ESPIRITO SANTO “doutrina
geral”
Artigo Mauricio Berwald
No comemorou-se em todo o mundo o Centenário do
Movimento Pentecostal, iniciado em 1906 no interior de um armazém de cereais,
na Rua Azusa, Los Angeles, Califórnia. Tal movimento deu-se exatamente pelo
zelo e perseverança do pastor William Joseph Seymour, instrumento usado pelo
Espírito Santo para espalhar a chama pentecostal a diversas igrejas evangélicas
daquela cidade. Não demorou muito para que o fervor espiritual se expandisse
até Chicago e, depois, para South Bend, Indiana, cidade onde morava o Pr.
Gunnar Vingren. Este piedoso servo de Deus, influenciado pelas boas notícias de
renovação espiritual, dirigiu-se a Chicago e lá foi batizado com o Espírito
Santo em 1909.
O termo “pentecostes”, procede originalmente da festa judaica chamada de
“festa das semanas” ou hag shābū’ôt, como descreve o Antigo
Testamento (Lv 23.15-25; Dt 16.9-12). Essa festa era comemorada sete semanas
depois da Páscoa. Literalmente, o termo significa “festa dos períodos de sete”,
em razão de a festa ser comemorada a partir do dia seguinte ao
sétimo sábado, após o dia das primícias (Lv 23.15,16). Outra expressão da qual
se deriva o vocábulo “pentecostes” é hamîshîm yôn, que significa
“festa dos cinqüenta dias” (Lv 23.16), termo traduzido pela versão grega do
Antigo Testamento, por pentēkonta hēmeras ou “qüinquagésimo
dia”. A solene festa de Pentecostes é chamada no Antigo Testamento de “Festa
das Semanas”, “Festa das Primícias da sega do trigo”, “Festa da Colheita” e o
“dia das primícias” — ocasião em que se apresentavam os primeiros frutos dos
campos previamente plantados (Êx 23.16; 34.22; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12).
Quanto ao passado, a Festa de Pentecostes era uma santa celebração em
que o adorador oferecia ao Senhor uma oferta voluntária proporcional às bênçãos
recebidas do Senhor (Dt 16.10). Mas, no contexto profético, ela é uma
referência à efusão do Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28;
At 2.1-13).
O Dia de Pentecostes era celebrado por todos os judeus, tanto os que
habitavam a Palestina quanto aqueles que estavam dispersos por todas as partes
do mundo de então. Alguns destes judeus e prosélitos não costumavam
freqüentar a Festa da Páscoa em Jerusalém, pelo fato de o clima não ser
favorável para longas peregrinações. No entanto, quando as condições climáticas
estavam favoráveis, ocasião que coincidia com a Festa de Pentecostes, todos
convergiam à Jerusalém, capital religiosa do judaísmo.Com base no exposto
acima, e fundamentado no texto de Atos 2.7-13, apresente à classe o mapa das
nações representadas no Dia de Pentecostes.A distância entre Jerusalém e as
regiões das quais os devotos procediam, demonstra a importância da festividade
sagrada para eles. A festa, portanto, foi uma ocasião estratégica para
manifestar o poder de Deus a todas aquelas localidades.
Em todo o mundo o Centenário do Movimento Pentecostal, no qual situa-se
a Assembléia de Deus. A comemoração presta justa homenagem aos pioneiros do
Movimento Pentecostal que deixaram suas indeléveis marcas espirituais nos
trabalhos que levantaram em meio a muito sofrimento e necessidades.Que esta
comemoração centenária seja uma ocasião para que a igreja, numa firme
determinação diante de Deus, mantenha a pureza doutrinária, os princípios e as
verdades bíblicas que norteiam o seu caminhar, inclusive, no que concerne à
Pessoa, às operações e ministrações do Espírito Santo, segundo as Escrituras.
A
PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA GRANDEZA (vv.16-18)
Foi o profeta Joel, no Antigo Testamento, a quem Deus revelou com mais
detalhes o derramamento do Espírito nos últimos tempos (Jl 2.23-32). Joel foi,
talvez, o primeiro dos profetas literários (profetas que escreveram suas
mensagens), o que salienta ainda mais a sua profecia sobre o Pentecostes (At
2.16-21,33). O termo “Pentecostes”, nesta lição, é uma referência ao batismo
com o Espírito Santo, e não à festa judaica de mesmo nome que ocorria cinqüenta
dias após a páscoa (At 2.1; 20.16; 1 Co 16.6).
1. “Derramarei o meu Espírito” (v.17). Assim diz Deus neste
versículo. Isso fala de grande abundância e fartura espirituais, qual um rio
que enche até transbordar em suas margens, mediante chuvas volumosas. Quando
tal poder desce sobre a igreja, ela se torna como um incontável, poderoso e
invencível exército, como está profetizado em Ezequiel 37.10. Os discípulos
mudaram muito para melhor, após serem revestidos desse poder divino no cenáculo
em Jerusalém. É só comparar o desempenho deles nos Evangelhos, como eram e o
que faziam, com o relato de suas vitórias no livro de Atos, após a experiência
pentecostal do capítulo 2.
2. A profecia de Joel (Jl 2.28-32). Os versículos 28 a 32 de Joel,
no texto hebraico, perfazem um capítulo à parte — o 3. De fato, a grandeza e o
alcance do assunto desta passagem — o futuro derramamento do Espírito sobre a
igreja — requer um capítulo à parte! Esta sublimidade, pode ser relacionada ao
que está revelado em 2 Coríntios 3.7-12, principalmente o v. 8, que diz: “Como
não será de maior glória o ministério do Espírito?” Aleluia! Esta passagem,
juntamente com Romanos 8, é uma das mais ricas de toda a Bíblia sobre o
indizível e glorioso ministério do Espírito nesta era da igreja. Ler Is 55.1;
44.3.
A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA UNIVERSALIDADE (vv.17,18).
Nos tempos do Antigo Testamento, o Espírito Santo, por via de regra,
permanecia entre os fiéis (Ag 2.5; Is 63.11). Há poucos casos de homens a quem
Deus encheu do seu Espírito para missões específicas, como os costureiros de
Êxodo 28.3; Bezalel (Êx 31.3; 35.31); e Josué (Dt 34.9).
Habitação do Espírito. Nesta dispensação da igreja, isto é,
do corpo místico dos salvos em Cristo, o Espírito habita em toda pessoa por Ele
regenerada e salva por Jesus (Jo 14.16,17; 1 Jo 4.13; Rm 8.9). Ao mesmo tempo,
Jesus também quer batizar os crentes com o Espírito Santo, revestindo-os com
poder para o serviço do Senhor (At 1.5; 2.1-4, 32, 33; Lc 24.49). Foi essa
capacitação sobrenatural nos crentes dos primeiros tempos, o segredo do rápido
e vitorioso avanço do reino de Deus, apesar das limitações, sofrimentos e
perseguições. Não há outra explicação. Hoje, com tantos recursos da ciência
moderna, saberes e técnicas aprendidas nas escolas, o avanço é lento e, às
vezes, quase nenhum. É a diferença entre a requintada armadura de Saul sem o
Espírito de Deus (1 Sm 16.14), e o jovem Davi desprovido dela, mas ungido e
possuído pelo Espírito Santo (1 Sm 16.13).
“Sobre toda a carne” (v.17). Isso fala de algo da parte de
Deus para todos, em todos os países, povos e raças do mundo. Também de
imparcialidade.
a) “Vossos filhos e vossas filhas”: Para a família, o lar; também, sem
distinção de sexo.
b) “Vossos jovens e vossos velhos”: Sem distinção de idade, pois Deus
quer usar a todos, de um modo ou de outro.
c) “Servos e servas”: Não há discriminação social. Deus abençoa os que
são pequenos em si mesmos, mas elevados no Senhor (Sl 115.13; Hb 8.11).
Este manancial está a fluir desde o Dia de Pentecostes. O v.16 afirma:
“isto é o que foi dito pelo profeta”. Não é apenas para o futuro, mas também
para os dias atuais.
A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA RIQUEZA
(vv.17,18).
1. Os dons espirituais. Juntamente com a promessa divina está
escrito: “e profetizarão” (vv.17,18).
O batismo com o Espírito Santo abre caminho para a manifestação dos dons
espirituais, segundo a vontade e propósitos do Senhor. Um desses gloriosos dons
é o de profetizar pelo Espírito Santo, como consta em 1 Co 12.4-11,28;
14.1-6,22,24,29-32; Rm 12.6-8; Ef 4.11.
2. Os sinais sobrenaturais (Marcos 16.17,18): Milagres, cura
divina, línguas estranhas, expulsão de demônios (At 2.43b). No desempenho do
ministério de Jesus a operação de “maravilhas, prodígios e sinais” (At 2.22)
eram precedidos pelo ensino e pregação (Mt 4.23; 9.35). O nosso ministério hoje
não deve ser diferente; para isso o Espírito Santo foi enviado por Deus para nos
capacitar.
PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA FUTURIDADE (vv.19,20).
1. Futuro profético. A vinda do Espírito Santo no Dia de
Pentecostes para dotar os crentes de poder, não se limita aos tempos atuais,
mas adentra o futuro profético. Os sinais sobrenaturais esboçados nos vv. 19 e
20, bem como em outras passagens correlatas, aguardam cumprimento futuro. A
efusão do Espírito terá a sua plenitude durante o Milênio no reinado do
Messias, como prediz Isaías 32.15-17. É justo crer que no reino do Messias, o
Espírito será amplamente derramado (Zc 12.10; Ez 39.29).
2. A promessa divina do Pentecostes em Joel 2.28. Esta promessa diz
“derramarei o meu Espírito”; ao passo que no cumprimento em Atos 2.17, a
Palavra diz “do meu Espírito derramarei”, denotando um derramamento parcial.
Certamente isso foi revelado por Deus a Paulo, quando em Rm 8.23, fala em
“primícias do Espírito”.
3. A profecia pentecostal de Joel 2.23. Esta profecia prediz a
chuva “temporã” e a “serôdia”. O mesmo está dito em Tiago 5.7,8.
a) Chuva temporã. Na Bíblia, “chuva temporã” é uma referência
ao Oriente Médio, em se tratando de agricultura, às primeiras chuvas de outono
(fins de outubro), logo após a semeadura, para a germinação das sementes e
crescimento das plantinhas.
b) Chuva serôdia. São as últimas chuvas que precedem a colheita
(fins de março), quando os grãos já estão amadurecidos. Profeticamente, como em
Jl 2.23; Tg 5.7,8; Os 6.3, a “chuva serôdia” do Espírito Santo da promessa (Ef
1.13), precederá a superabundante colheita espiritual para o reino de Deus.
A
PROMESSA DO PENTECOSTES ABARCA A SALVAÇÃO (v.21).
1. “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo”. Em o nome do Senhor há poder para salvar em todo e qualquer
sentido. Aqui, o original é “kyrios”, isto é, Jesus como o supremo
Senhor de tudo e de todos. Ver Rm 10.9, 13; Fp 2.9-11. Este nome salva (At
4.12); protege (Sl 20.1); cura (At 3.6); expulsa demônios (Mc 16.17); socorre
nas emergências e nos apertos (Sl 124.8). O Senhor Jesus reiteradamente falou
sobre a vinda do Espírito Santo, o Consolador, para ficar conosco. Isto destaca
a missão do Espírito na Terra (Jo 7.39; 14.16,17,26; 15.26; 16.7,13; Lc 24.49;
At 1.4,5,8).
2. Fonte de Vida. Em João 7.38, 39, Jesus falou do Espírito Santo
sobre o crente, como um rio caudaloso e transbordante, o que fala de vida,
subsistência, movimento, ruído, energia, destinação e renovação. Assim deve ser
uma igreja realmente avivada pelo Espírito.
3. Trajetória de poder. Na história da igreja no livro de Atos, ela
inicia sua trajetória com “grande poder” (4.33), e, encerra com “grande
contenda” (28.29). O poder procede de Deus; a contenda dos homens. A origem do
poder está em Deus (Sl 62.11); da contenda, no orgulho humano (Pv 13.10). Que Deus
nos guarde e nos livre disso. Um povo avivado pelo Espírito, deve, pela
vigilância, evitar dissensões em qualquer lugar, e por onde andar.
Como é notório, muitas inovações, modismos e práticas descabidas e
antibíblicas vêm afetando o genuíno Movimento Pentecostal, inclusive a
Assembléia de Deus. Precisamos voltar sempre ao cenáculo para receber mais
poder (Ef 5.18), mas igualmente, manter a “sã doutrina” do Senhor (Tt 2.1,7; 1
Tm 4.16). Busquemos um maior e contínuo avivamento espiritual, segundo a doutrina
bíblica, como fez o salmista: “Vivifica-me segundo a tua Palavra” (Sl
119.25,154).
“1. O Pentecostes Judaico (At 2.1-41). Atos 2 faz uma
narrativa do primeiro Dia de Pentecostes depois da ressurreição de Cristo. O
Dia de Pentecostes (hēmeras tēs pentēkostēs — ‘o qüinquagésimo
dia’) se dava cinqüenta dias depois de 16 de Nisã, o dia seguinte à Páscoa.
Também era chamado ‘Festa das Semanas’, porque ocorria sete semanas depois da
Páscoa. Por causa da colheita de trigo que acontecia naquele período, era uma
celebração da colheita de grãos (Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-21).
2. O Pentecostes Cristão. A festividade judaica do Dia de
Pentecostes assume novo significado em Atos 2, pois é o dia no qual o Espírito
prometido desce em poder e torna possível o avanço do evangelho até aos confins
da Terra. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no Dia de Pentecostes
serve de fundação da missão da Igreja aos gentios. Essa experiência corresponde
à unção de Jesus com o Espírito no rio Jordão (Lc 3.21,22).
3. Semelhanças entre a Unção de Jesus e o Pentecostes. O Espírito
desceu sobre Jesus depois que ele orou (Lc 3.22); no Dia de Pentecostes, os
discípulos também são cheios com o Espírito Santo depois que oram (At 2.14).
Manifestações físicas acompanharam ambos os eventos. No rio Jordão, o Espírito
Santo desceu em forma corpórea de pomba, e no Dia de Pentecostes a presença do
Espírito está evidente na divisão de línguas de fogo e no fato de os discípulos
falarem em outras línguas. A experiência de Jesus enfatizava uma unção
messiânica para seu ministério público pelo qual Ele pregou o Evangelho, curou
os doentes e expulsou demônios; os apóstolos agora recebem o mesmo poder do
Espírito. Derramamentos subseqüentes do Espírito em Atos são semelhantes à
experiência dos discípulos em Jerusalém. Da mesma maneira que a unção de Jesus
(Lc 3.22; 4.18) é um paradigma para o subseqüente batismo dos discípulos com o
Espírito (At 1.5; 2.4), assim, o dom do Espírito aos discípulos é um paradigma
para o povo de Deus em todos os ‘últimos dias’ de uma comunidade pentecostal do
Espírito e da condição de profeta de todos os crentes (At 2.16-21)”. NOTAS (ARRINGTON, F. L.; STRONTAD, R. Comentário bíblico
pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003, p.631.).
O avivamento contínuo da Igreja
A efusão do Espírito Santo sobre os crentes da Rua Azusa foi o centro
irradiador do avivamento que se espalhou por todo o mundo do
nosso tempo. Foi mediante a liderança do pastor Seymour que fiéis de diversos
lugares reuniram-se em um antigo galpão para buscar a presença de Deus e orar
pela conversão dos ímpios. O pastor Seymour não era pregador eloqüente, mas
anunciava a promessa pentecostal do batismo no Espírito Santo com a evidência
física inicial de falar noutras línguas. Depois, assentava-se no púlpito,
colocava o rosto entre as mãos e não parava de interceder, suplicando a Deus
que operasse no coração dos ouvintes. Enquanto orava, o poder de Deus
manifestava-se; os crentes eram batizados com o Espírito Santo; a convicção das
verdades divinas transbordava a alma, e um veemente desejo de viver em
santidade era experimentado por todos.
A pobre cidade rica de Laodicéia localizava-se no vale
do rio Lico, próximo a Colossos e Hierápolis, na interseção de duas importantes
estradas comerciais (Cl 2.1; 4.12-16). Originalmente era chamada de Diósopolis
— cidade de Zeus —, mas, após a reforma urbana feita por Antíoco II, recebeu o
nome de Laodicéia, em homenagem a Laodice, esposa do soberano. A riqueza da
cidade procedia do comércio de lã (tecidos, tapetes), dos bancos, de suas águas
termais e da produção de bálsamo para os olhos. E, quando a cidade foi
destruída por um terremoto em 60 d.C, os habitantes recusaram ajuda imperial e
reconstruíram a cidade com suas próprias riquezas a fim de mostrarem a sua
auto-suficiência. No entanto, segundo Jesus, eram miseráveis, desgraçados,
cegos e nus. Necessitavam de um avivamento bíblico, uma vez que a igreja era
indiferente espiritualmente (vv.15-16).
A carta aos laodicenses em Apocalipse segue a presente estrutura:
Remetente e Destinatário (v.14); Repreensão (vv.15-17); Exortação (vv.18-20);
Promessa (vv.21,22).
Sabemos que os crentes laodicenses são exemplos históricos e
proféticos de uma comunidade cristã sem vida e dinamismo espiritual. Quanto ao
aspecto histórico, a igreja de Laodicéia circunscreve-se ao período do Novo
Testamento, mas quanto ao profético, atravessa os séculos. No entanto, na
história da igreja cristã, muitos reformadores ansiaram por uma igreja avivada,
comprometida com as Escrituras, a evangelização, adoração e a santificação. Por
isso, reproduza o gráfico a seguir e o incremente com novas informações.
Apresente o gráfico no início do tópico V, uma vez que as “Características do
Real Avivamento” estão relacionadas aos ideais dos movimentos avivalistas.
Laodicéia era uma cidade rica e soberba, da província romana da Ásia
(hoje, Turquia). Profeticamente, figura a igreja dos “tempos trabalhosos” que
precedem a volta de Cristo, conforme descreve 2 Timóteo 3.1-9. Laodicéia é um
nome composto que, numa tradução livre, significa “direitos humanos”; “o povo
mandando”; “democracia”. Os direitos de Cristo são ignorados pelo crente e
igreja. Biblicamente, a igreja deve ser teocrática: “minha igreja”, diz o
Senhor (Mt 16.18; Is 43.1).
CRISTO E O SEU CARÁTER
A igreja de Laodicéia era material e socialmente próspera, por situar-se
em uma cidade muito rica. A Bíblia e a história mostram que, quase sempre,
quando um povo ou indivíduo prospera, costumam dar as costas para Deus. Israel
fez isso (Dt 32.15). A igreja de Laodicéia também. Neste particular, a Palavra
de Deus adverte a todos: “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o
coração” (Sl 62.10; Dt 6.10-12; Jr 17.11; Lc 12.15,20,21; 1 Tm 6.6-10).
1. Cristo, o “Amém” (v.14). Ele chama a Si mesmo “o Amém” (2 Co
1.20). Deste modo, identifica-se como Deus, que assim também é chamado no
original (Is 65.16). O termo significa “firmeza”, “certeza”, “estabilidade”,
“imutabilidade”, e daí, “verdade” absoluta. Jesus ao declarar “Eu sou a
Verdade”, usou o termo “amém”. A expressão “em verdade, em verdade” empregada
por Jesus, no original, é “amém, amém”.
2. Cristo, a testemunha fiel e verdadeira (v.14). É uma extensão do
sentido do nome divino “Amém”. Ele veio a este mundo para dar o perfeito
testemunho da Verdade (Jo 18.37). Numa igreja avivada pelo Espírito, o
testemunho de Jesus é manifesto e notório de muitas maneiras, enquanto na que
se distancia de Cristo, nada há que atraia os pecadores para serem salvos.
3. Cristo, “o princípio” da criação de Deus (v.14). Ele é o
Criador, a fonte, a origem, a razão de ser de tudo o que existe (Jo 1.3; Cl
1.16). Esta preeminência de Cristo é uma reprimenda ao orgulho dos laodicenses
de então, e de hoje. É também a maneira graciosa do Senhor Jesus assegurar a
igreja, que Ele pode recriar e fazer novas todas as coisas (Ap 21.5; Jó
14.7-9).
4. O proceder dos crentes laodicenses. “Eu sei as tuas obras”
(v.15). Antes da conversão, as obras são nulas para Deus (Ef 2.8-10; Tt
3.5), mas como efeito da salvação, agradáveis a Deus (Ef 2.10; Tt 3.8; Mt 5.16;
Ap 14.13). O Senhor sabia tudo o que os crentes de Laodicéia praticavam, a
partir do seu pastor (v.14).
A CONDIÇÃO DA IGREJA EM LAODICÉIA (vv.15-17)
Não há qualquer elogio do Senhor à igreja em Laodicéia e Sardes (v.1).
Laodicéia não foi censurada por heresia, facções ou imoralidade. O problema
daquela congregação é o mesmo de inúmeros crentes da atualidade: autojustiça,
indolência, duplicidade religiosa, transigência com o erro e auto-engano
(vv.16,17).
1. A duplicidade religiosa (vv.15,16). Era uma igreja
espiritualmente morna e que agradava a todos. O estado espiritual de Laodicéia
era deplorável. É evidente que essa igreja era morna porque o seu pastor também
o era (v.14). O rebanho, até certo ponto, é o reflexo de seu pastor ou
dirigente. Mornidão fala de duplicidade, hipocrisia, fingimento — coisas que
Deus abomina. “Aborreço a duplicidade”, diz o Salmo 119.113. A Palavra condena
a duplicidade de coração (Tg 1.8; 4.8); de ânimo (1 Tm 3.8); de linguagem (Pv
17.20; Mt 5.37); e de senhores (Mt 6.24).
2. A condição final de Laodicéia (v.17). “Um desgraçado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu”. “De nada tenho falta”, diziam. “Desgraçado”,
por estar arruinado. “Miserável”; porque perdeu o que tinha. “Pobre”, por ter
regredido. “Cego”, por estar em trevas. “Nu”, por não andar em retidão.
3. O engano da auto-suficiência humana. “De nada tenho falta”
(v.17). Este é o princípio de nossa queda. O crente avivado em Deus, nunca
estará satisfeito no sentido de não precisar mais das coisas do Senhor. Jesus
disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão
fartos” (Mt 5.6).
CRISTO, A SOLUÇÃO PARA A IGREJA (vv.18,10)
1. O conselho amoroso do Senhor. Um sábio e santo conselho deve ser
acatado e posto em prática. Trata-se de um conselho do divino Conselheiro (Is
9.6). Uma igreja sem Cristo, luz e santidade (v.20), pode ainda reconciliar-se
com o Senhor e obter tudo o que perdeu ao deixá-Lo.
2. “Ouro provado no fogo” (v.18). Corresponde a fé em Cristo (1 Pe
1.7). Essa fé não é apenas necessária à vida cristã, mas vital e essencial:
“pois o justo viverá da fé” (Rm 1.17). O profeta do avivamento, Habacuque, já
apregoara esta verdade (Hc 2.4). Sem fé não há relacionamento com Deus (Hb
11.6).
3. “Vestidos brancos” (v.18). É símbolo da justiça e santidade (Sl
132.9; Is 61.10; Ap 19.8). São dois lados do mesmo assunto. Justiça é a
santidade vista do lado humano. Santidade é esse estado do ponto de vista de
Deus. Ler Ap 19.8; 2 Co 5.21; Fp 3.9.
4. “Colírio” (v.18). Corresponde a restauração da visão espiritual
que vem pelo Espírito.
5. “Eu repreendo e castigo” (v.19). Castigo não é o mesmo que
punição, pois visa a correção (Pv 15.31). O aço e o ouro, tão necessários e
úteis, são fabricados e purificados por meio do fogo. As operações são
diferentes, mas o fogo é um só. O mesmo pode ocorrer a uma igreja desobediente
como Laodicéia.
6. “Arrepende-te” (v.19). Não há sincero arrependimento, sem que
haja mudança. Arrepender-se é voltar para Deus (Mt 21.29). O incrédulo
arrepende-se para a salvação, enquanto o crente, para endireitar a sua vida com
Deus. Esse arrependimento é precedido de “tristeza segundo Deus” (2 Co 7.10).
CRISTO, O SEU CONVITE E
PROMESSA (vv.20-22)
1. “Estou à porta e bato” (v.20). Neste texto, temos uma cena
triste e, ao mesmo tempo, a mais confortante do mundo! Cristo do lado de fora,
rejeitado pelos crentes e ansioso para entrar. Uma expulsão tríplice:
a) Expulso da nação israelita — pela rejeição;
b) Expulso pelo mundo — por meio da crucificação;
c) Expulso da igreja — mediante a insatisfação e o
mundanismo.
Mesmo assim, vemos o insondável amor de Cristo por sua igreja nos vv. 19
e 20.
2. “Se alguém” (v.20). Jesus não se dirige à igreja, mas a cada
indivíduo. Ele não força a conversão do incrédulo, nem a reconciliação do
desviado. Ele aguarda com paciência, pois somente o dono da casa pode abrir-Lhe
a porta do coração.
3. A promessa de Cristo (v.21). A promessa está restrita aos
vencedores:
a) “Ao que vencer”. A vida cristã autêntica está situada em um campo
de batalha contra as forças do Mal. Brincar de religião, de ser crente, de
igreja, é comprometer o destino eterno de si mesmo.
b) “Sentar-se comigo no meu trono”. Graça Maravilhosa! A maior promessa
dentre as sete feitas às igrejas do Apocalipse.
CARACTERÍSTICAS DE UM REAL AVIVAMENTO
O avivamento espiritual de que precisamos, como no princípio, tem como
características as seguintes expressões:
1. Contrição total pelo Espírito Santo. É neste contexto espiritual
que o avivamento se instala e o Espírito assume a primazia e predomina.
2. Amplo perdão e reconciliação (At 4.32). No primeiro avivamento
da igreja, a Bíblia diz: “Era um o coração e a alma da multidão dos que criam”.
3. Santidade de vida, dentro e fora da igreja. Se um avivamento não
resultar nessa mudança de vida, tudo não passará de mero entusiasmo,
artificialismo e emoção.
4. Renovação espiritual. Batismo com o Espírito Santo acompanhado
de línguas estranhas e manifestação dos dons espirituais.
5. Segundo o modelo da Palavra de Deus (Sl 119.25,154). Sem
inovações descabidas; distorções ou manipulação humana.
6. Amor, zelo e freqüência à Casa do Senhor. A Casa de Deus vem
sofrendo por falta de avivamento dos que a freqüentam.
Quando ou em que situação a igreja carece de um avivamento do Espírito?
Decerto, quando nela prevalecer o comodismo e a indiferença (Ez 37.9); a
sonolência espiritual (Ef 5.14); a insensibilidade (Cl 4.17; 2 Tm 1.6); o
secularismo (Rm 12.2), e, quando passa somente a defender-se do mal, em vez de
atacá-lo. Não queres hoje mesmo ser renovado pelo Espírito Santo?
As Características do Verdadeiro Avivamento
1. O verdadeiro avivamento tem a Bíblia Sagrada como a inspirada,
infalível, inerrante e completa Palavra de Deus.
2. O verdadeiro avivamento não admite qualquer outra revelação que
venha contrariar as Sagradas Escrituras, pois estas são soberanas e
irrecorríveis.
3. O verdadeiro avivamento prima pela ortodoxia bíblica e pela sã
doutrina.
4. O verdadeiro avivamento é espiritual, mas não admite o
misticismo herético e apóstata que, sob a capa da humildade, busca desviar os
fiéis das recomendações dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos do
Novo Testamento.
5. O verdadeiro avivamento prega o Evangelho completo de Nosso
Senhor, anunciando que Jesus salva, batiza no Espírito Santo, cura os enfermos,
opera maravilhas e que, em breve, haverá de nos buscar, a fim de que estejamos
para sempre ao seu lado.
6. O verdadeiro avivamento enfatiza a salvação pela graça através
do sacrifício vicário do Filho de Deus.
7. O verdadeiro avivamento é pentecostal; realça a atualidade do
batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.
8. O verdadeiro avivamento tem um firme compromisso com o imperioso
ide de Nosso Senhor Jesus Cristo, por isto não poupa recursos humanos e
financeiros na evangelização local, nacional e transcultural.
9. O verdadeiro avivamento acredita na necessidade e possibilidade
de todos os crentes viverem uma vida de santidade e inteira consagração a Deus.
10. O verdadeiro avivamento é intercessor. Leva os crentes a rogar
ao Pai Celeste por aqueles que ainda não foram alcançados pelo
Evangelho.”
NOTAS(ANDRADE, C. C. Fundamentos bíblicos de um autêntico
avivamento. RJ: CPAD, 2004, p. 187-8.).
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PAZ DO SENHOR
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