Apocalipse 20.11-15.
O vocábulo grego traduzido por
“tribunal” no Novo Testamento é “bema”, cujo
significado literal é “passo”, representando “uma medida pequena”. A expressão
em Atos 7.5 “bema podos” traduzido por “julgarei” é
no grego “o espaço de um pé”, referindo-se à plataforma oficial de onde se
proferia discursos (At 12.21), juízos e sentenças (Jo 19.13), ou onde o réu
comparecia (At 25.6). Portanto, a palavra se refere ao “tribunal” ou a um
“trono de julgamento”. O Novo Testamento menciona três tipos de tribunais:
humano (1 Co 4.3), de Cristo e de Deus (2 Co 5.10; Rm 14.10), bem como cinco
categorias de julgamentos: das nações (Mt 25.31-40), de Israel (Ez 20.34-38; Ml
3.2-5), dos crentes nos céus (2 Co 5.10), dos anjos (1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd
v.6) e do Grande Trono Branco (Ap 20.11-15). Neste último, serão julgados todos
os homens não inscritos no Livro da Vida (Ap 20.12,15). Após o julgamento, o
destino ou estado final destes são identificados como “fogo e tormento
eterno”(Mt 25.41,46) e, “segunda morte” (Ap 21.8).
Terminada a Segunda Guerra
Mundial, os aliados reuniram-se na cidade alemã de Nuremberg, a fim de julgar
os líderes nazistas por haverem estes cometido o mais hediondo crime contra a
humanidade. Apesar de vários assessores de Hitler serem punidos com a morte,
outros criminosos, igualmente culpáveis, conseguiram fugir ao julgamento, e
refugiarem-se em confortáveis anonimatos.
No Julgamento Final,
entretanto, ninguém escapará à justiça divina. Contra esta não há casuísmo nem
brechas jurídicas. Os culpados serão, severamente, lançados no lago de fogo,
onde serão atormentados pelos séculos dos séculos.
Nesta lição, estaremos
considerando o Julgamento Final. Veremos por que este será instaurado e como
atuará.
O JULGAMENTO FINAL
Definição. O Julgamento Final é a
sessão judicial que terá lugar na consumação de todas as coisas temporais que,
conduzido pelo Todo-Poderoso, retribuirá a cada criatura moral o que esta tiver
cometido através do corpo durante a sua vida terrena.
No Antigo Testamento. Embora seja o Julgamento
Final tratado, implicitamente, do primeiro ao último livro do Antigo
Testamento, foi o profeta Daniel que discorreu, de forma mais explícita, acerca
deste ato que haverá de realçar a supremacia e a singularidade da justiça
divina: “Naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar
escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns
para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os sábios, pois,
resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a
justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente” (Dn 12.1-3).
No Novo Testamento. No Sermão Profético, o
Senhor deixa bem claro que o Julgamento Final não é uma mera hipótese; é uma
realidade: “E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos
anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações
serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos
bodes as ovelhas” (Mt 25.31-41).
Paulo, Pedro e João tratam do
Julgamento Final como algo integrante do plano redentivo de Deus. Na presente
era, o Todo-Poderoso, através de seu Filho, oferece gratuitamente a salvação a
todos os que creem, mas, na vindoura, haverá de condenar a quantos rejeitaram o
Senhor Jesus e a graciosa salvação que ele consumou na cruz (2 Tm 4.1; 1 Pe
4.5; Ap 20.4).
Nosso Credo. O Credo das Assembleias
de Deus no Brasil afirma de forma bem clara e irrespondível: “Cremos no Juízo
Vindouro que justificará os fiéis e condenará os infiéis”.
OBJETIVOS DO JULGAMENTO
FINAL
Tem o Julgamento Final vários
objetivos conforme revelam-nos as Sagradas Escrituras:
Mostrar que a justiça de
Deus deve ser observada e acatada por todos. Quando intercedia por Sodoma e Gomorra, indaga
Abraão ao Senhor: “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Esta
mesma pergunta é feita ainda hoje por milhões de seres humanos inconformados
com a situação a que este mundo chegou. No Julgamento Final, contudo, mostrará
Deus que a sua justiça haverá de prevalecer de forma absoluta tanto sobre os
vivos como sobre os que já tiverem morrido. Nosso Deus não compactua com a
impunidade.
Punir os que rejeitaram
a Cristo Jesus e sua tão grande salvação. Os que aceitam a Cristo Jesus são
automaticamente justificados pela fé diante de Deus. Todavia, aqueles que
rejeitam a sua justiça, hão de ser lançados no lago de fogo (Ap 20.15; Mt
25.41). Jamais entraremos nos céus fiados em nossa justiça que, aos olhos de
Deus, não passa de trapos de imundície (Is 64.6).
Destruir a
personificação do mal. Afirma Paulo aos irmãos de Corinto que iremos julgar
os anjos: “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas
pertencentes a esta vida?” (1 Co 6.3). O apóstolo refere-se, logicamente, aos
anjos que acompanharam o ungido querubim em sua estúpida rebelião contra Deus;
aos tais reservou o Senhor o lago de fogo (Mt 25.41). E, assim, estará sendo destruída,
de uma vez por todas, a personificação do mal. Aliás, o Diabo há de ser lançado
no eterno tormento antes mesmo da instauração do Julgamento Final (Ap
20.10-12).
OS FUNDAMENTOS DO
JULGAMENTO FINAL
Se os falhos e imperfeitos
julgamentos humanos têm os seus fundamentos, o que não diremos do Julgamento
Final que será efetuado pelo justíssimo Deus. Vejamos, pois, em que consistem
os fundamentos do Julgamento Final.
A natureza justa e santa
de Deus. Em
sua primeira carta, João oferece-nos uma das mais belas definições essenciais
do Todo-Poderoso: “Deus é amor” (1 Jo 4.8). Contudo, não podemos esquecer-nos
de que Deus possui uma natureza santa e justa. Todas as vezes que a sua
santidade é ferida, sua justiça reclama, de imediato, uma reparação. Por conseguinte,
estes dois atributos de Deus: a justiça e a santidade acham-se a fundamentar o
Julgamento Final. Neste, todos os que porfiaram em menosprezar a santidade de
Deus terão de se haver ante a sua justiça (Rm 2.5-10).
A Palavra de Deus. Além da natureza santa e
justa de Deus, o Julgamento Final terá como fundamento a Palavra de Deus. Os
que hoje a desprezam, serão por ela julgados conforme realçou o Senhor Jesus
Cristo: “Quem me rejeitar a mim e não receber as minhas palavras já tem quem o
julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” (Jo
12.48).
A consciência das
criaturas morais. Os
impenitentes também serão julgados por sua própria consciência que, embora
falha, não deixa de ser um dos fundamentos do Julgamento Final: “Os quais
mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua
consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm
2.15). A lei moral divina acha-se gravada na consciência de todo o ser humano.
É um dos “livros” a ser aberto no dia do juízo (Ap 20.12).
COMO SE DARÁ O JULGAMENTO
FINAL
O Julgamento Final terá início
logo após o Milênio. O Apocalipse mostra que, terminados os mil anos, Satanás
será temporariamente solto, e sairá a seduzir as nações, buscando induzi-las a
se revoltarem contra o Cristo de Deus. Mas eis que sairá fogo do céu, e
destruirá por completo os que se houverem levantado contra o Senhor (Ap
20.7-10).
Em seguida, terá início o
Julgamento Final, que o Livro de Apocalipse descreve de forma vívida:
“E vi um grande trono branco e
o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não
se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam
diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da
vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros,
segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o
inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as
suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a
segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado
no lago de fogo” (Ap 20.11-15).
Hoje, através de Cristo Jesus,
somos justificados por Deus. A partir do momento em que, pela fé, recebemos a
Jesus como o nosso único e suficiente Salvador, passamos a ser vistos por Deus
como se jamais tivéssemos cometido qualquer pecado; passamos a ser vistos como
santos.
Se você ainda não recebeu a
Jesus, faça-o agora mesmo! Somente Ele pode justificar-nos.
Querido Jesus, agradecemos-te,
porque morreste na cruz, para que fôssemos plenamente justificados. E, agora,
com base no teu precioso sangue, nenhuma condenação pesa sobre nós. Como a tua
graça é maravilhosa! Tu nos livraste da ira vindoura.
“Este será o grande dia: o
Juiz, o Senhor Jesus Cristo, vestido de majestade e terror. As pessoas que
serão julgadas são os mortos, pequenos e grandes, jovens e velhos; altos e
baixos; ricos e pobres. Ninguém é tão vil que não tenha talentos dos quais
deverá prestar contas; e ninguém é tão grande que possa se livrar da prestação
de contas; não somente os que estiverem vivos quando Cristo vier, mas todos os
mortos também. Há um livro de memórias para o bem e o mal; o livro da
consciência dos pecadores, mesmo que antes secreto, então será aberto. Cada
homem recordará todos os seus atos passados, ainda que muitos os tenham
esquecido há muito tempo. Outro livro será aberto, o livro das Escrituras, a
regra da vida; representa o conhecimento do Senhor sobre o seu povo e suas
declarações de arrependimento, a fé e as boas obras deles, mostrando as bênçãos
do novo pacto. Os homens serão condenados ou justificados pelas suas obras; Ele
provará seus princípios por suas práticas... Esta é a segunda morte, a separação
final entre os pecadores e Deus. Que o nosso grande desejo seja observar se as
nossas Bíblias nos justificam ou nos condenam agora; Cristo julgará os segredos
de todos os homens conforme o Evangelho. Quem habitará com as chamas
devoradoras?” (HENRY, M. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 3
ed., RJ: CPAD, 2003, pp.1113-4).
O JULGAMENTO DA BESTA,
DO FALSO PROFETA E DO DRAGÃO
Antes da instauração do Juízo
Final, Deus julgará e sentenciará sumariamente três personagens: a Besta, o
Falso Profeta e o Dragão. Os dois primeiros haverão de inaugurar o lago que
arde com fogo e enxofre.
O juízo sobre a Besta. O Anticristo será tão
maléfico à humanidade, que o Senhor o lançará no lago de fogo mil anos antes do
Juízo Final (Ap 19.20). Repulsivo e abominável, não terá direito sequer ao
último julgamento.
Dessa forma, o Senhor
destruirá por completo o sistema político deste mundo, para implantar o governo
milenial.
O juízo sobre o Falso
Profeta. Destino
semelhante terá o Falso Profeta que, com os seus prodígios e sinais mentirosos,
deu todo o apoio ao Anticristo (Ap 19.20). Com ele haverá de cair os ídolos e
os falsos deuses que, desde o Gênesis, vêm afrontando ao Deus Único e
Verdadeiro.
O juízo sobre o Dragão. Terminada a Septuagésima
Semana de Daniel, conhecida também como a Grande Tribulação, Deus aprisionará o
Dragão. E este será detido por mil anos (Ap 20.2). Ele é a antiga serpente, é o
Diabo.
No final do Milênio, Satanás
será temporariamente solto. E sairá a seduzir as nações. Inexplicavelmente,
muitos povos o seguirão. Nesse ponto, obrigamo-nos a perguntar: Como o ser
humano poderá recusar um governo tão perfeito como o de Cristo? Um governo que
proporcionará justiça, segurança e bem-estar social a todos.
O Milênio, por conseguinte,
será a última aventura humana antes da instauração do Juízo Final e do Perfeito
Estado Eterno: a Jerusalém Celeste.
A INSTALAÇÃO DO TRONO
BRANCO
O Juízo Final terá como
símbolo o Trono Branco. Será o mais perfeito e justo de todos os julgamentos. E
sobre ele assentar-se-á o mais reto dos juízes.
O Supremo Juiz. O Senhor Deus é o juiz
de toda a terra (Gn 18.25). Ele é o juiz de vivos e de mortos (At 10.42). Sua
competência é inquestionável (1 Pe 4.5). Enfim, o Senhor é um justo juiz (Sl
119.137). Somente alguém com tais características poderia conduzir o Juízo
Final.
Os livros do Juízo
Final. Escreve
o Evangelista que, no Juízo Final, muitos livros serão abertos: “E abriram-se
os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida” (Ap 20.12). Nesses livros,
acha-se escrita fidedignamente a história da humanidade. Nenhum registro é
alterado. Todas as obras humanas acham-se neles anotadas.
Entre esses volumes e rolos,
encontram-se também as Sagradas Escrituras, pois será com base nestas que há de
se processar o Juízo Final.
O JULGAMENTO DOS MORTOS
Os mortos, grandes e pequenos,
estarão diante do Trono Branco. Já imaginou o julgamento de bilhões de seres
humanos? E cada um destes será tratado individual e personalizadamente. Diz o
texto sagrado: “E foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13).
A segunda ressurreição. Dar-se-á logo após o
Milênio, trazendo novamente à vida ímpios e pecadores de todas as eras (Ap
20.12).
A primeira ressurreição
acontecerá no término da Grande Tribulação e contemplará os mártires desse
período (Ap 20.1-6).
Os mortos da segunda
ressurreição. Do
homicida Caim ao último dos pecadores, todos lá estarão. Nero, Calígula,
Hitler. Também lá estarão os pecadores anônimos que, agarrados à justiça própria,
rejeitaram a graça de Deus.
Os que morrerem durante o
Milênio de igual modo se farão presentes. Os inscritos no Livro da Vida
tornarão a viver para tomar parte nas bem-aventuranças da Jerusalém Celeste (Ap
20.4-6,15).
A segunda morte. O horror da segunda
morte não está propriamente no lago de fogo, mas na separação definitiva e
eterna de Deus. Os ímpios serão lançados nesse lugar de tormentos, localizado
nas trevas exteriores (Mt 25.30). É um castigo real num lugar real. Jamais terá
fim
.
O JULGAMENTO DA MORTE E
DO INFERNO
Finalmente, serão julgados a
morte e o inferno. Embora não sejam pessoas, simbolizam os dois grandes
castigos que recaíram sobre os filhos de Adão: a experiência física terminal e
a penalidade eterna.
O juízo sobre a morte. Afirma o apóstolo Paulo
que o último inimigo a ser aniquilado é a morte (1 Co 15.26). Os justos nunca
mais experimentarão a morte, porque viverão eternamente ao lado do Senhor.
Assim, poderemos cantar: “Tragada foi a morte na vitória” (1 Co 15.54). Ela também
será lançada no lago de fogo (Ap 20.14).
O juízo sobre o inferno. O inferno não é um
estado de espírito. É um lugar real (Lc 16.23). Mas está com os seus dias
contados. É o que diz o Evangelista: “E a morte e o inferno foram lançados no
lago de fogo. Esta é a segunda morte” (Ap 20.14).
O inferno será lançado no
inferno. Assim, o Senhor aniquilará todas as maldições que, desde Adão e Eva,
infelicitam a raça humana.
No lago de fogo, não serão
lançados apenas genocidas como Nero e Hitler. Adúlteros e mentirosos também
sofrerão as penalidades eternas, conforme adverte a Palavra de Deus: “Mas,
quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos
fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua
parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Ap
21.8).
Infelizmente, tais pecados
acham-se também entre os que invocam o nome de Deus. É hora de buscarmos ao
Senhor. Sua advertência é grave e urgente: “Quem é injusto faça injustiça
ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e
quem é santo seja santificado ainda” (Ap 22.11). Santidade ao Senhor!O inferno,
no sentido de um lugar para futuro castigo, certamente é ensinado de uma
maneira distinta na Bíblia. Embora a doutrina não seja tão claramente expressa
no Antigo Testamento quanto o é no Novo Testamento [...]. [Há nas Escrituras]
[...] quatro palavras traduzidas como ‘inferno’ são [elas]:
1. Sheol. [...] No Antigo Testamento, sheol é usada para a sepultura (Jó 17.13; Sl 16.10; Is
38.10) e para o lugar dos mortos, tantos bons (Gn 37.35; Jó 14.13; Sl 6.5; Ec
9.10) quanto os maus (Sl 55.15; Pv 9.18).
2. Hades. [É] a palavra grega que mais se aproxima de sheol e o nome do deus grego do submundo. [...] Hades
[...] é o lugar dos maus (Lc 16.23). [...] Hades é a tradução de Sheol em
Salmos 16.10 e refere-se simplesmente ao sepulcro ou à morte. Nas passagens de
Apocalipse, Hades parece estar personificado como um sinônimo da morte em
relação ou seu poder sobre os homens, provavelmente seguindo a metáfora de
Mateus 16.18.
3. Geena. [Refere-se a] um lugar onde havia fogo constante, um
símbolo dos espíritos perdidos atormentados [...] (Mt 5.22; 29.30; 10.28; Mc
9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6).
4. Tartaroo. Um verbo grego que significa ‘enviar Tártaro’,
encontrada somente em 2 Pedro 2.4. Os gregos viam Tártaro como um lugar
subterrâneo, inferior ao Hades, onde a punição divina era infligida” (Dicionário
Bíblico Wycliffe. 4.ed., RJ: CPAD, 2009, pp.968,69).
NOTAS DOUTRINARIAS IMPORTANTES
NOTAS DOUTRINARIAS IMPORTANTES
I. A VIDA DEPOIS DA MORTE
São vários os argumentos que
reforçam a doutrina bíblica sobre a vida além-túmulo.
1. Argumento histórico. Se a
questão da vida além-morte estivesse fundamentada apenas em teorias e
conjecturas filosóficas, ela já teria desaparecido. Mas as provas da crença na
imortalidade estão impressas na experiência da humanidade.
2. Argumento teleológico. Procura
provar que a vida do ser humano tem uma finalidade além da própria vida física.
Há algo que vai além da matéria de nossos corpos, é a parte espiritual. Quando
Jesus Cristo aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, estava, de
fato, desfazendo a morte espiritual e concedendo vida eterna, a imortalidade
(2Tm 1.10). A vida humana tem uma finalidade superior, uma razão de ser, um
desígnio.
3. Argumento moral. Há um
governador moral dentro de cada ser humano chamado consciência que rege as suas
ações. Sua existência dentro do espírito humano indica sua função interna, como
um sensor moral, aliado à soberania divina.
4. Argumento metafísico. Os
elementos imateriais do ser humano denunciam o sentido metafísico que compõe a
sua alma e espírito. Esses elementos são indissolúveis; portanto, como evitar a
realidade da vida além-morte? É impossível! A palavra imortalidade no grego é
athanasia e significa literalmente ausência de morte. No sentido pleno, somente
Deus possui vida total, imperecível e imortal (1Tm 1.17). Ele é a Fonte de vida
eterna e ninguém mais pode dá-la. No sentido relativo, o crente possui
imortalidade conquistada pelos méritos de Jesus no Calvário (2Tm 1.8-12).
II. O QUE NÃO É ESTADO
INTERMEDIÁRIO
1. Não é Purgatório. Heresia
lançada pelos católicos romanos para identificar o Sheol-Hades como lugar de
prova, ou de segunda oportunidade, para as almas daquelas pessoas que não
conseguiram se purificar o suficiente para galgarem o céu. Declara a doutrina
romana que é uma forma desses mortos serem provados e submetidos a um processo
de purificação. Entretanto, essa doutrina não tem base na Bíblia e é feita
sobre premissas falsas. Se o Purgatório fosse uma realidade, então a obra de
Cristo não teria sido completa. Se alguém quer garantir sua salvação eterna,
precisa garanti-la em vida física. Depois da morte, só resta a ressurreição.
2. Não é o Limbus Patrum. O
vocábulo limbus significa borda, orla. A idéia é paralela ao Purgatório e foi
criada pelos católicos romanos para denotar um lugar na orla ou na borda do
inferno, onde as almas dos antigos santos ficavam até a ressurreição. Ensina
ainda essa igreja que o limbus patrum (pais) era aquela orla do inferno onde
Cristo desceu após sua morte na cruz, para libertar os pais (santos do Antigo
Testamento) do seu confinamento temporário e levá-los em triunfo para o céu.
Identificam “o seio de Abraão” como sendo o limbus patrum (Lc 16.23). Mas, o
limbus patrum não tem apoio bíblico, e nem existe uma orla para os pais (santos
antigos).
3. Não é o Limbus Infantus. A
palavra infantus refere-se à crianças. Na doutrina romana, havia no Sheol-Hades
um lugar especial de habitação das almas de todas as crianças não batizadas.
Segundo essa doutrina, nenhuma criança não batizada pode entrar no céu. Por
outro lado, é inaceitável a idéia do limbus infantus como um lugar de prova,
também, para crianças.
4. Não é um estado para
reencarnações. Não é um lugar de migrações e perambulações espaciais.
Os espíritas gostam de usar o
texto de Lucas 16.22,23, para afirmarem que os mortos podem ajudar os vivos.
Mas Jesus, ao ensinar sobre o assunto, declarou que era impossível que Lázaro
ou algum outro que estivesse no Paraíso saísse daquele lugar para entregar
mensagem aos familiares do rico. Jesus disse que os vivos tinham “a Lei e os
Profetas”, isto é, eles tinham as Escrituras. Os mortos não podiam sair de seus
lugares para se comunicarem com os vivos. Portanto, é uma fraude afirmar essa
possibilidade de comunicação com os mortos. Usam equivocadamente João 3.3 para
defenderem a idéia da reencarnação. Vários textos bíblicos anulam essa falsa
doutrina (Dt 18.9-14; Jó 7.9,10; Ec 9.5,6; Lc 16.31).
III. O QUE É ESTADO INTERMEDIÁRIO
1. É uma habitação espiritual fixa
e temporal. Biblicamente, o Estado Intermediário é um modo de existir entre a
morte física e a ressurreição final do corpo sepultado. No Antigo Testamento,
esse lugar é identificado como Sheol (no hebraico), e no Novo Testamento como
Hades (no grego). Os dois termos dizem respeito ao reino da morte (Sl 18.5; 2
Sm 22.5,6). É um lugar espiritual em que as almas e espíritos dos mortos
habitam fixamente até que seus corpos sejam ressuscitados, para a vida eterna
ou para a perdição eterna. E o estado das almas e espíritos, fora dos seus
corpos, aguardando o tempo em que terão de comparecer perante Deus.
2. E um lugar de consciência ativa
e ação racional. Segundo Jesus descreveu esse lugar, o rico e Lázaro participam
de uma conversação no Sheol-Hades, estando apenas em lados diferentes (Lc
16.19-31). O apóstolo Paulo descreve-o, no que tange aos salvos, como um lugar
de comunhão com o Senhor (2Co 5.6-9; Fp 1.23). A Bíblia denomina-o como um
“lugar de consolação”, “seio de Abraão” ou “Paraíso” (Lc 16.22,25; 2Co 12.2-4).
Se fosse um lugar neutro para as almas e espíritos dos mortos, não haveria
razão para Jesus identificá-lo com os nomes que deu. Da mesma forma, “o lugar
de tormento” não teria razão de ser, se não houvesse consciência naquele lugar.
Rejeita-se segundo a Bíblia, a teoria de que o Sheol-Hades é um lugar de
repouso inconsciente. A Bíblia fala dos crentes falecidos como “os que dormem
no Senhor” (1Co 15.6; 1Ts 4.13), e isto não refere-se a uma forma de dormir
inconsciente, mas de repouso, de descanso. As atividades existentes no
Sheol-Hades não implicam que os mortos possam sair daquele lugar, mas que estão
retidos até a ressurreição de seus corpos para apresentarem-se perante o Senhor
(Lc 16.19-31; 23.43; At 7.59).
IV. O SHEOL-HADES, ANTES E DEPOIS
DO CALVÁRIO
1. Antes do Calvário. O
Sheol-Hades dividia-se em três partes distintas. Para entender essa habitação provisória
dos mortos, podemos ilustrá-lo por um círculo dividido em três partes. A
primeira parte é o lugar dos justos, chamada “Paraíso”, “seio de Abraão”,
“lugar de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A segunda é a parte dos ímpios,
denominada “lugar de tormento” (Lc 16.23). A terceira fica entre a dos justos e
a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas”, “lugar de prisões
eternas”, “abismo” (Lc 16.26; 2 Pe 2.4; Jd v.6). Nessa terceira parte foi
aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai desse abismo, senão
quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação (Ap 9.1-12). Não há qualquer
possibilidade de contato com esses espíritos caídos; habitantes do Poço do
Abismo.
2. Depois do Calvário. Houve uma
mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos após o evento do
Calvário. Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu, efetuou
uma mudança radical no Sheol-Hades (E
f 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do
“Paraíso” foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (2Co 12.2,4),
separando-se completamente das “partes inferiores“ onde continuam os ímpios
mortos. Somente, os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final
quando esse estado temporário se acabará, e viverão para sempre com o Senhor,
num corpo espiritual ressurreto. fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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PAZ DO SENHOR
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