DOUTRINA BIBLICA DA ORAÇÃO
Artigo Mauricio Berwald
[Do lat. orationem]. “É o meio que Deus proveu ao homem
a fim de que este viesse a estabelecer um relacionamento de comunhão contínua
com Ele.”
A oração é o meio que Deus proveu ao homem, a fim de que este viesse a
estabelecer um relacionamento de comunhão contínua com Ele. Tanto mais o
cristão ora com fé em Deus, mais desenvolve sua comunhão e submissão com o seu
Criador, Pai, Senhor, Intercessor e Conselheiro, manifestando, assim, o
senhorio de Cristo Jesus em sua vida, por amor e devoção. Quando isso ocorre, o
homem passa a ter sua vida espiritual e emocional estáveis, e sua perspectiva e
objetivos naturalmente mudam. A oração quando associada à obediência dos
preceitos das Santas Escrituras e à vigilância espiritual é também um meio de
vitória sobre o pecado (cf. Mc 11.24-26; Mt 26.41).
A QUEM ORAR E QUANDO ORAR?
Devemos orar a Deus. São muitos os textos bíblicos que
lembram, ensinam, advertem e estimulam o homem a buscar a Deus, em oração em
todo o tempo (Dt 4.29,30; 1 Cr 16.4; Sl 119.2; Jr 29.1 3; Ef 6.18). A Bíblia
ensina que devemos orar somente a Deus e a ninguém mais, pois não há nenhum
outro deus além do nosso, que possa ouvir e responder às nossas orações. Aliás,
a Palavra de Deus condena a adoração e a oração a qualquer outro ser que não
seja o Deus Eterno, Criador, Sustentador do universo e Redentor da humanidade
(Êx 20.3; Dt 6.4; Is 44.8-20). Tudo isso, já representa um bom e grande motivo
para o crente orar (Fm v.4; Lc 2.37,38).
Quando tudo está bem. Não há dúvida de que devemos orar em
todo tempo e em qualquer circunstância (Ef 6.18; 1 Tm 2.1-3; Sl 118.5). Jesus
ensinou essa verdade dando seu exemplo aos discípulos (Mc 6.45-48; Lc
22.39-46). Entretanto, parece que descuidamos da prática da oração quando as
coisas estão indo bem. Ainda que tudo pareça tranquilo, o crente deve estar
vigilante, consciente de suas fragilidades e na presença do Senhor, em
constante oração, pois, entre as muitas bênçãos da oração, destaca-se o fato de
que ela preserva-nos do mal (Mt 26.41). Sansão, por exemplo, não é alguém para
ser imitado (Jz 14-16). Ele só clamava ao Senhor quando estava em grandes
apuros (Jz 15.18; 16.28). Para muitos, a oração só deve ser feita quando alguém
se acha enfermo, desempregado, sofrendo algum tipo de problema no seu trabalho,
quando seus bens são subtraídos ou quando desaparece um membro da família e
coisas semelhantes acontecem. Atitudes como essas privam o crente das bênçãos
divinas através da oração preventiva (Mt 26.36; Lc 21.36; Rm 15.30,31).
No dia da angústia e da adversidade. O
verdadeiro discípulo do Senhor enfrenta nesta vida, lutas, provas e aflições, e
Jesus mesmo afirmou que não seria diferente (Jo 16.33). Os discípulos,
inclusive, eram conscientes desse fato (1 Pe 4.12-16; Rm 5.3). O apóstolo Paulo
dá-nos a receita bíblica para vencermos no dia da adversidade: perseverar na
oração (Rm 12.12). A comunhão com o Senhor, cultivada através da oração, muda
no crente sua visão acerca das coisas que o cercam. Os problemas e as
circunstâncias contrárias não abatem a sua fé em Deus e a sua confiança firme
de que Ele é poderoso para que, caso não o livre, o fará, da situação
problemática, vencedor ou tornará o mal em bem (Rm 8.28; Gn 50.20). Nossa
oração deve ser para que o Senhor nos abra os olhos, para que possamos ver o
invisível e assim, pela fé descansar nEle, sabendo que todas as coisas estão
sob seu domínio.
COMO ORAR?
Com reverência. Todo crente deve saber que não se pode chegar à presença de Deus sem
reverência, sem fé, e sem santo temor. Quando o homem foi criado, Deus já era
adorado e reverenciado pelos anjos. A reverência para com Deus é um princípio
bíblico (Sl 96.9; 132.7; Mt 4.10; 1 Tm 1.17). Todo o relacionamento do homem
com o Senhor deve levar em consideração a reverência que lhe é devida,
inclusive não somente na oração, mas também no seu serviço (Hb 12.28).
Considerando que o Senhor é Deus, Ele próprio espera esse tipo de atitude do
homem (Ec 3.14). Orar a Deus com fé, reverência e temor é falar com Ele pelo
novo e vivo caminho provido por Jesus (Hb 10.20-22) e ajudado pelo Espírito
Santo (Rm 8.26,27).
Com fé e humildade. É uma contradição um crente entrar na
presença de Deus em oração, duvidando do seu poder, da sua graça e das suas
promessas. De um crente se espera entrar na presença de Deus crendo que Ele é
poderoso para fazer tudo, muito mais, além daquilo que pedimos ou pensamos,
pelo seu poder que opera em nós, a nossa fé (Ef 3.20; Tg 1.6). Deve o crente
reconhecer a sua insignificância em si mesmo, suas tendências, suas
fragilidades, necessidades e estar disposto a confessar seus pecados e
deixá-los, e buscar fazer a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para a
sua vida (Lc 18.13,14; Rm 12.1,2).
Priorizando o Reino de Deus e seus valores eternos. De todo o
cristão espera-se que quando se encontrar no altar do Senhor em oração, dê
prioridade ao Reino de Deus e aos valores eternos que o constitui (Lc 11.2; Mt
6.19-21). Primeiro, porque isso deve fazer parte do caráter cristão; segundo,
porque com esta atitude aquelas coisas essenciais que foram pronunciadas por
Jesus Cristo serão acrescentadas à sua vida (Mt 6.33).
ONDE ORAR E POR QUEM ORAR?
O lugar da oração.
É uma necessidade o crente ter um
lugar próprio e adequado para fazer as suas orações devocionais diárias (Mt
6.6; Mc 1.35; At 10.9). O homem que assim faz é tido como bem-aventurado (Pv
8.34,35). O crente também precisa sempre estar na casa do Pai para a oração
congregacional, considerando o que disse o próprio Deus a respeito (quando da
consagração do Templo construído por Salomão): “Agora, estarão abertos os meus
olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar” (2 Cr 7.15). Próximo do
momento de sua crucificação, Jesus entrou no Templo e, repreendendo os
vendilhões que ali estavam, referiu-se ao texto de Isaías 56.7: “A minha casa
será chamada casa de oração” (Mt 21.13). O Espírito Santo desceu no cenáculo
onde estavam os discípulos em oração há dias. Foi assim que a Igreja teve o seu
início (At 1.12-14). Os crentes do primeiro século oravam juntos regularmente
no Templo (At 3.1).
No altar da oração devemos ter em mente ao menos três propósitos: adorar
a Deus, agradecer-lhe e pedir algo para nós ou para outrem (intercessão). Ao
pedir, o crente deve:
a) Orar por si próprio. Ninguém melhor do que o próprio
crente para conhecer as suas necessidades espirituais, sociais, afetivas,
familiares, econômicas e físicas. Há necessidades que, por sua natureza e
estratégias espirituais, não podem ser do conhecimento de mais ninguém, devendo
o crente, orar ao Senhor no seu íntimo.
b) Pelos amigos. Nem todo crente se comporta como Jó, que estando sob severo sofrimento e
com necessidades múltiplas, dedicava um tempo em suas orações para orar pelos
seus amigos (Jó 42.10).
c) Orar pelos inimigos. Esta é uma tarefa que demanda muito
amor, renúncia, e propósito de agradar a Deus, obedecer a sua Palavra e dominar
seu próprio coração (Mt 5.44; Rm 12.14). Nesse aspecto Jesus também deixou o
seu exemplo (Lc 23.34; 1 Pe 2.23).
Orar pela igreja de Deus. O profeta Samuel orou pelo povo de
Deus (1 Sm 7.5-14). Em o Novo Testamento, vemos em Paulo um intercessor
exemplar à medida que ora pelas diferentes igrejas, apresentando as suas
necessidades específicas (Fp 1.1-7,9; Rm 1.8-12; Ef 1.16).
Orar por todos os homens e pelas autoridades costituídas (1 Tm 2.1,2). A vida de
oração torna o crente sensível às necessidades dos que lhe rodeiam e dos que
estão distantes, sejam eles conhecidos ou não e em qualquer esfera social,
como, por exemplo, o profeta Eliseu (2 Rs 4.12-36).
Não há limite para o crente viver uma vida de constante e crescente
oração. Um alerta final da Bíblia para todos nós sobre a oração temos em 1
Pedro 4.7. A Palavra de Deus admoesta-nos a orar sem cessar (1 Ts 5.17), sem
prejuízo de nossas atividades diárias, tendo em vista que são muitas as formas
de orar. Você já orou hoje?
Objetivos da oração.“[...] Todos já nos sentimos impulsionados a orar com mais intensidade
nos momentos de decisão e de angústias; não podemos viver distanciados da
presença divina.
1. Buscar a presença de Deus. ‘Quando tu disseste: Buscai o meu
rosto, o meu coração te disse a ti: O teu rosto Senhor, buscarei’ (Sl 27.8).
Seja nos primeiros alvores do dia, seja nas últimas trevas da noite, o salmista
jamais deixava de ouvir o chamado de Deus para contemplar-lhe a face. Tem você
suspirado pelo Senhor? Ou já não consegue ouvi-LO? O sorriso de Deus é tudo o
que você precisa para vencer as insídias humanas.
2. Agradecê-lo pelos imerecidos favores. Se nos
limitarmos às petições, nossa oração jamais nos enlevará ao coração do Pai. Mas
se, em tudo, lhe dermos graças, até mesmo pelas tribulações que nos sitiam a
alma, haveremos de ser, a cada manhã, surpreendidos pelos cuidados divinos. J.
Blanchard é mui categórico: ‘nenhum homem pode orar biblicamente, se orar
egoisticamente’.
(notas ANDRADE, C. As Disciplinas da vida Cristã. Como alcançar a verdadeira
espiritualidade. RJ: CPAD, 2008, pp.36-8)
A oração no Antigo
Testamento
. O primeiro registro de oração no Antigo Testamento encontra-se no
livro de Gênesis. Porém, o tema oração permanece em evidência até o livro de
Malaquias. A prática da oração está presente em todas as religiões. Todavia,
entre todas as criaturas do Senhor, somente o homem tem o privilégio de orar. A
oração é o elo entre o Criador e a sua principal criação: o homem. Já no Antigo
Testamento podemos notar que a oração sempre esteve presente na vida de homens
e mulheres que possuíam intimidade com o Todo-Poderoso. É a primeira das duas maiores divisões da Bíblia. Nela consta uma
biblioteca de 39 livros canônicos.
Estudar a respeito da oração no Antigo Testamento é ter contato com as
origens deste imprescindível meio de relacionamento do homem com Deus. Nada se
iguala à segurança de sabermos que o Senhor está no controle: Ele pode tudo,
sabe tudo e tudo vê. O povo de Deus do Antigo Testamento tinha esta certeza,
embora muitas vezes não vivesse de acordo com ela por se afastarem dEle. Nas
principais divisões do cânon judaico, citadas por Jesus Cristo em Lucas 24.44, nota-se que a oração
sempre foi uma prática das pessoas que possuíam intimidade com o Eterno Deus.
Tendo em vista os seus exemplos, a presente lição mencionará algumas breves
narrativas das Escrituras veterotestamentárias, sendo provenientes de cada uma
das divisões em que o diálogo com Deus foi decisivo.
A ORAÇÃO NO PENTATEUCO
A oração durante o Êxodo de Israel. Todo o
relacionamento divino com Israel foi aprofundado pela experiência do Êxodo;
antes, durante e após este.
No deserto de Midiã, o Senhor ressaltou esta verdade: “Tenho visto atentamente a aflição
do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus
exatores, porque conheci as suas dores. Portanto, desci para livrá-lo da mão
dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma
terra que mana leite e mel” (Êx 3.7b,8a).
A gratidão de Israel a Deus. O povo de Deus era feliz e agradecido
ao Eterno Deus por ter sido liberto do jugo do Egito, da escravidão, do
cativeiro, da aflição (Êx 14.30,31; Sl 105.37-43; 136.11-26). Após sair do
Egito e sofrer a perseguição do exército de Faraó que acabou morto no Mar
Vermelho, o povo de Israel, uma vez livre, exultou e agradeceu ao Senhor (Êx
15.1,2; Sl 136.10-16). Que tipo de adoração o crente eleva ao Senhor se estiver
sempre em sua mente a grandíssima libertação operada em sua vida com a sua
entrega ao Senhor Jesus, conversão e salvação? Tudo recebido pela graça e amor
de Deus! Esse crente se prostrará agradecido diante daquEle que o livrou da
escravidão do pecado e o tirou do reino das trevas para a sua maravilhosa luz e
também testemunhará de Cristo para os outros.
O esquecimento e a ingratidão de Israel. O povo de
Deus demonstrou ingratidão ao esquecer-se daquEle que o ajudou e também daquilo
que dEle receberam. Em sua obstinada ingratidão, Israel mentiu ao afirmar que a
comida que haviam deixado para trás, no Egito, era de “graça”, pois foi paga
com o trabalho escravo (Nm 11.5). Israel foi ingrato e descuidado ao deixar o
Egito com pessoas não crentes entre eles (Êx 12.38). A “mistura de gente” levou
o povo ao declínio espiritual, levando a adoração a Deus a se transformar em
murmuração e idolatria (Êx 15.23,24; 16.2-12; 17.2,3; 32.1-11; Nm 11.1-6; 14.1-4).
O crente deve descansar nos propósitos de Deus e ser-Lhe grato por tudo (Rm
8.28; 1 Ts 5.18). Nesse aspecto, o texto paulino de 1 Coríntios 10.1-13 é um
aviso de Deus para a igreja de hoje.
A ORAÇÃO E OS PROFETAS
A oração como fator decisivo no ministério profético.
A oração
era o elo entre os profetas do Antigo Testamento e Deus. Por transmitir somente
a verdade do Senhor, os porta-vozes de Deus não eram muito benquistos pela
sociedade da época. Entretanto, as orações dos profetas mostram seu zelo pela
Palavra de Deus, seus lamentos e advertências quando não eram ouvidos peio
povo. Muitos profetas exerceram seus ministérios em uma época em que os
israelitas viviam uma vida espiritual apenas de aparência. Eles empenhavam-se
em fazer com que o povo compreendesse que para Deus o que vale realmente é uma
vida de compromisso com Ele, um culto real, uma adoração precedida da
consagração, e não uma adoração de palavras vazias jogadas ao ar (Mq 6.6-8; Is
29.13; Am 5.10-15). Deus requer o mesmo dos seus filhos hoje (Tg 1.25-27). O
crente em Jesus deve viver de forma compatível com a nova natureza que lhe foi
gerada (Cl 3.1-17; Ef 4.17-32; 2 Pe 1.4-9).
O profeta Elias. A necessidade e o anseio de tornar
Deus conhecido no meio do seu próprio povo, que estava envolvido com idolatria,
motivou o profeta Elias a proferir uma das mais notáveis, destemidas e
fervorosas orações do Antigo Testamento. Elias arriscou sua vida e demonstrou
submissão, coragem e fé em Deus diante de todo o povo escolhido e dos profetas
de Baal e Asera (quantos podem fazer isso abertamente como Elias nos dias
atuais?) e orou, depositando toda sua confiança no Deus de Israel, pedindo fogo
do céu, no que foi prontamente atendido. O Senhor foi glorificado no meio do
povo, e a história de Israel mudou naquele dia (1 Rs 18.36-39).
O profeta Eliseu. Assim como Elias, Eliseu demonstrou ter uma vida de humildade e íntima
comunhão com o Senhor. Sua vida de oração permitiu que tivesse uma profunda e
ampla visão de mundo, algo que só os íntimos podem usufruir (2 Rs 6.8-23). Este
relacionamento com o Senhor lhe dava a certeza de que suas orações seriam
prontamente atendidas. Quanto mais o homem conhece a Deus e sua Palavra, mais
suas orações estarão de acordo com a vontade divina e, portanto, mais e prontamente
serão respondidas (Jo 15.7). Tal homem de Deus orava “no Espírito Santo” (Jd
v.20; Ef 6.18).
OS LIVROS POÉTICOS E A ORAÇÃO
Jó. Este é um livro que mostra claramente o valor da adoração e da oração
(Jó 1.5; 16.16,17; 42.8). Mesmo em meio às adversidades sofridas, Jó manteve-se
fiel ao Senhor (1.20-22) e pôde experimentar grande vitória justamente no
momento em que orava (42.10).
Salmos. Os Salmos expressam o relacionamento de Israel com Deus. Neles
observamos a relação do homem com seu Criador: suas alegrias, tristezas,
louvores, lamentações, súplicas e adorações são expressas por meio das mais
diversas formas. Os vários tipos de salmos evidenciam que se pode expressar o
estado da alma diante de Deus, pois os seus diferentes estados não precisam ser
suprimidos na vida de um autêntico servo de Deus.
A experiência de Asafe. É praticamente impossível não se
identificar, em algum momento de nossa vida, com os sentimentos expressados por
Asafe no Salmo 73. Entretanto, precisamos, através da oração, “entrar no
santuário de Deus” para, assim como o salmista, entender os propósitos do
Senhor para nossas vidas.
A oração no Antigo Testamento leva o crente a aprimorar seu
relacionamento e crescer em maturidade para com Deus. Homens do passado
usufruíram de íntima comunhão com o Criador mediante a oração. Como seres
humanos, nossas ansiedades e necessidades podem e devem ser colocadas diante
daquEle que é o nosso Pai (Fp 4.6; 1 Pe 5.7).
“O livro dos Salmos é uma coletânea de poesia hebraica inspirada
pelo Espírito Santo; descreve a adoração e as experiências espirituais do povo
de Deus no Antigo Testamento. É a parte mais íntima e pessoal deste testamento,
pois nos mostra como era o coração dos fiéis naquele tempo, e a sua comunhão
com Deus.
Nos livros históricos da Bíblia, Deus fala acerca do homem; nos livros
proféticos, Deus fala ao homem, e nos Salmos, o homem fala a Deus.A alma do
crente pode ser comparada a um órgão cujo executor é Deus. Nos Salmos,
percebe-se como Deus toca todas as emoções da alma piedosa, produzindo cânticos
de louvor, confissão, adoração, ações de graças, esperança e instrução. Até
hoje, não foi achada linguagem melhor para que nós nos expressemos diante de
Deus. As palavras dos Salmos são linguagem da alma”.
(notas PEARMAN, M. Salmos. Adorando a Deus com os Filhos de Israel. 1.ed. RJ:
CPAD, 2007, p.5)
“No AT, a oração pode ser adequadamente descrita em termos dos grandes
homens de Israel que aparecem muitas vezes como grandes intercessores perante
Deus em nome do povo. Nessa função, eles manifestaram uma incrível coragem e
persistência. Abraão implora a Deus pela pecadora Sodoma, insistindo de forma
obstinada no número de justos pelos quais a cidade poderia ser poupada (Gn
18.22-33).
Jacó luta com o anjo (Gn 32.24-32), uma experiência que foi interpretada
no próprio AT em termos de oração (Os 12.4).Moisés pede para o seu nome ser apagado do livro da vida, se Deus não
perdoar aqueles que adoraram o bezerro de ouro (Êx 32.31ss.; cf. Nm 14.13-19).
As orações relativas à experiência do exílio são feitas com o mesmo espírito de
intercessão, mas com uma ênfase maior na humildade, na confissão e no arrependimento;
por exemplo, as orações de Daniel (Dn 9.3-19), Esdras (Ed 9.5-15) e Neemias (Ne
1.5-11). A grande oração da aliança expressa em Neemias 9.10 representa toda a
história sagrada desde Abraão até Esdras com suas características de pecado,
confissão, perdão, renovação, e votos de fidelidade à lei de Deus.
O livro dos Salmos é o livro de orações do AT, abrangendo todo tipo
imaginável de oração — louvor, súplica, intercessão e ação de graças. [...] Nas
orações penitenciais o justo torna-se mais consciente de seus pecados do que de
seus inimigos externos, e suplica o perdão divino, muitas vezes com uma
urgência idêntica e quase escatológica (por exemplo, Sl 32, 38, 51)”.
(notas Dicionário
Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006, p. 1420)
A oração sábia
A oração mais longa já realizada em toda literatura bíblica: a oração do rei Salomão (1 Rs 8.22-53). Depois de concluir “o
santuário real”, no décimo primeiro ano do seu reinado (1 Rs 6.38), Salomão
inaugurou o Templo oferecendo sacrifícios ao Senhor (1 Rs 8). O rei estendeu as
mãos para os céus e ofereceu uma oração de dedicação. Ele orou pelo o povo,
pedindo a Deus que respondesse todas as petições que ali fossem feitas. Rogou
para que a salvação e a benevolência do Senhor estivessem em suas vidas.
Salomão encerra a dedicação do Templo oferecendo sacrifícios pacíficos, ofertas
queimadas e ofertas de manjares ao Eterno (1 Rs 8.62-66).
Salomão amava ao Senhor, e seguia os conselhos de seu pai Davi. Certa
vez Salomão, num ato de adoração ao Senhor, ofereceu mil sacrifícios em Gibeão
(1 Rs 3.4). Lá estava o tabernáculo e o altar de bronze que Moisés havia
erigido no deserto (2 Cr 1.2-5). Naquela mesma noite, o Senhor apareceu em
sonhos a Salomão. Neste sonho, Deus faz ao rei uma pergunta, dando-lhe a
oportunidade de pedir o que desejasse, e sua resposta foi: sabedoria para
governar o povo de Israel (1 Rs 3.3-10). Ao acordar do sonho, ele voltou à
Jerusalém, ao tabernáculo, e ofereceu mais sacrifícios a Deus. Naquela noite,
Salomão teve uma experiência com Deus que marcou seu reinado e, enquanto esteve
perante o altar do Senhor, reinou com notória sabedoria e sucesso.
VIVENDO A DIFERENÇA
O lar de Salomão. Salomão viveu num lar marcado por
sucessivos problemas morais como o incesto entre seus irmãos Tamar e Amnom (2
Sm 13.1-17); o assassinato de Amnom (2 Sm 13.23-29), a usurpação do trono de
Davi por seu filho Absalão (2 Sm 15.1-8), que, mais tarde; prostituiu-se com as
concubinas de seu pai (2 Sm 16.20-23). Embora Davi tenha sido um ótimo rei em
Israel, deixou muito a desejar como pai.
Salomão e o altar de Deus. As experiências de Salomão com Deus
no altar da oração evidenciam que é possível, a qualquer crente, permanecer
firme e inabalável na fé, independente do meio no qual esteja, como é o caso de
José (Gn 39.7-21), Daniel (Dn 1.8,9), Misael, Hananias e Azarias. Muitos
crentes através da história sofreram ao ter de viver a sua fé em ambientes
hostis, no entanto, permaneceram fiéis ao Senhor (Hb 11.36-38).
A oração de Salomão na inauguração do Templo. A oração
de Salomão revela a sua bondade e a grandeza de seu coração para com o povo (2
Cr 6.12-42), bem como manifesta o seu conhecimento sobre o que Deus é capaz de
fazer por meio da oração, algo que todo crente deve meditar (2 Cr 7.1,12-18). A
confiança no poder de Deus demonstrada por Salomão também deve estar presente
na vida dos crentes.
AS CARACTERÍSTICAS DA ORAÇÃO DE
SALOMÃO
. Salomão confessou que Deus é único (2 Cr 6.14). Em sua
oração, Salomão enfatizou o fato de o Senhor ser o único Deus e, portanto, os
demais deuses das religiões politeístas serem falsos (Dt 6.4; Is 43.10; 45.22).
Que em nossas orações sigamos o exemplo de Salomão, adorando e exaltando ao
Criador, porque Ele é o Deus verdadeiro, o único a quem devemos tributar
honras, glórias e louvores (Rm 16.27; 1 Tm 1.17; 1 Co 8.6).
Salomão proclama a fidelidade de Deus (2 Cr 6.14,15). A
fidelidade de Deus, seu poder e sua perfeição, são a essência de seu ser. Ele
cumpre a sua Palavra em tudo o que promete (2 Tm 2.13). Salomão estava vivendo
o cumprimento das ricas e infalíveis promessas divinas feitas, antes do seu
nascimento, a Davi, seu pai (1 Cr 22.9,10; 2 Sm 7.12-16). A confiança do crente
na fidelidade de Deus, manifesta em suas orações de petição e gratidão,
determinará a maneira como seus descendentes verão a Deus e nEle crerão e
confiarão. A vida espiritual santa e abundante dos piedosos cristãos de hoje
despertará o povo de amanhã a conhecer ao Senhor.
Salomão era sensível ao bem-estar de seu povo. A oração
feita por Salomão (vv.12-4; 1 Rs 8.22-54) demonstra o seu amor e a sua
preocupação pelas necessidades sociais e espirituais do povo; é o ministério de
intercessão; da benevolência (Rm 12.13-20).
A ORAÇÃO INTERCESSÓRIA
No Antigo Testamento. Salomão demonstrou a mesma
sensibilidade espiritual vista em Abraão, quando intercedeu diante de Deus,
antes da destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 18.22-33). O mesmo sentimento teve
Moisés, concernente ao povo de Deus escravizado no Egito. Ele não só orava, mas
também sofria pelo povo (Hb 11.24-26). Em angústia, suplicava por socorro ao
Senhor, que lhe respondia (Êx 6.1-10; 14.15).
No período interbíblico. O vocábulo interbíblico significa “entre a Bíblia”, ou seja, período entre o Antigo e o Novo
Testamento. Sabemos que neste período não houve nenhuma revelação divina
escrita, porém, acreditamos que os piedosos servos de Deus deste período
oravam, aguardando a vinda do Messias e a redenção em Jerusalém (Lc 2.36-38).
Em o Novo Testamento. Ana, a profetisa, filha de Fanuel,
viúva de quase 84 anos, não cessava de orar no Templo na época do nascimento de
Jesus (Lc 2.36-38). Seu assunto central nas orações era a redenção em Jerusalém
(v.38). Todo crente foi chamado por Deus para fazer parte do reino sacerdotal
do Senhor (1 Pe 2.5,9). A tarefa do sacerdote no Antigo Testamento era
interceder pelo povo perante o Senhor. Hoje o crente desempenha para Deus a
missão de intercessor, clamando em favor do povo de Deus e dos pecadores.A
oração intercessória de Salomão pode ser comparada, em sua sensibilidade, com a
dos protagonistas nos períodos do Antigo Testamento, o Interbíblico e o Novo
Testamento.
A prática da oração intercessória leva o crente a sensibilizar-se diante
das necessidades do próximo. Você tem orado pelos outros? Salomão não pediu
nada para si, mas pediu sabedoria para governar seu reino. Quando orar, não
seja egoísta. Aprenda com Salomão e ore ao Senhor, rogando-lhe sabedoria para
servir a Ele e, por conseguinte, ao próximo.
Devemos aprender com Salomão.“Os tipos de intercessão aqui referidos estão relacionados com o povo de
Deus, com a comunidade de que somos parte, aqueles que entre nós precisam de
ajuda, de mãos fortes dos que exercem o ministério sacerdotal, neste aspecto
bíblico da oração.
Outro exemplo aprendemos de Salomão, quando este ora e intercede pelos
de fora. Pede ao Senhor: ‘Também ao estrangeiro, que não for do teu povo
Israel, porém vier de terras remotas, por amor do teu grande nome, e por causa
de tua mão poderosa e do teu braço estendido, e orar, voltado para esta casa,
ouve tu dos céus, do lugar da tua habitação, e faze tudo o que o estrangeiro te
pedir, a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, para te
temerem como o teu povo Israel, e para saberem que esta casa, que eu edifiquei,
é chamada pelo teu nome’ (2 Cr 6.32,33).
Quando nossa alma está avivada e abrasada peio fogo do Espírito Santo,
não somente pregamos aos pecadores, mas também intercedemos por eles, como
expressão de ardente desejo de vê-los salvos. Isto é parte do ministério
cristão, é coisa que pode e deve ser feita por todos os salvos.Orar e
interceder pelos fracos da igreja e pelos perdidos do mundo é importante missão
a ser desempenhada pelos que tem no coração o amor de Deus. Não ore de forma
mecânica. Ore, suplique e interceda. Há muitos por quem orar!”.
(notas SOUZA, E. A. Guia Básico de Oração: Como Orar com Eficácia no seu
Dia-a-Dia. RJ: CPAD, 2002, p.197)
A oração de Salomão (1 Rs 8).“A oração
de Salomão apresenta três divisões facilmente identificáveis:1. Um apelo geral
para que Deus honrasse sua palavra a Davi e ouvisse a oração de seu servo,
Salomão (vv.22-30).2. Sete petições especiais (vv.31-50). Essas petições foram
expressas mediante paralelismos poéticos. Suas colocações foram colocadas de um
modo condicional, contrapondo-se o vocábulo ‘quando’ (ou ‘se’) à palavra
‘então’.Quando um homem for obrigado a prestar algum juramento, então ouve do
céu e age (vv.31,32).Quando o povo de Israel confessar o seu pecado, então ouve
do céu e perdoa o seu pecado (vv.31,32).
Quando se converterem do seu mau caminho, porque os afligiste, então
ouve do céu e perdoa-lhes o pecado (vv.35,36).Quando o povo enfrentar fome, ou
praga, e voltar-se para ti em oração, então retribui a cada um segundo o seu
coração (vv.37-40).Quando chegar um estrangeiro e orar voltado para o templo,
por causa do teu grande nome, então faze tudo o que ele clamar a ti
(vv.41-43).Quando enviares o teu povo à guerra, e eles orarem, então ouve do
céu e sustenta a causa deles (vv.44,45).Quando forem levados em cativeiro, se
abandonarem o seu pecado e orarem, então ouve a sua oração e perdoa-lhes o
pecado (46-51).3. Um apelo final, solicitando o cuidado especial de Deus sobre
o povo que escolhera para que fosse seu, entre todos os povos da terra (51-53).
Digno de destaque na oração de Salomão é sua consciência de que as
bênçãos e as provisões de Deus estão relacionadas a ações concretas no sentido
de satisfazer aos requisitos e condições divinos. Esquecer esse fato é orar em
vão.O versículo 27, ao reconhecer a onipresença de Deus como o faz revela a
percepção que Salomão tinha da grandeza e infinidade divinas, certamente um
ingrediente vital na oração eficaz. Quão completamente gratificante é
abandonarmos nossas limitações humanas e nos voltarmos para o Deus
Todo-Poderoso! Pois não há quem se iguale àquEle que é, ao mesmo tempo,
infinito e eterno, que não pode ser contido numa mera casa terrestre, e
tampouco no Céu dos céus. Nosso Deus não habita nos espaços limitados do tempo,
nem está subordinado à sucessão infinita dos anos. Quão grande é o Senhor!”.
notas (BRANDT,
R. L.; BICKET, Z. J. Teologia Bíblica da Oração. RJ: CPAD, 4. ed., 2007, pp. 143-4).
A oração em o Novo
Testamento
Estudar a respeito da oração em o Novo Testamento é conhecer o princípio
de uma nova fase no relacionamento de Deus com o homem. Uma fase iniciada na
cruz de Cristo e consolidada com a descida do Espírito Santo sobre a igreja.
Através da mediação de Jesus, o homem tem acesso direto a Deus, em qualquer
lugar. Mais do que acesso; o crente em Jesus torna-se habitação do Santo
Espírito.
A ORAÇÃO NO INÍCIO DA IGREJA
Jesus volta ao céu. Antes de ascender aos céus, Jesus
reuniu-se com os seus discípulos no monte das Oliveiras. Jesus deu as últimas
orientações e ordenou-lhes que “não se ausentassem de Jerusalém, mas que
esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na
verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo,
não muito depois destes dias” (At 1.4,12-14; 2.1-3). Deus também tem um
trabalho glorioso para realizarmos, porém, não podemos fazer a obra dEle de
qualquer maneira; precisamos do poder do Espírito Santo. Necessitamos do
revestimento de poder do alto (Lc 24.49).
A primeira reunião de oração. Após a ascensão de Jesus, os
discípulos se reuniram no cenáculo m oração (At 1.13,14). Podemos dizer que
esta foi a primeira reunião de oração da igreja. Os discípulos aguardaram, em
oração, a promessa de Jesus até que do alto todos foram revestidos de poder;
ninguém foi excluído. Aprendemos com isso que as bênçãos de Deus, assim como a
oração, são para todos. O resultado deste derramamento do Espírito Santo, que
era aguardado com oração, foi a conversão de várias pessoas, a multiplicação
dos milagres, a unidade da igreja e a comunhão entre os irmãos (At 2.40-43).
Oração ante a perseguição. Os discípulos diariamente se reuniam
no Templo, e muitas pessoas criam em Cristo a cada dia. Não demorou para que a
perseguição surgisse. Pedro e João foram presos, e as autoridades determinaram
que não mais pregassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. Porém, os cristãos
não se abateram, “unânimes levantaram a voz a Deus” (At 4.24). Por conseguinte,
“todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de
Deus. [...] E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição
do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça” (At 4.31,33).
PRINCÍPIOS DA ORAÇÃO CONGREGACIONAL
O crescimento da obra de Deus. É imprescindível que o crente ore
neste sentido. O próprio Jesus incentivou seus discípulos a ver a dimensão do
trabalho a ser feito e a orar pela propagação do evangelho (Lc 10.2). Quando
Jesus convocou seus discípulos, os chamou para “pescar” (Mt 4.19; Mc 1.17). O
trabalho primordial da igreja foi resumido nas seguintes palavras do Mestre:
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos
séculos. Amém!” (Mt 28.19,20).
Outras necessidades. A oração em favor da igreja local e
universal não pode permanecer focada exclusivamente no seu crescimento
quantitativo, pois existem outras necessidades pelas quais precisamos
interceder, por exemplo: orar pelos enfermos, desempregados, pelos que estão
presos, etc. Muitas são as necessidades da igreja, e todas elas devem ser
apresentadas a Deus por intermédio da oração.
A oração dos líderes. A Igreja do Senhor, por meio de seus
dirigentes, sempre se dedicou à oração. Todo crente se sente confortado e
confiante, tendo a certeza das orações intercessórias de seus dirigentes,
inclusive nas reuniões congregacionais, dedicadas à oração. Paulo recomendou ao
pastor Timóteo: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações,
orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1 Tm 2.1).
No livro de Atos, encontramos vários outros exemplos de líderes que
oravam: Pedro e João (At 3.1; 8.14-17); os Doze (At 6.2,4); Pedro (At 9.40;
10.9-11); Paulo e Barnabé (At 14.23); Paulo e Silas (At 16.16,25); Paulo (At
20.36; 21.5; 22.17).
. O APÓSTOLO PAULO E A ORAÇÃO
As revelações do Senhor. Paulo foi o apóstolo que mais recebeu
revelações acerca das doutrinas cristãs. Isso com certeza se deve ao fato de
que ele orava. Seu amor, dedicação e zelo pela obra de Deus são incontestáveis
e admiráveis. O desprendimento desse incansável homem de Deus pela
evangelização resultou no acelerado crescimento da Igreja Primitiva. Paulo é um
exemplo de como Deus pode transformar o caráter daquele que se entrega a Ele
sem reservas (Cl 1.14; Fp 3.4-7).
O zelo de Paulo pela ordem na igreja. Paulo
deixara Tito na igreja em Creta para que cuidasse das questões éticas e
administrativas da comunidade. A situação era tão grave que o apóstolo precisou
escrever uma carta àquele jovem pastor, expondo a urgente necessidade de se
manter a ordem na igreja. Se os conselhos de Paulo a Tito fossem observados por
todas as igrejas, não haveria tantos problemas na condução do rebanho do
Senhor.
Paulo nos apresenta uma relação de qualidades indispensáveis aos
obreiros da Igreja de Cristo: “Irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha
filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes
[...], irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem
iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante,
retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina” (Tt 1.5-9).Tais
obreiros são disciplinados e, portanto, procuram estar sempre em constante
oração.
Paulo e a oração. Paulo era um líder que estava em contínua e constante oração, dia e
noite (1 Ts 3.10). Ele exortou os crentes de Tessalônica a “orar sem cessar” (1
Ts 5.17). Paulo gostava de estar com os irmãos em oração: Ele orou com as irmãs
(At 16.13); com os anciãos (At 20.36) e com um grupo de discípulos em Tiro (At
21.5). Não temos dúvidas de que Paulo foi um grande intercessor! Todavia, ele
não somente orava, mas também rogava que outros irmãos orassem por ele.
Repetidas vezes ele rogava as orações: “Ajudando-nos também vós, com orações,
por nós...” (2 Co 1.11); “Orando também juntamente por nós...” (Cl 4.3).
A igreja nasceu e cresceu mediante a oração. Aos pés do Senhor,
encontrou direção e disposição para o trabalho, bem como forças para não
sucumbir diante das dificuldades e problemas que surgem no caminho, inclusive
oposição e perseguições. As circunstâncias, pelas quais a igreja passa, podem
mudar de diferentes maneiras ao longo do tempo, mas a necessidade de buscar a
Deus em oração permanecerá até a volta do Senhor Jesus.
A oração no livro de Atos e no
ministério de Paulo.“Atos. Se Lucas é
o evangelho da oração, o livro que o acompanha, Atos mostra a Igreja Primitiva
como uma comunidade de oração. Os discípulos oram enquanto esperam pelo
Espírito Santo (Lc 24.53; At 1.14) e depois de sua vinda as principais práticas
da jovem igreja podem ser resumidas entre ‘ensinar’, ‘dividir os bens’,
‘distribuir o pão’ e ‘orar’ (2.42-45). Lucas descreve essa vida inicial de
oração como perseverante e dotada de uma concordância (por exemplo, 1.14;
2.42,46). Como no Evangelho de Lucas, a oração acompanha as crises de decisão
(At 1.24), de libertação (4.24ss.; 12.5; 16.25) ou de confiança (7.60). Ela
também está permanentemente associada à prática da imposição de mãos, e à vinda
do Espírito Santo sobre indivíduos ou grupos (6.6; 8.14-17).
Paulo. A contribuição paulina à teologia da oração do NT é a sua grande ênfase
na ação de graças. O fato de todas as suas epístolas, exceto Gálatas e Tito,
terem uma expressão de ação de graças ou bênção de Deus logo de início, ou
pouco depois da saudação, não pode ser explicada apenas como uma mera forma
epistolar, pois está enraizada na teologia paulina. Paulo acreditava que toda
oração deve incluir ação de graças (Fp 4.6; Cl 4.2), pois as ações de graças (eucharistia) faziam com que a glória ascendesse
a Deus pela graça (charis) que
havia descido sobre nós em Jesus Cristo (cf. 2 Co 1.11).O ensino geral de Paulo
sobre a oração foi muito bem resumido em 1 Timóteo 2.1-9”.
notas(Dicionário
Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2009, p.1421)
“Charles C. Finney foi um dos principais evangelistas da América do
Norte. Nasceu em 1792, num lar sem qualquer influência evangélica. A princípio,
tornou-se professor de escola primária e, mais tarde, aprendiz num escritório
de advocacia no Estado de Nova Iorque. Enquanto estudava para prestar exames na
faculdade de Direito, descobriu que a Bíblia era o alicerce das leis
norte-americanas. [...] Com idade de vinte e nove anos, Finney rendeu sua vida
a Cristo e abandonou seus planos de se tornar advogado para pregar o Evangelho,
imediatamente, o reavivamento acompanhou a prédica de Finney. Pessoas eram
arrebanhadas para o Reino de Deus em reavivamento após reavivamento.
A oração era o principal ingrediente no sucesso de Finney. Tudo quanto
fazia era precedido pela oração.A clássica obra de autoria de Finney, Lectures
on Revivais of Religion [Palestras sobre Reavivamento da Religião], [...]. Do
capítulo ‘The Spirit of Prayer’, temos este impressionante trecho:‘Oh, quem nos
dera uma igreja que orasse! Certa feita, conheci um ministro que teve um
reavivamento por catorze anos seguidos. Não sabia como explicar a razão disso,
até que presenciei um de seus membros se levantar numa reunião de oração e
fazer uma confissão, ‘irmãos’, disse ele. ‘Há muito que tenho o hábito de orar
todos os sábados à noite até depois da meia-noite, pela descida do Espírito
Santo entre nós. E agora, irmãos’ — e ele começou a chorar — ‘confesso que
tenho negligenciado isso por duas ou três semanas...’. Aquele ministro tinha
uma igreja dedicada a oração” (Finney, Lectures on Revivais, pp.99,100).
(notas BRANDT, R. L.; BICKET, Z. J. Teologia Bíblica da Oração. 4.ed. RJ: CPAD, 2007, pp.459-61).
“Contudo, Finney também acreditava na reforma social, em que indivíduos
convertidos fariam uma grande diferença na cultura como um todo. Quando as
pessoas vêm para Cristo não podem simplesmente aquecer-se em sua salvação
recém-encontrada. Elas precisam investir sua energia na transformação da
cultura, fazendo cessar as coisas que violam os princípios bíblicos. Foi
exatamente neste ponto que a segunda carreira de Finney teve uma influência
impressionante. Ele envolveu-se fortemente nos movimentos antiescravagista, de
direitos da mulher e de abstinência (de alcoolismo). Donald Dayton escreve:
O próprio Finney fez conversões fundamentais e nunca quis substituir o
avivamento pela reforma, mas ele fez as reformas com um ‘complemento’ ao
avivamento. Por exemplo, ao discutir a questão do escravagismo, o evangelista
desejava fazer da ‘abolição um complemento, exatamente como, em Rochester, fez
a abstinência um complemento ao avivamento’. Com esta conexão, Finney preservou
a centralidade dos avivamentos, ao mesmo tempo em que promovia as reformas e
impelia seus convertidos a assumirem novas posições sobre questões
sociais”.
(notas GARLOW, J. L. Deus e seu Povo. A História da igreja como Reino de Deus. 1.ed. RJ:
CPAD, 2007, pp.212-13).
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