Sob a
quarta trombeta escurece-se a terça parte do sol (8:12), mas aqui o poder
abrasador do sol intensifica-se. “Foi-lhe permitido que abrasasse os homens com
fogo.” Esta há de ser a bomba H de Deus. Não interpretamos o sol simbolicamente
nesta passagem (como autoridade suprema governamental representada pelo mundo
romano revivificado), mas como o sol real, de cujo calor nada pode escapar (Sl
19:1-6). Tendo controle completo sobre suas obras criadas, Deus intensifica o
calor do sol e com isso causa grande morticínio. Descrevendo o grande e
terrível dia do Senhor, o profeta Joel declarou:
O sol e a lua escurecem, e
as estrelas retiram o seu resplendor (Jl 2:10).
Sob a
primeira trombeta as árvores e a relva verde foram queimadas, mas agora Deus
aplica sua política da terra abrasada aos corpos dos homens. Podemos nós
imaginar a angústia terrível que as multidões experimentarão ao serem abrasadas
por esse calor intenso? A versão de Almeida traduz bem a ênfase do grego, ao
dizer: “Os homens foram abrasados com
grande calor”—isto é, aqueles homens que em 16:2 são descritos como possuindo a
marca da besta. Assim como aconteceu com as pragas do Egito, aqui também,
nestas pragas do juízo, o povo de Deus fica imune. Assim como os três jovens
hebreus foram preservados na fornalha de fogo, assim também o remanescente será
protegido por Deus (Ap 7:16; Dn 3:27).
E como o
coração de Faraó foi endurecido a despeito da amostra do poder absoluto de Deus
sobre sua criação, assim também aqui o sofrimento físico extremo falha em
produzir qualquer mudança de coração: “Não se arrependeram para lhe darem
glória.” Em vez de serem esmagados pelos juízos de Deus e clamar por
misericórdia, estes homens apenas blasfemaram o seu nome. O castigo merecido
engrossa os lábios e endurece o coração; os fogos dos juízos falham em
purificar. Por ser a bondade da graça que leva ao arrependimento (Rm 2:4), os
homens que não são ganhos por meio da graça jamais serão ganhos.
Podemos
apenas especular sobre o que poderia ter acontecido se tivesse havido
arrependimento santo da parte destes homens com sua carne em fogo. Teria Deus,
com autoridade sobre as pragas, parado a tempestade de sua ira e uma vez
mais abençoado os arrependidos com seu favor? A tragédia será a falta
absoluta de humildade e pesar da parte do homem pelo pecado. Um juízo duplo
como o calor abrasador e ausência de água potável falhará em produzir qualquer
mudança de coração. Por ser este povo réprobo por completo, Deus os abandonará.
A Quinta
Taça — Sobre o Trono da Besta (16:10, 11)
Nesta
quinta taça da ira, o juízo se derrama sobre o trono da besta que foi erigido
em imitação arrogante do trono de Deus. O dragão deu seu trono para a besta
(13:2). A obra-prima de Satanás agora é ferida no centro e sede do seu poder. A
besta, uma pessoa real, como instrumento de Satanás, está condenada. E está
claro que os súditos deste reino de imitação, e também seus executivos, sentem
o golpe da vingança divina. William Newell sugere que o trono da besta
será a Babilônia reconstruída no rio Eufrates—a antiga capital de Satanás na
terra de Sinar, onde a maldade deve receber “uma casa” no final dos tempos
(Zc 5:5-11).
Finalmente
o desafio ímpio e insolente: “Quem é semelhante à besta? quem poderá batalhar
contra ela?” (13:4) é para sempre respondido. Sob o domínio da besta, Satanás
constrói um vasto império, mas Deus não há de ficar para trás: fere o reino da
besta com a escuridão. Porque amaram mais as trevas do que a luz, escuridão tão
negra como a da praga dos egípcios (Êx 10:21-23) agora sobrevêm aos
seguidores da besta. Esta horrível escuridão sugere as trevas que devem
suportar para sempre.
Tais
trevas sem alívio fazem com que os homens mordam de dor as suas línguas. Este
juízo parece acontecer simultaneamente com os efeitos das pragas anteriores. As
dores e chagas da primeira taça tornam-se mais assustadoras pelas trevas.
William Ramsay lembra-nos que a expressão “mordiam de dor as suas
línguas” é única na Bíblia e indica uma agonia mais intensa e excruciante. Tal
ação sugere ira por causa da desilusão de suas esperanças e da derrocada de seu
governante e reino. Planejam vingança mas não a podem efetuar; daí a
sua fúria. Sofrendo angústia mental e física, mordem os lábios e línguas.
É
interessante notar que a parte do corpo com a qual estes rebeldes pecaram é a
mesma que agora sofre a angústia. Blasfemaram o Deus do céu, Aquele
que controla a luz e a escuridão. Juras terríveis procederam de seus lábios
contra o nome de Deus e contra o próprio Deus. Agora estes blasfemadores mordem
as línguas!
Até mesmo
o acúmulo de pragas, em vez de
mera sucessão, falha em produzir mudança de coração, pois lemos de novo que não
se arrependeram de seus feitos. Sua vontade está indomada. Não correm lágrimas
de penitência. Abandonados aos seus feitos malignos, golpes ainda mais pesados
devem descer de Deus a fim de quebrar-lhes a vontade obstinada.
Devemos
salientar que esta taça da escuridão não deve ser confundida com o
escurecimento dos corpos celestes logo antes da aparição de Cristo
em 19:11-16. O que vemos nesta quinta taça é um dos sinais que nosso
Senhor deu em sua descrição do período da Tribulação (Lc 21:8-38). Para o
remanescente na terra haverá luz bastante, assim como Israel teve luz em suas
habitações durante as pragas egípcias.(notas comentario , Normam R. Champlin, )
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