7:3 dizendo:
Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as Arvores, até que selemos na sua
fronte os servos do nosso Deus.
Este
versículo reitera, essencialmente, o que dizem o primeiro e o segundo
versículos deste capítulo.
«...Não danifiqueis...» (Ver as notas
expositivas sobre essas áreas distintivas no primeiro versículo deste
capítulo). É provável que o autor sagrado tencionasse fazer uma descrição
completa dos elementos terrestres, as áreas de terras, as áreas marítimas e as
áreas de vegetação, e não de áreas geográficas específicas como a Europa, a
Ásia e a África, conforme alguns têm proposto. Os juízos que sobrevirão (quando
do soar das trombetas) afetarão a terra inteira, bem como todas as áreas
ocupadas pelo homem e pelos demais seres da terra. Os «quatro ventos» trarão os
desastres necessários.
«...até selarmos...» Essa questão é amplamente
discutida nas notas expositivas sobre o versículo anterior.
«...suas frontes...» Isso também é discutido
no segundo versículo. O «nome de Deus», a «cruz» ou outro sinal qualquer, como
o «número do Messias», etc., será escrito na testa dos referidos santos e em
sua «mão direita», se este versículo é paralelo aos trechos
de Ap 13:16 e 14:9.
«...servos...» Tradução mais exata
seria «escravos». Não há motivo para esse termo ser aqui suavizado. Os
discípulos de Deus são escravos, por estarem totalmente sujeitos à sua vontade,
não tendo vida própria, exceto aquilo que os ajuda a cumprirem o alvo de sua
existência.
Nos
tempos antigos, os escravos eram «marcados a fogo», isto é, recebiam o «selo»
de seus respectivos senhores. Os escravos que eram guardiães dos
templos pagãos, ou mesmo os não-escravos que se devotavam especialmente a
algum deus ou culto, com frequência eram marcados com o nome dessa divindade,
ou com algum símbolo místico de seu culto. Ptolomeu
IV Filopater ordenou que os judeus alexandrinos fossem marcados com
uma folha de hera, o sinal de Dionísio, conforme se vê em
III Macabeus 2:29. Filo, em de Monarch,repreende
os judeus que se permitiram marcar dessa maneira, sem importar quanto lhes
custou resistir a tal marca. É a práticas como essas que o vidente João
alude; e os leitores originais do livro teriam compreendido perfeitamente o que
está envolvido. Existirão algumas pessoas, como os mártires em potencial e as «testemunhas» do
período da Grande Tribulação que obterão dedicação absoluta à causa de Cristo,
nada havendo que possa separá-los do amor de Deus, que cumprirá neles todos os
propósitos divinos relativos àquela época em particular.
Significados desse selo. Isso pode
ser melhor percebido através dos pontos seguintes:
1.
Proteção, do dano físico ou do dano espiritual, incluindo a ira de Deus
(ver Ap 6:17).
2.
Segurança, em meio ao período da Grande Tribulação, mas também na vida eterna.
3. Proteção
contra os poderes demoníacos, que ajudarão ao anticristo em suas tentativas de
sujeitar todos os homens a si mesmo, apagando da terra a memória do Deus vivo.
O que tiver de suceder, durante o julgamento das trombetas, deixará isso claro.
Ver também o caráter satânico do poder do anticristo, no décimo terceiro
capítulo deste livro.
4. A
passagem de Ap 13:15 pode indicar que essa proteção será espiritual,
e não física; e alguns intérpretes defendem exatamente esse ponto de vista.
Todos esses «mártires em potencial» serão, de fato, martirizados. Alguns
conseguirão sobreviver por mais tempo do que outros; mas todos sucumbirão (ou,
pelo menos, praticamente todos). Não obstante, estarão todos seguros em Cristo.
Isso é o que o «selo» lhes garante.
5. Essa
selagem preservará os mártires da apostasia espiritual, o que sempre é uma
grave ameaça, em tempos de profunda tensão e pressão religiosa.
Outras ideias sobre o
terceiro versículo.
1. Os
homens podem olvidar-se de Deus, ou abandonar a confiança nele, em meio às
tempestades de perseguição. Uma das lições espirituais deste versículo é que
isso não é necessário, pois quando a fé é profunda, isso nos assegura a
fidelidade ao Senhor, mesmo em meio às piores tempestades. A essência da fé
verdadeira é que ela é tão firme que pode manter sua firmeza quando todas as
nossas circunstâncias externas contribuem para destruir essa certeza. A fé
consiste da outorga da própria alma aos cuidados de Cristo, em que todo valor e
preciosidade estão concentrados no outro mundo. A fé é um dos aspectos do fruto
do Espirito, Gl 5:22, ou seja, um produto do desenvolvimento espiritual. O
indivíduo cujo desenvolvimento espiritual é superficial, sucumbirá em
tempos difíceis, porque a sua fé também será, necessariamente, superficial.
2. Não
será fácil alguém ousar crer, quando o anticristo passar a promover a pior de
todas as perseguições religiosas da história, algo que não terá sido igualado
nem mesmo nos tempos de Nero e de Domiciano. Nos e nossos filhos viveremos
naqueles dias, o que é pensamento extremamente solene!
3. O
selo aposto na testa dos eleitos de Deus pode ser comparado aos trechos de
Êx 28:36-38 e Ez 9:4.
4. Nem
um único cristão pereceu na destruição de Jerusalém, no ano 70 D.C. Por
conseguinte, nisso temos uma lição no sentido que Deus pode preservar aos
homens em meio às mais conturbadas situações.
5. No
A.T., os «servos» de Deus são seus escravos. Os justos são, automaticamente,
«escravos de Deus», porquanto toda vida e existência tem origem e
alvo na pessoa de Deus. O simbolismo inteiro do décimo quarto
capitulo deste livro é extraído do A.T., tal como se dá com grande parte
do Apocalipse. E isso é mesclado, aqui e ali, com pontos extraídos da literatura
judaica helenista.
6. A
«selagem» é garantida pelo poder espiritual, pelo poder do Espírito de Deus.
Ele nos provê proteção e salva do poder do hades e da morte.
Entendemos que Deus habita conosco mediante o seu Espírito Santo. Portanto,
todas as suas promessas, que foram feitas por estarmos associados como filhos
de Deus com o Filho, deverão cumprir-se devidamente.
7:4 E
ouvi o número dos que foram assinalados com o selo, cento e quarenta o quatro
mil de todas as tribos dos filhos do Israel:
Chegamos
agora à dificílima questão da identificação dos cento e quarenta e quatro mil.
Há três posições extremadas, que mencionaremos em primeiro lugar, que são as de
menor probabilidade de estarem com a razão:
1. A
mais ridícula de todas as interpretações, que tem surgido em várias eras da
história eclesiástica, é aquela que faz alguma «seita», «grupo» ou
«denominação» de Cristãos ser aquela companhia. Dessa forma os homens se
têm glorificado estupidamente a si mesmos.
2. É
também extremada a posição daqueles que pensam que os cento e quarenta e quatro
mil representam exclusivamente a nação de Israel. Isso ignora totalmente a base
histórica deste livro, pois, sem dúvida alguma, o vidente João visualizava os
«mártires em potencial» como membros da igreja cristã, como o «Israel
espiritual».
3. Por
igual modo, é extremada a posição dos que pensam estar aqui em pauta somente a
igreja, o Israel espiritual. Há muitas predições bíblicas que indicam a futura
restauração de Israel, como nação, em que ela se converterá totalmente a Cristo
(ver Rm11:26). Os místicos contemporâneos predizem a conversão da nação de
Israel nos fins do nosso século XXI, quando o sinal da cruz aparecer no
firmamento (que seria o sinal do Filho do homem), o que dará início à intervenção divina que
livrará a nação israelita de adversários esmagadoramente superiores em número,
que a estarão ameaçando de total extinção. É razoável supormos que após esse
acontecimento, Israel se torne testemunha da verdade cristã, subsequente à
Terceira Guerra Mundial mas antes da batalha do Armagedom, a qual
fará parte ainda de uma outra guerra (subsequente àquela que levará Israel à
conversão). Supõe-se que primeiramente haverá a Terceira Guerra Mundial e
depois, Armagedom (4a Guerra mundial), na primeira quarta parte
do século XXI. Então se seguirá o milênio. Em algum ponto desses acontecimentos
uma boa parte da nação de Israel será selada e virá a pertencer ao número dos
cento e quarenta e quatro mil, sendo eles testemunhas de Cristo acerca daquele
período de agonia.
4. Conjecturamos,
pois, que o número «144.000» é simbólico, e não literal, envolvendo alguns
elementos da igreja gentílica e outros da convertida nação de Israel, que serão
instrumentos especiais da graça de Deus durante o período de Grande Tribulação,
como testemunhas, embora não venham a ser necessariamente preservados do
martírio, conforme parece indicar o trecho de Ap 13:15, e onde se tem
a impressão que nenhum deles escapará ao martírio.
5. O
nono versículo deste capítulo pode aludir a um grupo de mártires à parte dos
cento e quarenta e quatro mil. Ou então poderia estar ali em foco o mesmo grupo
de pessoas, embora sob uma descrição diferente. Todavia, o fato que se trata de
uma multidão «incontável», mostra que estão em pauta mais do que os cento e
quarenta e quatro mil, embora certamente estejam inclusos naquele número. Os
mártires serão mais do que o número específico de cento e quarenta e quatro
mil, sendo que esse número determinado tem algum propósito especial divino para
a época da Grande Tribulação. Ou então os cento e quarenta e quatro mil são um
número que «simboliza» a companhia inteira dos mártires. (Ver o ponto «oitavo»,
mais abaixo).
6. Rejeitamos
aquela interpretação que faz dos cento e quarenta e quatro mil algum «grupo
seleto» de crentes, extraídos dentre todas as eras da história da igreja. Pois
pertencem aos últimos dias tão-somente.
7. Historicamente
falando, o vidente João deve ter tido em mente a igreja cristã. Isso poderia ser
entendido de dois modos diversos: 1. Seriam judeus cristãos, que haveriam de
sofrer martírio durante o tempo dos imperadores romanos. 2. Ou seria o «Israel
espiritual», sem qualquer tentativa de dividir a igreja em judeus e gentios. A
última dessas posições é a mais provável e correta. Portanto, supomos que se o
vidente João fosse interrogado acerca do que ele quis dizer, responderia
tratar-se do «Israel espiritual». Todavia, devemos encarar o texto também de
acordo com seu aspecto profético. Desse modo, devemos incluir a nação literal
de Israel, em conjunção com a igreja cristã, como testemunha em favor de
Cristo, naqueles horrendos tempos do fim que logo nos alcançarão.
8. O
vidente João pode ter tido em mente o número de mártires que
será preenchido antes do segundo advento de Cristo. (Ver Ap6:11 sobre esse
conceito). Os cento e quarenta e quatro mil, pois, representariam um número
místico, dotado de algum sentido simbólico, ao referir-se sobre a companhia dos
mártires do fim, embora, em seu número real, em muito excedessem aos cento e
quarenta quatro mil. Parece que tal cifra indica a multiplicação dos «doze» por
«doze», e então por «mil», dando a ideia de «número completo». Acerca do número
«doze» Lange, em sua introdução, na página 15, declara: «Doze (3 X 4),
número do mundo espiritual; portanto, número do ‘alicerce’, da ‘medição’ e da
‘consumação’ do reino de Deus. Número da plenitude das manifestações
carismáticas, bem como número da restauração terminada. Número real e
celestial de algo terminado». Esse raciocínio se adapta bem ao conceito do
número «necessário» de mártires, conforme se vê em Ap 6:11.
Há ainda outros pontos de vista sobre o
simbolismo desse número, a saber:
1. De
acordo com alguns, esse número se derivaria do conceito de «setenta», que
simbolizaria a totalidade de Israel (ver Gn 46:27); ou se derivaria da
igreja, representada em seus líderes (ver o décimo capítulo do evangelho de
Lucas; e comparar com as setenta nações do décimo capítulo do livro de
Gênesis). A «forma mais completa» poderia ser «setenta e dois», mas a forma
mais completa desse simbolismo seria representada por 72 X 1000 X 2 = 144.000.
2. O
total de «doze mil», proveniente de cada tribo, simbolizaria igual participação
nas graças e na proteção divinas por parte de cada tribo.
3. O
doze resulta da multiplicação de três por quatro, ou seja, a ideia divina
multiplicada pela ideia da extensão mundial (porquanto quatro é o número
simbólico da terra, segundo se vê nas notas expositivas acerca do primeiro
versículo deste capítulo). Doze multiplicado por doze, portanto,
implicaria em fixidez e número completo. O número mil subentende um mundo
perfeitamente permeado pelo ser divino, conforme se verá no «milênio» (ver o
vigésimo capítulo deste livro). Pois mil também representa este mundo («dez»,
ver Ap 13:1), já que é o número «dez» elevado à sua «terceira»
potência (pela força divina).
4. Alguns
estudiosos abandonam toda a ideia de um simbolismo particular, e aludem aos
cento e quarenta e quatro mil apenas como um «grande número representativo»; e
o nono versículo deste capítulo talvez represente exatamente isso.
5. O
número «doze» representaria testemunho e autoridade: doze patriarcas, doze
apóstolos. Portanto, a multiplicação de doze por doze representaria o
testemunho especial daqueles futuros e privilegiados mártires.
6. Há
também os intérpretes que supõem que o número «doze» representa a igreja
inteira, por meio dos seus principais representantes, os apóstolos.
Esses
cento e quarenta e quatro mil serão as mesmas pessoas que aquelas que figuram
no décimo quarto capítulo do Apocalipse? Cremos que sim, por motivos ali
expostos (ver sobre Ap 14:1), embora não possamos afirmá-lo de
maneira dogmática.
Outras ideias sobre o
quarto versículo:
Quanto ao
«Israel espiritual», ver Tg 1:1; I Pe 1:1; Rm 9:6 e Gl 6:16.
1. O
vidente João já tinha mostrado que ele considerava a igreja como o «Israel
espiritual». (Ver Ap 2:9; 3:9,12 e 21:9 e ss.).
2. O
Senhor conhece aqueles que lhe pertencem. Todos eles estão numerados, e serão
selados. A esses serão dadas missões especiais, bem como o poder
espiritual para cumprirem as mesmas.
7:5 da
tribo de Judá havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil; da
tribo de Gado, doze mil;
Comentários
gerais sobre a natureza e as peculiaridades dessa lista das tribos da nação de
Israel:
É
possível que a ordem de menção das tribos não se revista de qualquer
significação especial, com a possível única exceção do lato que a tribo de Judá
é citada em primeiro lugar, provavelmente devido ao fato que dessa tribo é que
proveio o Senhor Jesus, quanto à carne. (Ver Ap 5:5 e Hb 7:14). O
A.T. encerra vinte listas diferentes das tribos, e nenhuma ordem específica é
ali seguida. (Quanto às várias listas de tribos, no A.T., ver
Gn 35:22 e ss.;46:8 e ss., 49; Éx 1:1 e ss.; Nm 1:2; 13:4 e ss.; 26:34;
Dt 27:11 e ss.; 33:6 e ss.; Js 13 - 22; Jz 5; I Cr 2 -
8; 12:24 e ss.; 27:16 e ss. e Ez 48). Charles (in loc.) supõe
que a desordem da lista que aqui temos se deveu a uma «deslocação» de
versículos. Ele propôs que os versículos sétimo e oitavo deste capítulo
encabeçassem a lista, e que então deveriam ser postos os versículos cinco e
seis. Se assim realmente fosse, então viriam primeiramente os filhos da primeira
esposa de Jacó, Lia — Judá, Rúben, Simeão,
Levi, Issacar e Zebulom; e então viriam os filhos de Raquel, a
segunda esposa—José e Benjamim. Em seguida viriam os filhos da criada de
Lia—Gade e Asser. E, finalmente, ao invés dos filhos da criada de
Raquel—Naftali e Dã, teríamos aqui, por razões conhecidas somente
pelo autor sagrado, Naftali e Manassés. Nesse caso, a ordem de
apresentação é a seguinte: a. filhos de Lia; b. filhos de Raquel; c. filhos da
criada de Lia; d. filhos da criada de Raquel. Isso, naturalmente,
restauraria a ordem de apresentação das tribos, bem como o propósito aparente
dessa lista. Todavia, tal remanejamento do trecho não encontra eco nem mesmo
nos manuscritos mais antigos que se têm descoberto, não passando de uma
conjectura, pois supõe algum erro primitivo no arranjo da lista. Certos
estudiosos veem alguma finalidade nesse arranjo sem sentido, a saber, que não
existe favor especial e nem ordem na graça que Deus conferirá aos mártires e
testemunhas. A graça divina seria conferida a todos, indistintamente, sem
respeitar qualquer condição ou ordem.
2. A
tribo de Dã foi excluída dessa lista. Irineu, escrevendo perto do fim
do segundo século de nossa era, informa-nos sobre uma antiga tradição que
supunha que o anticristo provirá dessa tribo (ver Contra Heresias, V.30.2). O Testamento de Daniel 5.6 (uma obra judaica pseudepígrafe) parece
ensinar a mesma coisa. E já que esta última obra fora escrita antes do
Apocalipse, é possível que o vidente João tivesse consciência dessa tradição. Além
disso, Dã esteve associado com o maior de todos os pecados, o da
idolatria, um dos sinais característicos do anticristo (ver Jz 18:30;
Gênesis Rabbah 43:2; Targum de Jeremias
1, sobre Êx 17:8). E essa poderia seruma outra das razões por que a tribo
de Dã não é aqui mencionada, como progenitora de um grupo selecionado
de mártires.
3. Efraim
é excluído da lista e substituído por José. Supomos que o motivo disso é que a
lista visa incluir os filhos de Raquel, talvez como esposa favorita de Jacó.
Além disso, em uma lista assim, o nome de José é mais ilustre que o de Efraim.
Outros estudiosos afirmam que Efraim deixara de existir como tribo separada,
antes da produção do livro de Apocalipse.
4. A
eliminação do nome de Dã é compreensível, segundo o que é dito sob o
segundo ponto acima; mas é difícil perceber-se por queManassés foi o
escolhido para substituí-lo. Manassés foi o filho mais velho de José,
nascido no Egito, cuja mãe foi Asenate, filha dePotífera. Talvez por ter
sido o primogênito de José, seu nome, acima de qualquer outro, parece ter sido
o mais apropriado para substituir a Dã. Alguns eruditos supõem que
originalmente Dã se achava no texto sagrado, mas que, por
inadvertência, foi substituído pelo nome similar «Man» (forma abreviada
de Manassés); mas isso é altamente improvável, não tendo apoio nos
manuscritos existentes do livro de Apocalipse.
5. Seja
como for, o número «doze» é retido aqui, e isso é um número representativo,
indicando número «completo» e «representação» de um grupo, através de seus
progenitores ou líderes. (Ver as notas expositivas, no quarto versículo deste
capítulo, sobre a identificação dos «cento e quarenta e quatro mil»).
6. Nessa
substituição de uma tribo por outra, alguns eruditos veem a ilustração do fato
espiritual que, devido à apostasia e o pecado, alguém antes favorecido pode vir
a ser rejeitado e substituído. Assim é que o «Israel espiritual» substituiu ao
Israel literal na dispensação da igreja. Portanto, aquele que pensa estar de pé
cuide para que não caia. E que ninguém diga: «Tenho a Abraão por pai». Deus é
capaz de suscitar filhos a Abraão destas pedra. Não é judeu quem o é
externamente, na carne, mas aquele que o é internamente, no espírito (ver
Rm 2:28,29).
7. Notemos
que cada tribo é aqui representada por doze mil testemunhas e mártires
escolhidos. Não há favoritismo. A graça de Deus faz provisão igual para todos.
Notas sobre as tribos
individuais:
Judá: Essa tribo é mencionada
em primeiro lugar porque Cristo, o Messias, era dessa tribo. Judá foi o quarto
filho de Jacó, por Lia (ver Gn 29:35, bem como o primeiro ponto, acima).
Seu nome significa «louvor de Deus»; e é através do seu Filho maior que esse
louvor se torna possível entre todas as nações. (Ver Gn 29:35). O louvor é
apropriado para todos os verdadeiros discípulos de Cristo, especialmente para o
grupo selecionado de mártires, que são representados por esse nome.
Rúben: Foi o primogênito de
Jacó, por Lia. Mas, por causa de seu pecado, perdeu direito à primogenitura.
Seu nome significa: «Eis o filho!» (ver Gn 29:32). Nisso se pode
perceber certa lição espiritual, porque é ao Filho que nos convém contemplar. A
instabilidade deRúbem encontrou cura no Filho maior de Israel, Jesus
Cristo. Deus não repele aos instáveis, mas antes, oferece-lhes o remédio da
transformação segundo a imagem de Cristo (ver Rm 8:29), mediante o poder
espiritual (ver II Co 3:18 e Gl 5:22,23).
Gade: Seu nome significa
«tropa» (ver Gn 30:11). Espiritualmente, talvez denote o número
incomensurável dos santos, especialmente, no presente contexto, no caso do
grupo de mártires selecionados. Esses são aqueles que Deus reservou para si
mesmo, com finalidades precípuas, visando o bem-estar de toda a humanidade. Foi
ele o sétimo filho de Jacó, através da criada de Lia, Zilpa.
7:6 da
tribo do Aser, doze mil; da tribo do Naftali, doze mil; da
tribo do Manassés, doze mil;
Asser: Seu nome significa
«bendito» (ver Gn 30:13). Espiritualmente significa as bênçãos do Messias
sobre todos os discípulos, mas, sobretudo, sobre os mártires e testemunhas do
período de Grande Tribulação. Foi o oitavo filho de Jacó, por meio
de Zilpa, criada deLia.
Naftali: Seu nome significa
«lutas» (ver Gn 30:8). Espiritualmente, pode designar o conflito dos santos,
mediante o que serão capazes de ser mais do que vencedores, e isso é
especialmente veraz no que diz respeito às tremendas perseguições religiosas
promovidas pelo anticristo. Naftali foi o quinto filho de Jacó,
nascido de Bila, criada de Raquel.
Manassés: Foi o filho mais velho de
José, nascido no Egito e de mãe egípcia, Asenate, filha de Potífera,
sacerdote de On (ver Gn 41:51). Substituiu a Dã na
lista, e o possível motivo disso é comentado nas notas sobre o quinto versículo
deste capítulo, sob os pontos dois e quatro. Manassés significa
«esquecimento» (ver Gn 41:51). Espiritualmente falando, isso talvez queira
ensinar-nos a olvidar o que fica para trás, buscando novas vitórias em Cristo.
Além disso, somos instruídos a esquecer as cebolas e os alhos do
Egito, buscando exclusivamente o bem-estar que há em Cristo. Os mártires do
período da Grande Tribulação terão de fazer isso se quiserem conquistar em
tempos tão adversos. (Quanto a comentários gerais sobre essa lista, com a
menção de peculiaridades, ver as notas expositivas sobre o quinto versículo
deste capítulo).
7:7 da
tribo de Simeão, doze mil; da tribo do Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil;
Simeão—Foi ele o segundo filho de
Jacó, por meio de Lia (ver Gn 29:33). Seu nome significa «audição».
Espiritualmente, isso pode significar que devemos «ouvir» a fim de obedecer, e
também que as ovelhas de Cristo ouvirão a sua voz e o seguirão, até mesmo sob
as mais difíceis circunstâncias, como sucederá durante a Grande Tribulação, em
que o anticristo martirizará a muitíssimos seguidores de Cristo.
Levi: Foi ele o terceiro filho
de Jacó, por meio de Lia (ver Gn 29:34). Seu nome significa «reunido», e,
espiritualmente falando, isso pode indicar como o amor de Cristo
nos confere união no bem-estar, de tal modo que nada é capaz de separar-nos do
amor de Deus em Cristo. Isso será algo necessário quando o anticristo perpetrar
suas violências ímpias e lançar o caos no seio da igreja, durante o período da
tribulação. Nada pode separar-nos da graça de Deus, que opera por meio do amor
(ver Rm 8:32 e ss.). A tribo de Levi era a
tribo sacerdotal. Deus fez de nós reino e sacerdócio (ver Ap 1:6).
Issacar: Foi o quinto filho de
Jacó, por meio de Lia (ver Gn 30:17,18). Seu nome significa «salário» ou
«recompensa». Talvez indique, espiritualmente falando, os benefícios e
galardões que Deus confere aos seus servos, especialmente para os que se
mostram fiéis em tempos difíceis.
7:8 da
tribo do Zebulom, doze mil; da tribo do José, doze mil; da tribo
de Benjamin doze mil assinalados.
Zebulom: Foi o sexto filho de Jacó,
por meio de Lia. Seu nome significa «habitação» (ver Gn 30:20). Lia tinha
a esperança que em face dela ter dado seis filhos a Jacó, que assim ela obteria
o seu favor, e que ele continuaria a habitar com ela, favorecendo-a acima de
Raquel. Cristo habita conosco e nos favorece, por meio do Espírito Santo, ao
ponto de fazer de nós a própria habitação ou templo de Deus (ver
Ef 2:21,22). Essa habitação nos transforma na própria imagem
de Cristo (ver Rm 8:29 e II Co 3:18), de tal modo que compartilhemos
de sua própria natureza e também da plenitude de Deus (ver Ef 3:19) vindo a
participar da própria divindade (ver II Pe 1:4). E é desse
modo que Deus vem habitar supremamente conosco, de modo a
favorecer-nos. O Senhor se postará ao lado dos mártires, no período da Grande
Tribulação, de tal modo que nenhum dano real e duradouro lhes poderá sobrevir.
José: José foi o décimo
primeiro filho de Jacó, por meio de Raquel, sendo o primeiro filho desta (ver
Gn 30:24 e 35:24). José foi o filho favorito e mais
favorecido de Israel. Foi mimado por Jacó e Raquel; mas, quando foi vendido à
servidão, por seus próprios irmãos mais velhos, conseguiu vencer em meio à
adversidade, e Deus se postou a seu lado, fazendo redundar em bem o que pareceria
ser para mal. Isso ele fará novamente no caso dos mártires do período da Grande
Tribulação. O nome José significa «adição» (ver Gn 30:24). Seu nascimento
retirou o opróbrio de Raquel, por não ter desistido de sua confiança de que
Deus ainda lhe «adicionaria» outro filho, confirmando essa bênção. Portanto, as
bênçãos de Deus são adicionadas e multiplicadas em nosso favor, a despeito de
todo o opróbrio e de todas as adversidades.
Benjamin: Foi o filho mais novo de
Jacó, nascido de Raquel, que faleceu ao dá-lo à luz. Após o
desaparecimento de José, Benjamim obteve o favor especial de Jacó. Seu nome
significa «filho da mão direita» (ver Gn 35:18). Isso simboliza a
importância que Jacó atribuiu ao seu nascimento, pois assim ele obtivera um
filho especial. Mas Raquel, quando já falecia, deu-lhe o nome de Benoni, que significa «filho de tristeza». O Senhor
Jesus foi pintado segundo o significado de ambos esses nomes, porquanto ele é o
Homem de Tristezas, mas também é o Filho especial de Deus, o Filho de seu Poder.
Em Cristo, através de ambos esses aspectos, os mártires e testemunhas da Grande
Tribulação aprenderão lições espirituais necessárias. Passarão por grandes
tristezas, à semelhança de Cristo, mas triunfarão em Cristo, não obstante todos
os sofrimentos.
(Bibliografia R. N. Champlin,comentário do novo
testamento,2010,+ V.1-8 ).
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PAZ DO SENHOR
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