Orando como Jesus
ensinou
Artigo Mauricio Berwald
O ensino do Senhor a respeito da oração originou-se da súplica dos
discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus
discípulos” (Lc 11.1). Não são poucas as pessoas
que querem obter uma “fórmula mágica de oração” a fim de obterem respostas rápidas
e previsíveis às suas petições. Tais pessoas frequentememente perguntam: “qual
a posição correta para orar?” ou “qual o horário ideal?”. Na verdade deveriam
fazer os seguintes questionamentos: “Será que nossas petições estão sendo
realmente sinceras?”; “Estamos dispostos a pôr em prática a instrução
bíblica?”. Para responder a essas perguntas precisamos atentar para cada
detalhe da oração-modelo, começando pelo prefácio de Jesus: “Portanto, vós
orareis assim:...” (Mt 6.9).
Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios (6.7)
A idéia pode não enfatizar tanto a natureza repetitiva da oração paga
quanto o valor atribuído ao ritual. A adoração oficial em Roma exigia a
repetição de fórmulas religiosas memorizadas. Se o sacerdote cometesse um único
engano, todo o culto deveria ser repetido.
Em contraste Jesus nos lembra de que a oração é a expressão de um
relacionamento pessoal, e não um rito religioso. Os pagãos confiam no ritual; o
povo de Deus entra espontaneamente na presença daquele a quem conhecem como Pai
Celestial.
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje (6.11)
A maioria das pessoas da Palestina na época de Jesus trabalhavam nas
suas próprias plantações ou trabalhavam servindo as outras pessoas. Um
trabalhador recebia um denário no final de cada dia. Com isto ele comprava
comida para sua família, óleo para lâmpada e outras coisas. Aquele denário, que
era o típico salário de um dia de trabalho, mal era suficiente para cobrir
estas despesas diárias.
Assim, a oração que Jesus ensinou a seus seguidores era realmente
comovente. Os cristãos devem confiar em Deus, diariamente, para o suprimento do
seu pão.
A ORAÇÃO DEVE SER INERENTE AO
CRENTE
Aprendendo a orar com o Mestre. Jesus estava orando em determinado
lugar com seus discípulos. Quando terminou de orar, os discípulos pediram-lhe
que os ensinasse a orar, como também João ensinou aos seus discípulos (Lc
11.1). O Senhor Jesus deu início a sua aula sobre oração, declarando: “Portanto,
orareis assim”. Todavia, Jesus não estava dizendo que os discípulos “deviam”
repetir mecanicamente esse modelo de oração toda vez que buscassem a face de
Deus.
Os discípulos já conheciam a respeito da oração?
Os
discípulos já tinham conhecimento da importância da oração, pois os judeus
devotos e os gentios que criam em Deus tinham como costume orar. De acordo com
Atos 3.1, os judeus tinham um horário determinado para as orações: de manhã (as
9h), à tarde (as 15h) e à noite (no pôr do sol). Todavia, os discípulos nunca
viram alguém orar como o Mestre.
Jesus no Sermão da Montanha ensinou a respeito de como devemos orar: “E,
quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé
nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em
verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra
no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está
oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará” (Mt 6.5,6).
Jesus ensinou acerca disso, porque os líderes religosos de sua época, gostavam
das orações em lugares públicos para chamarem a atenção (Mt 6.5,6), porém Jesus
ensina que devemos ter o nosso momento secreto com o Pai em oração (Mt 6.3).
A oração era algo habitual para Jesus e seus discípulos. Os
discípulos podiam observar o exemplo de Jesus. A oração era uma prática
habitual entre eles (Lc 5.16; At 3.1). Precisamos buscar a face de Deus em
oração diariamente. É impossível que um discípulo não converse com seu mestre;
que um servo não conheça o que o seu senhor deseja. Como está a sua vida de
oração? Precisamos buscar a face de Deus em oração diariamente. A oração e a
Palavra de Deus são imprescindíveis para uma vida cristã vitoriosa como
discípulo e amigo do Senhor Jesus (Jo 15.15).
A ORAÇÃO-MODELO
“Pai nosso, que estás nos céus” (v.9). Logo no
início da Oração do Pai Nosso, Jesus ensina a quem devemos dirigir nossas
petições. Deus é o Pai Celestial de todos os que seguem o “novo e vivo
caminho”: o seu Filho Jesus Cristo (Hb 9.20; Jo 1.12,13; 14.6). A Bíblia
declara que o Espírito Santo transmite ao crente a certeza de que Deus é seu
Pai. O Espírito testifica com o nosso espírito de que somos filhos de Deus (Rm
8.15,16). Ao contemplar a Deus como Pai, o crente deve ter em mente três
verdades bíblicas sobre o amor de Deus:
a) Deus nos amou primeiro. “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). O seu amor por nós precede a nossa
própria existência e, consequentemente, as nossas transgressões (Rm 5.8).
b) Deus nos adotou como filhos pelo Espírito de adoção (Rm 8.15). Por meio
da obra redentora de Cristo Jesus na cruz, “[...] nos predestinou para filhos
de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade
(Ef 1.5).
c) Deus nos fez herdeiros seus. A única coisa destinada ao homem era
a sua própria condenação, resultante dos seus pecados (Rm 6.23; Jo 3.18,19).
Entretanto, Deus, que é riquíssimo em misericórdia quis nos justificar por sua
graça e amor (Rm 3.24; Tt 3.7). Ele, “[...] segundo a sua grande misericórdia,
nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não
pode murchar, guardada nos céus para vós”(1 Pe 1.3,4).
“Santificado seja o teu nome” (v.9). Deus é
santo (Is 6.3). Seu nome é exaltado em cima nos céus e em baixo na terra, acima
de qualquer outro nome (Is 12.4). A santidade de Deus é manifesta através do
crente que dá bom testemunho. É dever de todo o crente honrar como santo o nome
do Senhor nosso Deus, não só de lábios, mas com sua vida santa (1 Pe 1.15,16).
Muitos estão profanando o nome de Deus à medida que dão mau testemunho.
“Seja feita a tua vontade” (v.10). Abrir mão
da nossa vontade nem sempre é fácil, requer total dependência de Deus. Jesus,
como homem perfeito, é o nosso exemplo. Certa vez Ele afirmou: “A minha comida
é fazer a vontade daquele que me enviou...” (Jo 4.34). Deus é um Pai amoroso e
a sua vontade sempre é boa, agradável e perfeita, por isso, devemos nos
submeter a ela com alegria. Entretanto, como descobrir a vontade de Deus?
Mediante a oração. A oração não é um monólogo, mas um diálogo onde podemos ouvir
Deus e saber qual direção tomar. Como está escrito: “Deitar-me faz em verdes
pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas” (Sl 23.2).
DECORRÊNCIAS PRÁTICAS DA
ORAÇÃO-MODELO
“O pão nosso de cada dia”: a luta diária contra a
auto-suficiência. Jesus nos ensina que, por mais que o homem trabalhe e lute para obter o
seu sustento, Deus é o Provedor. Nenhum homem pode ignorar as providências
divinas, mesmo que suas posses “garantam” sua manutenção (Dt 11.14,15; 28.12;
Mt 5.45). A Bíblia declara que: “Inútil vos será levantar de madrugada,
repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono”
(Sl 127.2).
Deus conhece todas as nossas necessidades, de modo que não devemos estar
inquietos por nossa subsistência (Mt 6,25-32; Sl 37.25; 34.10).
Perdão das nossas dívidas. O pecado é uma dívida que o homem
contrai para com Deus quando transgride a sua Lei. O Senhor Jesus nos ensina a
buscar o perdão do Pai e perdoar os que nos ofendem. Jesus deixa claro que só
seremos perdoados por Deus pelas nossas faltas, se perdoarmos os que nos
prejudicam: “se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.14,15).
Livramento do mal. Todo crente está sujeito às tentações
e ataques do mal. Todos têm o seu lado frágil e susceptível ao mal de cada dia
(Rm 7.15-19; Cl 5.17; Tg 1.14,15; 1 Co 10.12,13); este fato não pode ser
negligenciado. Jesus nos advertiu: “Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mc
14.38). Quando o crente aprende biblicamente como se dirigir a Deus em
oração, estando com a sua vida cristã em ordem, passa a ter a certeza de que
suas orações serão respondidas. Afinal, as Sagradas Escrituras nos garantem:
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo
o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7).
Mateus .“Quando orares, não sejas como os
hipócritas (v.5). Como podemos saber se a nossa religião é realmente
hipocrisia? Quando é para ser vista pelos homens. É apenas hipocrisia quando as
igrejas têm bons coros, exigem pregação de elevado estilo, fazem orações
eloqüentes..., mas sem o Espírito. É hipocrisia colocar todas as mercadorias na
vitrine, dando a entender que a loja tem grande estoque. É hipocrisia quando a
adoração sai da boca para fora; é sinceridade somente se sair do íntimo do
coração.
Os hipócritas... se comprazem em orar em pé nas sinagogas (v.5). Muitas
vezes, a hipocrisia é tão acentuada nas igrejas que o mundo julga que todos os
crentes são hipócritas.[...] Entra no teu aposento (v.6). É evidente que Cristo
não condena a oração nos cultos públicos (Jo 11.41,42; 17.1; At 1.14). Mas, mesmo
a oração pública deve ser com ‘a porta fechada’, i.e., com o mundo excluído do
coração e em contato com o trono de Deus em espírito. Na maior multidão, o
crente pode achar seu ‘quarto de oração’. Mesmo no tempo de tristeza e
angústia, é difícil evitar a hipocrisia, mas em secreto é mais fácil orar sem
fingimento”.(notas BOYER, O. Espada Cortante. 2.ed. RJ: CPAD, 2006, p.313)
A importância da oração na vida do crente
Deus deseja comunicar-se com seus filhos mediante a oração e a
leitura da Palavra. Falar com Deus é um grande privilégio. O valor da oração está na resposta que o
cristão oferece à pessoalidade de Deus. Naturalmente, através da oração nos
voltamos àquEle cuja comunhão é prazerosa. Por isso, podemos manifestar com
ação de graças nossas petições e súplicas.O Eterno nos convida a cultivarmos um
hábito sadio de oração como estilo de
vida, a fim de que possamos produzir bons
frutos. Os grandes homens da Bíblia foram pessoas de rígidos hábitos de oração
porque reconheciam o seu valor. O valor da oração está para o crente, assim
como a água está para a corça!
A oração é um meio que Deus utiliza para desenvolver a comunhão do
crente com Ele. Falar com Deus é uma preciosa e indivisível dádiva do cristão.
Desperdiçar a oportunidade de falar com Deus e ouvi-lo, quando estamos em
oração, é um atestado de enfermidade espiritual, cujo tratamento requer
urgência (Is 55.6; Jr 29.13).
RECONHECENDO O VALOR DA ORAÇÃO
A oração estreita a comunhão com Deus. Por meio da oração, o crente
estabelece e desenvolve um relacionamento mais profundo com Deus. O Senhor é
onisciente! Todavia, o cristão deve ser explícito e detalhado em suas orações:
“[...] as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração
e súplicas, com ação de graças” (Fp 4.6b). Através da oração, o crente coloca
aos pés do Senhor suas fragilidades, dores, tristezas e ansiedades. Saiba que
Deus deseja ouvi-lo, a fim de agir em seu favor (Sl 72.12).
A oração com ação de graças. A ação de graças é uma forma de
celebrarmos a bondade divina, que expressa gratidão (Sl 69.30). Esta oração,
segundo o exemplo de Jesus, agrada ao céu (Mt 11.25). Uma vida de constante
oração associada ao conhecimento e à observância das Santas Escrituras, conduz
o crente a um viver de gozo, gratidão e constantes descobertas das grandezas e
riquezas de Deus (1 Ts 5.17,18; Rm 11.33-36).
Jesus destaca o valor da oração. O valor da oração está em sua prática
constante como elemento vital e imprescindível à nossa vida espiritual.
Lembremo-nos de que a oração “no Espírito” é parte da armadura de Deus para o
cristão na sua luta contra o Diabo (Ef 6.11,12,18). O crente deve estar
consciente da proximidade de um Deus, que é pessoal e almeja se comunicar com
os seus filhos. Às vésperas de sua morte no Calvário, Jesus confortou e
revigorou seus discípulos com a promessa de que suas orações seriam respondidas
se direcionadas ao Pai em seu nome (Jo 14.14). O Senhor Jesus, em seu
ministério terreno, tinha a necessidade de orar porque reconhecia a importância
da vida de oração. Os seus discípulos, ao verem tal exemplo, sentiram a mesma
necessidade: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11.1). Após a morte e ascensão de
Cristo, os discípulos passariam a contar com a ajuda do Espírito Santo (Jo
14.16,17) e poderiam desfrutar da doce e permanente paz de Jesus (Jo 14.27).
Essas são as bênçãos que se alcançam do Pai celestial quando se chega a Ele em
oração e com plena certeza de fé no Filho de Deus.
A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO DO
CRENTE
O Espírito Santo é intercessor. O filho de Deus nunca está sozinho
quando ora. Há alguém nomeado pelo Senhor para ajudá-lo: O Espírito Santo (Jo
14.16). A maior segurança que o crente possui, é saber que a sua oração é
orientada na dependência do Santo Espírito. O Divino Consolador nos ajuda a
orar!
O Espírito Santo nos socorre na oração. Ele
junta-se a nós em nossas intercessões, a fim de moldar a oração que não pode
ser compreendida pelo entendimento humano. Da mesma maneira que Jesus Cristo
intercede por nós no céu (Rm 8.34), o Espírito Santo, que conhece todas as
nossas necessidades, intercede ao Senhor pelos salvos (Rm 8.27).
O Espírito Santo habita no crente. Ser habitação do Espírito significa
que Deus está presente na vida do cristão, mantendo uma relação pessoal com ele.
Nós somos o templo do seu Espírito Santo (1 Co 6.19)! Nesse sentido, o
Consolador torna a oração adequada à vontade de Deus. Ele conhece todas as
nossas necessidades, anseios, pensamentos, falhas, sentimentos, desejos,
frustrações e intenções. O Espírito Santo geme pelo crente com gemidos
inexprimíveis diante de Deus (Rm 8.26,27).
COMO DEVE O CRENTE CHEGAR SE A DEUS EM
ORAÇÃO
Reverentemente. É necessário o crente dirigir-se a
Deus de modo respeitoso, agraciado, confiante e obediente. Só Deus é digno de
toda a honra, glória e louvor. Ele é Único, Eterno, Supremo, Majestoso,
Todo-Poderoso, Santo, Justo e Amoroso. A reverência voluntária a Deus e o seu
santo temor em nós sufocam o orgulho, que é tão comum no homem e muitas vezes
encontra-se disfarçado externamente nele, mas latente em seu interior.
Honestamente. Quando o crente, convicto pelo Espírito Santo e segundo a Palavra de
Deus, arrependido confessa seus pecados, erros, faltas e fraquezas, os
impedimentos são removidos para Deus agir em seu favor. Ele torna-se alvo das
misericórdias divinas (Pv 28.13).
O crente deve fazer constantes avaliações em sua obediência à vontade de
Deus. Dessa atitude, dependem as respostas de suas orações (1 Jo 3.19-22; Jo
15.7; Sl 139.24).
Confiantemente. Todo crente necessita aproximar-se
com fé do altar da oração e crer que Deus é galardoador dos que O buscam (Hb
11.6). Orar com fé consiste em apresentar suas necessidades ao Pai celestial e
descansar em suas promessas. Assim, demonstramos estar convictos do que Jesus
disse quanto ao que pedimos ao Pai em Seu nome: “Se pedires alguma coisa em meu
nome, eu o farei” (Jo 14.14). Entretanto, todo crente deve ter em mente que
Deus é soberano e age como quer, concedendo ou não o que Lhe pedimos. Ele
conhece os seus filhos e sabe o que é melhor para nós (Jo 10.14,15).
A gratidão, a segurança, a firmeza, a sabedoria e a confiança do crente
aumentam à medida que este estabelece uma vida de constante oração. Qualquer
aspecto ou expressão da vida cristã que não passe pelo altar da oração, requer
providência do crente. Tudo na vida do crente deve estar sob o controle e
providência de Deus. Cheguemos, então, com confiança ao trono da graça (Hb
4.16). “Quando vemos a iniqüidade se multiplicando ao nosso redor, sentimos uma
profunda depressão; oposição e a perseguição podem nos desencorajar. Davi foi
tentado a se entregar a tais sentimentos, porém, a oração capacitou a levantar
vôo acima da violência e da descrença dos homens, aproximando-se do céu. Nada
voa tão bem como a oração, pois ela ergue a alma humana com grande velocidade
para uma posição muito acima dos perigos e até dos prazeres existentes neste
mundo.
Assim como o avião voa acima das nuvens de tempestade, assim nós, nas
asas da oração, podemos voar acima das decepções. Ajoelhemo-nos em fraqueza, e
depois nos levantemos revestidos de poder. Fazemos a maior violência contra nós
mesmos quando nos privamos desse meio de graça”.(notas PEARLMAN, M. Salmos. Adorando com os Filhos de Israel. 1.ed. RJ: CPAD, p.21).
A Esperança da Glória: Presente no Sofrimento (Romanos 8.18-27)
.“Experimentamos a fraqueza que pertence aos que vivem nesta era. Este
fato faz o Espírito gemer em intercessão (vv.26,27). O Espírito que habita em
nós não é somente a garantia de nossa vida futura; Ele também é participante em
nossa vida presente. Descrever a oração pelo raro termo gemido é adequado a um
contexto onde o gemido dos crentes e da criação é o tema da discussão. O
Espírito nos ajuda na intercessão a nosso favor por causa de nossa fraqueza. O
contexto, com a ênfase no sofrimento e no gemido que surge em nosso espírito em
antecipação ao que vêm em seguida, leva-nos a pensar que esta fraqueza descreve
nossa atual condição neste período de antecipação.
Assim, o problema não é que não saibamos orar, mas que nossas
circunstâncias são tais que não sabemos pelo que orar. Há certa confusão que
acompanha a vida simultânea em dois reinos. Pelo que vamos pedir quando as
condições do presente tempo, ao qual já não pertencemos, parecem mais reais e
prementes do que as condições do mundo que podemos experimentar hoje apenas
parcialmente? Embora estejamos seguros da libertação da morte e livramento da
tentação na ressurreição, como vamos orar neste tempo quando o pecado e a morte
ainda nos confrontam? Temos a garantia de que o Espírito está orando por nós
‘segundo [a vontade] Deus’. Além disso, ainda que não compreendamos o que o
Espírito está pedindo, Deus compreende, porque Ele ‘sabe qual é a intenção do
Espírito’ (v.27).
Agora nos dedicaremos à questão sobre como o Espírito nos ajuda em
oração. Paulo está dizendo que oramos com a ajuda do Espírito, ou que o
Espírito Santo ora por nós? Ou Paulo tem em mente a combinação das duas idéias?
Quer dizer, o fenômeno descrito aqui é o que conhecemos por orar em línguas (o
qual, em 1 Co 14.14,15, Paulo chama orar com o Espírito), nas quais o Espírito
Santo ora pelo indivíduo?
Há duas semelhanças sobre o que sabemos sobre o gemido do Espírito e a
oração no Espírito: são expressões em oração que a mente não pode compreender
(1 Co 14.2,6,11,13-19), e é o Espírito que ora. Em 1 Coríntios 14.2, Paulo fala
de mistérios pronunciados ‘em espírito’. Ambos os textos descrevem o Espírito
orando pelo crente enquanto este ora em línguas. Finalmente, Romanos 8.26,27 é
comentário sobre a declaração em 1 Coríntios 14.4 de que ‘o que fala língua
estranha edifica-se a si mesmo’. Somos ajudados em nossa fraqueza, ou seja,
somos edificados, à medida que o Espírito intercede por nós de acordo com a
vontade de Deus. A natureza da vontade de Deus por nós é o assunto ao qual o
apóstolo se dedica nos versículos 28 e 29”.(notas Comentário Bíblico Pentecostal
Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2004, pp.872-73).
A oração da igreja e o
trabalho do Espírito Santo
Veremos que a inauguração da igreja deu-se no dia de Pentecostes. Como
já é do seu conhecimento, os crentes perseveraram unânimes em oração e súplicas
(At 1.14). Após esse período de oração perseverante, todos foram cheios do
Espírito Santo, e os crentes passaram a propagar poderosamente o evangelho (At 4.31).
Durante a lição, procure enfatizar que da mesma forma, o Espírito Santo quer fazer nestes dias com a Igreja do Senhor que persevera em oração e jejum.
Oremos, crendo que Deus ouvirá e atenderá as nossas súplicas.
NAÇÕES MENCIONADAS NO DIA DE
PENTECOSTE
ROMA
Capital do império que chegou a ser conhecido pela ambição política de
seus governantes e a degeneração de sua sociedade. Os imperadores haviam
imposto sua Pax Romana, fazendo-se aliados dos países que conquistavam, porém
foram particularmente cruéis com os cristãos. O império romano estava no seu
apogeu no dia de Pentecoste.
ÁSIA
No Novo Testamento, esta terminologia não se refere a todo o continente,
mas à parte Oeste da chamada Ásia Menor. Éfeso era a capital e, embora fizesse
parte do império romano, era governada por seu próprio procônsul. Por At 2.9,10
sabemos que Capadócia. Ponto e Panfília não pertencial à “Ásia”. Sem dúvida, as
sete igrejas mencionadas em Apocalipse estão nesta área. O apóstolo Paulo
dedicou muito tempo de seu ministério a esta região.
EGITO
Nos dias do Novo Testamento, o Egito já não era uma potência militar,
porém continuava sendo um centro cultural e religioso. A Osíris, deus das
profundezas e do Nilo, representava-se pela figura de um touro. É provável que
os israelitas, ao caírem em idolatria no deserto, escolheram a forma de um
bezerro devido à tradição egípcia. Seus conceitos de morte e reencarnação
voltaram a ser populares na atualidade.
ELÃO
Este país, também chamado Pérsia em outra época, teve como capital a
cidade de Susã. Mais tarde, uniu-se às Média para derrotar o império
babilônico.
PÁRTIA
Entre 40 e 37 a.C., os partos invadiram a Ásia Menor e a Síria, e
saquearam a cidade de Jerusalém. O império parto durou mais de cinco séculos.
Dissolveu-se por causa da sua corrupção.
Espírito Santo: [Do heb. Ruah Kadosh; do gr. Hagios Pneumathos]. Terceira pessoa da
Santíssima Trindade.A Igreja foi instituída no dia de
Pentecostes, e sua formação inicial deu-se pelo derramamento do Espírito Santo.
A característica principal da Igreja Primitiva era a poderosa atuação do
Espírito, resultante da oração perseverante da comunidade cristã em Jerusalém.
Após o Pentecostes, a Igreja passou a propagar poderosamente o evangelho (At
2.47).
O INÍCIO DA IGREJA CRISTÃ
Derramamento do Espírito. O Espírito Santo encheu a todos os
que se encontravam unânimes orando no cenáculo, em Jerusalém, como o Senhor
Jesus havia determinado (At 1.4,12-14). A obediência ao Senhor é uma das
condições para o recebimento do batismo no Espírito Santo (At 5.32). Toda
igreja, que se propõe a orar em busca do revestimento do Espírito Santo, será
abençoada com a resposta divina da mesma maneira que aquela dos primeiros dias.
Preparação para o serviço do Reino. O Senhor
enche o crente do seu Santo Espírito, equipando-o para o serviço do Reino de
Deus. O Espírito Santo não está subordinado a nenhum capricho humano, pois Ele
é Deus e, como tal, é o Senhor da Igreja (At 13.1,2). Um crente, pelo fato de
ser batizado no Espírito Santo não tem permissão para realizar missão alguma na
igreja sem a direção do Espírito (1 Co 12.11). O crente maduro espiritualmente
tem sua vida pautada na Palavra de Deus e direcionada pelo Espírito Santo (1 Jo
3.22). Ele está apto para realizar todo o serviço em prol do Reino.
Evidências da ação do Espírito Santo. Estando os discípulos reunidos após o
dia de Pentecostes, veio do céu um vento veemente e impetuoso e encheu toda a
casa. Todos foram cheios do Espírito Santo, ouviu-se manifestações
sobrenaturais (audíveis e visíveis) nunca antes experimentadas (At 2.1-4). O
batismo no Espírito Santo e as manifestações espirituais são o cumprimento das
promessas de Deus proferidas pelo profeta Joel (Jl 2.28). A fé dos discípulos
estava alicerçada na promessa divina, que agora se cumpria através de suas
orações. Quando o Espírito de Deus age no meio do seu povo com manifestações
sobrenaturais, Ele suscita o santo e reverente temor, despertando a coragem, a
ousadia e maior desempenho no trabalho do Senhor (At 4.31).
A DISSEMINAÇÃO DA PALAVRA
O Espírito Santo prepara pregadores.
Após a descida do Espírito Santo,
Pedro cheio do Espírito colocou-se de pé, levantou a sua voz e falou
corajosamente do genuíno evangelho. Naquele dia agregaram-se quase três mil
almas ao Reino dos céus (At 2.41). Estevão, cheio de conhecimento, fé e poder
(At 6.3,5,8), Filipe (At 8.6-8) e outros mais foram preparados pelo Santo
Espírito. Esse mesmo Espírito continua a capacitar homens e mulheres para a
obra da evangelização, do ensino e da literatura, a fim de proporcionar a
expansão do Reino de Deus. A igreja deve orar sem cessar para que o Senhor a
enriqueça com obreiros aprovados, que manejam bem a Palavra da Verdade (2 Tm
2.15) e sejam irrepreensíveis (1 Tm 3.1-13).
O Espírito concede intrepidez. A autoridade com que os apóstolos
expunham a Palavra de Deus e o seu poder de persuasão são virtudes que somente
o Espírito Santo pode conceder. Tomemos como exemplo a história de Pedro,
compare seu comportamento antes do dia de Pentecostes e após a sua excelente e
maravilhosa transformação ocorrida depois daquele dia. Estevão pregava a
Palavra diante dos seus opositores com destemor e muita autoridade divina (At
7.1-60). Tudo isso ocorreu porque a igreja orava com determinação. Da mesma
forma, o Espírito Santo quer fazer nestes dias com a igreja que perseverar em
oração e jejum diante dEle.
Escolhendo e enviando homens para a obra missionária (At 13.1-5). A descida
do Espírito Santo no dia de Pentecostes é o acontecimento impulsor da obra
missionária da igreja. A missão atingiria em pouco tempo a escala mundial,
visto que naquele dia estavam em Jerusalém pessoas de dezesseis nacionalidades
(At 2.5,9-11). Jesus disse aos discípulos que, capacitados pelo poder do
Espírito Santo, seriam suas testemunhas até aos confins da terra (At 1.8).
O ESPÍRITO E O CRESCIMENTO DA IGREJA
A igreja cresce (At 2.41,47). Não é a capacidade do homem que faz a
Igreja do Senhor crescer, mas a unção e a autoridade do Espírito Santo operando
através de seus instrumentos humanos. Todo crente, para exercer qualquer
atividade no Reino de Deus, necessita depender do Espírito Santo mediante a
oração (Cl 4.2,3,12). Não são os líderes que tornam a igreja poderosa nas suas
ações, mas a oração da igreja com um propósito unânime (At 1.14; 2.46,47).
Crescimento x Perseguição. Após o revestimento de poder, os
discípulos estavam prontos para executarem a ordem de Jesus, registrada no
Evangelho de Marcos 16.15. Os discípulos, agora destemidos, não mais se
escondiam em casas, com portas cerradas. Pelo contrário, com ousadia e
intrepidez anunciavam o evangelho. Foi em meio à perseguição que a igreja teve
o seu início, cresceu e continuou crescendo. Em meio a essas adversidades, a
igreja continuava orando, como em Atos 12.1-17.
integridade da igreja. Lucas declara que, tendo a igreja
orado, todos foram cheios do Espírito Santo (At 4.31). O predomínio do Espírito
Santo no crente leva-o a ser generoso e solidário (At 2.44-46; 4.32-35). Neste
ambiente abençoado, propício e promissor surge Ananias e Safira, um casal da
igreja que não tinha nenhuma obrigação de vender sua propriedade (At 5.1-4),
como fez Barnabé, e nem entregar na igreja todo o valor da venda. Ambos tinham
apenas o dever de serem unânimes como os demais (At 1.14; 2.46; 4.24; 5.12).
Por meio do dom de discernimento do Espírito, Pedro percebeu toda a mentira
deles e veio um repentino juízo divino sobre o casal. Quando a igreja está
orando (At 4.31), Deus aniquila os problemas que podem enfraquecê-la.
Quando o crente tem uma vida de oração e se dispõe a ser um intercessor,
não somente suas necessidades são supridas, mas também as do Corpo de Cristo
são atendidas. A respeito do batismo no Espírito Santo, o servo de Deus deve
buscar perseverantemente em oração, crendo que Deus atenderá as suas súplicas e
o revestirá de poder.
“Cumprindo-se o dia de Pentecoste... (2.1). Esta festa acontecia 50 dias
depois da Páscoa, e marcava o final da colheita de grãos. A ideia era que fosse
como uma festa de ação de graças, marcada pela oferta de sacrifícios e a doação
de contribuições voluntárias da colheita recente (cf. Lv 23.15-22; Nm 28.26-31;
Dt 16.9-12). O Pentecostes era uma das três ‘festas de peregrinos’ a que os
homens adultos de Israel deviam comparecer. Na tradição rabínica, o Pentecostes
também marcava a data em que Deus entregou a Lei a Moisés. Não é de admirar que
muitos milhares de peregrinos que vinham dos judeus espalhados por todo o
império romano e pelo oriente estivessem presentes para este, o mais
significativo de todos os Pentecostes!
Textos rabínicos relatam que aproximadamente 12 milhões de pessoas
reuniam-se para celebrar a Páscoa. Josefo estima que fossem 3 milhões. Estes
números são elevados, considerando a área dentro e ao redor de Jerusalém. Mas
fica claro que a população da cidade de cerca de 55.000 pessoas no século I era
dobrada ou triplicada pelos visitantes, dos quais muitos vinham para a Páscoa e
permaneciam até Pentecostes.
A referência de Lucas às terras nativas das quais vinham muitos dos
peregrinos judeus (2.8-11) está em completa harmonia com o que conhecemos da
diáspora judaica do século I”.(notas RICHARDS, L. O. Comentário Histórico Cultural do Novo
Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2007, p.253).
A oração sacerdotal de Jesus
O versículo oito do capítulo dezessete de João nos apresenta uma
interessante relação entre conhecer (ginosko), que nesse contexto, significa “conhecimento baseado na experiência pessoal”, e crer (pisteuo), que nesse caso significa “depositar a confiança em”,
“comprometer-se”. Indague seus alunos se é possível desenvolvermos uma crença
comprometida com o Senhor sem conhecê-Lo por meio de um relacionamento profundo
e diário. A oração sacerdotal de Jesus, em João 17, expressa os sentimentos,
pensamentos e vontades mais íntimas do Mestre em relação aos seus discípulos. O
estudo deste capítulo é relevante, porquanto não somente revela o que nosso
Senhor espera de sua Igreja, mas também evidencia a importância da intercessão
de um líder em favor de seus liderados.
ORAÇÃO POR UMA VIDA DE COMUNHÃO
COM O PAI
Relacionamento com Deus (17.2,3). Nos seus últimos momentos, Jesus
demonstra em suas palavras dirigidas ao Pai o seu anseio para que os discípulos
aprofundassem o conhecimento deles referente a Deus. Só conseguimos nos
relacionar intimamente com alguém a quem conhecemos de modo profundo. Como o
profeta Oseias recomenda: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor”
(6.3).
Meditação e prática da Palavra de Deus (Jo 17.6). As
Escrituras revelam o caráter de seu Autor e seus mais profundos anseios para o
homem. A melhor maneira de conhecer o Pai e a sua vontade para seus filhos é
meditar em sua Santa Palavra. A Lei do Senhor é capaz de ensinar, redarguir,
corrigir, instruir em justiça (2 Tm 3.16), bem como produzir alegria (Jr 15.16),
prosperidade (Sl 1.1-3) e vida eterna (Jo 6.63; Hb 4.12; Sl 119.50).
Uma vida que glorifique a Deus (17.4). O homem
foi criado para glorificar a Deus (Is 43.7,21; 1 Co 6.20). Jesus, enquanto
esteve na terra, viveu para glorificar a Deus em todos os seus atos (Jo 17.4).
De igual modo, o crente deve viver neste mundo para a glória do Senhor. À
medida que nos relacionamos intimamente com o Senhor por meio da oração e da
meditação em seus mandamentos, o seu caráter vai sendo moldado em nós e, por
conseguinte, externamos uma vida que glorifica ao Senhor. Que a Igreja de
Cristo busque ardentemente agradá-Lo e glorificá-Lo em todo tempo (1 Co 10.31).
ORAÇÃO POR PERSEVERANÇA, ALEGRIA E
LIVRAMENTO
Perseverança (Jo 17.11,12). Enquanto Jesus esteve com os discípulos,
ensinava-os a verdade e conduzia-os para que não se desviassem desta.
Entretanto, sabia que, na sua ausência, a fé desses homens poderia enfraquecer.
Por isso, intercede ao Pai para que continuassem crendo nEle e guardando a sua
Palavra, a fim de conseguirem perseverar no caminho, na fé, na verdade e na
comunhão.
Alegria (Jo 17.13). Jesus ora para que a alegria dos
discípulos permaneça na sua ausência. A alegria do cristão, produzida pelo
Espírito Santo, torna-o mais forte e resistente às adversidades. Por essa
razão, Paulo recomenda aos tessalonicenses e filipenses: “Regozijai-vos” (Fp
4.4; 1 Ts 5.16).
Livramento (Jo 17.15). Por conhecer o mundo em que viveriam
seus discípulos — um mundo que jaz no maligno — Jesus revela uma preocupação
muito grande com eles. Sendo assim, roga a Deus, como um bom Pai, que livre
seus filhos do mal, ou seja, dos perigos, das tentações e investidas do Diabo.
Podemos descansar na proteção divina, uma vez que estamos refugiados no
esconderijo do Altíssimo (Sl 91.1). Contudo, é nosso dever orar e vigiar, “em
todo o tempo” (Ef 6.18), a fim de não entrarmos em tentação (Lc 22.40).
ORAÇÃO POR SANTIDADE, UNIDADE E
FRUTOS ESPIRITUAIS
Santidade (Jo 17.17,19). Jesus suplicou a Deus que
santificasse seus filhos. Ao longo de toda a Bíblia, observamos que o Senhor
sempre requereu de seu povo separação total do mundo e do pecado, a fim de
adorá-lo e servi-lo. Esse é um processo natural, porquanto, à proporção que nos
aproximamos de Deus, afastamo-nos do pecado; e vice-versa. Tal santificação é
obtida por meio da verdade, que é ao mesmo tempo Jesus e as Escrituras
Sagradas. Ser santo não é apenas um desejo do Noivo para a sua Noiva, é uma
ordem (1 Pe 1.16).
Unidade (Jo 17.21,22). Em sua oração, Jesus ressalta a
unidade existente entre Ele e o Pai. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são
Pessoas divinas e distintas, mas são um em essência e vivem em perfeita
unidade. Cristo anseia que seu Corpo viva de igual modo, unido. Essa virtude é
conquistada e conservada por meio de um andar em Espírito (Cl 5.16-26).
Frutificação espiritual (Jo 17.18). Assim como
Deus enviara o seu amado Filho ao mundo, Jesus enviaria seus discípulos, a fim
de que produzissem frutos permanentes. Aquele que está em Cristo — a Videira
Verdadeira — naturalmente produz frutos da mesma espécie (Jo 15.5). É
impossível estar ligado ao Senhor e, por conseguinte, desfrutar de comunhão
íntima com Ele, e não frutificar (15.4).
A oração intercessória de Jesus no capítulo 17 de João revela,
sobretudo, seu anseio por uma Igreja que desfrute de um relacionamento profundo
com Deus, reflita o seu caráter e busque única e exclusivamente a sua
glória.
“Em sua pessoa e em seus ensinamentos, Jesus reuniu a verdade e o
amor. Seu amor foi expresso em verdade, e Ele falou a verdade com amor. A união
da verdade e do amor é necessária para nosso crescimento espiritual (Ef 4.15).
É fácil identificar aqueles cristãos que se importam muito com a
verdade, mas que quase não têm amor. Sua fé é expressa principalmente por
palavras. São ‘grandes estudiosos da Bíblia’, e podem até resumir seus livros e
fazer um gráfico das épocas. Mas são difíceis de se andar com eles, e a verdade
que conhecem (ou pensam que conhecem) não é uma ferramenta de construção; é uma
arma de luta. Eles adoram rivalizar!
A verdade precisa do amor, pois a verdade sem amor tende a tornar as
pessoas orgulhosas. ‘A ciência incha, mas o amor edifica’ (1 Co 8.1). A verdade
sozinha pode ser destrutiva, mas o amor capacita a verdade a nos edificar.
Quando a verdade é partilhada com amor (mesmo se a verdade ferir), no final nos
ajuda. [...] Uma criança sempre pensa que todas as pessoas que a beijam são
amigas, e que todas as pessoas que nelas batem são inimigas. Mas uma pessoa
madura sabe a diferença real. Algumas vezes a verdade pode nos machucar antes
que possa nos curar, mas se formos feridos em amor, logo, a cura virá.
Esse fato nos ajuda a compreender que alguns ministérios da Palavra são
divisíveis e destrutíveis. Há verdade neles, mas a verdade não é partilhada com
amor”.(notas WIERSBE, W. W. A oração intercessória de Jesus. 1.ed. RJ: CPAD, p.137).
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