A conversão de Paulo
Artigo Mauricio Berwald
As autoridades religiosas de
Jerusalém outorgaram a Saulo cartas que lhe garantiam o direito de prender os
cristãos. Todavia, no caminho de Damasco, Saulo teve um encontro memorável com
Jesus. Este encontro mudou radicalmente sua vida. Diante do Rei dos
reis, Saulo, o perseguidor de cristão, se prostra. Um dia, todos terão que
se curvar diante de Jesus. As convicções religiosas de Saulo também são
lançadas ao chão naquele momento. Embora cego, Saulo sai daquele encontro
transformado e “enxergando” a realidade! Esse novo homem ficou três dias sem
comer ou beber nada, certamente pensando em tudo que lhe aconteceu. Mais tarde
Paulo aprendeu o que é padecer pelo Senhor. Por intermédio desse “vaso
escolhido” a igreja tornou-se basicamente gentia.
RESUMO DA VIDA DE PAULO
• Nascido em Tarso,
Capital da Cilícia (22.3);
• Fariseu (23.6);
• Cidadão romano
(22.25-28);
• Fazedor de tendas
(18.3);
• Aluno de Gamaliel
(22.3);
• Guardava a Lei
(26.5);
• Um encontro com
Jesus mudou sua vida (9);
• Foi batizado
(9.18);
• Suas últimas
palavras (2 Tm 4.6-8).
Paulo é considerado, depois de Jesus,
o personagem mais importante da historia da Igreja Cristã (At 24.5). Ele
escreveu quase a metade dos livros do Novo Testamento e foi responsável direto
pela evangelização dos gentios. Dezessete dos vinte e oito capítulos de Atos
dos Apóstolos são dedicados à conversão e ao ministério do apóstolo dos gentios
(At 9; 13-28).Sabemos mais a respeito de Pauto do que dos demais apóstolos.
Aprendamos, pois, com a vida e a obra de Paulo!
SAULO DE TARSO
Na comunidade judaica, Paulo era
conhecido por um nome bem hebreu: Saulo (At 9.1,4,11). Ele provinha de uma
família benjamita que, apesar de viver na Diáspora, era mui fiel à tradição (Fp
3.5). Tendo em vista sua formação cultural e religiosa;
mostrou-se mais do que hábil para atuar como o apóstolo dos gentios.
A formação cultural de Paulo. Instruído aos
pés de Gamaliel (At 22.3), Saulo pertencia ao partido religioso mais
conceituado do Judaísmo — os fariseus (At 26.5; Fp 3.5). Ele conhecia profunda
e intimamente o Antigo Testamento (Rm 1.17; 3.4,5,10-18; 9.6-33), as tradições
de seu povo (At 26.24: 28.17,18; Gl 1.13-14) e a língua hebraica (At 22.1,2).
Era tão bem versado no meio religioso de Israel que, dos principais sacerdotes,
recebera autorização para perseguir os discípulos de Cristo (At 26.10).
As evidências indicam que Paulo
cursou a universidade de Tarso. Haja vista o seu domínio do idioma grego e dos
autores clássicos, dos quais cita pelo menos dois: Aratos e Epimênides (At
17.28; Tt 1.12). Cidadão romano, falava também mui provavelmente o latim.
Paulo, cidadão romano. Natural de
Tarso, na Cilícia (At 9.11; 21.39; Gl 1.21), Paulo tornara-se, por nascimento,
cidadão de Roma, pois a cidade era província romana (At 22.25-29). Naquele
tempo, a nacionalidade romana era adquirida de três maneiras: por direito de
nascença, por concessão imperial e por aquisição pecuniária (At 22.28; 23.27;
24.7,22).
Embora conhecesse muito bem os seus
direitos como romano (At 22.25-29; 25.10-12,21,27), era-lhe a cidadania celeste
(Ef 2.19; Fp 3.20) mais importante do que os privilégios concedidos pelos
homens. Esta é a razão pela qual renunciou a todas as regalias terrenas para
assumir a cruz de Cristo (Fp 3.7-9). Como tem agido você como cidadão do
céu?
A CONVERSÃO DE PAULO
A conversão de Paulo está narrada em
três capítulos de Atos dos Apóstolos (9.3-18; 22.6-21 e 26.12-18). Vejamos os
relatos segundo o desenvolvimento cronológico dos fatos.
O Encontro com Jesus. Saulo
solicita autorização aos principais sacerdotes, afim de perseguir os discípulos
de Cristo que se achavam em Damasco (At 9.1-2; 22.5; 26.10-11). Já próximo da
cidade, ele e seus companheiros são envolvidos subitamente por uma luz do céu,
muito mais forte que o sol (At 9.3; 22.6; 26.13). E todos caem por terra (At
9.4; 22.7; 26.14). Em língua hebraica, Jesus deu-se-Ihe a conhecer (At
26.14,15).
Os que o acompanhavam não viram a
ninguém. Aturdidos, ouviram, sim, a voz, mas não entenderam a mensagem (At 9.7;
22.9; cf. Jo 12.28-30). Paulo, então, é confrontado por Jesus Cristo (At 9.5;
22.7; 26.14,15) e por este é comissionado a levar o evangelho tanto aos filhos
de Israel como aos gentios (At 26.16-18). Em seguida, o Senhor orienta-o a
seguir viagem até Damasco, onde receberia novas instruções (At 9.6; 22.10).
Erguendo-se, Saulo nada enxerga.
Conduzido por seus auxiliares até Damasco, na cidade permanece durante três
dias sem nada ver, sem nada comer e sem nada beber (At 9.8,9; 22.11).
Ananias visita a Paulo. Enquanto
isso, o Senhor em visão aparece a Ananias, homem piedoso e justo que morava em Damasco,
e ordena-lhe que vá à casa de Judas, que ficava na rua Direita, e pergunte “por
um homem de Tarso chamado Saulo”. Naquele instante, este orava e via numa visão
a Ananias que, entrando em seus aposentos, impunha-lhe as mãos para que
voltasse a enxergar (At 9.10-12; 22.12).
Ananias, então, retruca. Sabe ele
qual o propósito de Paulo na cidade (At 9.13-14). O Senhor, porém, afiança-lhe
que o perseguidor será doravante um vaso escolhido para tornar o evangelho
conhecido em todo o mundo (At 9.15-16; 26.16-18). Imediatamente Ananias vai ao
encontro de Saulo e, impondo-lhe as mãos, confirma a comissão que ele recebera
do Senhor, recobra-lhe a visão e batiza-o (At 9.17-18; 22.13-16).
Saulo, de perseguidor a perseguido. Já refeito,
Saulo busca congregar-se com os irmãos em Damasco (At 9.19). Apesar dos temores
iniciais, os discípulos acabam por estender-lhe a destra de comunhão. Em ato
contínuo, põe-se ele a testemunhar de Cristo a todos nas sinagogas da cidade
(At 9.20). Os judeus perturbam-se com a sua conversão (At 9.21-22). E intentam
tirar-lhe a vida (At 9.23). Tal plano chega ao conhecimento de Saulo (At
9.23-24). Para o livrarem da cilada, os irmãos descem-no de noite num cesto
pelo muro (At 9.25). E ele segue em direção a Jerusalém (At 9.26; 22.17).
PROPÓSITOS DA VOCAÇÃO DE PAULO
Os objetivos de Cristo ao confrontar
Saulo na estrada de Damasco são desenvolvidos nas três narrativas de sua
conversão de Atos dos Apóstolos (9.3-18; 22.6-21; 26.12-18).
Conhecer a vontade de Deus. Saulo teria
de conhecer realmente a vontade de Deus concernente a Israel, a Igreja e ao
mundo (At 22.14,15). Mais tarde, em sua Epístola aos Efésios, revela a sua
compreensão concernente à Igreja de Deus, formada não por uma nação, mas
constituída igualmente por judeus e gentios. Tudo isso revelou-lhe o próprio
Senhor. Tem você procurado saber a vontade divina para a sua vida?
Tornar-se ministro e testemunha
de Jesus. Consciente de sua vocação, põe-se Paulo a testemunhar de Cristo
não somente diante dos gentios, mas também perante Israel. Faz ele apologia do
evangelho ante os reis e filósofos. É um verdadeiro campeão de Deus (At 9.15;
22.15,21; 26.16-18). Como está o seu testemunho cristão? Acha-se preparado para
defender a sua fé?
Sofrer a favor de Cristo e do
evangelho. Em virtude de sua audácia, muito sofre por amor a Cristo (Gl
6.17). O que dantes perseguira a Igreja de Cristo, vê-se de repente perseguido
por causa deste mesmo nome. No capítulo 11 de sua Segunda Epístola aos
Coríntios, discorre ele acerca das muitas perseguições por ele sofridas, quer
por parte de seus patrícios, quer por parte dos gentios. Mesmo perseguido, o
evangelho foi poderosamente anunciado através de suas
A conversão e vocação de Paulo
ensinam-nos que Deus chama e capacita a quem ele quer para ministérios
específicos. Ele transforma o mais terrível dos homens num “vaso escolhido”, a
fim de que proclame o seu Evangelho até aos confins da terra.Você foi chamado
para anunciar a mensagem da cruz? Obedeça, já. É o tempo de segar.
A conversão de Saulo.“Saulo (posteriormente
chamado de Paulo, o equivalente grego do nome ‘Saulo’), que é mencionado pela
primeira vez como tendo participado do apedrejamento de Estêvão era tão zeloso
das suas crenças religiosas que iniciou uma campanha de perseguição contra
todos os que acreditavam em Cristo, todos que eram do ‘Caminho’ (versão RA)
(veja o testemunho de Paulo em Filipenses 3.6). A expressão ‘o Caminho’ se
referia ao ‘caminho do Senhor’ ou ‘o caminho da salvação’. Por que os judeus em
Jerusalém queriam perseguir os cristãos a uma distância tão grande como
Damasco? Há várias possibilidades: (1) para prender os cristãos que tinham
fugido; (2) para evitar a chegada do cristianismo a outras cidades importantes;
e (3) para impedir que os cristãos causassem qualquer problema com Roma. [...]
Damasco [era] uma cidade comercial importante, estava situada cerca de 280
quilômetros a nordeste de Jerusalém, na província romana da Síria. [...] Saulo
pode ter pensado que ao eliminar o cristianismo em Damasco, ele poderia impedir
a sua disseminação a outras regiões. Já próximo do seu destino, quase ao
meio-dia, quando o sol estava a pino [...], Saulo repentinamente se encontrou
cercado por um resplendor de luz. Embora o texto não afirme abertamente que
Saulo viu a Cristo, este fato fica implícito, uma vez que ver o Senhor
ressuscitado era um requisito para o apostolado do Novo Testamento (1 Co 9.1;
15.8)”
(notas Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol.1.
1.ed. RJ: CPAD, 2009, pp.662-63).
O
Evangelho propaga-se entre os gentios
Deus não faz acepção de pessoas (At
10.34). Criador de tudo quanto existe, a todos preserva pela sua bondade e
justiça (At 17.25-28). Ele ama a todos indistintamente e deseja a salvação de
toda a humanidade (Jo 3.16) através de Jesus Cristo (Mt 1.21; At 4.12). Esta é
a mensagem que os apóstolos de Nosso Senhor proclamaram aos gentios. No Filho,
todos somos amados pelo Pai, sem quaisquer distinções. Está você também
disposto a anunciar o evangelho até aos confins da terra? Há muita terra ainda
a ser conquistada.
OS GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO
Toda a humanidade descende de um
único casal a quem Deus formara segundo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27;
5.2). Embora criado santo, justo e bom para a glória do Senhor (Gn 5.1; Sl
115.1), o homem desobedeceu-lhe as ordens e veio a conhecer experimentalmente o
pecado. Com a sua apostasia, fez com que a maldade tomasse conta do mundo (Gn
4.8,23). A Deus, então, não restou outra alternativa senão destruir a primeira
civilização através de um dilúvio universal (Gn 6-9).
Um novo começo com Noé. Apenas Noé e
a sua família salvaram-se daquele cataclismo. Por intermédio dos filhos do
piedoso e santo patriarca: Jafé (Gn 10.2-5), Cam (Gn 10.6-20) e Sem (Gn
10.21-31), vieram a formarem-se as nações com as suas respectivas geografias
(Gn 10 - 11). Infelizmente, a humanidade porfiou em desobedecer a Deus (Gn
11.1-9). Em meio a essa desolação espiritual e moral, Deus santifica um
descendente de Sem, Abraão, para que dele uma nova nação fosse formada (Gn
12.1-3). Em Abraão, fomos todos abençoados.
A exclusividade dos descendentes de
Abraão (Gn 15.5,6). Ao chamar Abraão, o Senhor dá início à história de Israel (Gn
12.1-3). Seu propósito à nação judaica (Gn 18.18; 22.18) era torná-la uma
propriedade peculiar, um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.5,6). Ele a
constituiu para que esta lhe fosse uma possessão distinta e particular (Is
44.1-2), a fim de que, por seu intermédio, alcançasse os gentios.
A partir de então, todas as demais
etnias passaram a ser conhecidas como gôyim — gentios (Gn
15.18-21). Isso não significa, porém, que Deus não ame as demais nações. Ele as
ama, sim! E de tal maneira amou-as, que deu o seu Único Filho, para que todo
aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Além do mais, em
Abraão foram benditas todas as nações da terra (Gn 12.3).
OS GENTIOS EM O NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento faz questão de
realçar o amor de Deus não somente por Israel, mas por todos os povos. João
3.16 deixa isso bem claro. Não resta dúvida: a salvação vem dos judeus, mas não
se restringe aos judeus, mas através dos judeus deve alcançar a todos os
não-judeus.
Nos Evangelhos. Nos
evangelhos há várias referências aos gentios (Mt 6.7,32: Mc 10.33; Lc 12.30;
18.32). Descritos às vezes com certa reserva (Mt 20.19; Mc 10.33), são eles
vistos como a grande seara a ser alcançada pelos apóstolos que, no cumprimento
da Grande Comissão, deixariam Jerusalém e a Judeia para evangelizar e ensinar
todas as nações (Mt 28.18-20). Aliás, Isaías já destacava a missão do Cristo
entre os gentios (Is 42.1-4). Durante o seu ministério terreno, o Senhor
Jesus agraciou alguns destes como a mulher cananeia (Mt 15.21-28) e o
centurião (Lc 7.1-10).
Nos Atos dos Apóstolos. Embora Atos
1.8 estabeleça a obrigatoriedade da missão entre os gentios, somente no
capítulo 9 e versículo 15, após a conversão de Paulo, é que se declara aberta e
enfaticamente a evangelização das nações (ver At 13.44-47). A resistência
inicial dos apóstolos em discipulá-Ios (At 10.9-16) é vencida quando Cornélio,
sua família e demais assistentes, recebem o batismo com o Espírito Santo (At
10.44-48). O fato trouxe perplexidade no colégio apostólico (At 11.1-3,18), mas
após a apologia de Pedro (At 11.4-17 ver 15.7-11), a Igreja glorificou a Deus
pelo fato de os gentios serem também objeto do amor de Deus (At 10.45).
Missão e Salvação entre os
Gentios. Se Pedro, com o evangelho da circuncisão, é proeminente nos
capítulos de 1 a 12 de Atos, nos capítulos de 13 a 28, destaca-se Paulo com o
evangelho da incircuncisão (Gl 1.7). O primeiro diz respeito aos judeus, o
segundo aos gentios (At 13.44-47). Trata-se, porém, de um só evangelho — o
evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paulo estava consciente de que fora
chamado por Deus para anunciar o evangelho aos gentios (At 9.15), sem os
entraves da lei (At 15.19,28,29; Rm 4.9-16). Em suas viagens missionárias, não
foram poucos os gentios que se converteram ao Senhor (At 11.1,18) e de bom
grado ouviram a exposição da graça divina (At 13.42).
Você se preocupa com a evangelização
transcultural? Se você não foi chamado ao campo, coopere financeiramente com a
Obra Missionária e ore pelos que se acham além-fronteira falando do amor de
Deus. A responsabilidade pelo “Ide” também é sua.
JUDEUS E GENTIOS UNIDOS POR
DEUS MEDIANTE A CRUZ
A Igreja de Deus. Ao defender a
difusão do Evangelho entre as nações, afirmou Pedro: “[...] Deus visitou os
gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” (At 15.14). Esse povo é a
Igreja formada por judeus e gentios em Cristo (Rm 9.24-33). De ambos, fez Ele
um só povo, derribando a parede de separação que estava no meio, e, pela cruz,
reconciliou ambos com Deus em um corpo (Ef 2.14-16).
Dessa maneira, o Espírito Santo
revela a Paulo (Ef 3.4,5) que os gentios não são mais estrangeiros (gôyim)
e nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, da família de Deus (Ef 2.11-22;
1 Pe 2.5), co-herdeiros e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho
(Ef 3.6).
Expansão da Igreja entre os gentios. Através de
suas viagens missionárias, Paulo propagou o evangelho entre os povos e culturas
conhecidos naqueles dias (Rm 15.19,20). Em várias regiões, estabeleceu ele
igrejas constituídas notadamente por gentios (Rm 16.4).
A evangelização dos povos é o maior
desafio da igreja moderna. A responsabilidade é nossa. O Senhor confiou-nos a
Grande Comissão para que, sem remissões, alcancemos os confins da terra. Ele
deseja que todos os gentios sejam salvos. Você sabia que muitos povos ainda não
ouviram falar de Jesus? Como responderá você a esse grande desafio? Se o Senhor
o chama à Obra Missionária, responda prontamente: “Eis-me aqui, Senhor.
Envia-me a mim”.
“Israel e a Igreja.Nos capítulos
iniciais de Atos dos Apóstolos, a recepção judaica à mensagem do evangelho foi
poderosa e inquietou os líderes judaicos. Mas, depois, iniciou-se a reação e a
perseguição judaicas para que a Igreja se dispersasse. Em alguns locais, a
mensagem foi tirada da sinagoga e oferecida diretamente aos gentios que
responderam de forma favorável (At 13.46; 18.6; 28.28). Esse padrão híbrido de
recepção judaica, perseguição e busca dos gentios foi comum, em especial, no
ministério de Paulo. Os apóstolos iniciaram na sinagoga, pois criam que a
mensagem de Cristo era também para os de Israel. As igrejas locais
desenvolveram-se por necessidade de sobreviver em face da rejeição. Essas
realidades fizeram com que Lucas, em Atos dos Apóstolos, falasse de forma
reiterada sobre os mensageiros da Igreja ‘se voltarem para os gentios’ e
‘advertirem Israel’. Esses temas, com frequência, aparecem lado a lado e
dominam o último terço do livro de Atos dos Apóstolos. Eles mostram que a
Igreja não era Israel e que essa distinção tornou-se uma realidade do ponto de
vista histórico”
(notas ZUCK, R. B., et al. Teologia do Novo
Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2008, pp. 160-61).
“A inclusão dos Gentios na
Única e Nova Humanidade em Cristo (Ef 2.13-18).Paulo continua a
descrever como a obra da redenção torna as pessoas um só povo em Cristo. O
verso 13 começa com duas frases importantes: ‘Mas, agora’ que aparece em
contraste com ‘antes’ (v.11) e ‘naquele tempo’ (v.12); e ‘em Cristo Jesus’, que
aparece em contraste com ‘sem Cristo’ (v.12). Essas duas expressões enfatizam
como a situação dos gentios seria drasticamente modificada, de estarem ‘longe’
para chegarem ‘perto’. Essa nova aproximação de Deus é tanto ‘em Cristo Jesus’
como ‘pelo sangue de Cristo’. Essa última se refere ao evento histórico da
morte de Jesus na cruz; e a primeira está relacionada à conversão dos infiéis e
sua presente união com Cristo. Os cinco versos seguintes explicam o que foi
alcançado pela morte redentora de Cristo na cruz.
Os versos 14-18 revelam o âmago da
mensagem de reconciliação de Paulo, e como Deus deu início ao ser eterno plano
de reconciliação cósmica (embora não universal) (1.10). A palavra principal
nessa passagem é paz, e ela aparece quatro vezes (vv.14,15, e duas
vezes no verso 17).
O verso 14 começa com uma declaração
enfática: ‘Porque ele [Cristo] é a nossa paz’. Cristo, e somente Cristo, nos
deu a solução para esse problema que infesta a raça humana, isto é, a separação
de Deus e de outras pessoas. Ele é a Reconciliação do povo com Deus e a
Reconciliação das pessoas, umas com as outras. Assim, o evangelho torna-se uma
mensagem de reconciliação (2 Co 5.17-21). Por causa de seu sangue redentor
(2.14), nesse ponto de Efésios Paulo anuncia, em dois sentidos, o próprio
Cristo Jesus como sendo a ‘nossa paz’:
Como pecadores, Ele nos
reconcilia com Deus pela cruz (v.16) e
Reconcilia grupos mutuamente
hostis entre si (tais como judeus e gentios) e ‘de ambos os povos faz um’
(v.14b; também vv.15-18).
A reconciliação é o tema central
desta passagem. Nada, a não ser o evangelho, poderá nos oferecer, genuinamente,
a paz com Deus (Rm 5.1), ‘e nada, a não ser o evangelho, poderá remover as
barreiras que dividem a humanidade em grupos hostis em sua própria época’
(Bruce, 1961, 54). A paz entre judeus e gentios exigia a destruição da ‘parede
de separação que estava no meio’ (v.14c). Nenhuma distinção de cor, conflito
étnico, separação por classes ou divisão política era mais absoluta que a
barreira entre judeus e gentios no primeiro século d.C. Bruce acrescenta: ‘O
maior triunfo do evangelho na era apostólica foi que ele venceu essa antiga e
longa desavença e permitiu que judeus e gentios se tornassem verdadeiramente um
único povo em Cristo’”
(notas Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed.
RJ: CPAD, 2004, pp.1219-20).
O
primeiro Concílio da Igreja de Cristo
A igreja de Jerusalém corria o risco
de se transformar num movimento religioso como outro qualquer da Judeia. Se não
fosse a sábia decisão dos Apóstolos, dos líderes e da comunidade palestínica, a
Igreja de Cristo estaria fadada a um fortuito fracasso já em seus primórdios.
Porém, o Espírito Santo conduziu o Concílio de Jerusalém, abalizando-o por uma
sábia decisão: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior
encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas
sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações
sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde” (At
15.28,28 — ARA).
O CONCÍLIO DE JERUSALÉM
Contexto.A conversão dos
gentios; a tensão entre judeus e gentios; a insistência dos crentes judaizantes
tradicionalistas para que os gentios adotassem o estilo de vida judaico; o
combate violento de Paulo contra o evangelho judaizante; a necessidade de uma
resolução que legislasse sobre o tema.
A questão levantada.Para os gentios
serem salvos, era necessário se tornar um judeu? Atualmente, é necessário
alguma outra coisa, fora de confessar a Cristo, para ser salvo?
O debate.De um lado os
fariseus cristãos apoiavam a visão dos judaizantes; do outro, Paulo e Barnabé
enfatizavam que Cornélio e sua família foram aceitos por Deus como gentios.Em
harmonia com as Escrituras, a contribuição do apóstolo Tiago foi preponderante
para a resolução apostólica em conjunto com a igreja: 1) não se devia pedir aos
gentios que adotassem a “cultura” judaica, pois isto “perturbaria” (15.19) a
liberdade em Cristo; 2) As recomendações estabelecidas foram: não comer carne
sacrificada a ídolos; não ingerir sangue e não comer carne sufocada; não
praticar relação sexual ilícita. Estas resoluções deixam patentes a verdadeira
liberdade que há em Cristo Jesus e o verdadeiro princípio de respeito à vida
que Deus exige de nós!
Sob as instâncias de Paulo e Barnabé,
os apóstolos convocam o Concílio de Jerusalém, para tratar de uma questão que
vinha perturbando os crentes gentios: Deveriam estes também observar os costumes
e ritos judaicos? Isto porque, “alguns que tinham descido da Judeia ensinavam
assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não
podeis salvar-vos” (At 15.1).
As decisões desse concílio, realizado
no ano 48, foram mais do que vitais à expansão do Cristianismo até aos confins
da terra.
O QUE É UM CONCÍLIO
Definição. Originária do
vocábulo latino concilium, a palavra concílio significa conselho,
assembleia. O concílio, por conseguinte, é uma reunião de representantes da
Igreja, cujo objetivo é deliberar acerca da fé, doutrina, costumes e disciplina
eclesiástica.
Os concílios no Antigo
Testamento. O primeiro concílio da velha aliança deu-se quando Moisés
congregou os anciãos de Israel para declarar-lhes o plano de Deus para libertar
os hebreus do Egito (Êx 4.29). A partir daí, muitos foram os concílios
convocados quer pelos reis, quer pelos profetas, para tratar das urgências
nacionais e das crises que surgiram ao longo da história de Israel no Antigo
Testamento (2 Cr 34.29: Ed 10.14; Ez 8.1).
Os concílios em o Novo
Testamento. Os apóstolos reuniram-se em três ocasiões distintas, para decidir
sobre pendências na comunidade cristã. A primeira vez para eleger Matias em
lugar de Judas Iscariotes e aguardar a chegada do Consolador; a segunda para
instituir o diaconato; e a terceira, para discutir as imposições que os
judaizantes buscavam impor sobre os cristãos gentios (At 1.12-26; 6.1-15;
15.6-30).
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