentes. Seu grande esforço
resultou na conversão do principal da sinagoga — o irmão Crispo. A permanência
de Paulo em Corinto foi de um ano e seis meses. Despedindo-se da igreja ali
estabelecida, dirigiu-se a Éfeso, na província da Lídia. Em seguida, retorna a
Antioquia via Jerusalém.
TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 18.23 — 28.31)
De Antioquia a Macedônia (18.23 — 20.3).
De
Antioquia, Paulo dirigiu-se a Éfeso, objetivando confirmar a igreja local. Como
alguns discípulos nada sabiam sobre o Espírito Santo, pôs-se o apóstolo a
doutriná-los acerca da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Em seguida, orou
para que o Espírito de Deus sobre eles viesse. Imediatamente, começaram a falar
noutras línguas e a profetizar.
Como resultado de seu trabalho, a superstição é vencida na
cidade.
De Filipos a Jerusalém (20.6 — 21.17).
Nessa
seção de Atos, Paulo encerra a sua terceira viagem missionária. Visita a
Macedônia e a Grécia. Logo a seguir, retorna a Ásia (20.1-6). Alguns fatos
marcaram-lhe o regresso: seu longo discurso, a ressurreição de Êutico e o
comovente discurso aos anciãos de Éfeso. Apesar de alertado divinamente sobre
os perigos que o aguardavam em Jerusalém, chega à Cidade Santa.
Paulo em Jerusalém.
Em Jerusalém, Paulo reúne
os anciãos da Igreja em casa de Tiago e narra o que Deus fizera aos gentios
através de seu ministério. Ante o relato, os presbíteros preocupam-se com a
reação dos judeus a respeito de Paulo. O temor não era infundado: Paulo é
acuado e agredido pela multidão. Todavia, o Senhor preserva-lhe a vida,
providenciando para que seja levada a Roma, onde era mister que proclamasse o
evangelho.
Nas viagens missionárias de Paulo, vemos clara e meridianamente
os Atos do Espírito Santo. Sim, o Espírito Santo continua a operar maravilhas
no campo missionário, fazendo o evangelho chegar aos confins da terra. Quando
intimado pelo Senhor, não se furte. Responda: “Eis-me aqui, envia-me a
mim”.
A Primeira Viagem Missionária.
Como
pôde o apóstolo Paulo, em tão pouco tempo, evangelizar os principais centros do
Império Romano e, finalmente, instalar-se em Roma com a irresistível mensagem
do Evangelho? Ou melhor: como pôde um único homem revolucionar toda a sua
época? A resposta não exige muita abstração. Em primeiro lugar, era Paulo um
mensageiro extraordinário do Senhor, através do qual foi o evangelho
universalizado. Além disso, utilizou-se ele da infra-estrutura do império para
viajar de cidade em cidade, de província em província e de reino em reino.
Providencialmente, não precisava de nenhum passaporte especial:
era um cidadão romano. Somente um Deus, que é a mesma sabedoria, haveria de
predispor todas as coisas a fim de que a mensagem da cruz chegasse aos confins
da terra. [...] Em Antioquia, o apóstolo Paulo desempenhou uma importante etapa
de seu ministério. E daqui, partiu ele para a sua primeira viagem missionária.
Após o Concílio de Jerusalém, retornou à cidade com as resoluções tomadas pelos
apóstolos e anciãos (At 15.23). Sua segunda viagem missionária também teria
Antioquia como ponto de partida. Atualmente, Antioquia não passa de uma modesta
povoação. Para nós, no entanto, será conhecida sempre como a igreja missionária
por excelência”.(notas ANDRADE, C. Geografia
Bíblica. 11.ed. RJ: CPAD, 2001, pp.227-29).
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