As funções sociais e políticas da
profecia
Artigo Mauricio berwald
A Bíblia mostra clara e constantemente o interesse divino pelo bem-estar
social dos seres humanos. A justiça social está presente na Lei e nos Profetas,
abrangendo o aspecto político e religioso. Os profetas de Israel combatiam a
injustiça social com o mesmo ímpeto com que atacavam a idolatria. Ainda que
muitos deles não foram ouvidos em sua geração, contudo, preconizaram um modelo
ético de alto nível para a sociedade de Israel e para todos os povos.
. O PAPEL POLÍTICO
E SOCIAL DA PROFECIA NAS ESCRITURAS
O profeta e o povo. Antes da
instauração da monarquia em Israel, os profetas eram vistos como figuras
centrais pela sociedade, pois eram os únicos canais humanos e legítimos de
comunicação entre Deus e o povo. Os arautos de Deus eram líderes não apenas
religiosos, mas também políticos, cujas atividades proféticas cumpriam
importantes funções de ordem política e social. Isso pode ser percebido
claramente em Moisés (Dt 34.10-12) e Samuel que, inclusive, iniciou o seu
ministério num período em que a profecia era escassa (1 Sm 3.1,20,21; 7.15-17).
O profeta e o rei. A partir do reinado
de Davi, os profetas passaram a fazer parte do grupo de conselheiros do rei.
Natã e Gade são exemplos desse período (2 Sm 7.17; 24.18,19). Suas profecias
tinham não somente uma função política, mas também eram importantes para a
manutenção da ordem social.
O profeta marginalizado. No período dos reis de Israel e Judá, os profetas de Deus ficaram fora dos
círculos reais, com exceção de Isaías (39.3). O ministério do profeta
messiânico se estendeu até os dias do rei Manassés que, segundo a tradição
rabínica, mandou serrar Isaías ao meio (Hb 11.37). Com a decadência espiritual
dos monarcas de Israel, os profetas desenvolveram seu ministério distante do
culto central. Dessa forma, se empenharam em mudar a estrutura social tanto em
Samaria como em Jerusalém, diante de tanta corrupção e injustiça generalizada.
. O PROFETA É
ENVIADO AO REI
O princípio do fim do reino de Judá. Como vimos na leitura bíblica, embora tenha jurado lealdade e obediência
aos babilônios (2 Cr 36.11-14) e, por isso, reinado onze anos em Jerusalém, o
rei Joaquim (que teve o seu nome mudado pelo rei da Babilônia, o qual passou a
chamá-lo de Zedequias) rebelou-se contra o rei dos caldeus no oitavo ano de seu
reinado (2 Rs 24.8-17). Mesmo já estando Judá sob o domínio babilônio, tal
postura ocasionou a destituição do rei Joaquim por Nabucodonosor em 598 a.C,
que mandou levá-lo para a capital do Império e colocou seu tio, Matanias, em
seu lugar.
Profecia dirigida ao rei (v.2). O exército dos caldeus, liderando as demais tropas dos povos conquistados,
estava à volta de Jerusalém esperando o assédio final. Jeremias já vinha
anunciando durante décadas o trágico fim do reinado de Judá (1.15; 5.15; 6.22;
10.22; 25.9). Mesmo assim, em seus oráculos havia esperança de livramento da
parte de Deus se o povo se arrependesse de seus pecados e renunciasse às
injustiças sociais (7.5-7; 22.3,4). O rei juntamente com os seus príncipes e a
maior parte do povo rejeitaram a mensagem de Jeremias e a dos demais profetas
(2 Cr 36.12,15,16). Agora, cerca de 40 anos depois de proferir esse discurso,
Deus encarrega o próprio Jeremias de comunicar ao rei que a destruição de
Jerusalém é irrevogável: “Eis que eu entrego esta cidade nas mãos do rei da
Babilônia, o qual a queimará” (v.2).
O destino do rei Zedequias é anunciado (v.3). Se quisesse ter paz, o povo deveria se submeter ao rei da Babilônia, pois
Jeremias afirmava em sua mensagem que o cativeiro haveria de durar 70 anos
(25.11-14; 29.4-10). Além disso, segundo a profecia divina proferida por
Jeremias contra o rei Zedequias: este seria entregue nas mãos do rei de
Babilônia (v.3).
Infelizmente, os contemporâneos deste profeta acreditavam mais na mensagem
de um falso profeta chamado Hananias, que incitava o povo a se levantar contra
o rei de Babilônia, dizendo — mentirosamente — que em dois anos seria quebrado
o jugo dos caldeus (28.11). Por isso, esse profeta era visto com desconfiança,
como um espião em favor dos inimigos, e tido corno traidor (37.13).
A QUESTÃO DE
ORDEM SOCIAL
A liberdade dos escravos hebreus (vv.8-10). A legislação hebraica sobre o escravo hebreu era diferente da do escravo
estrangeiro. Por razões de falência econômica, o israelita se vendia como
escravo ao seu irmão, porém, Moisés limitou a escravidão de hebreus ao período
máximo de seis anos, quando este devia ser liberto (Êx 21.2; Dt 15.1-18). Esse
preceito, porém, não era observado (v.14). Quando Jerusalém estava sitiada
pelos caldeus, Zedequias resolveu libertar os escravos, esperando com isso o
livramento divino. Era, infelizmente, tarde demais e, acima de tudo, tratava-se
de uma reação artificial e interesseira.
A alforria dos escravos é cancelada (v.11). O profeta Jeremias anunciou que o rei do Egito retornaria a sua terra e o
cerco da Cidade Santa pelos caldeus recomeçaria (Jr 37.5-8 — Convém salientar
que os capítulos do livro de Jeremias não estão em ordem cronológica).
Entretanto, os fatos de Faraó ter vindo em socorro de seu aliado Judá, o cerco
de Jerusalém ter sido suspenso e os caldeus se retirado, fizeram com que o rei
Zedequias e os seus príncipes não acreditassem no profeta de Deus. Assim,
pensando estarem salvos do perigo, revogaram a lei da libertação dos escravos
(v.11).
O pecado maior deles consistiu em desfazer um concerto religioso feito em
nome de Deus e no Templo: “[...] e tínheis feito diante de mim um concerto, na
casa que se chama pelo meu nome” (v.15). A cerimônia de libertação dos escravos
foi um pacto feito no Templo, quando eles sacrificaram um bezerro, dividindo-o
ao meio, passando em seguida entre as metades (v.18). Esse, aliás, era um
método dos povos antigos de ratificar um tratado (Gn 15.10,17). Esse ritual
significa que a parte que violar o pacto terá o mesmo destino do animal
sacrificado. Assim, este era um ato ignominioso de traição e de deslealdade,
acrescido do perjúrio (Êx 34.18,20).
A indignação divina (vv.16,17). Em vez dos babilônios, foi o próprio Deus quem liberou a espada para a
destruição de Judá. A reação divina contra a atitude indigna e vergonhosa de
Zedequias, de seus príncipes e dos grandes de Judá, tinha a sua razão de ser. A
parte final do capítulo 34 descreve o duro juízo do Senhor sobre o povo
escolhido.
A palavra dos profetas não foi vã, eles lutaram por uma causa nobre, ainda
que, como foi dito, não foram ouvidos em sua geração. Não obstante, seus ideais
atravessaram os séculos e até hoje impressionam políticos, filósofos,
economistas, intelectuais, religiosos etc. Em frente ao edifício das Nações
Unidas, em Nova Iorque, encontra-se um monumento chamado “Parede de Isaías”, no Parque Ralph Bunche, onde está
escrita a seguinte profecia: “[...] uma nação não levantará a espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Is 2.4 — ARA). Há somente um que
tem poder para transformar essa expectativa profética em realidade, Ele se
chama Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz (Is 9.6).
Zedequias
Era um governador fraco e inseguro. Em uma audiência com Jeremias,
confessou seus temores e apelou ao profeta que não comentasse o assunto com
quem quer que fosse (38.14-28). Todavia, aparentemente, ele tomou a iniciativa
de persuadir o povo a que concordasse com a libertação dos escravos hebreus,
após o período legal de sete anos. Deus o recompensara por este ato de piedade,
independentemente de sua motivação.
Escravidão
Em Israel, esta instituição era diferente da praticada em outras
sociedades do mundo antigo. Um jovem hebreu podia ser comprado, mas somente
seria mantido como escravo por um período de sete anos. Ao final deste tempo,
seu senhor deveria libertá-lo, suprindo-o generosamente com recursos
suficientes para iniciar uma nova vida. Em suma: na lei mosaica, a escravidão
era mecanismo social destinado a proteger o pobre, habilitando-o a alcançar a
condição de auto-sustento. Em Judá, entretanto, a escravidão fora corrompida,
pois as pessoas ricas escravizaram para sempre seus patriotas judeus. A intenção
inicial de uma provisão caridosa ao pobre se desvirtuara ao se transformar numa
instituição opressora.
(notas RICHARDS, L. O. Guia
do Leitor da Bíblia. 1.ed.
RJ: CPAD, 2005, p.469)
“O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o
criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem
como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com
seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que
pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar
com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual,
físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como ‘um
corpo-alma em sociedade’. Portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca
pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amamos nosso próximo como
Deus o criou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos
preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar do seu corpo, da sua alma e
da sua sociedade. [...] É verdade que o Senhor Jesus ressurreto deixou a Grande
Comissão para a sua Igreja: pregar, evangelizar e fazer discípulo. E esta
comissão é ainda a obrigação da Igreja. Mas a comissão não invalida o
mandamento, como se ‘amarás o teu próximo’ tivesse sido substituído por
‘pregarás o Evangelho’. Nem tampouco reinterpreta o amor ao próximo em termos
exclusivamente evangelísticos. Ao contrário, enriquece o mandamento amar o
nosso próximo, ao adicionar uma dimensão nova e cristã, nomeadamente a
responsabilidade de fazer Cristo conhecido para esse nosso próximo” .
(notas STOTT, J.
R. W. Cristianismo
Equilibrado. RJ: CPAD,
pp.60-1).
Profecia e Misticismo
Misticismo: [Do lat. mystica,
espiritual] É uma atitude mental de busca da união intima e direta do homem com
a divindade, baseada mais na intuição e no sentimento do que no conhecimento
racional.
Devido à popularidade que os meios de comunicação dão às questões
espirituais, algumas expressões que antes eram restritas a grupos específicos,
acabaram tornando-se comuns. Um bom exemplo são os termos “profecia” e
“misticismo”. Mas o que de fato significam? Profecia é a mensagem ou palavra do
profeta. Já o misticismo, no sentido em que vamos enfocar, é a tendência para a
união espiritual íntima com seres espirituais tenebrosos (Ef 6.12). Nessa
lição, trataremos das manifestações ocultistas e esotéricas dos místicos no
Antigo Testamento, os quais tentaram imitar a autêntica experiência dos
verdadeiros profetas de Israel. O mesmo acontece hoje em relação à mensagem do
evangelho de Jesus Cristo. Há pessoas que desejam imitá-lo, sem necessariamente
ter conhecimento e compromisso algum com a fé cristã.
AVALIAÇÃO DA
PROFECIA
Os embusteiros (13.1). Quando o texto de
Deuteronômio 13.1 fala sobre “profeta” ou “sonhador”, na realidade está
referindo-se a alguém que se apresenta como tal, e é possível que ele realize
perante o povo “um sinal ou prodígio”. Contudo, tal milagre em si não é
garantia de que o seu ministério seja de origem divina. O reformador alemão,
Martinho Lutero, dizia com razão que o Diabo é o maior imitador de Deus. Jesus
afirmou que tais impostores “farão tão grandes sinais e prodígios que, se
possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24). E o apóstolo Paulo nos
adverte dizendo que até “Satanás se transfigura em anjo de luz” (2 Co 11.14).
Assim, à luz do texto sagrado, é possível alguém manifestar tais sinais e
maravilhas sem necessariamente ser um servo de Deus.
Como identificar a fonte do milagre? (13.2). A primeira e mais segura regra de autenticação dos prodígios realizados
por alguém é a sua coerência bíblica. É impossível alguém operar milagres da
parte do Senhor e, ao mesmo tempo, adotar uma teologia contrária à Bíblia, ou
seja, quem ensina ao povo a seguir a um deus estranho está incitando a rebelião
contra Deus (Dt 13.5). Jesus disse: “[...] por seus frutos os conhecereis” (Mt
7.16). O termo “frutos” não diz respeito apenas ao testemunho pessoal, pois há
ateus e praticantes de doutrinas ocultistas que têm um excelente testemunho
junto à família e diante da sociedade. Ao falar dos “frutos”, o Senhor Jesus
Cristo referiu-se mais ao conteúdo teológico do pregador milagreiro e
enganador.
Deus usa o falso profeta para provar os seus servos (13.3). Como já foi dito, uma das formas mais simples de avaliação de um falso
profeta é o conteúdo de sua mensagem. Se a cosmovisão religiosa e filosófica do
profeta, ou sonhador, acerca de Deus, do ser humano e do mundo afasta-se das
Escrituras, contrariando a doutrina bíblica, ainda que ele faça descer fogo do
céu à nossa vista e impressione o povo, devemos continuar firmes em nosso
lugar, pois tais manifestações são de fonte estranha. Conforme vimos na leitura
bíblica, Deus permite que essas coisas aconteçam para nos provar (13.3). Isso é
ainda mais válido para os dias atuais com tantos inovadores milagreiros, falsos
cristos e pregadores de “outro Jesus, outro espírito e outro evangelho” (2 Co
11.4).
PRÁTICAS
DIVINATÓRIAS
As abomináveis práticas divinatórias (18.9).
Moisés enumerou algumas práticas divinatórias comuns entre os cananeus (Dt
18.14), e o profeta Isaías preveniu o povo sobre algo semelhante observado
pelos egípcios (Is 19.3); todas essas coisas Israel devia rejeitar. Isso vale
também para os cristãos, pois tais práticas existem ainda hoje na sociedade.
Elas abrangem direta ou indiretamente: magia, astrologia, alquimia,
clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia, levitação,
transe etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque representam uma
forma infame de idolatria e demonismo.
Adivinhador, prognosticados agoureiro, feiticeiro, encantador, necromante
e mágico (18.10,11).
O “adivinhador” ou
“adivinho” é quem pratica a adivinhação. Como parte da magia, essa prática é
uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados: intuição,
explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc. O termo “prognosticador” é
uma das possíveis traduções do hebraico onen,
e literalmente significa “fazer agouros pela nuvem”. É aquele que pratica
mágica, vaticínio, presságio, prognóstico e tenta prever o futuro por meio de
sortilégios.
O agoureiro é o que pratica agouros, uma forma de magia especializada em
tentar predizer males e desgraças (2 Rs 17.17). A palavra hebraica empregada
para “feiticeiro” é usada também para “bruxo”; os tais faziam parte do grupo de
conselheiros de Faraó, com os seus sábios e magos (Êx 7.11). O termo hebraico
traduzido em nossas versões por “encantador de encantamentos” denota “amarrar”
alguém por meio de mágica. É o praticante de macumba, de despacho etc. A
palavra hebraica usada para “espírito adivinhante” ou “necromante”, na ARA, tem
sentido abrangente: médium, espírito, espírito de mortos, necromante e também
mágico (Lv 19.31; 20.6; Is 8.19; 29.4).
3. Bruxo e bruxaria. Bruxo é o
praticante da magia negra que visa fazer o mal (qualquer forma de adivinhação
em si mesma já é um mal). A bruxaria chegou ao seu apogeu na Idade Média. Hoje,
as bruxas são apresentadas, pela mídia, como heroínas belas para as crianças e
adolescentes. Tenha cuidado!
A NECESSIDADE
DA PROFECIA BÍBLICA
A voz de Deus na terra.
A profecia bíblica
é a voz de Deus na terra para nortear homens e mulheres no caminho seguro para
o céu; é também chamada de a “profecia da Escritura” (2 Pe 1.20). Mesmo com a
queda do homem no Éden, o Senhor nunca deixou de se comunicar com as suas criaturas
racionais. Através dos patriarcas, reis, sacerdotes e profetas, Ele revelou a
si mesmo e se propôs a habitar no meio do seu povo (Êx 25.8; 29.45,46). Na
atualidade, a voz do Senhor pode ser ouvida através da Palavra de Deus, que é
pregada ao mundo inteiro por meio da “igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza
da verdade” (1 Tm 3.15).
Revelação dos arcanos divinos.
Ao falar sobre o fato de Jesus ser o cumprimento da mensagem dos profetas,
o apóstolo Pedro disse que “agora”, ou seja, para nós que estamos presenciando
a materialização dos vaticínios e arcanos divinos, precisamos atentar ainda
mais para a importância de tais mensagens, pois cumprem o propósito de servirem
como um norte, “até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso
coração” (2 Pe 1.19).
O contraste entre a verdadeira profecia e as práticas pagãs.
A Leitura Bíblica em Classe e as demais referências citadas nesta lição
revelam a gravidade das práticas ocultistas e esotéricas, as quais tentam
imitar a profecia bíblica. Elas são demoníacas, portanto, condenadas pela
Palavra de Deus. O objetivo dos adivinhadores, magos, prognosticadores,
agoureiros, necromantes, etc, é o mesmo dos tempos bíblicos: fazer frente à
vontade de Deus e ao evangelho de Jesus Cristo, levando o povo ao desvio do
único caminho certo, à semelhança de Janes e Jambres que “resistiram a Moisés,
assim também estes resistem à verdade” (2 Tm 3.8).
Cada crente em Jesus deve ser sóbrio e vigilante diante da atual avalanche
de crenças e práticas disseminadas no mundo atual. Tal popularidade ocorre
principalmente por causa dos meios de comunicação (livros, revistas, internet,
televisão, esta última principalmente através de novelas, programas de
auditórios, filmes e seriados), os quais fazem a sociedade encarar tudo como se
tais práticas fossem naturais, comuns e inofensivas. Os formadores de opinião
apresentam tais coisas como modismos, mas aos olhos de Deus são uma abominação
(Dt 18.9-12; Ap 9.21; 21.8). Nós temos a Bíblia, o Senhor Jesus Cristo e o
Espírito Santo, portanto, deixemo-nos ser guiados e ensinados pelo Consolador
(Jo 14.26).
Método do paganismo e os verdadeiros profetas
“Antes de discutir a lei sobre profetas, Deuteronômio lista diversas
técnicas utilizadas pelo paganismo para obter oráculos divinos (Dt 18.9-14).
Tais métodos não serviriam para Israel ouvir a voz do Senhor. O que esses itens
proibidos têm em comum é que todos caem na categoria da sabedoria e da
ingenuidade humanas. Yehezkel Kaufmann, com muita propriedade, chama a
adivinhação de ciência de segredos cósmicos e o adivinho de cientista que pode
dispensar a revelação divina. O Senhor, em contrapartida, levantaria como seu
veículo de revelação um profeta. Tal qual o rei, ele devia ser oriundo da
comunidade israelita (18.15; 17.15). Ele só era capaz de falar porque Deus
punha a palavra em sua boca (17.19). O fato de Deus, [...], colocar suas
palavras na boca de seus profetas explica o porquê de muitos deles iniciarem
seus pronunciamentos com: ‘A palavra do Senhor veio a mim’ ou ‘Assim diz o
Senhor’.
Por outro lado, é raro qualquer outra pessoa nas Escrituras, Antigo ou
Novo Testamentos, prefaciar e validar seus comentários com esta fórmula. Uma
coisa é afirmar que as Escrituras foram inspiradas; outra coisa é entender como
Deus a inspirou. Já com os profetas, não restam dúvidas: Deus os inspirou ao
lhes ditar suas palavras, colocando sua palavra em suas bocas, de forma que as
palavras do profeta eram proferidas por Deus”.
(notas HAMILTON, V. P. Manual do Pentateuco. RJ: 2.ed. CPAD, 2006, pp.481-2).
Como Identificar a falsa profecia?
DEUTERONÔMIO 18.10-22 - Como é que os falsos profetas podem ser
distinguidos dos verdadeiros?
A MÁ INTERPRETAÇÃO: A Bíblia contém
muitas profecias que nos foram dadas para que nelas creiamos, porque vieram de
Deus. Contudo, a Bíblia também mostra a existência de falsos profetas (Mt
7.15). Na verdade, muitas religiões e seitas — incluindo as Testemunhas de
Jeová e os Mórmons, alegam ter profetas. Daí, a Bíblia exortar os crentes a
“provar” aqueles que se dizem profetas (1 Jo 4.1a). Qual é a diferença entre um
falso profeta e um verdadeiro profeta de Deus de acordo com Deuteronômio
18.10-22?
CORRIGINDO A MÁ INTERPRETAÇÃO: Existem muitos testes para provar um falso profeta. Vários deles estão
listados na passagem bíblica em questão. Colocando-os em forma de perguntas, os
testes são:
1. Eles sempre
entregam falsas profecias? Cem por cento de suas predições em relação ao futuro
se cumprem? (Dt 18.21,22)
2. Contatam espíritos
de mortos? (Dt 18.11)
3. Utilizam meios de
adivinhação? (Dt 18.11)
4. Envolvem médiuns ou
feiticeiras? (Êx 20.3,4)
5. Seguem a falsos
deuses ou ídolos? (Êx 20.3,4; Dt 13.1-3)
6. Negam a divindade
de Jesus Cristo? (Cl 2.8,9)
7. Negam a humanidade
de Jesus Cristo? (1 Jo 4.1,2)
8. As suas profecias
desviam a atenção da pessoa de Jesus Cristo? (Ap 19.10)
9. Defendem a
abstenção de certos alimentos e carnes por razões espirituais? (1 Tm 4.3,4)
10. Criticam ou negam a
necessidade do casamento? (1 Tm 4.3)
11. Promovem a
imoralidade? (Jd vv.4,7)
12. Encorajam a
renúncia pessoal legalista? (Cl 2.16-23)
Uma resposta positiva a qualquer das questões acima é uma indicação de que
o profeta não está falando por parte de Deus. Deus não fala e não encoraja
qualquer coisa que seja contrária ao seu próprio caráter e mandamentos conforme
registrados nas Escrituras. E com absoluta certeza, o Deus da verdade não dá
falsas profecias (Dt 18.21-23).
(notas GEISLER, N. L.; RHODES, R.Respostas às
Seitas. RJ: 1.ed. CPAD, 2000,
pp.65-6).
A autenticidade da profecia
Autenticidade: Relativo a autêntico. De origem ou qualidade comprovada;
genuíno, legítimo, verdadeiro.
O cumprimento das inúmeras profecias bíblicas a respeito dos reis
Nabucodonosor, Ciro e Alexandre — o Grande, das nações do Egito, Assíria e
Babilônia, das cidades de Tiro e Sidom e especificamente acerca de Israel e
Jerusalém, constitui-se uma prova incontestável da origem, inspiração e
autenticidade divinas dos oráculos dos antigos profetas hebreus. Isso sem falar
no tema principal das profecias veterotestamentárias — o Senhor Jesus Cristo,
em seus dois adventos — do qual uma grande parte teve cumprimento na vida, obra
e ministério terreno do Filho de Deus. Devido à relevância de tal assunto,
nessa lição nos deteremos a analisar as profecias messiânicas registradas em Isaías
53.
O DESPREZO DO
SENHOR
A apresentação do Senhor. Na realidade, a
conhecidíssima profecia de Isaías 53, inicia-se no capítulo anterior, em que o
profeta apresenta o Servo do Senhor da seguinte forma: “Eis que o meu servo
operará com prudência” (52.13). O Novo Testamento confirma terminantemente que
o mais messiânico dos profetas está, incontestavelmente, falando do Senhor
Jesus Cristo. Trata-se, portanto, de uma genuína e autêntica mensagem profética
da parte do Senhor Deus (At 8.28-35).
A mensagem do Senhor. Uma das
singularidades do ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo foi exatamente o teor
de sua mensagem (Jo 7.46). Não obstante, o capítulo 53 inicia já com a
pergunta: “Quem deu crédito à nossa pregação?” (v.l), demonstrando que a
predicado Messias seria rejeitada. É contraditório entender o fato de que
apesar dos milagres extraordinários operados pelo Filho de Deus e de sua
pregação repleta de autoridade e poder, muitos não criam nEle (Jo 12.37,38; Rm
10.16). Até mesmo os de sua casa não compreenderam o seu ministério (Mc 3.21;
Jo 7.5).
A aparência e a rejeição do Senhor. Não há como saber os traços físicos de Jesus, mas é bem possível que a sua
aparência física contrarie a de todos os filmes já produzidos, pois a palavra
profética declara que “nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos” (v.2b).
A rejeição do Senhor foi tão grande que se iniciou ainda em seu nascimento! Não
havia espaço adequado para o nascimento do Filho de Deus em Belém e, por isso,
sua mãe deu-o à luz em uma manjedoura (Lc 2.7). Em Isaías 53, duas vezes o
versículo três afirma que Ele era “desprezado” e termina dizendo: “não fizemos
dele caso algum”. Tal descortesia cumpre-se de forma notória nos Evangelhos (Jo
1.10,11).
A PAIXÃO E A
MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
O sofrimento sem igual de Jesus. Apesar de todo o desprezo sofrido por Nosso Senhor Jesus Cristo ao longo
de sua vida terrena, os seus últimos dias, iniciados no Getsêmani, onde a sua
agonia foi de tal intensidade que o fez suar gotas de sangue (Lc 22.44), foram
de um sofrimento indescritível. E o que Ele padeceu a partir de sua prisão? É
exatamente assim que o profeta Isaías descreve o Senhor: Ele era um “homem de
dores” (v.3) e que “foi oprimido” (v.7). Isaías apresenta-o também como um
homem impecável e perfeito em tudo, “porquanto nunca fez injustiça, nem houve
engano na sua boca” (v.9). O apóstolo Pedro, que conviveu com Jesus cerca de
três anos, confirma essa profecia (1 Pe 2.22). Sim, Jesus foi “cortado da terra
dos viventes” (v.8) como um criminoso e malfeitor.
O silêncio de Jesus. O profeta compara o
Filho de Deus em seu julgamento e morte ao cordeiro levado ao matadouro e à
ovelha muda diante de seus tosquiadores: Ele “não abriu a sua boca” (v.7).
Assim agiu o Senhor diante do sumo sacerdote no Sinédrio (Mt 26.63) e perante
Pôncio Pilatos (Mt 27.12,14). O profeta, pelo Espírito, certamente via as cenas
desses interrogatórios. Portanto, o fato de Jesus não ter cometido nenhum
delito e de as acusações sobre Ele não terem sido provadas demonstram a total
arbitrariedade do julgamento do Mestre, realçando o fracasso da justiça humana.
A crucificação e a sepultura de Jesus (v.9). Isaías anuncia de antemão que o Senhor Jesus Cristo “foi contado com os
transgressores”, e reafirma a verdade de que Ele carregou nossos pecados. Os
Evangelhos relatam que Jesus foi crucificado entre dois salteadores (Mt 27.38;
Mc 15.27,28), mostrando, assim, a autenticidade da profecia bíblica. Note que
as palavras de Cristo no alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o
que fazem” (Lc 23.34), foram também preditas por Isaías, quando o profeta diz
que o Messias “pelos transgressores intercedeu” (v.12).
A análise profética fica mais interessante e rica, quando Isaías prediz
que a “sepultura” de Jesus foi colocada entre a dos “ímpios” (v.9). Isso
significa que os opositores de Jesus queriam dar-lhe um sepultamento vergonhoso
e vil como o de um criminoso. Tal coisa era considerada opróbrio em Israel (Is
14.19). Porém, o plano deles falhou, pois o profeta diz que o Mestre Jesus foi
contado “com o rico, na sua morte” (v.9). Ou seja: o Filho de Deus foi
enterrado honrada e dignamente. Os Evangelhos, confirmando Isaías, revelam que
um homem rico, chamado José, da cidade de Arimatéia, cedeu um túmulo novo,
cinzelado na rocha, para que neste fosse posto o corpo do Mestre (Mt
27.57,58,60).
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PAZ DO SENHOR
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