A igreja em Sardes foi morrendo
aos poucos até esvaziar-se por completo do Espírito Santo. Agora, já não
passava de um cadáver. Mas aos olhos humanos, parecia bem viva. Assemelhava-se
aos defuntos preparados em ricas funerárias. Bem maquiada e vestida ricamente,
impressionava por sua vida sem vida. Ela, porém, já começava a cheirar mal.
Muitas igrejas, hoje,
assemelham-se a Sardes. Morreram e não o sabem. Vivem do passado, pois já não
existem no presente. Ao invés do registro do novo nascimento, o atestado de um
óbito que poderia ter sido evitado. Era só angustiar-se por um avivamento.
Todavia, o Senhor Jesus quer
reavivá-las. O Espírito Santo haverá de soprar-lhes a vida, para que se reergam
neste vale de ossos sequíssimos. Somente um reavivamento ressuscitará as
igrejas que, apesar de terem história, já não fazem história.
I. A IGREJA EM SARDES
1. A cidade de Sardes. A cidade de
Sardes, por estar situada a quinhentos metros acima do nível do mar,
considerava-se inexpugnável. Ela orgulhava-se também de seus fabulosos
tesouros. Suas abundâncias vinham, em parte, do rio Pactolos, que lhe fornecia
ouro e prata em grandes quantidades. Suas águas, de tão excelentes, eram tidas
como indispensáveis à boa saúde.
Sardes fazia parte do Reino da
Lídia, cujos monarcas tornaram-se notórios por sua magnificência. Haja vista o
fabuloso Creso. Ascendendo ao trono no sexto século a.C, este rei acumulou
tantos bens, que o seu nome veio a tornar-se sinônimo de riqueza. No mundo
antigo, este ditado era corrente: “Rico como Creso”.
Quem visita, hoje, a Turquia,
espanta-se com as ruínas de Sardes. Nem sombra há daquele reino que se elevava
aos céus.
2. A igreja em Sardes. Fundada
provavelmente pelo apóstolo Paulo, a igreja em Sardes exalava abundante vida.
De um amontoado de gente oriunda de várias etnias, o Espírito Santo batizou a
todos no corpo de Cristo (Rm 6.3). E apesar da diversidade cultural, todos
agora achavam-se irmanados no Autor da vida (Nm 27.16; Jo 17.2; At 3.15).
Mas, não demorou muito, e Sardes
começou a necrosar-se; morria e não percebia que estava morrendo (Ap 3.1).
Sardes, agora, vivia de
aparências. Embora parecesse avivada, jazia sem vida. Sua liturgia até lembrava
o cenáculo, mas não passava de uma bem ritmada marcha fúnebre. Este é o retrato
de algumas igrejas. No exterior, a caiadura bela; no interior, o acúmulo de
mortos (Mt 23.27). E os que ainda vivem já não suportam o mal cheiro dos que
apodrecem moral e espiritualmente.Situada em uma região próspera, a igreja de
Sardes, outrora avivada, agora vive de aparência.
II. A IDENTIFICAÇÃO DO MISSIVISTA
À igreja em Sardes, apresenta-se
Jesus como aquele que tem os sete Espíritos de Deus. Dessa forma, o Senhor
realça a ação plena do Espírito Santo na Igreja de Cristo. Somente o Consolador
pode vivificar uma igreja morta. Lembra-se do vale de ossos secos visto por
Ezequiel? Se buscarmos a Deus, o Senhor Jesus assoprará sobre nós o seu
Espírito. Cada osso com o seu osso se ajuntará; os nervos e tendões aparecerão
e as carnes vestirão todos os esqueletos, prontificando-os como o poderoso
exército de Jeová (Ez 37).
1. O que tem os sete Espíritos de
Deus (Ap 3.1). Era urgente que Sardes soubesse: sem o Espírito Santo, a vida é
impossível. Foi Ele quem transmitiu movimento e beleza a uma terra sem forma e
vazia (Gn 1.1,2). No ventre da virgem de Nazaré, concebeu o Filho de Deus (Lc
1.35). E no Pentecostes, derramou-se sobre os discípulos (At 2.1-4). Sem o
Espírito Santo, não há regeneração, pois o novo nascimento é operado por Ele
(Jo 3.5). Se Sardes estava morta, carecia com urgência do Espírito da vida (Rm
8.2).
2. Os sete Espíritos de Deus.
Existe apenas um único Espírito Santo (Ef 4.4). Sua ação, todavia, é tão
perfeita e eficaz, que Isaías setuplamente o descreve: “E repousará sobre ele o
Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito
de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”
(Is 11.2). Através da sétupla ação do Espírito Santo, o Senhor Jesus traz
novamente vida as igrejas que, à semelhança de Sardes, deixaram-se esvaziar de
Deus.
3. As sete estrelas. Apresenta-se
Jesus, também, como o soberano da Igreja. Tanto local, quanto universalmente,
Ele é a cabeça da Igreja, pois resgatou-a com o seu precioso sangue (Ef 5.23; 1
Pe 1.17-19). Eis porque os pastores, no Apocalipse, são representados como as
estrelas que se acham na destra do Cordeiro (Ap 1.20; 3.1). Portanto, se alguém
quer brilhar, que brilhe nas mãos do Senhor como luz de um mundo que jaz no
maligno.
III. A DOENÇA E A MORTE DE UMA
IGREJA
Aos olhos das demais igrejas,
Sardes exibia-se bela e viva. Mas aos olhos de Cristo, não passava de um
defunto bem produzido. Aliás, a sua certidão de óbito já estava lavrada com a
explicitação da causa mortis.
1. Perda de memória. A primeira
doença a atingir a igreja em Sardes foi a perda de sua memória espiritual.
Embora vivesse do passado, já não conseguia lembrar-se do que recebera de Deus.
A exortação do Senhor é urgente: “Lembra-te, pois, do que tens recebido e
ouvido, e guarda-o, e arrepende-te” (Ap 3.3).
A situação de Sardes era mais
grave do que a de Éfeso. Esta igreja ainda podia lembrar-se do primeiro amor e
voltar ao local onde caíra. Mas aquela, posto já estar morta, carecia de uma
ressurreição; um grande e poderoso reavivamento. O Senhor Jesus, porém, tanto
nos restaura a memória espiritual, como nos faz ressurgir dentre os mortos (Ef
5.14).
2. Desleixo. Esta foi a segunda
doença de Sardes: desleixo. Embora não sejamos perfeitos, nossas obras têm de
primar pela excelência. A igreja em Sardes, todavia, desprezando o padrão
divino, fizera-se tão relapsa, que o Senhor já não a suportava: “Não achei as
tuas obras perfeitas diante de Deus” (Ap 3.2).
No âmbito do Reino de Deus, a
perfeição é o padrão mínimo aceitável, conforme recomenda o apóstolo: “se é
ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que
exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que
preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Rm 12.7.8). A
perfeição na Igreja de Cristo só é possível se amarmos o Cristo da Igreja.
De que forma tratamos a Obra de
Deus? Lembremo-nos da advertência de Jeremias: “Maldito aquele que fizer a obra
do Senhor fraudulentamente!” (Jr 48.10).
3. Descaso para com o remanescente
fiel. No necrotério de Sardes, havia alguns crentes que ainda respiravam. E o
Senhor estava preocupado com eles: “Sê vigilante e confirma o restante que
estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”
(Ap 3.2). Jesus queria preservar a vida daqueles poucos homens e mulheres que
não haviam contraído as moléstias deste século: orgulho, rebelião, adultério, fornicação,
heresias, roubo, cobiça, calúnias.
É hora de confirmar os que ainda
respiram. Confirmemo-los através da Palavra de Deus, da oração, da comunhão dos
santos e do serviço evangelístico e missionário. Quanto aos que já morreram,
que ouçam a voz de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Desperta, ó tu que dormes, e
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (Ef 5.14).Apesar de morta
espiritualmente, havia na igreja de Sardes alguns remanescentes fieis, e
fervorosos.
Se o anjo da igreja em Sardes não cumprisse
os seus deveres, teria o nome riscado do Livro da Vida: “O que vencer será
vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da
vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” (Ap
3.5). Sabe o que isso significa? Separação eterna de Deus. Sim, desempenhar o
ministério cristão de forma relapsa e profana pode levar o obreiro a
comprometer a própria salvação. Muito cuidado!
Finalmente, irmãos, a Igreja de
Cristo é lugar de vivos. Nosso Deus não é Deus de mortos (Mc 12.27).
“O que Tem os Sete
Espíritos
Jesus declara ser o que possui os
sete Espíritos de Deus. Sete é o número da perfeição e da plenitude. Isto não
significa que haja sete Espíritos Santos. Há apenas um Espírito de Deus. Mas
quando o Espírito chega, vem pleno e com perfeição de poder. Apenas um espírito
cheio de energia pode inflamar os corações, dar energia ao louvor, convencer do
pecado, quebrantar, tirar o fardo e habilitar ministros.
A chave para o reavivamento nesta
— e em todas as igrejas mortas — está com Cristo. Apenas Jesus pode derramar o
Espírito sobre uma congregação. E apenas o Espírito Santo pode reavivar a
igreja. O reavivamento acontece apenas através da prerrogativa divina, jamais
pela vontade humana. O profeta Zacarias disse: ‘Não por força nem por
violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos’ (Zc 4.6)”
(LAWSON, S. J. As Setes Igrejas do Apocalipse: O Alerta Final para o seu povo.
5.ed., RJ: CPAD, 2004, pp.143,44). fonte CPAD
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