:
Se o meu povo orar
Artigo Mauricio Berwald
. Você sabe o quanto é importante o diálogo entre teoria e prática. Portanto, leve o aluno a refletir acerca de sua vida de oração. Após
um trimestre inteiro aprendendo a respeito da oração, espera-se do crente que
ao menos sua vida devocional possa ser modificada. Afinal, de nada adiantará
aprendermos a orar, se não orarmos. Hoje, trataremos a respeito da resposta de
Deus à oração de Salomão. Veremos que o Senhor estabeleceu algumas condições
para que sua bênção fosse derramada sobre o seu povo.
Por ocasião da dedicação do Templo de Jerusalém, no reinado de Salomão,
o Senhor fez uma promessa ao povo de Israel (aplicável à sua igreja de todas as
épocas). Quando estivessem em dificuldades, enfrentando períodos de seca e
esterilidade, bastaria dirigir um clamor ao Senhor que a resposta viria.
Contudo, Deus estabeleceu algumas condições para que a sua bênção fosse
derramada, como veremos a seguir.
A NECESSIDADE DE SE HUMILHAR E
BUSCAR A DEUS
Deus é grande, o homem é limitado. O caminho
da humildade passa pelo reconhecimento humano da infinita grandeza divina, seu
imenso poder e sua glória suprema. O Deus que fez o céu, a Terra e tudo o que
nela há (Gn 2.4). O Deus que da Terra faz o escabelo de seus pés (Is 66.1). O
Deus que mediu na concha de sua mão as águas do planeta (Is 40.12). O Deus que
com seu poder sustenta todas as coisas (Hb 1.3). Quando Jó questionou ao
Senhor, foi surpreendido por uma sequência reveladora de perguntas divinas que o
levaram a ter consciência da magnificência, grandiosidade e sabedoria de Deus
(Jó 38 — 41). Ao refletir acerca da grandeza de Deus, Jó caiu em si, reconheceu
a sua limitação, arrependeu-se e submeteu-se completamente ao propósito divino
para sua vida (Jó 42.1-6). Quando o homem tem uma noção de sua pequenez,
limites, natureza, e do quão miserável e indigno é diante de um Deus tão
poderoso e santo, ele naturalmente se aproxima do Criador com humildade,
porquanto sabe que é pó e que são as misericórdias do Senhor a causa de ele
estar de pé (Lm 3.22).
A necessidade da humildade. Ao falar com o povo, Deus afirmou
que, no caso de ocorrer um afastamento entre ambos, o que provocaria seca,
fome, pragas, etc, o povo deveria reconhecer seu erro e desobediência aos preceitos
da Lei de Deus e se humilhar. Humilhar-se é submeter-se, sujeitar-se a alguém.
No caso do homem com Deus, é reconhecê-lo como Deus, Senhor, Soberano, Criador,
Todo-Poderoso e reconhecer-se como criatura pecadora, indigna de estar em sua
presença e carente de sua misericórdia, graça e perdão. É com esse espírito
humilde que o homem deve achegar-se a Deus e, assim, colocar diante dEle suas
petições, a fim de ser ouvido em tempo oportuno.
A busca pela presença de Deus. Após chegar à presença de Deus com
humildade, a recomendação divina para a restauração de seu povo é orar,
suplicar e buscar a face dEle. Essa busca envolve: voltar-se para o Senhor,
buscando obter novamente a comunhão que fora quebrada, e colocar diante dEle o
seu pecado (Sl 32.5; 51.3), os seus desejos (Sl 38.9), as suas petições (Sl
119.170), as suas ansiedades (1 Pe 5.7). Buscar a face de Deus não é apenas
manter com Ele uma conversa amena, ou colocar petições e pedidos diante dEle. É
um desejo intenso de conhecê-Lo, estar familiarizado com sua voz e conhecer sua
vontade. Isso demanda tempo e esforço do homem, pois muitas vezes será
necessário abrir mão do conforto físico, de algum tempo de lazer e até mesmo
dos próprios pianos. Entretanto, nada no mundo é mais valioso do que a presença
de Deus na vida do homem e sua comunhão com Ele. Buscar a face do Senhor e
anelar a sua presença e comunhão conosco deve ser mais do que uma necessidade,
mas um prazer para o crente (Sl 105.4; 42.1,2; 84.1,2).
A NECESSIDADE DE ARREPENDER-SE E
CONVERTER-SE
O apóstolo João fala em sua primeira carta universal que o crente ainda
está sujeito a pecar (1 Jo 1.8). Quem diz que não peca é mentiroso. Contudo,
isso não é um convite ao pecado, mas o reconhecimento de que o homem é, por
natureza, pecador, e que só estará livre para sempre do pecado no céu.
Arrependimento. O arrependimento genuíno provém da tristeza por haver pecado,
desagradado ao Senhor e entristecido o Espírito Santo (2 Co 7.10). Aquele que,
de fato, se arrepende, confessa e abandona o erro. Não basta apenas reconhecer
o erro, mas também é imprescindível que se deixe o pecado, a fim de alcançar
misericórdia (Pv 28.13). A recomendação de João é: “Não pequeis”. Todavia, para
aquele que pecou, ainda existe solução: Jesus, o Advogado. Se você se
arrepender sinceramente e suplicar-lhe perdão, Ele intercederá junto ao Pai, a
fim de que você receba o perdão divino e seja reconciliado com Deus.
Conversão. No dicionário Houaiss da língua Portuguesa, conversão é transformação,
alteração de sentido ou direção. Portanto, quando o Senhor requer que seu povo
“se converta de seus maus caminhos”, Ele deseja mudança de rumo, transformação
de palavras, atitudes, pensamentos, vontades e sentimentos. O apóstolo Paulo
explica muito bem este processo na vida do homem convertido ao Senhor (Ef
4.22-32; Cl 3.1-11). Converter-se, na ótica bíblica, é, portanto, abandonar as
práticas passadas, que não agradam a Deus, e viver uma vida que o agrade,
pautada em sua Palavra. É uma vida completamente nova (2 Co 5.17).
AS RESPOSTAS DIVINAS ÀS ATITUDES
DO POVO
“Ouvirei dos céus” (v.14). A primeira recompensa pelas atitudes
mencionadas acima é ter suas orações ouvidas e atendidas pelo Senhor. O nosso
Deus responde às orações daqueles que o temem (Sl 145.19). Para esses, o seu
ouvido não está agravado, mas aberto (2 Cr 7.15; Is 59.1). Jesus ensinou a
respeito de um Pai amoroso que está sempre pronto a dar boas dádivas a seus
filhos e incentivou seus discípulos a pedir e buscara Deus, incessantemente,
sem desfalecer (Lc 11.9; 18.1-7), porque Deus ouve e vê até o que está em
secreto (Mt 6.6; Jo 9.31). Portanto, se você é um filho obediente ao seu Pai,
esteja certo de que suas orações estão subindo diante dEle e logo serão
respondidas. Aguarde e confie!
“Perdoarei os seus pecados”. A segunda resposta do Senhor ao povo
seria o perdão. Davi conhecia a longanimidade e misericórdia divinas, porquanto
havia experimentado a graça do perdão divino. Por isso, escreveu que o Senhor
está pronto a perdoar àqueles que o invocam (Sl 86.5). A Bíblia está repleta de
exemplos do perdão de Deus, tanto para com seu povo Israel quanto para todos
quantos lhe imploraram o perdão. Por várias vezes e para diversas pessoas,
Jesus declarou: “Perdoados são os teus pecados” (Mt 9.2; Lc 7.48). Através do
nome de Cristo, Deus perdoa os nossos pecados (1 Jo 2.12). Se você pecar contra
Deus, creia que: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9).
“Sararei a sua terra”. A terceira resposta divina diz
respeito ao nosso sustento. Deus não está preocupado apenas em salvar nossa
alma e espírito, Ele sabe que necessitamos nos alimentar, vestir, morar, ou
seja, de ter nossas necessidades básicas supridas. No caso de Israel, sua
sobrevivência dependia de chuvas que regassem a terra, que produzia o fruto
para a alimentação do homem e dos animais. Deus disse a Salomão que, se o povo
abandonasse os seus maus caminhos, Ele tornaria a abençoar a terra, a fim de
que o pão de cada dia fosse garantido ao povo.
Jesus ensinou que o Pai conhece as necessidades humanas e deseja
supri-las (Mt 6.31,32). O Senhor cuida daqueles que o amam e o obedecem. Além
disso, há uma interpretação espiritual desta passagem. “Sarar a terra”,
voltando a enviar chuvas, trata-se também de uma renovação espiritual do povo e
do envio do Espírito Santo (Jl 2.28-32). Ainda hoje, o Senhor faz brotar rios
de água viva dentro de cada um que recebe o dom do Espírito (Jo 7.37), que é
seu próprio Espírito dentro do homem. Essa corrente de águas vivas flui através
da vida do crente e atinge os outros com a mensagem sanadora do Evangelho.
Portanto, clame por essa promessa maravilhosa!
“Reino na Escatologia:Perdão e restauração. Apesar da nota de pessimismo soada pelo exílio, há, ao longo do livro de
Crônicas, raios de esperança, pois o Deus do concerto é digno de confiança —
Ele não pode negar a si mesmo. Na famosa oração de dedicação do Templo, Salomão
pediu ao Senhor, quando o povo pecasse e fosse exilado: ‘Ouve tu desde os céus,
e perdoa os pecados de teu povo de Israel, e faze-os tornar à terra que tens
dado a eles e a seus pais’ (2 Cr 6.24,25). Claro que isto requereria
arrependimento, uma mudança de coração, pelo qual o rei orou fervorosamente
(6.37-39).
Estabelecimento eterno. As condições da restauração,
claramente declaradas na oração de Salomão, estão talvez implícitas na palavra
de Deus que Natã disse a Davi na ocasião da revelação do concerto davídico. Mas
a ênfase está na iniciativa graciosa de o Senhor ser fiel à palavra do
concerto. Deus disse: ‘Ordenarei um lugar para o meu povo de Israel e o
plantarei, para que habite no seu lugar e nunca mais seja removido de uma para
a outra parte; e nunca mais os debilitarão os filhos da perversidade, como ao
princípio’ (1 Cr 17.9). O seu reino, materializado no povo de Israel e
particularmente na casa de Davi, será estabelecido para sempre (v.14). Mesmo
depois da divisão do reino, todos sabiam muito bem que a soberania do Senhor
pelo seu servo Davi permaneceria eternamente (2 Cr 13.5)”.(notas ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. RJ: CPAD, 2009, p.207).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.