Os dons do Espírito Santo
Artigo Mauricio Berwald
“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas,
repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).
Entre aqueles que receberam o batismo com o Espírito Santo no mesmo dia
do Sr. Edward Lee, encontrava-se Jennie Moore, que algum tempo depois casaria
com Seymour. A Sra. Moore foi a primeira mulher a receber o
batismo com o Espírito Santo na cidade de Los Angeles, na casa dos irmãos
Richard e Ruth Asbery, na rua Bonnie Brae, 214. Na ocasião, começou a cantar
noutras línguas e a tocar piano sob o poder de Deus. Todos ficaram maravilhados
(At 2.7), pois sabiam que ela nunca havia estudado música. Segundo uma
testemunha ocular, Emma Cotton, aquele grupo orou durante três dias e três
noites e as pessoas que conseguiam entrar na casa dos Asbery, caíam sob o poder
de Deus, enquanto outras eram curadas e salvas por Jesus Cristo. O local ficou
repleto de pessoas a ponto do soalho ceder, mas ninguém ficou ferido. Durante
aqueles três dias, toda a cidade afluiu para observar o poder de Deus
manifestado entre os seus filhos.
Uma corrente da teoria cessacionista afirma que os dons do Espírito são
habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do
indivíduo. Uma outra acredita que os dons espirituais não são para os tempos
hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico. No entanto, ao lermos
as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os dons do
Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata
de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na
hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas
Escrituras. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária
como método de interpretação do Novo Testamento. A atualidade dos dons
espirituais é confirmada pela Escritura e experiência cristã. No primeiro caso,
podemos citar os propósitos dos dons, especificamente, o de fortalecer a Igreja
(1 Co 14.3,4,26). Se os dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo
escreveria à igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e
zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há
qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência
pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência
complementar da atualidade dos dons conforme a verdade bíblica.
Muitos têm dificuldades de distinguir entre Dons do
Espírito (plural), Dom do Espírito (singular) e Fruto
do Espírito (singular). Por isso, utilize nesta lição a tabela
“Paralelo Lógico”. Este recurso possibilita a comparação entre dois ou mais
elementos e suas possíveis correspondências.
Concernente os dons espirituais, dois princípios devem ficar patentes.
Primeiro, quando uma pessoa recebe do Senhor os dons do Espírito, não significa
que ela é mais perfeita ou que é mais merecedora das bênçãos divinas do que
outras. Segundo, assim como o crente não é salvo pelas obras, mas pela graça
divina (Ef 2.8; Tt 3.5), os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus
para que ninguém se engrandeça (Rm 12.6).
GENERALIDADES SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS
Os dons espirituais são uma dotação sobrenatural concedida pelo Espírito
Santo ao crente, para o serviço e execução dos propósitos de Deus na igreja e
através dela. Os dons espirituais, portanto, não são qualidades humanas
aprimoradas e abençoadas por Deus.
1. Principais passagens. São sete as principais passagens que tratam
sobre os dons espirituais: 1 Co 12.1-11,28-31; 13; 14; Rm 12.6-8; Ef 4.7-16; Hb
2.4; 1 Pe 4.10,11. Além destas, há muitos outros textos da Bíblia sobre o
assunto.
2. Termos bíblicos designadores dos dons. Abordaremos apenas os
principais:
a) Dons espirituais (pneumatikos). O termo refere-se às
manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo por meio dos dons (v.7;
14.1).
b) Dons da graça (charismata). Falam da graça subseqüente de
Deus em todos os tempos e aspectos da salvação (1 Co 12.4; Rm 12.6).
c) Ministérios (diakoniai). Correspondem aos dons de
serviços ou ministérios práticos. São ministrações sobrenaturais do Espírito
através dos membros da igreja como um corpo (1 Co 12.5,12-27).
d) Operações (energēmata). Esses dons são operações diretas
do poder de Deus para a realização de seus propósitos (vv.9,10).
e) Manifestação (phanerōsis). Embora sejam sobrenaturais, o
sentido do termo original aqui, sugere que os dons operam na esfera do natural,
do sensível, do visível.
Classificação dos dons espirituais. Os dons espirituais podem
ser classificados como:
a) Manifestações do Espírito. Conforme 1 Coríntios 12.8-10,
são nove dons pelo Espírito Santo. Esses dons são capacitações sobrenaturais de
pessoas para a edificação do corpo de Cristo e para seus membros
individualmente (vv.3-5,12,17,26; 12; 14). Manifestam-se de modo eventual e
imprevisto, não estando subordinados à vontade do portador, mas à soberania de
Deus.
b) Dons de ministério prático. São dons de serviços práticos
individuais ou em grupo (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30). Nestas passagens eles
aparecem com os demais dons espirituais e, sob o mesmo título original,
“charismata” (dons da graça).
Alvo e resultado dos dons (1 Co 12.7b). São propósitos dos
dons espirituais:
a) A glorificação do Senhor Jesus (Jo 16.14).
b) A confirmação da Palavra de Deus (Mc 16.17-20; Hb
2.3,4).
c) O crescimento em quantidade e qualidade da obra de Deus (At
6.7; 19.20; 9.31; Rm 15.19).
d) A edificação espiritual da Igreja (1 Co 12.12-27).
e) O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.11,12).
O exercício dos dons espirituais (1 Co 14.26,32,33,40). Toda
energia e poder sem controle são desastrosos. Deus nos concede dons, mas não é
responsável pelo mau uso deles; por desobediência do portador à doutrina
bíblica ou por ignorância desta. Portanto, os que recebem os dons devem: a)
procurar saber o que a Palavra ensina sobre o exercício daquele dom em
particular; b) exercer o dom segundo a Escritura; c) evitar desordens e
confusões no uso dos dons.
EXPLANAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DONS
1. Dons espirituais de manifestação do Espírito. Estão
classificados em:
a) Dons que manifestam o SABER de Deus:
A palavra da sabedoria (1 Co
12.8). É um dom de manifestação da sabedoria sobrenatural pelo Espírito Santo,
necessário ao pastoreio, na administração e liderança.
A palavra da ciência (1 Co
12.8). É um dom de manifestação de conhecimento sobrenatural pelo Espírito
Santo; de fatos, causas, ensinamentos, etc.
Discernir os espíritos (1 Co
12.10). É um dom de conhecimento e revelação sobrenaturais pelo Espírito Santo
para não sermos enganados por Satanás e pelos homens.
b) Dons que manifestam o PODER de Deus.
Fé (1 Co 12.9). É um dom de
manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo, a fim de que a igreja
supere os obstáculos, sejam quais forem.
Dons de curar (1 Co 12.9).
Literalmente, “dons de curas”. São dons de manifestação de poder sobrenatural
pelo Espírito Santo para a cura das doenças do corpo, da alma e do espírito,
dos crentes quanto dos incrédulos.
Operação de maravilhas (1 Co
12.10). São operações de milagres extraordinários e espantosos pelo poder de
Deus, para despertar e convencer os incrédulos.
c) Dons que manifestam a MENSAGEM de Deus.
Profecia (1 Co 12.10). É um
dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a
edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1 Co 14.3).
Variedade de línguas (1 Co
12.10). É um dom de expressão plural. É um milagre lingüístico sobrenatural.
Nem todos os crentes batizados com o Espírito Santo recebem este dom (1 Co
12.30).
Interpretação das línguas (1
Co 12.10). É um dom de manifestação de mensagem verbal, sobrenatural, pelo
Espírito Santo. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de
línguas”. Tradução tem a ver com palavras; interpretação com mensagem.
2. Dons espirituais de ministérios práticos (Rm 12.6-8; 1 Co
12.28-30). São administrações de serviços práticos que, pela sua natureza,
residem no portador.
a) Ministério (Rm 12.7). É servir capacitado sobrenaturalmente pelo Espírito
Santo. Ministração, prestar serviço material e espiritual sem esperar
reconhecimento ou remuneração.
b) Ensinar (Rm 12.7). É o dom espiritual de ensinar, tanto na teoria, como na
prática; ensinar fazendo; ensinar a fazer e a entender. Não confundir com o
ministério de ensino de Efésios 4.11 e Atos 13.1.
c) Exortar (Rm 12.8). Exortar aqui, é como dom: ajudar, assistir, encorajar,
animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar.
d) Repartir (Rm 12.8). O sentido é doar generosamente, oferecer; distribuir
aos necessitados sem esperar recompensa ou reconhecimento, movido pelo
Espírito. Este dom ocupa-se da benevolência, beneficência, humanitarismo,
filantropia, altruísmo.
e) Presidir (Rm 12.8). É conduzir, dirigir, organizar, liderar, orientar com
segurança, conhecimento e discernimento espiritual.
f) Exercitar misericórdia (Rm 12.8). Este dom refere-se à
assistência aos sofredores, necessitados, carentes; fracos, enfermos, presos,
visitação, compaixão.
g) Socorros (1 Co 12.28). Literalmente “achegar-se para socorrer”. É o caso de
enfermos, exaustos, famintos, órfãos, viúvas, etc.
h) Governos (1 Co 12.28). É um dom plural no seu exercício. É dirigir, guiar e
conduzir com segurança e destreza. O termo original sugere pilotar uma
embarcação com segurança, destreza e responsabilidade.
3. Dons espirituais na área do ministério. Esses dons são
enumerados em Efésios 4.11 e 1 Coríntios 12.28,29, a saber: apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores, doutores ou mestres.
RESPONSABILIDADE QUANTO AOS DONS
1. Conhecer os dons. “Acerca dos dons espirituais, não quero,
irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1).
2. Buscar os dons. “Procurai com zelo os melhores dons” (1 Co
12.31).
3. Zelar pelos dons. “Procurai com zelo os dons espirituais” (1 Co
14.1).
4. Ser abundante nos dons. “Procurai sobejar neles, para a
edificação da igreja” (1 Co 14.12).
5. Ter autodisciplina nos dons. “E os espíritos dos profetas estão
sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32).
6. Ter decência e ordem no exercício dos dons. “Mas faça-se tudo
decentemente e com ordem” (1 Co 14.40).
Poder, sinais, curas, libertação e maravilhas devem caracterizar um
genuíno avivamento pleno de renovação espiritual e pentecostal. No entanto,
deve ser livre de escândalos, engano, falsificação, mas dentro da decência e da
ordem que a Palavra de Deus preceitua (1 Co 14.26-40).
“Propósito dos Dons Espirituais: Fortalecer a Igreja.
Visto ser o propósito dos dons espirituais fortalecer a Igreja, as
curas, os milagres, as línguas e a profecia não se confinam aos apóstolos, ou a
umas poucas pessoas do primeiro século da era cristã. Antes, esses dons foram
largamente distribuídos no seio da Igreja. Como já disse, o dom de profecia
encontrava-se na igreja em Roma (Rm 12.6), Corinto (1 Co 12.10), Éfeso (Ef
4.11), Tessalônica (1 Ts 5.20) e Antioquia (At 13.1). O Novo Testamento também
cita alguns indivíduos não-apóstolos, mas que eram chamados profetas ou exerciam
dons de revelação: Ágabo (At 11.28; 21.10,11), Judas e Silas (At 15.32), as
quatro filhas de Filipe, que profetizavam (At 21.9), e Ananias (At 9.10-19).
Milagres eram operados em Corinto (1 Co 12.20) e nas igrejas da Galácia (Gl
3.5). Havia dom de línguas em Jerusalém (At 2.1-13), em Cesaréia, entre os
convertidos gentios (At 10.44-48), em Éfeso (At 19.1-7), em Samaria (At
8.14-25) e em Corinto (1 Co 12-14).
O propósito de fortalecer a Igreja é particularmente verdadeiro quanto
ao dom da profecia. Paulo mantém que ‘o que profetiza, fala aos homens,
edificando, exortando e consolando’ (1 Co 14.3). E, novamente: ‘O que profetiza
edifica a igreja’ (1 Co 14.4). Visto ser a edificação o propósito primário dos
dons espirituais, como poderia alguém concluir que foram retirados da Igreja?
Se esses dons edificaram a Igreja no primeiro século, por que não a edificariam
no século XX? As próprias declarações da Bíblia forçam-nos a crer na sua
continuidade”.
Notas (DEERE, J. Surpreendido pelo poder do Espírito. RJ:
CPAD, 1995, p.135.).
O cristão e sua santificação
Após o derramamento do Espírito Santo sobre os irmãos na residência dos
Asbery e, como muitos ainda continuavam a freqüentar as orações, Seymour
procurou um novo espaço para as reuniões. Encontrou na Rua
Azusa, 312, uma estrebaria de dois andares que, em seus primeiros dias, havia
sido um templo da igreja episcopal metodista africana. Em fins
de abril, o edifício estava limpo e organizado para acomodar cerca de 750
pessoas. Não muitos dias depois, o mover do Espírito naquele lugar atraiu
pessoas de todo mundo. Em 18 de abril de 1906, o Daily Times, jornal de Los
Angeles, publicou uma reportagem de primeira página sobre o avivamento. Durante
quase mil dias, milhares de pessoas de todas as partes do globo visitaram a Rua
Azusa e foram profundamente tocadas pelo derramamento abrasador do Espírito
Santo. Homens, mulheres, crianças, negros, brancos, hispânicos, asiáticos,
ricos, pobres, analfabetos e doutores — todos foram alcançados pela promessa
pentecostal de Atos 2.
No Antigo Testamento o conceito de santidade, santo ou santificado é
expresso por três palavras principais: qādash, qōdesh eqādôsh.
O verbo qādash ocorre 170 vezes no hebraico bíblico, com o
sentido de “ser consagrado”, “ser santo”, “ser santificado”. Na primeira
ocorrência do termo (Gn 2.3) significa “declarar algo santo” (Êx 20.8), mas
também o estado daquele que é reservado exclusivamente para Deus (Êx 13.2). No
entanto, há 470 ocorrências do substantivo qōdesh com o significado
de “consagração”, “santidade”, “qualidade de sagrado”, “coisa santa”. A palavra
é empregada para descrever tanto o que é separado para o serviço exclusivo a
Deus (Êx 30.31), quanto o que é usado pelo povo de Deus (Is 35.8; Êx 28.2, 38).
Já o adjetivo qādôsh, isto é, “santo”, “sagrado”, além de ocorrer
116 vezes é o vocábulo mais difundido entre os estudantes das Escrituras
Sagradas. Em Êxodo 19.6, primeira ocasião em que se emprega o termo, designa o
estado de santidade do povo de Deus (Nm 16.3; Lv 20.26), e a santidade do
próprio Deus (Is 1.4; 5.16; 40.25).
Muitos não distinguem adequadamente as palavras santidade, santificação,
santificar, santíssimo, santo e santuário. Portanto, apresente nessa lição um
quadro com esses termos, incluindo o significado e uma referência bíblica ao
vocábulo. Esse recurso deve, preferencialmente, ser usado no final do tópico
“Santidade, Santificar e Santificação”. Reproduza o gráfico abaixo de acordo
com os recursos disponíveis.
Salvação e santificação são as obras redentoras realizadas por
Jesus no homem integral: espírito, alma, e corpo. A Bíblia afirma que fomos
eleitos “desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito” (2 Ts
2.13). Esta verdade está implícita no evangelho de João 19.34, que diz que do
lado ferido do corpo de Jesus fluíram, a um só tempo, sangue e água. Isto é, o
sangue poderoso de Cristo nos redime de todo pecado, mas a água também nos lava
de nossas impurezas pecaminosas. Cristo morreu “para nos remir de toda
iniqüidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt
2.14). Portanto, a salvação e a santificação devem andar juntas na vida do
crente.
SANTIDADE, SANTIFICAR E
SANTIFICAÇÃO
1. A santidade de Deus. A Bíblia diz que nosso Deus é santíssimo:
“Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3; Ap 4.8). A santidade de
Deus é intrínseca, absoluta e perfeita (Lv 19.2; Ap 15.4). É o atributo que
melhor expressa sua natureza. No crente, porém, a santificação não é um estado
absoluto, é relativo assim como a lua, que não tendo luz própria, reflete a luz
do sol (ver Hb 12.10; Lv 21.8b).
Deus é “santo” (Pv 9.10; Is 5.16), e quem almeja andar com Ele, precisa
viver em santidade, segundo as Escrituras.
2. Santificar e santificação. “Santificar” é “pôr à parte, separar,
consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso estritamente pessoal”. Santo
é o crente que vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas,
para o domínio e uso exclusivo de Deus. É exatamente o contrário do crente que
se mistura com as coisas tenebrosas do pecado.
A santificação do crente tem dois lados: sua separação para a posse e
uso de Deus; e a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal
conhecido, para obedecer e agradar a Deus.
A TRÍPLICE SANTIFICAÇÃO DO CRENTE
De acordo com a Bíblia, a santificação do crente é tríplice: Posicional,
progressiva e futura.
1. Santificação posicional (Hb 10.10; Cl 2.10; 1 Co 6.11). No seu
aspecto posicional, a santificação é completa e perfeita, ou seja, o crente
pela fé torna-se santo “em Cristo”. Deus nos vê em Cristo perfeitos (Ef 2.6; Cl
2.10). Quando estamos “em Cristo”, não há qualquer acusação contra nós (Rm
8.33, 34), porque a santidade do Senhor passa a ser a nossa santidade (1 Jo
4.17b).
2. Santificação progressiva. É a santificação prática, aplicada ao
viver diário do crente. Nesse aspecto, a santificação do crente pode ser
aperfeiçoada (2 Co 7.1). Os crentes mencionados em Hebreus 10.10 já haviam sido
santificados, e continuavam sendo santificados (vv.10,14 - ARA).
O crescimento do crente “em santificação” ocorre à medida que o Espírito
o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, o busca, em cooperação com Deus:
“Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15).
a) O lado divino da santificação progressiva. São meios, os
quais o Senhor utiliza para santificar-nos em nosso viver diário. Esses
recursos divinos são: (1) O sangue de Jesus Cristo (Hb 13.12; 1 Jo 1.7,9); (2)
a Palavra de Deus (Sl 12.6; 119.9; Jo 17.17; Ef 5.26); (3) o Espírito Santo (Rm
1.4; 1 Pe 1.2; 2 Ts 2.13); (4) a glória de Deus manifesta (Êx 29.43; 2 Cr
5.13,14); (5) e a fé em Deus (At 26.18; Fp 3.9; Tg 2.23; Rm 4.11).
b) O lado humano da santificação. Deus é quem opera a
santificação no crente, embora haja a cooperação deste. Os meios coadjuvantes
de santificação progressiva são: (1) O próprio crente. Sua atitude e propósito
de ser santo, separado do mal para posse de Deus são indispensáveis. É o crente
tendo fome e sede de ser santo (Mt 5.6; 2 Tm 2.21, 22; 1 Tm 5.22); (2) O santo
ministério. Os obreiros do Senhor têm o dever de cooperar para a santificação
dos crentes (Êx 19.10,14; Ef 4.11,12); (3) Pais que andam com Deus. Assim como
Jó (Jó 1.5), os pais devem cooperar para a santificação dos filhos. Eunice, por
exemplo, colaborou para a integridade de Timóteo, seu filho (2 Tm 1.5; 3.15).
Por outro lado, pais descuidados podem influenciar negativamente seus filhos,
como no caso de Herodias que influenciou a Salomé (Mc 6.22-24); (4) As orações
do justo (Sl 51.10; 32.6). A oração contrita, constante e sincera tem efeito
santificador; (5) A consagração do crente a Deus (Lv 27.28b; Rm 12.1,2). A
rendição incondicional do crente a Deus tem efeito santificador nele.
3. Santificação futura. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em
tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1
Ts 5.23). Trata-se da santificação completa e final (1 Jo 3.2). Ver também: Ef
5.27; 1 Ts 3.13.
ESTORVOS À SANTIFICAÇÃO
DO CRENTE
Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver em santidade.
Vejamos alguns deles:
1. Desobediência. Desobedecer de modo consciente, contínuo e
obstinadamente à conhecida vontade do Senhor (Êx 19.5,6).
2. Comunhão com as trevas. Comungar com as obras infrutíferas das
trevas (Rm 13.12); com os ímpios, seus costumes mundanos e suas falsas
doutrinas (Ef 5.3; 2 Co 6.14-17).
3. Erros a respeito da santificação. O próprio Pedro enganou-se a
respeito da santificação (At 10.10-15). Vejamos o que não é a santificação
bíblica.
a) Exterioridade (Mt 23.25-28; 1 Sm 16.7). Usos,
práticas e costumes. Este último, quando bom, deve ser o efeito da
santificação, e não a causa (Ef 2.10).
b) Maturidade cristã. Não é pelo tempo que algo se
torna limpo, mas pela ação contínua da limpeza. A maturidade cristã varia, como
se vê em 1 Jo 2.12, 13: “Filhinhos”; “pais”; “mancebos”; “filhos”.
c) Batismo com o Espírito Santo e dons espirituais. O batismo com
o Espírito Santo e os dons espirituais em si mesmos, não equivalem à
santificação como processo divino e contínuo em nós (At 1.8; 1 Co 14.3).
4. Áreas da vida não santificadas. Alguns aspectos reservados da
vida do crente que não foram consagrados a Deus, devem ser apresentados ao
Senhor. Como por exemplo, a mente, sentidos, pensamento, instintos, apetites e
desejos, linguagem, gostos, vontade, hábitos, temperamento, sentimento. Um
exemplo disso está em Mateus 6.22,23.
NECESSIDADE DE O CRENTE
SANTIFICAR-SE
Para esse tópico aconselhamos a leitura meditativa de 2 Coríntios 7.1 e
1 Tessalonicenses 4.7.
1. A Bíblia ordena. A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei
do pecado” (Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordenar que sejamos santos (1 Pe 1.16; Lv
11.44; Ap 22.11), pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1 Co
3.17).
2. Os santos serão arrebatados. O Senhor Jesus que é santo, virá
buscar os que são consagrados a Ele (1 Ts 3.13; 5.23; 2 Ts 1.10; Hb 12.14). Por
isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do
pecado (1 Ts 4.3).
3. A santidade revelada de Deus. Uma importante razão pela qual o
crente deve santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, é revelada
através do procedimento justo e da vida santificada do crente (Lv 10.3; Nm
20.12). Então, o crente não deve ficar observando, nem exigindo santidade na
vida dos outros; ele deve primeiro demonstrar a sua!
4. Os ataques do Diabo. Devemos atentar para o fato de que, o
Diabo, centraliza seus ataques na santificação do crente. A principal tática
que o adversário emprega para corromper a santidade é o pecado da mistura. Isso
ele já propôs antes a Israel através de Faraó (Êx 8.25). Esta mistura, inclui:
da igreja com o mundanismo; da doutrina do Senhor com as heresias; da adoração
com as músicas profanas; etc.
Em muitas igrejas hoje, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas
igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação
do mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25
pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo.
Santificação e Pentecostes
1. Santificados antes do Pentecostes. Lendo a Bíblia cuidadosamente,
vemos que os discípulos eram pessoas salvas e santificadas e haviam recebido a
unção do Espírito antes do dia de Pentecostes. Em João 17.15-17, Jesus ora:
‘Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade’. Jesus é a Palavra e a
verdade, por isso os discípulos foram santificados pela verdade na mesma noite
em que ele orou por eles (Jo 20.21-23). Os discípulos, portanto, já estavam
cheios da unção do Espírito Santo antes do dia de Pentecostes, e isso os
sustentou até que foram dotados com poder do alto. No primeiro capítulo de
Atos, Jesus orienta os discípulos a esperarem pela promessa do Pai. Não era
para esperar pela santificação. O sangue de Cristo já havia sido derramado na
cruz do Calvário. Ele não ia enviar o seu sangue para limpá-los da carnalidade,
mas o seu Espírito, para dotá-los com poder.
2. A Santificação. Não há nada mais doce, mais sublime ou mais
santo neste mundo do que a santificação. O batismo com o Espírito Santo é o dom
de poder na alma santificada, capacitando-a para pregar o Evangelho de Cristo
ou para morrer na fogueira. O batismo reveste o crente até o dia da redenção,
de modo que ele esteja pronto para encontrar-se com o Senhor Jesus à meia-noite
ou a qualquer momento, porque tem óleo em sua vasilha, junto com a sua lâmpada.
Você é participante do Espírito Santo no batismo pentecostal da mesma
maneira que foi participante do Senhor Jesus Cristo na santificação”.
NOTAS (SEYMOUR,
W. J. Santificados antes do Pentecostes. In KEEFAUVER, L.
(ed.). O avivamento da Rua Azusa— Seymour. RJ: CPAD, 2001,
p.80-3).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.