SUBSIDIO N.8 LIÇÕES CENTRAL GOSPEL (A
CULPA )
1 - Tem misericórdia de mim, ó Deus,
segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão
das tuas misericórdias.
2 - Lava-me completamente da minha
iniqüidade e purifica-me do meu pecado.
3 - Porque eu conheço as minhas
transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
4 - Contra ti, contra ti somente
pequei, e fiz o que a teus olhos é mal, para que sejas justificado quando
falares e puro quando julgares.
7 - Purifica-me com hissopo, e
ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve.
8 - Faze-me ouvir júbilo e alegria,
para que gozem os ossos que tu quebraste.
9 - Esconde a tua face dos meus
pecados e apaga todas as minhas iniqüidades.
10 - Cria em mim, ó Deus, um coração
puro e renova em mim um espírito reto.
11 - Não me lances fora da tua
presença e não retires de mim o teu Espírito Santo.
12 - Torna a dar-me a alegria da tua
salvação e sustém-me com um espírito voluntário.
17 - Os sacrifícios para Deus são o
espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó
Deus.
Caro professor, nesta lição, o
"homem segundo o coração de Deus", de acordo com Mark Dever,
tornou-se o retrato mais claro do que significa arrepender-se do pecado. Como
homem, Davi errou e quase veio a sucumbir, no entanto, ao contrário de Saul,
não tentou se justificar, mas arrependeu-se profundamente e reconheceu o seu
pecado (2 Sm 12.13a; Sl 51.4). Aproveite esta aula para enfatizar aos alunos a
importância da confissão, do arrependimento e do abandono da prática do pecado.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Realize um pequeno debate com o
seguinte problema: "Saul transgrediu a Lei do Senhor e, em virtude disso,
perdeu o trono. O que o torna diferente de Davi? Por que Davi pecou e não
perdeu o reino?" Após ouvir as respostas, explique que a diferença entre
Saul e Davi provavelmente está na atitude dos dois em relação ao pecado. Ao
pecar, Saul tentou justificar-se transferindo a responsabilidade para o povo (1
Sm 13.13,14; 15.1-3,9,15-31). Ao passo que Davi, arrependeu-se profundamente (2
Sm 12.13a; Sl 51.4). Conclua o debate mostrando que atualmente o crente que não
reconhece seus erros e rejeita a disciplina de Deus, poderá ter o mesmo destino
de Saul. Esteja atento para que o debate não se estenda muito, utilize, no
máximo, 10 minutos.
COMENTÁRIO
Palavra Chave
Restauração: Restabelecimento de uma
situação vivida anteriormente; conserto.
O relacionamento pecaminoso de Davi
com Bate-Seba foi rápido, mas as suas consequências foram duradouras. Até ser
confrontado pelo profeta, ele agiu à semelhança dos nossos primeiros pais, que
também tentaram ocultar seus pecados (Gn 3.1-13). Todavia, uma vida de pecados
ocultos apenas prolonga o sofrimento de quem os comete, já que de Deus ninguém
consegue esconder nada. Por certo, Davi só obteve paz espiritual após dizer a
frase que resume a atitude de um pecador arrependido: "Pequei contra o
Senhor" (2 Sm 12.13).
I. A RESTAURAÇÃO E A PALAVRA DE DEUS
1. Davi e a Palavra de Deus. Davi
certamente era um homem que amava a Palavra de Deus. Entretanto, podemos
afirmar com segurança que no momento de sua queda espiritual ele estava longe
da lei divina. Poderia um homem estar agindo de acordo com a Palavra de Deus e
ainda assim possuir a mulher do seu próximo e mandar matar seu marido? Por
certo não! O mais simples é entendermos que Davi se tornara um burocrata, e um
crente com uma vida devocional pobre, e que, por isso, não percebera sua
fragilidade nem tampouco a cilada de Satanás.
Davi foi confrontado pela Palavra de
Deus pronunciada pelo profeta Natã (1 Sm 12). Qual outra fonte se atreveria a
confrontar o rei? Somente a Palavra de Deus é poderosa para lançar luz em
nossas densas trevas.
2. O cristão e a Palavra de Deus. Em
o Novo Testamento encontramos várias atitudes que o cristão deve tomar em
relação à Palavra de Deus, a fim de que não venha tropeçar (Rm 10.17; 1 Ts
1.6). O crente necessita ouvir a Palavra, recebê-la e também nela meditar (Sl
1.2). A Palavra precisa ser aceita e acolhida por nossas mentes e corações. Quantos
tropeçam porque não recebem aquilo que Deus está a lhes falar? Armar-se com a
Palavra é outra atitude fundamental para não fracassar (Ef 6.17). Contudo, o
que adianta armar-se com a Palavra ou estar cheio dela se não soubermos como
usá-la? É preciso manejar bem a Palavra da verdade (2Tm 2.15).A Palavra de Deus
é fundamental no processo de restauração, atuando como luz em nossas densas
trevas.
II. A RESTAURAÇÃO E A INFLUÊNCIA DE
FATORES EXTERNOS EM NOSSAS DECISÕES
1. A influência do meio. Embora não sirva
de desculpa, não há como negar que Davi se deixou influenciar pelo meio no qual
vivia. Na cultura do Antigo Oriente os reis eram quase semi-deuses, podendo
exercer um poder absoluto e ter praticamente tudo o que queriam. Ser o homem de
várias mulheres era algo considerado "normal" naqueles dias. Com Davi
não foi diferente. Essa influência do meio fez com que ele desejasse e
possuísse Bate-Seba, sem se dar conta do grande mal que estava praticando.
Veremos mais adiante que o meio não
deve servir de justificativa para nos eximir de nossas responsabilidades
morais, no entanto, não devemos subestimar o poder exercido por ele (Rm 12.2).
Tomemos cuidado com o meio no qual vivemos.
2. Nossa responsabilidade moral. Já
falamos que Davi estava no lugar errado e na hora errada. Porém, em seu
processo de restauração, isso não é levado em conta e nem deveria, já que a
Escritura coloca sobre nós toda a responsabilidade pelas decisões que tomamos.
Devemos dar a resposta adequada ao meio onde nos encontramos. A restauração de
Davi começa por essa conscientização.
É bom sabermos que, como agentes
morais livres, somos responsáveis por nossas ações ou decisões. Não é possível
nenhum processo de restauração quando desconsideramos esse fato. Por que Davi
caiu? Por que Pedro negou a Jesus? Por que Judas o traiu? Em todos os casos, de
quem era a culpa? Deus pode ser responsabilizado pelas ações desses homens?
Algum deles foi predestinado a cometer tal ato? Em todos esses casos, quer
estivessem motivados por agentes da tentação externos, quer não, a Escritura
põe a responsabilidade desses atos sobre cada um deles. A culpa foi de Davi, a
culpa foi de Pedro, a culpa foi de Judas. A culpa é nossa. É por isso que, para
ser restaurado, Davi exclamou: "Porque eu conheço as minhas transgressões;
e o meu pecado está sempre diante de mim" (Sl 51.3).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O meio exerce uma poderosa
influência sobre nós, mas isso não nos exime de nossa responsabilidade moral.
III. A RESTAURAÇÃO E A ATITUDE
DIANTE DO PECADO
1. Reconhecendo a misericórdia de
Deus. Possivelmente nenhum obstáculo é maior no processo de restauração do que
o sentimento de indignidade que a culpa produz. Satanás é sabedor deste fato e
costuma explorá-lo até as últimas consequências. Quantos cristãos estão encostados
porque, após terem fracassado, acham-se eternamente indignos de ser restaurados
e de levantar a cabeça? Quando Davi tropeçou, consciente de seu erro, exclamou
do fundo da sua alma: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a sua
benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas
misericórdias" (Sl 51.1). A restauração só é possível, porque Deus é
gracioso para conosco e está pronto a mostrar o seu favor imerecido. De fato,
um dos significados da palavra graça é "favor imerecido". Davi estava
consciente de que, para ser restaurado, ele necessitava do favor e da compaixão
do Eterno.
2. Reconhecendo a nossa
pecaminosidade e a santidade de Deus. Nos versículos 2 e 3 do Salmo 51, Davi
reconhece sua iniquidade e transgressão. Essas duas palavras são usadas para
nomear a malignidade do pecado. A transgressão é maligna, e a sua consequência
imediata é a culpa. Somos portadores de uma natureza pecaminosa, e o
reconhecimento desse fato é importantíssimo no processo de restauração (Rm
7.18). Por que culpar o outro quanto na verdade somos a causa do problema? A
ordem do processo de restauração é sempre essa: arrependimento,
conscientização, confissão e abandono da prática pecaminosa.
Davi ora e diz: "Esconde a tua
face dos meus pecados" (Sl 51.9). Nenhum pecado é tratado devidamente se
não se leva em conta a santidade do Senhor. O pecado é cometido primeiramente
contra Deus e sua Palavra. A nossa transgressão deve provocar um sentimento de
vergonha diante da divindade, que é santa. Se o pecado mancha nossa vida e
agride a santidade de Deus, precisamos urgentemente ser purificados. Por isso,
Davi exclama: "Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei
mais alvo do que a neve" (Sl 51.7).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O reconhecimento dos nossos pecados,
da santidade e da misericórdia divinas são fundamentais no processo de
restauração.
CONCLUSÃO
A Escritura comprova que Davi foi
totalmente restaurado diante de Deus, e suas poesias expostas nos Salmos
confirmam essa restauração. Não há porque vivermos sob o domínio do pecado, uma
vez que a Escritura assegura-nos de que o sangue de Jesus quebrou esse domínio
e tem poder para nos purificar totalmente dele (Rm 6.14; 1 Jo 1.7,9). Contudo,
no processo de restauração, cabe a nós demonstrar uma atitude de
arrependimento, confissão, quebrantamento e abandono do pecado, assim como fez
Davi.
VOCABULÁRIO
Sem ocorrências.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
COUTO, G. A Transparência da Vida
Cristã. RJ: CPAD, 2001.
Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ:
CPAD, 2006.
EXERCÍCIOS
1. Cite algumas atitudes que o
cristão deve tomar em relação à Palavra de Deus.
R. O crente necessita ouvir, receber
e meditar na Palavra, bem como aceitá-la e acolhê-la em nossas mente e coração.
2. De quem é a responsabilidade pelo
pecado?
R. A responsabilidade pelo pecado é
de quem os comete.
3. Qual é a ordem do processo de
restauração?
R. Conscientização, arrependimento,
confissão e abandono do pecado.
4. Antes de ser contra nós ou outra
pessoa, primeiramente, o pecado agride a quem?
R. Agride a Deus e a sua Palavra.
5. Na situação de Davi, o que você
faria?
R. Resposta pessoal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Bibliológico
"A doutrina do perdão,
proeminente tanto no AT quanto no NT, refere-se ao estado ou ao ato de perdão,
remissão de pecados, ou à restauração de um relacionamento amigável. [...] No
perdão, a culpa pelo pecado é perdoada e substituída pela justificação, através
da qual o pecador é declarado justo. [...] Embora judicialmente todos os
pecados sejam perdoados quando o pecador é salvo através da fé (Jo 3.18), se o
pecado entrar na vida de um cristão, ele afetará o relacionamento deste com o
Pai Celestial. O perdão e a restauração da comunhão que se fizeram necessários
são efetuados mediante a confissão dos pecados (1 Jo 1.9) e o arrependimento
(Lc 17.3,4; 24.47). [...] A confissão de pecados é feita primeiramente a Deus
(Sl 32.3-6), àquele que sofreu o dano (Lc 17.4), a um conselheiro espiritual (2
Sm 12.13), ou a congregação de crentes (1 Co 5.3)".
(Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ:
CPAD, 2006. pp.443,1501-2).
APLICAÇÃO PESSOAL
"A confissão é para a alma o
que o preparo da terra é para o campo. Antes de semear, o fazendeiro trabalha a
terra, removendo pedras e arrancando tocos. Ele sabe que a semente cresce
melhor quando o solo é preparado. A confissão é um convite para Deus passear
pelos acres de nosso coração. A semente de Deus cresce melhor se o solo do
coração é roçado. [...] E então, o Pai e o Filho andam juntos pelo campo;
cavando e arrancando, preparando o coração para frutificar. A confissão convida
o Pai a trabalhar o solo da alma. A confissão busca o perdão de Deus, não a
anistia. Perdão presume culpa; anistia, derivada da mesma palavra grega para
amnésia, 'esquece' a suposta ofensa sem imputar culpa".(LUCADO, M. Nas
Garras da Graça. RJ: CPAD, 1999, p.120).
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