A
ira de Deus
Sete
anjos e sete pragas formam os meios de expressão da ira de Deus. A expressão
“ira de Deus” ocorre seis vezes no Apocalipse (14:10, 19; 15:1, 7; 16:1, 19), é
deveras medonha e devia infundir terror nos corações de todos os não-salvos da
terra.
“Sete
anjos” (distintos dos sete anjos altamente honrados e relacionados com as
trombetas) saem do santuário (15:6), a residência imediata de Deus e dos anjos.
Do santuário de outrora saíram os sacerdotes como ministros da graça. Agora os
anjos emergem dele como ministros do juízo.
O
tabernáculo do testemunho é uma frase sugestiva. Para Israel este era o símbolo
da presença de Deus e de sua provisão para seu povo. Agora, porém, a santidade
de Deus exige castigo do ímpio, e portanto, temos as “testemunhas” do
juízo, segundo a natureza de Deus contra a besta e contra todos os inimigos de
seu povo. David Brown diz: “Aqui entra em campo, de maneira adequada, o
tabernáculo do testemunho, onde a fidelidade de Deus vinga seu povo com juízos
sobre seus inimigos; juízos que estão prestes a se desencadear. Precisamos dar
uma olhada no Santo dos Santos a fim de compreender a mola secreta e o fim do
trato justo de Deus.”
Estes
sete anjos estão vestidos de maneira condizente com o caráter justo de sua
missão, e também de maneira que se parece com o Senhor (1:13). Comparando com
19:8 descobrimos que o linho puro indica justiça, enquanto os cintos de ouro, à
altura do peito, (não na cintura) sugerem a obra do juízo compatível com a
natureza santa de Deus.
As “sete
últimas pragas” sugerem finalidade e término, e assim a aparição do
número sete é especialmente adequada.
Chegamos ao ciclo final da visitação do juízo. É claro que as taças não trazem
o fim da ira divina, como já vimos em ebdareiabranca, uma vez que mais
ataques de vinganças devem ocorrer quando Cristo vier em pessoa (19:11-21). O
que temos a esta altura é a conclusão dos juízos providenciais de Deus. Estas
taças estão “cheias da ira de Deus”. “Cheias” significa terminado ou consumado.
Para Deus o futuro é tão certo como se fosse passado, cuja realização é tão
segura como a sua Palavra.
As Harpas
de Deus
Este
prefácio aos últimos juízos devastadores de Deus inclui uma linda descrição dos
mártires vitoriosos que estão com o Senhor. O parágrafo de 15:2 a 15:4 é tomado
de vitória, louvor e adoração.
Louvores
corais celestes são representados pela harpa, que com sua combinação de notas
solenes e grandes, acordes suaves e ternos indica o louvor e a adoração de Deus
(1 Cr 25:6). As harpas de Deus (significando que os instrumentos, músicos e
tema são dele) eram partes dos instrumentos do céu, usados somente
para o louvor de Deus. Parece que os dois grupos celestes de cantores e
harpistas mencionados em Apocalipse 14:2 e 15:2 representam a mesma hoste
vitoriosa.
O palco
no qual os harpistas se encontram é comparado a um mar de vidro misturado com
fogo. No mar de vidro Walter Scott vê um estado fixo de santidade, de pureza
interior e exterior. O mar sugere vastidão e vidro
sugere calma sólida ou paz
assentada e quieta.Diz Wordsworth:
“Um mar de vidro [expressa] suavidade e brilho; e este mar celeste é de
cristal (4:6), declarando que a calma do céu não é como a dos mares terrenos,
perturbada por ventos, mas cristalizada numa eternidade de paz.” Apresentada
como se estivesse em pé sobre o mar de vidro, a companhia de mártires chegou ao
seu descanso e também a esta nova posição como adoradores que venceram.
O mar de
vidro misturado com fogo introduz outro elemento.
Estes santos emergiram vitoriosos de sua tribulação de fogo. Temos três
inimigos a enfrentar: o mundo, a carne e o diabo, mas os cantores tinham um
quarto inimigo a derrotar: a besta. Foi alcançada a vitória sobre a besta,
sobre sua imagem, sobre sua marca e sobre “o número do seu nome”, e agora eles
triunfam por causa de uma vitória total e completa.
O cântico
que acompanha as harpas tem o som de um grande poema. E um cântico de vitória
como o de Moisés depois de atravessar o mar Vermelho. Dois cânticos são
combinados: o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro. O cântico de Moisés é o
triunfo sobre o mal pelos juízos de Deus. É um cântico que celebra a derrota de
Faraó e de suas hostes no mar Vermelho (Êx 15). (Este cântico mosaico não deve
ser confundido com o cântico profético de Deuteronômio 32:1- 44.) O cântico de
Moisés, magnífico como é, celebra apenas a redenção terrestre. A graça e glória do cântico que foi apresentado
à margem leste do mar Vermelho eram associadas com o poder sobre os inimigos de
Israel no Egito, pelos juízos de Deus.
O cântico
do Cordeiro, entretanto, possui natureza diversa. Este cântico, dirigido pelo
Cordeiro como Capitão de nossa salvação, implica a exaltação do Messias
rejeitado, daquele que sofre. Cantado pelo remanescente fiel que morreu dentre
o Israel infiel e apóstata, este cântico dos sofredores vitoriosos no céu
celebra a Deus e ao Cordeiro.
Ao
examinarmos os assuntos deste cântico duplo encontramos Deus exaltado de várias
maneiras. Primeiramente, louvam-se as suasobras. A
frase “grandes e admiráveis” é repetida em 15:1, 3, indicando a vingança
da justiça de Deus, de modo que possa ser glorificado no grande final de suas
lides. No título divino combinado Senhor Deus Todo-poderoso temos um vasto reservatório de poder—consolo
para os santos e presságio para os inimigos de Deus.
Os caminhos de Deus são exaltados como “justos e
verdadeiros”. Ao castigar seus inimigos Deus agirá em harmonia com
seu próprio caráter. Este juízo imparcial será distribuído pelo “Rei dos
séculos”. O ponto em questão da controvérsia do Senhor com a
terra é se ele ou o homem de Satanás, a besta, é o rei das nações. Na
véspera de as taças descerem sobre o reino da besta, os cantores vitoriosos
saúdam o Senhor como o verdadeiro Rei das nações.
A adoração de Deus também contribui para este cântico
admirável. Dão-se as razões pelas quais o Senhor deve ser glorificado: “Pois só tu és santo!”
Os
cantores sobre o mar de vidro celebram a santidade de Deus. Eles o temem e
glorificam-no como o único digno de ser chamado santo. A besta colocou-se como
Deus, mas o coro vitorioso escolheu a santidade em face de um mundo tomado pelo
pecado e agora está onde reina toda a santidade verdadeira.
“Por isso todas as nações
virão e se prostrarão diante de ti.” Os juízos de Deus infundirão temor em seus
inimigos. Antecipando o domínio universal do Senhor, os santos celebram o
reconhecimento mundial de sua supremacia. Vemos aqui o cumprimento de
profecias tais como o Salmo 148; Isaías 2:2-4; 56:6, 7; Zacarias 14:16,
17.
“Porque os teus juízos são
manifestos!” O
plural, juízos, indica a manifestação
dos atos justos do julgamento. E por ser ele justo ainda quando dispensa
julgamento e vingança, deve ser glorificado. Estas são deveras palavras lindas
que vêm dos que passaram pelos horrores do tormento da besta.
Comentando
esta cena única, F. B. Meyer diz: “Os que foram criados na dispensação de
Moisés e os seguidores do Cordeiro na presente dispensação, juntos com todas as
almas dos santos que venceram, constituirão um vasto coro. Contudo, por mais
que se examine o cântico de Moisés, não se conseguirá encontrar uma nota que
iguale a este em sublimidade. Aqui estão os santos de Deus, treinados para
distinguir as belezas do governo e comportamento justo e santo, capacitados do
seu ponto de vantagem na eternidade a examinar a história inteira das lides
divinas, adorando-o como Rei dos séculos, e reconhecendo que todos os seus
caminhos foram justos e verdadeiros. Que confissão! Que reconhecimento!”
A Glória
de Deus
A seção
final deste notável capítulo (15:5-8) é também introduzida por outro “eis”
(omitido em várias versões). Este
parágrafo se inicia com a habitação de Deus e se encerra com a glória divina. Visto
como tudo no parágrafo está ligado com a glória de Deus, examinemos estes
versículos com essa ideia em mente.
William Newell argumenta
a favor de um santuário literal de Deus no céu, mas achamos que a palavra
“santuário” é usada pelo que representa simbolicamente—a saber, habitação de
Deus, onde pode ser encontrado e adorado. Do santuário saem os sete anjos com
as sete pragas, que representam a visitação final de Deus de juízos sobre as
nações.
A
apresentação das taças aos anjos por um dos seres viventes indica que esses
seres viventes são os executores do governo judicial de Deus. Sendo “cheios de
olhos”, esses seres dignificados compreendem profundamente os propósitos de
Deus, e portanto, apresentam aos anjos acontecimentos horríveis. Já foi
salientado haver três passos na obra do juízo de Deus:
1. Os
anjos são comissionados e equipados no santuário (15:6).
2. Os
anjos recebem as taças de ouro cheias da ira de Deus de um dos seres viventes
(15:7).
3. Os
anjos não podem dar um passo no ato do juízo até que Deus, com autoridade, dê a
ordem (16:1).
Tudo isto
sugere que as obras e caminhos de Deus ainda no juízo são calmos e medidos. E
isto é o que esperaríamos daquele que “vive pelos séculos dos séculos”. É o
Deus eterno que está prestes a
lançar praga sobre a terra culpada, devastando-a com sua fúria. Nunca nos
devemos esquecer de que ele é glorificado tanto no juízo como na graça.
Antes de
deixarmos este capítulo preparatório somos apresentados à nuvem de fumaça de
Deus que cobre tudo no santuário por um pouco de tempo. A fumaça, é claro,
simboliza a presença de Deus (Êx 19:18; Is 6:4). Ninguém podia entrar no
santuário por causa da presença de Deus manifestada em glória e poder durante a
execução dos juízos das taças. Fumaça da glória e poder de Deus enchia o
santuário. Moisés não podia entrar na tenda do testemunho (nem os sacerdotes
entrar no santuário) por causa da glória do Senhor (Êx40:34, 35; 1 Rs
8:10, 11). O que temos aqui não é a glória em si mas a fumaça da glória de Deus. Não é o incenso que enche o
santuário, mas fumaça, que é a glória de Deus manifestada em juízo. Certamente
que há uma finalidade nesta cena toda que nos enche os corações do mais intenso
assombro! Deus está prestes a lidar com os rebeldes da terra.
O versículo
que abre o capítulo 16 é rico em significação. Primeiro temos “vinda do
santuário, uma grande voz”, que tem sido interpretada de várias maneiras. É
possível que se refira à voz de Deus, uma vez que agora chegamos às taças da
sua ira. Cristo não é mencionado até que Deus, pessoalmente, execute o juízo.
Como já sugerimos, o Apocalipse é o livro da voz, e sempre que se encontra a palavra “voz”,
subentende-se uma compreensão inteligente do assunto em questão. Lemos de uma
grande voz, de uma alta voz e de uma forte voz. Tais adjetivos descrevem o
caráter da voz e também a natureza do anúncio.
Aqui, a
grande voz sai do santuário, vinda do Santo dos Santos. Por exigir a santidade
de Deus o juízo sobre um mundo apóstata, a ira de Deus queima com ardor feroz: “Ide.
. . derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus.” Foi dada a
Cristo uma ordem diferente ao se preparar para deixar os seus: “Ide por todo o
mundo, e pregai o evangelho a toda a criatura.” Mas agora a graça é retirada.
Já não é a taça da salvação mas a taça da ira de Deus.
O
Pentecoste testemunhou o derramamento do Espírito e com tal efusão houve a
manifestação de uma bênção. Mas agora chegamos a outro derramamento: fúria sem
mistura está prestes a descer sobre a terra. A plenitude da ira divina é
esvaziada em cada taça, que por sua vez é derramada sobre um mundo culpado. A
oração do remanescente judaico sofredor é respondida nas terríveis sete pragas
prestes a cair: “E aos nossos vizinhos, deita-lhes no
regaço, setuplicadamente, a injúria com que
te injuriaram, Senhor” (Sl 79:12).
Temos, nas
taças de ouro, um pouco mais de vislumbre da ira de Deus. A palavra para
“taças” é “tigelas” ou “copos” e representa os vasos de boca larga usados no
santuário, e que eram cheios de incenso aromático. Agora os vasos, santificados
pelo uso do templo e serviço, estão cheios da ira justa de Deus e estão
destinados ao juízo. E a largura da boca dos vasos tenderia a fazer com que seu
conteúdo fosse derramado de
uma só vez, implicando
a rapidez avassaladora dos ais.
Desta ira
dupla, diz William Newell: “Lembre-se constantemente que o próprio Cristo
deve vir, afinal, e pisar o lagar sozinho em sua ira (Is 63:3-5). A ira de Deus
é geral, mundial e à vista da iniquidade e idolatria do homem. A ira do
Cordeiro é particular, contra o anticristo e seu rei, e contra os exércitos
unidos com o duplo propósito de impedir Israel de ser uma nação (Sl 83:4) e de
determinar guerra contra o Cordeiro (Ap 19:9; Zc 12:10) a fim de impedir
que ele resgate o Israel sitiado.”
Estes dois
capítulos devem ser estudados em conjunto porque provêm detalhes para o que se
afirma em termos gerais nas palavras de abertura de 11:18: “Iraram-se, na
verdade, as nações; então veio a tua ira e o tempo de serem julgados os mortos.
. .” no capítulo 15 são-nos dadas as preparações para as taças e no capítulo 16
a execução delas.
O sinal
ou maravilha do capítulo 15 estende-se até o final do capítulo 16. De fato,
15:1 é resumo de tudo o que se segue. Os anjos, na realidade, não recebem as
taças até 15:7, mas no versículo inicial são vistos, por antecipação, como já
as possuindo. Neste grande e maravilhoso sinal que João viu temos a finalização
de um trio de sinais. O “grande sinal” da mulher (Israel) é apresentado em
12:1. “Outro sinal”, do dragão, o antagonista de Cristo e seus
conselhos, é apresentado em 12:3. E aqui temos “no céu ainda outro
sinal, grande e admirável”. Os três sinais são vistos no céu, o lugar da
habitação imediata de Deus. O terceiro sinal (mais solene do que os dois primeiros
por causa de sua associação com a ira de Deus sobre a besta) é “grande” em que
algo de importância enorme deve ser revelado. “Admirável” indica que a
paciência divina se esgotou, e que a visitação
terrível do
juízo divino está prestes a sobrevir aos apóstatas da terra.
Parece
que o conteúdo do capítulo 15 gira em torno de três frases de peso: a ira de Deus (15:1, 7), as harpas de Deus (15:2)
e a glória de Deus (15:8).
A ira de
Deus
Sete
anjos e sete pragas formam os meios de expressão da ira de Deus. A expressão
“ira de Deus” ocorre seis vezes no Apocalipse (14:10, 19; 15:1, 7; 16:1, 19), é
deveras medonha e devia infundir terror nos corações de todos os não-salvos da
terra.
“Sete
anjos” (distintos dos sete anjos altamente honrados e relacionados com as
trombetas) saem do santuário (15:6), a residência imediata de Deus e dos anjos.
Do santuário de outrora saíram os sacerdotes como ministros da graça. Agora os
anjos emergem dele como ministros do juízo.
O
tabernáculo do testemunho é uma frase sugestiva. Para Israel este era o símbolo
da presença de Deus e de sua provisão para seu povo. Agora, porém, a santidade
de Deus exige castigo do ímpio, e portanto, temos as “testemunhas” do
juízo, segundo a natureza de Deus contra a besta e contra todos os inimigos de
seu povo. David Brown diz: “Aqui entra em campo, de maneira adequada, o
tabernáculo do testemunho, onde a fidelidade de Deus vinga seu povo com juízos
sobre seus inimigos; juízos que estão prestes a se desencadear. Precisamos dar
uma olhada no Santo dos Santos a fim de compreender a mola secreta e o fim do
trato justo de Deus.”
Estes
sete anjos estão vestidos de maneira condizente com o caráter justo de sua
missão, e também de maneira que se parece com o Senhor (1:13). Comparando com
19:8 descobrimos que o linho puro indica justiça, enquanto os cintos de ouro, à
altura do peito, (não na cintura) sugerem a obra do juízo compatível com a
natureza santa de Deus.
As “sete
últimas pragas” sugerem finalidade e término, e assim a aparição do
número sete é especialmente adequada.
Chegamos ao ciclo final da visitação do juízo. É claro que as taças não trazem
o fim da ira divina, como já vimos em ebdareiabranca, uma vez que mais
ataques de vinganças devem ocorrer quando Cristo vier em pessoa (19:11-21). O que
temos a esta altura é a conclusão dos juízos providenciais de Deus. Estas taças
estão “cheias da ira de Deus”. “Cheias” significa terminado ou consumado. Para
Deus o futuro é tão certo como se fosse passado, cuja realização é tão segura
como a sua Palavra.
As Harpas
de Deus
Este
prefácio aos últimos juízos devastadores de Deus inclui uma linda descrição dos
mártires vitoriosos que estão com o Senhor. O parágrafo de 15:2 a 15:4 é tomado
de vitória, louvor e adoração.
Louvores
corais celestes são representados pela harpa, que com sua combinação de notas
solenes e grandes, acordes suaves e ternos indica o louvor e a adoração de Deus
(1 Cr 25:6). As harpas de Deus (significando que os instrumentos, músicos e
tema são dele) eram partes dos instrumentos do céu, usados somente
para o louvor de Deus. Parece que os dois grupos celestes de cantores e
harpistas mencionados em Apocalipse 14:2 e 15:2 representam a mesma hoste
vitoriosa.
O palco
no qual os harpistas se encontram é comparado a um mar de vidro misturado com
fogo. No mar de vidro Walter Scott vê um estado fixo de santidade, de pureza
interior e exterior. O mar sugere vastidão e vidro
sugere calma sólida ou paz
assentada e quieta.Diz Wordsworth:
“Um mar de vidro [expressa] suavidade e brilho; e este mar celeste é de
cristal (4:6), declarando que a calma do céu não é como a dos mares terrenos,
perturbada por ventos, mas cristalizada numa eternidade de paz.” Apresentada
como se estivesse em pé sobre o mar de vidro, a companhia de mártires chegou ao
seu descanso e também a esta nova posição como adoradores que venceram.
O mar de
vidro misturado com fogo introduz outro elemento.
Estes santos emergiram vitoriosos de sua tribulação de fogo. Temos três
inimigos a enfrentar: o mundo, a carne e o diabo, mas os cantores tinham um
quarto inimigo a derrotar: a besta. Foi alcançada a vitória sobre a besta,
sobre sua imagem, sobre sua marca e sobre “o número do seu nome”, e agora eles
triunfam por causa de uma vitória total e completa.
O cântico
que acompanha as harpas tem o som de um grande poema. E um cântico de vitória
como o de Moisés depois de atravessar o mar Vermelho. Dois cânticos são
combinados: o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro. O cântico de Moisés é o
triunfo sobre o mal pelos juízos de Deus. É um cântico que celebra a derrota de
Faraó e de suas hostes no mar Vermelho (Êx 15). (Este cântico mosaico não deve
ser confundido com o cântico profético de Deuteronômio 32:1- 44.) O cântico de
Moisés, magnífico como é, celebra apenas a redenção terrestre. A graça e glória do cântico que foi apresentado
à margem leste do mar Vermelho eram associadas com o poder sobre os inimigos de
Israel no Egito, pelos juízos de Deus.
O cântico
do Cordeiro, entretanto, possui natureza diversa. Este cântico, dirigido pelo
Cordeiro como Capitão de nossa salvação, implica a exaltação do Messias
rejeitado, daquele que sofre. Cantado pelo remanescente fiel que morreu dentre
o Israel infiel e apóstata, este cântico dos sofredores vitoriosos no céu
celebra a Deus e ao Cordeiro.
Ao
examinarmos os assuntos deste cântico duplo encontramos Deus exaltado de várias
maneiras. Primeiramente, louvam-se as suasobras. A
frase “grandes e admiráveis” é repetida em 15:1, 3, indicando a vingança
da justiça de Deus, de modo que possa ser glorificado no grande final de suas
lides. No título divino combinado Senhor Deus Todo-poderoso temos um vasto reservatório de poder—consolo
para os santos e presságio para os inimigos de Deus.
Os caminhos de Deus são exaltados como “justos e verdadeiros”.
Ao castigar seus inimigos Deus agirá em harmonia com seu próprio
caráter. Este juízo imparcial será distribuído pelo “Rei dos séculos”. O ponto
em questão da controvérsia do Senhor com a terra é se ele ou o homem
de Satanás, a besta, é o rei das nações. Na véspera de as taças descerem sobre
o reino da besta, os cantores vitoriosos saúdam o Senhor como o verdadeiro Rei
das nações.
A adoração de Deus também contribui para este cântico
admirável. Dão-se as razões pelas quais o Senhor deve ser glorificado: “Pois só tu és santo!”
Os
cantores sobre o mar de vidro celebram a santidade de Deus. Eles o temem e
glorificam-no como o único digno de ser chamado santo. A besta colocou-se como
Deus, mas o coro vitorioso escolheu a santidade em face de um mundo tomado pelo
pecado e agora está onde reina toda a santidade verdadeira.
“Por isso todas as nações
virão e se prostrarão diante de ti.” Os juízos de Deus infundirão temor em seus
inimigos. Antecipando o domínio universal do Senhor, os santos celebram o reconhecimento
mundial de sua supremacia. Vemos aqui o cumprimento de profecias tais como
o Salmo 148; Isaías 2:2-4; 56:6, 7; Zacarias 14:16, 17.
“Porque os teus juízos são
manifestos!” O
plural, juízos, indica a manifestação
dos atos justos do julgamento. E por ser ele justo ainda quando dispensa
julgamento e vingança, deve ser glorificado. Estas são deveras palavras lindas
que vêm dos que passaram pelos horrores do tormento da besta.
Comentando
esta cena única, F. B. Meyer diz: “Os que foram criados na dispensação de
Moisés e os seguidores do Cordeiro na presente dispensação, juntos com todas as
almas dos santos que venceram, constituirão um vasto coro. Contudo, por mais
que se examine o cântico de Moisés, não se conseguirá encontrar uma nota que
iguale a este em sublimidade. Aqui estão os santos de Deus, treinados para
distinguir as belezas do governo e comportamento justo e santo, capacitados do
seu ponto de vantagem na eternidade a examinar a história inteira das lides
divinas, adorando-o como Rei dos séculos, e reconhecendo que todos os seus
caminhos foram justos e verdadeiros. Que confissão! Que reconhecimento!”
A Glória
de Deus
A seção
final deste notável capítulo (15:5-8) é também introduzida por outro “eis”
(omitido em várias versões). Este parágrafo se inicia com a habitação de Deus e
se encerra com a glória divina. Visto como tudo no parágrafo está ligado com a
glória de Deus, examinemos estes versículos com essa ideia em mente.
William Newell argumenta
a favor de um santuário literal de Deus no céu, mas achamos que a palavra
“santuário” é usada pelo que representa simbolicamente—a saber, habitação de
Deus, onde pode ser encontrado e adorado. Do santuário saem os sete anjos com
as sete pragas, que representam a visitação final de Deus de juízos sobre as
nações.
A
apresentação das taças aos anjos por um dos seres viventes indica que esses
seres viventes são os executores do governo judicial de Deus. Sendo “cheios de
olhos”, esses seres dignificados compreendem profundamente os propósitos de
Deus, e portanto, apresentam aos anjos acontecimentos horríveis. Já foi
salientado haver três passos na obra do juízo de Deus:
1. Os
anjos são comissionados e equipados no santuário (15:6).
2. Os
anjos recebem as taças de ouro cheias da ira de Deus de um dos seres viventes
(15:7).
3. Os
anjos não podem dar um passo no ato do juízo até que Deus, com autoridade, dê a
ordem (16:1).
Tudo isto
sugere que as obras e caminhos de Deus ainda no juízo são calmos e medidos. E
isto é o que esperaríamos daquele que “vive pelos séculos dos séculos”. É o
Deus eterno que está prestes a
lançar praga sobre a terra culpada, devastando-a com sua fúria. Nunca nos
devemos esquecer de que ele é glorificado tanto no juízo como na graça.
Antes de
deixarmos este capítulo preparatório somos apresentados à nuvem de fumaça de
Deus que cobre tudo no santuário por um pouco de tempo. A fumaça, é claro,
simboliza a presença de Deus (Êx 19:18; Is 6:4). Ninguém podia entrar no
santuário por causa da presença de Deus manifestada em glória e poder durante a
execução dos juízos das taças. Fumaça da glória e poder de Deus enchia o
santuário. Moisés não podia entrar na tenda do testemunho (nem os sacerdotes
entrar no santuário) por causa da glória do Senhor (Êx40:34, 35; 1 Rs
8:10, 11). O que temos aqui não é a glória em si mas a fumaça da glória de Deus. Não é o incenso que enche o
santuário, mas fumaça, que é a glória de Deus manifestada em juízo. Certamente
que há uma finalidade nesta cena toda que nos enche os corações do mais intenso
assombro! Deus está prestes a lidar com os rebeldes da terra.
O
versículo que abre o capítulo 16 é rico em significação. Primeiro temos “vinda
do santuário, uma grande voz”, que tem sido interpretada de várias maneiras. É
possível que se refira à voz de Deus, uma vez que agora chegamos às taças da
sua ira. Cristo não é mencionado até que Deus, pessoalmente, execute o juízo.
Como já sugerimos, o Apocalipse é o livro da voz, e sempre que se encontra a palavra “voz”,
subentende-se uma compreensão inteligente do assunto em questão. Lemos de uma
grande voz, de uma alta voz e de uma forte voz. Tais adjetivos descrevem o
caráter da voz e também a natureza do anúncio.
Aqui, a
grande voz sai do santuário, vinda do Santo dos Santos. Por exigir a santidade
de Deus o juízo sobre um mundo apóstata, a ira de Deus queima com ardor feroz:
“Ide. . . derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus.” Foi dada a
Cristo uma ordem diferente ao se preparar para deixar os seus: “Ide por todo o
mundo, e pregai o evangelho a toda a criatura.” Mas agora a graça é retirada.
Já não é a taça da salvação mas a taça da ira de Deus.
O
Pentecoste testemunhou o derramamento do Espírito e com tal efusão houve a
manifestação de uma bênção. Mas agora chegamos a outro derramamento: fúria sem
mistura está prestes a descer sobre a terra. A plenitude da ira divina é
esvaziada em cada taça, que por sua vez é derramada sobre um mundo culpado. A
oração do remanescente judaico sofredor é respondida nas terríveis sete pragas
prestes a cair: “E aos nossos vizinhos, deita-lhes no
regaço, setuplicadamente, a injúria com que
te injuriaram, Senhor” (Sl 79:12).
Temos, nas
taças de ouro, um pouco mais de vislumbre da ira de Deus. A palavra para
“taças” é “tigelas” ou “copos” e representa os vasos de boca larga usados no
santuário, e que eram cheios de incenso aromático. Agora os vasos, santificados
pelo uso do templo e serviço, estão cheios da ira justa de Deus e estão
destinados ao juízo. E a largura da boca dos vasos tenderia a fazer com que seu
conteúdo fosse derramado de
uma só vez, implicando
a rapidez avassaladora dos ais.(comentario biblico Normam R. Champlin).
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PAZ DO SENHOR
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