A SextaTaça — Sobre o Rio Eufrates (16:12-16)
O sexto
flagelo (16:12-16).
12. Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio
Eufrates, cujas águas secaram para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do
sol. Este
flagelo é diferente dos outros, porque não inflige uma praga sobre a
humanidade, mas serve de preparo para a batalha final. Ele é
semelhante à sexta trombeta, quando quatro anjos foram soltos de além
do rio Eufrates, para liderar uma invasão de exércitos praticamente
incontáveis de cavalaria demoníaca, que matou a terça parte da raça humana
(9:13-19). Vimos que no Antigo Testamento o rio Eufrates é o limite da terra
prometida, e atrás dele hordas de pagãos aguardavam por uma oportunidade de
invadir o povo de Deus (veja 9:14). Os profetas às vezes viam o rio
Eufrates secar como prelúdio para o momento em que Deus reunirá seu povo
disperso em seu próprio país (Is 11:15-16,4 Esdras 13:14). No presente
exemplo o rio seco representa simbolicamente a remoção da barreira que retinha
as hordas pagãs.
“Os reis
que vêm do lado do nascimento do sol” não são definidos com mais detalhes, nem
sua função é identificada. Alguns comentadores veem aqui um conflito civil
entre os reis do oriente e os reis do mundo todo (v. 14), mas no texto não há
nenhum indício disto. A conclusão mais natural é que os reis do oriente — as hordas
pagãs — reúnem suas forças às dos reis do mundo (civilizado) todo, para
combater o Messias, porque estamos claramente diante da “peleja do grande dia
do Deus Todo-poderoso” (v. 14). Mais adiante lemos que a besta é auxiliada por
“dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como
reis, com a besta, durante uma hora” (17:12). Junto com a besta eles combatem o
Cordeiro (17:14). Estes dez reis podem ser os reis do oriente, como também os
reis do mundo todo. Em qualquer caso João prevê uma confederação de dois grupos
de reis que auxiliam a besta no combate com o Cordeiro.
Muitos
comentadores afirmam — como se isto fosse evidente no texto — que os reis do
oriente são os partos, que agora invadem o mundo civilizado sob a liderança de
Nero redivivus. Isto, porém, é pura especulação. Conforme a lenda, Nero
reconquistaria Roma; nesta passagem os reis se aliam ao Anticristo para
se oporem ao Todo-poderoso. Se a alusão fosse à lenda do
Nero redivivus, a besta como líder deveria vir do oriente, enquanto que no
texto ela já tem seu trono em Babilônia e aceita ajuda destes reis
estrangeiros.
13. Os
“reis que vêm do leste” de repente desaparecem da narrativa, que continua
falando do dragão e da besta. Pela primeira vez aparece o termo falso profeta; ele é a segunda besta que surgiu da terra para dar
apoio à besta em suas exigências blasfemas. Os três espíritos imundos
semelhantes a rãs, saindo da boca dele, são a maneira de João descrever a
inspiração demoníaca dos inimigos de Deus na grande batalha final. Ao soar da
sexta trombeta veio do oriente uma praga terrível afligir os homens, matando a
terça parte da humanidade. Aqui o quadro é diferente; os espíritos maus não
afligem as pessoas, mas as inspiram para que se aliem ao dragão, à besta e ao
falso profeta. João quer dizer que este movimento não é meramente político ou
militar, mas uma manifestação escatológica histórica da luta secular entre Deus
e Satanás. A palavra traduzida “imundos” é a mesma usada tantas vezes
nos evangelhos para se referir a demônios como espíritos imundos (Mc 1:23;
3:11; 5:2). Eles são semelhantes a rãs talvez para manter a analogia com a
praga das rãs no Egito (Êx 8:6).
14. Porque eles são espíritos de demônios pode ser traduzido
melhor por “porque eles são espíritos demoníacos”. Demônios são seres espirituais,
por isso não podemos dizer que eles têm espíritos; eles são espíritos. Para os
reis do mundo inteiro veja o comentários ao v.12. João antevê uma
aliança de governadores humanos, inspirados por demônios, que combaterão o
Messias.
A peleja
do grande dia do Deus Todo-poderoso não é uma frase comum na Bíblia. As
expressões comuns são o dia do Senhor (veja 1 Ts 5:2), o dia de
Cristo (Fp 1:10), ou o dia do Senhor Jesus Cristo (1 Co 1:8). Alguns
intérpretes tentam encontrar alguma diferença de significado entre estes
termos, como se representassem dias diferentes, mas isto é impossível. Na
verdade são tão iguais e cambiáveis que somente a palavra “o dia”, ou “aquele
dia”, sem adjetivos, pode ser usada para designar o último dia (l Co
3:13; 2 Ts 1:10). O evangelho de João refere-se com frequência ao “último dia”
(Jo 6:39; 11:24; 12:48). Pedro fala do “dia de Deus” (2 Pe 3:12). O
dia do Senhor é o momento em que todo o plano redentor de Deus estará
consumado, de salvação e julgamento, tanto de indivíduos, como da igreja, e de
toda a criação. João vê o ódio que se expressou durante os séculos da história
humana em termos de hostilidade e perseguição ao povo de Deus chegando ao
“grand finale”, quando todos os que governam a terra se juntam para uma
batalha derradeira. Os profetas do Antigo Testamento falaram muito de uma
batalha como esta, entre o povo de Deus e seus vizinhos pagãos (Sl 2:2-3;
Is 5:26-30; Jr 6:1-5; Ez 38; J13:9-15).
15. À
vista da crise iminente representada pela batalha entre Deus e as forças do mal
o próprio Jesus diz uma palavra à igreja, para advertir seu povo e lhes falar
da realidade que há por trás dos acontecimentos históricos imediatos. A guerra
dos reis aliados, sob a liderança do Anticristo, não é a última realidade: é o
fato da volta do Senhor. É neste evento que a esperança dos santos se
concentra. Este versículo é uma interrupção da passagem, para proporcionar à
igreja a perspectiva correta.
Ele virá
como vem o ladrão. Outras passagens do Novo Testamento comparam a vinda de
Jesus com a de um ladrão (veja 3:3). A ideia não é de astúcia, nem da surpresa
da volta do Senhor, mas de que ela não é esperada. Paulo diz que Cristo vem
como ladrão (1 Ts 5:2), mas isto somente em relação aos que não estão
preparados: “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse dia como
ladrão vos apanhe de surpresa” (1 Ts 5:4). Para os que estão despertos,
atentos, sua vinda não será surpresa, inesperada, mas uma libertação feliz da
situação trágica do mundo em que se encontram... João presume que estas pessoas
estarão vigiando. Esta tradução não deixa bem claro o significado do
grego. Em português “vigiar” significa estar concentrado em um objeto, não deixando
que nada desvie nossa atenção. Talvez este seja o argumento mais eficiente para
a volta do Senhor “a qualquer momento”, isto é, antes da tribulação. É
impossível “vigiar” a não ser que o acontecimento esperado possa acontecer a
qualquer hora, ou seja, antes da grande tribulação. O termo grego, no entanto,
significa simplesmente “estar desperto”. Jesus exorta seus discípulos a estarem
acordados, porque não podem saber quando ele voltará (Mt 24:42). Ele
ilustrou isto dizendo: "Mas considerai isto: Se o pai de família soubesse
a que hora viria o ladrão, vigiaria (isto é, ficaria acordado) e não deixaria
que fosse arrombada a sua casa. Por isso ficai também vós apercebidos; Porque,
à hora em que não cuidais, o Filho do homem virá” (Mt 24:43-44). A ênfase
é colocada integralmente sobre a volta imprevista do Senhor, e por causa desta
época de incerteza os crentes nunca podem se acomodar e
dormir, têm de estar sempre acordados. Dormir significa dizer: “Paz
e segurança” (1 Ts 5:3), quer dizer, perder de vista as coisas
verdadeiramente importantes da vida e pensar que a segurança pode ser
encontrada a nível humano, em vez de em termos de nosso relacionamento com
Cristo. Para estes “sobrevirá repentina destruição, como vem a dor
do parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (1 Ts 5:3). No
presente contexto João presume que a igreja não perdeu a perspectiva e não
perdeu de vista os valores espirituais realmente importantes, apesar de a besta
reinar em triunfo sobre as nações.
A
advertência guarda as suas vestes, para não andar nu, e não se veja a sua
vergonha não é terminologia muito usada, mas o significado é claro. A igreja de
Laodicéia tinha sido advertida contra pobreza e nudez espiritual, e aconselhada
a comprar “vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta
a vergonha da tua nudez” (3:18). Isto é uma exortação ao zelo espiritual.
16. Então os ajuntaram no lugar que em hebraico se
chama Armagedom. Depois
de exortar a igreja a ficar desperta, João conclui a narrativa dos espíritos
imundos que reúnem os reis da terra para a batalha, acrescentando que eles os
trazem a um lugar chamado Armagedom. Isto são preparativos da batalha que será
descrita em 19:11ss., quando Cristo vem como guerreiro vitorioso para
derrotar seus inimigos.
A palavra
“Armagedom” é difícil de interpretar; o equivalente em hebraico
seria har megiddon — a montanha de Megido. O problema é
que Megido não é uma montanha, mas uma planície, localizada entre o
lado da Galiléia e o mar Mediterrâneo, parte do vale do Jezreel(ou Esdraelon).
É um campo de batalha famoso na história de Israel. Foi
em Megido que Baraque e Débora derrotaram Jabim, o
canaanita (Jz 5:19); ali morreu Acazias, rei de Judá, ferido
por Jeú (2 Rs 9:27) e Josias, na batalha contra o faraó Neco (2 Rs
23:29; 2 Cr 35:22). Não está claro por que João fala da montanha
de Megido; R. H. Charles diz que até agora ninguém deu uma interpretação
convincente a esta passagem; ela não aparece na literatura hebraica. Charles
sugere que a referência à montanha como lugar da batalha final seja tirada de
Ez 38:8,21; 39:2,4,17, onde o profeta vê uma batalha escatológica sobre as
montanhas de Israel. Seja qual for a origem do termo, está claro que com
Armagedom João quer dizer o lugar da batalha final entre os poderes do mal e o
Reino de Deus.notas Eld Ladd,coment.do apocalipse,1990)
Os
eruditos divergem na interpretação desta passagem. Certo comentarista sugere
que o secar do rio Eufrates é uma figura da própria Babilônia, situada às suas
margens. Mas nada se encaixará no contexto a não ser o rio Eufrates tomado
literalmente, cuja largura forma grande barreira, difícil de ser transposta
tanto por indivíduos como por exércitos. A secagem deste rio permitirá aos
exércitos asiáticos (descritos no capítulo 19) marchar sem impedimento à Terra
Prometida, da qual o rio Eufrates é a fronteira leste.
O
importante a ser lembrado é que tanto o rio Nilo (Is 11:15) como o
Eufrates devem secar-se literalmente. Assim, os limites ocidental e oriental de
Israel estarão abertos aos invasores, e Israel estará desprotegida aos ataques
de todos os lados. Com a secagem do rio Eufrates, os exércitos orientais sob
seus respectivos reis então alcançarão seu objetivo.
Estes
reis, que vêm “do oriente”, marcharão sem impedimento algum contra a Terra
Prometida. Como o emblema nacional do Japão é o sol nascente, pode ser que essa
nação agressiva partilhe no avanço das hordas asiáticas. Não é terrível a ideia
de que incontáveis milhões de asiáticos hão de cruzar o leito seco do Eufrates
e unir forças com a besta contra Israel? Tal ímpeto de nações unidas antes do
grande dia da ira é medonho ao extremo. Cegamente, correm para o morticínio por
atacado, quando o sangue chegará aos freios dos cavalos.
Note-se o
uso frequente de “grande” neste capítulo. Mediante o ministério milagroso da
besta, as multidões estarão acostumadas a grandes coisas. Sensacionalismo
estará na ordem do dia. Grandes acontecimentos, com suas influências
enganadoras, serão ocorrências diárias. Mas o próprio Deus dará ao povo algumas
“grandes” coisas; não para prazer, mas para disciplina:
Uma
grande voz (16:1)
Um grande
calor (16:9)
Um grande
rio (16:12)
Um grande
dia (16:14)
Um grande
terremoto (16:18)
Uma
grande cidade (16:19)
A grande
Babilônia (16:19)
Uma
grande saraiva (16:21)
Uma
grande praga (16:21).
Nos
versículos 13 a 16 do capítulo 16, que alguns escritores tratam
como parêntese, temos a trindade satânica dirigindo a combinação mais
gigantesca de forças da oposição jamais testemunhada na terra. Tendo a
supervisão pessoal de Satanás, as forças mundiais unem-se para sua condenação.
Nesta
sexta taça da ira temos a trindade do mal—o dragão, a besta e o falso
profeta—arregimentando todos os reis da terra para a batalha, não somente
contra Israel mas contra o próprio Deus. “Os reis da terra se
levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu
ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas”
(Sl 2:2, 3).
As Três Rãs
A
trindade maligna do mistério da iniquidade é comparada a três espíritos
imundos, semelhantes a rãs (16:13). Embora três rãs fossem o brasão original da
França, país que tem sido centro de infidelidade, socialismo e
espiritismo, não cremos na interpretação exclusivamente histórica desta
parte (ou de qualquer outra parte) dos capítulos 4 a 22. E por ser a profecia
muitas vezes progressiva ou cumulativa, há uma visão modificada do princípio de
interpretação que procura combinar os sistemas históricos e futuristas. Assim,
pode haver cumprimentos parciais de algumas seções do Apocalipse sem esgotar
sua significação. Apontam para um cumprimento completo no futuro. Os
intérpretes deste ponto de vista duplo vêm no Nazismo, no Fascismo e no
Comunismo as três rãs da visão de João.
Muitos
dos manuscritos da besta leem: “Como se fossem rãs.” Aqui temos o antítipo da praga
das rãs enviadas sobre o Egito, milagre que os mágicos foram capazes de
duplicar (Êx 8:7). Uma feição conspícua do ministério da besta serão os grandes
sinais e maravilhas realizados por meios satânicos. O dragão, a besta e o falso
profeta são apropriadamente comparados a repelentes rãs. Assim como as rãs
coaxam à noite nos pântanos e charcos, assim também estes espíritos imundos nas
trevas do erro ensinam mentiras na sujeira de lascívias
imundas. Alford fala da “imundície e do barulho pertinaz da rã”. Os
escritores e poetas gregos viam as rãs como habitantes do lago estígio, ou
rio do inferno. Estes espíritos saem das bocas dos três ímpios que formam a
trindade infernal (sendo a boca a sede principal de influência). De várias
passagens das Escrituras concluímos que a boca é a fonte e o meio de
destruição (Ap 1:16; 2:16; 9:17; 19:15; Is 11:4). O dragão há de ser
consumido pelo sopro da boca do Senhor (2 Ts 2:8).
O
espírito imundo que sai da boca do dragão simboliza
a infidelidade orgulhosa que se opõe ao Senhor e ao seu Ungido (Cristo). O
espírito imundo que sai da boca da besta representa
o espírito do mundo nas políticas dos homens, quer seja a democracia sem lei,
quer o despotismo, nos quais o homem é colocado acima de Deus. O espírito
imundo que sai da boca do falso profeta representa o espiritismo
mentiroso e a ilusão religiosa dominante nos dias do engano satânico.
Nesta
trindade satânica, com seu ministério de operação de milagres, temos uma
combinação de poder infernal direto, força bruta apóstata e terrível influência
maligna para o propósito horrendo de reunir milhões de pessoas para a guerra. O
esforço final do inferno a fim de derrubar o céu está próximo, e seu resultado
é Cristo dominar como rei do mundo (19:17-21). Na sua vinda, ele lidará
eficazmente com esses três espíritos imundos, assim como o fez com os que se
opuseram a ele enquanto estava na terra.
Visto que
o ajuntamento dos reis do mundo com a besta é sinal da vinda de Cristo a fim de
destruir seus inimigos, os santos são exortados a vigiar esperando sua volta.
Manda-se ao remanescente fiel uma palavra de ânimo e de advertência: “Eis que
venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas
vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua nudez” (16:15). Aqui temos um
parêntese de grande importância espiritual. Deve-se compreender claramente que
esta não é uma mensagem para a igreja, embora o princípio subjacente da
bem-aventurança associada com o vigiar (e da vergonha com o viver descuidado)
seja aplicável aos santos de todos os tempos.
O “eis” e
o “bem-aventurado” definitivamente se relacionam com os santos da Tribulação.
Ao seu redor haverá multidões dormindo na escuridão moral e espiritual. Vivendo
num estado de segurança falso, congratulam a si mesmos por um estado de “paz e
segurança”. Mas repentina e inesperadamente o Senhor, como um ladrão de noite,
surpreenderá e destruirá os povos reunidos por agências satânicas contra o
Senhor e seu Ungido. Os que acreditam que a igreja há de passar pela Grande Tribulação
dão grande importância a este versículo, mas Cristo não vem para sua igreja
como um ladrão. Ele volta para a igreja como o noivo, já que a igreja é sua noiva. Com a vinda de um
ladrão há pavor e medo, pois ele vem para roubar-nos de nossas posses e
destruir nossos bens (1 Ts 5:2, 4; Mt24:43; 2 Pe 3:10). Não somos da noite
nem das trevas, e portanto não tememos a volta de nosso Senhor.
É claro,
em relação com nosso andar devemos esforçar-nos para ter vestes sem manchas, em
uma vida sem ter do que se envergonhar e sem nudez moral. O perigo que os
santos enfrentarão, os que viverem na época em que os espíritos imundos
estiverem operando, é o de negligenciar a esperança do advento e com isso
exporem-se ao olhar dos anjos e de um mundo sem Deus—“nu” ou tendo falta
pública de direção e proteção divina.
O
bispo Lightfoot sugere que pode haver uma alusão nesta advertência à
vigilância a um costume judaico no serviço do santuário. Vinte e quatro vigias
ou companhias eram nomeadas todas as noites para guardar as várias entradas dos
santuários sagrados. Certo indivíduo era nomeado como capitão ou comandante
sobre os outros, e era-lhe dado o nome de “homem da montanha da casa de Deus”.
Seu dever era dar volta aos vários portões durante a noite a fim de verificar
se seus subordinados eram fiéis em seus serviços. Ele era precedido por homens
que levavam tochas e esperava-se que cada sentinela vigilante saudasse sua
aparição com a seguinte senha: “Tu, homem da montanha da casa, paz seja
contigo!” Se, por falta de vigilância, ou por causa do sono, tal coisa fosse
negligenciada, o ofensor era surrado com a vara do ofício, e suas vestes
queimadas e ele era marcado com a vergonha.
A Batalha do Armagedom
Como
trememos ao tentar visualizar o que acontecerá com as nações unidas em ódio
imorredouro a Deus e a seu Cristo à medida que se ajuntam pelos espíritos
imundos para a batalha naquele dia do Deus Todo-poderoso! Que morticínio
universal! A História prova que há épocas quando as nações são tomadas da
paixão pela guerra e que os historiadores não podem explicar por completo. É
isto o que acontecerá na guerra contra Deus.
Quão
cegamente serão levadas as hordas da terra contra Aquele que as criou! (Veja o
Sl 2; Ap 17:14; 19:19.) A frase “e eles os congregaram” (16:16) pode
ser traduzida por “ele os congregou”. Se o “ele” foi retido pode
representar Deus, que lhes dá poder sobre
os espíritos imundos. Ninguém pode ler o Apocalipse como um todo sem perceber
que Deus está por trás das cenas e dos atores no juízo judicial do livro. Em
retribuição justa ele permite que os chefes apóstatas da terra reúnam as
multidões no monte de Megido.
E,
considerando que o Armagedom testemunhará a batalha mais sangrenta de toda a
história, devemos examinar brevemente a significação histórica e profética do
campo de batalha mais terrível da terra. O Armagedom fica ao pé do monte
Carmelo, que foi cena de muito morticínio no passado. Armagedom significa
“monte da destruição” ou “morticínio” e esse nome é bem adequado. Atualmente o
nome é Har, que significa “monte”,
e Magedom ou Megido que vem de uma palavra cuja raiz significa
“separar” ou “massacrar”. A área limitada de Megido não permitiria a
presença de vastos números de homens, mas o nome também pode significar a
vizinhança mais ampla de Israel, onde, por agência satânica, as nações da terra
serão esmagadas.
Megido foi
palco da derrota dos reis cananeus pela interposição miraculosa de Deus sob
Débora e Baraque. Como aliado da Babilônia, Josias foi derrotado e
morto em Megido. O prantear dos judeus na época logo antes que Deus
interfira por eles contra todas as nações que se dispuseram contra eles é
comparado ao lamentar de Josias em Megido (Jz 5:19, 20; Zc
12:11; 2 Cr 35:22-25).
Mas
pode-se fazer a pergunta: “Por que o Armagedom é escolhido como local de
congregação?” Bem, as nações reúnem-se aí a fim de esmagar e exterminar a
Israel! “Astutamente formam conselho contra o teu povo, e conspiram contra
os teus protegidos. Dizem eles: Vinde, e apaguemo-los para que
não sejam nação, nem seja lembrado mais o nome de Israel. Pois à uma
se conluiam; aliam-se contra ti” (Sl 83:3-5). Deus, entretanto, domina e
intervém. Embora as nações se lancem com poder combinado contra o Senhor e seu
povo, a fúria divina é desencadeada e a destruição sobrevêm às hordas
arrogantes. Israel é libertado e seus inimigos cruéis mortos. E na destruição
completa das nações, decide-se sobre a soberania da terra e também sobre o
direito de Israel de possuir sua própria terra.(notas Normam R. Champlin, comentario do apocalipse).
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