Lições
Bíblicas CPAD
Jovens 1º
Trimestre de 2016
Título:
Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina
da Salvação na carta aos Romanos
Comentarista:
Natalino das Neves
Lição 9:
Mortos para o pecado
Data: 28
de Fevereiro de 2016
TEXTO DO
DIA
“De
sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo
ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade
de vida” (Rm 6.4).
SÍNTESE
O crente
uma vez justificado, morre para o pecado e passa a ter a mente de Cristo, que
conduz sua emoção, sua vontade e seus membros para a prática da justiça de
Deus.
AGENDA
DE LEITURA
SEGUNDA
— Rm 6.1,2
O crente
não pode abusar da graça de Deus
TERÇA —
Rm 6.7
O crente
morre para o pecado na justificação
QUARTA —
Cl 2.12
O crente
é sepultado no batismo nas águas
QUINTA —
Fp 3.27
O crente
é batizado em Cristo
SEXTA —
1Co 15.54; 1Ts 4.16-18
A
glorificação de Cristo com sua ressurreição é a garantia que o crente salvo
terá um corpo glorificado
SÁBADO —
Cl 3.1-3; Ef 2.6
O crente
é ressuscitado com Cristo
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
CONSCIENTIZAR
de que após a justificação o crente deve manter uma vida de santificação;
SABER
que após a justificação o crente assume uma nova posição diante de Deus;
RECONHECER
que após a justificação o crente deve viver em novidade de vida.
INTERAÇÃO
Paulo
inicia esta perícope com um questionamento: “Que diremos, pois?”. Este
questionamento parece ser uma forma de pressentimento de objeções que pairavam
no ar sobre a doutrina da justificação pela fé. Às vezes, ao ler a epístola,
tem-se a impressão que Paulo está sendo muito repetitivo, mas se olharmos
atentamente chegaremos a conclusão de que ele está solidificando pontos que são
importantes e que não podem ficar com dúvidas, pois se não for assim, os
prejuízos poderiam ser grandes.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor(a),
para comentar sobre a luta constante que o ser humano tem entre mortificar o
desejo da carne de pecar e fortalecer o espírito fazendo a vontade de Deus,
sugerimos que utilize a ilustração abaixo, bem conhecida e disponível nas redes
sociais:
Uma
noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das
pessoas. Ele disse:
— Há uma
batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau — É a raiva,
inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa,
ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego. O outro é Bom
— É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade,
benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto
pensou nessa luta e perguntou ao avô:
— Qual
lobo vence?
O velho
índio respondeu:
— Aquele
que você alimenta.
Aproveite
a ilustração para aplicar o tema desta lição, enfatizando que o cristão somente
conseguirá morrer para o pecado se deixar de alimentar as obras da carne em sua
vida e alimentar sua alma, fazendo a vontade de Deus, como fez Jesus.
TEXTO
BÍBLICO
Romanos
6.1-8.
1 — Que
diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?
2 — De
modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?
3 — Ou
não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na
sua morte?
4 — De
sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo
ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade
de vida.
5 —
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte,
também o seremos na da sua ressurreição;
6 —
sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo
do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado.
7 —
Porque aquele que está morto está justificado do pecado.
8 — Ora,
se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;
COMENTÁRIO
DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
No texto
a ser estudado, Paulo apresenta um problema que pode surgir dependendo da
interpretação da nova posição diante de Deus, perdoado gratuitamente e livre em
Cristo. Nesta lição vamos refletir a respeito das mudanças que ocorrem com o
crente após a justificação. Veremos que após a justificação, o salvo: deve
morrer para o pecado e ocupar uma nova posição diante de Deus, andando em
novidade de vida.
I. O
JUSTIFICADO DEVE MORRER PARA O PECADO (vv.1-4,6,7)
1. A má
interpretação da justificação pela fé (v.1). A doutrina da justificação pela fé
não era tão fácil de ser assimilada por alguém que viveu anos debaixo do jugo
da Lei. Imagine um judeu que viveu a vida toda sendo ensinado que a observância
da Lei deveria ser rigorosa, pois era o único meio para se justificar diante de
Deus. Coloque-se no lugar dele. De repente, aparece um judeu que há pouco tempo
havia se convertido para uma nova religião (cristianismo), anunciando que Deus
enviou o seu Filho como ser humano, permitindo que Ele morresse em uma cruz,
levando a maldição de toda a humanidade sobre si e oferecendo o perdão gratuito
a todas as pessoas que o reconheça como Deus. Praticamente tudo o que ele havia
aprendido e tentado praticar é colocado por terra. Considere, então, ele
aceitando esta pregação do Evangelho. Alguns conversos ao cristianismo,
considerando a “facilidade” da vida na graça, continuavam ou acham que poderiam
continuar na prática do pecado, confiando no perdão imerecido de Deus.
2.
Advertência contra o abuso da graça (v.2). O comportamento libertino apontado
no tópico é a preocupação do apóstolo: “Que diremos, pois? Permaneceremos no
pecado, para que a graça seja mais abundante?” (v.1). Este problema não é
exclusivo da época da Igreja Primitiva, ainda hoje alguns cristãos interpretam
equivocadamente a ação da graça de Cristo. Estes afirmam que uma vez
justificados pela fé em Cristo, justificados para sempre. Para eles, a vida que
a pessoa leva não interferirá mais em sua salvação, pois Deus não retiraria o
dom da salvação já dado ao crente. Paulo é incisivo em sua resposta: “De modo
nenhum!” (v.2). O fato de ser justificado gratuitamente não dá o direito de
abusar da graça de Cristo (Gl 5.1,13), contrariamente, devemos ser cada vez
mais grato pela sua graciosidade e se espelhar no seu exemplo de vida. A
liberdade que Cristo nos dá não é para fazermos o que quisermos, mas para viver
uma vida genuinamente cristã.
3.
Justificados e mortos para o pecado. Conforme já visto anteriormente, o crente
em Cristo é declarado justo no tribunal de Deus, mas ao mesmo tempo o velho
homem morre legalmente, crucificado com Cristo, e ressurge como uma nova vida
em sua ressurreição (2Co 5.17). Na morte de Cristo Deus demonstra o julgamento
justo e na sua ressurreição prova sua justiça. Alguns teólogos defendem que o
crente morre e ressurge no batismo nas águas, como um sacramento obrigatório
para salvação, entretanto o crente é crucificado e morto na justificação (v.7).
O batismo nas águas é um ato público para atender uma ordenança que formaliza
simbolicamente o que já ocorreu, seu sepultamento (Cl 2.12). Entretanto, aqui
não se trata especificamente da obra do Espírito Santo (1Co 12.13; Gl 3.27). O
salvo não pode mais servir ao pecado, pois a morte do escravo o liberta de sua
escravidão (v.6).
Pense!
O fato
de estarmos justificados pela graça de Cristo, não nos dá o direito de
abusarmos da liberdade em Cristo, mas sim seguirmos o exemplo de vida de Jesus.
Ponto
Importante
O
apóstolo Paulo parece ser repetitivo no ensino sobre a doutrina da justificação
pela fé, entretanto, o que pode ser percebido é a dedicação do apóstolo para
não deixar brecha para más interpretações ou abusos dos crentes.
II.
MORTOS PARA O PECADO (vv.3-11)
1.
Conhecendo a nova posição em Cristo (vv.3,5-7,9). O batismo nas águas já
citado, é uma bela representação da nova posição do salvo em Cristo (v.3),
morto para o pecado (debaixo da água) justificado e reconciliado com Deus (ao
sair da água). O crente justificado sendo sepultado pela morte para o pecado e
surgindo para uma nova vida em Cristo, uma nova disposição na relação com Deus.
Esta nova posição assegura a vida eterna com Deus, mas também exige uma
aproximação com a vida de obediência de Cristo, não priorizando a si mesmo e
seus desejos, mas o bem da coletividade, o Reino de Deus. Uma nova identidade,
não mais relacionada ao primeiro Adão, mas da descendência de Cristo, o segundo
Adão, e membro de sua família. Esta nova vida, não significa que o crente nunca
mais irá pecar, mas que não viverá na prática do pecado, como seu escravo.
Portanto, uma vez justificados (instantaneamente), sigamos a santificação
(processo contínuo) durante toda a vida ou até o arrebatamento da Igreja.
2.
Vivificados em Cristo (vv.8-11). A nova vida com Cristo é uma vida separada e
de intimidade, vivida com o propósito de nunca mais morrer espiritualmente.
Identificados com a morte de Cristo, da mesma forma que Ele sofreu pelo
evangelho, o salvo também passará por aflições (Jo 16.33). Todavia, acima de
tudo, também identificados com sua ressurreição (v.5-7), em que teve a vitória
decisiva sobre o pecado e retorna com o corpo glorificado de igual modo garante
ao salvo a transformação do corpo corruptível em um corpo incorruptível, como o
de Cristo (1Co 15.54; 1Ts 4.16-18). Mas a promessa não é somente para o futuro,
o presente também é contemplado, pois a nova vida não é conquistada pela
própria força, mas pela graça de Cristo que sustenta o fiel, até o ponto de
suportar as diversas adversidades (Rm 8.35). Como instrui a palavra do apóstolo
para Timóteo, quando este se achava só no ministério: “fortifica-te na graça
que há em Cristo Jesus” (2Tm 2.1).
3.
Embaixadores de Cristo na Terra. Cristo cumpriu sua missão e retornou ao Pai,
porém, como Igreja não nos retirou do mundo (Jo 17), mas deixou-nos para
representar-lhe, anunciando seu evangelho. Morto e vivificado com Cristo, o
cristão vive agora guiado pelo Espírito Santo, como embaixador de Cristo,
conforme Paulo afirma à igreja de Corinto: “isto é, Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós
a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo,
como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos
reconcilieis com Deus” (2Co 5.19,20). Quem era condenado e sem esperança, passa
a ser embaixador de Deus, anunciando o poder do Evangelho, revelação da justiça
de Deus que transforma o ser humano e o prepara para a vida eterna.
Pense!
Você tem
sido grato pela sua nova posição diante de Deus?
Ponto
Importante
O
batismo é a formalização pública que simboliza o sepultamento do crente, que já
morreu para o pecado em sua justificação.
III.
MORTO PARA O PECADO E EM NOVIDADE DE VIDA (vv.12-14)
1. Quem
reina na nova vida não é mais o pecado (v.12). O cristão ao receber a nova
natureza durante o processo da justificação não aceita mais o reinado do
pecado, não sente mais prazer em se submeter aos seus próprios desejos, mas sua
consciência é orientada pelo Espírito Santo que o convence do pecado, da
justiça e do juízo (Jo 16.8-11). Na época do apóstolo, se dizer cristão era
risco de morte e de, no mínimo, preconceito. Atualmente, tem se tornado em
determinados meios até “chique” se dizer evangélico ou “gospel”. Algumas
pessoas têm se infiltrado na comunidade evangélica, se dizendo convertidas, mas
com propósito de explorar as ovelhas do aprisco de Jesus. Fazem toda a pose
teatral nas igrejas, mas fora delas continuam com a mesma vida de antes. No
entanto, a orientação bíblica é que, uma vez justificado, o crente deve andar
em novidade de vida, embora ainda com o corpo de pecado e morte (Rm 6.11;
7.24).
2.
Libertando os membros do corpo do domínio do pecado (vv.13,14a). A intimidade
com Cristo leva a uma mudança de mentalidade, em que as coisas que agradam a
Deus são as que passam a orientar a vontade e as atitudes do crente. No nosso
corpo físico, os membros atendem os comandos do cérebro (mente). No sentido
espiritual não é diferente, pois uma vez tendo a mente de Cristo conduz-nos por
completo à vontade de Deus. A pessoa que tem a mente de Cristo discerne as
coisas espirituais, mesmo no mundo material e usa os membros do corpo a serviço
da justiça (2Co 2.14,15). O “velho homem” tinha uma mente insubmissa ao
Espírito Santo e entregue ao domínio do pecado, mas o salvo submete sua mente
ao controle do Espírito Santo, assim a paz de Deus, que excede todo
entendimento, guarda seu coração e seus sentimentos (Fp 4.6-7) e,
consequentemente, conduz seus membros para a prática da justiça.
Pense!
Quem
está reinando em sua vida? Ao analisar as características de quem vive uma vida
vitoriosa debaixo da graça, você consegue se incluir nesta forma de vida?
Ponto
Importante
A mente
do crente justificado é renovada e dirigida pela intuição do Espírito, que
passa a conduzir a emoção, a vontade e os membros do seu corpo físico para a
prática da justiça.
CONCLUSÃO
Nesta
lição, aprendemos que o apóstolo tinha uma preocupação que o incomodava: a
possibilidade de má interpretação da doutrina da justificação pela fé e a
prática da libertinagem. Por isso, reforça a necessidade da santidade.
ESTANTE
DO PROFESSOR
HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
HORA DA
REVISÃO
1. Qual
a preocupação do apóstolo quanto à má interpretação sobre a doutrina da
justificação pela fé expressada em Romanos 6.1,2?
A
preocupação do apóstolo é que as pessoas, em especial os judeu-cristãos,
pudessem entender que a “facilidade” da justificação pela fé, sem obras,
liberasse o crente para pecar, confiante no perdão gratuito de Deus.
2. A
nova posição do crente justificado significa que ele não mais pecará? Explique:
A nova
posição do crente justificado diante de Deus não significa que o crente nunca
mais irá pecar, mas que não viverá na prática do pecado, como seu escravo.
3. Qual
o texto bíblico em que Paulo afirma que somos embaixadores de Cristo?
Paulo
afirma que somos embaixadores de Cristo em 2 Coríntios 5.20: “isto é, Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus
pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos
embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos,
pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus”.
4. De
acordo com a lição, o que acontece quando uma pessoa tem a mente de Cristo?
A pessoa
que tem a mente de Cristo, permite que o Espírito Santo conduza sua emoção, sua
vontade e os membros do corpo físico. A pessoa discerne as coisas espirituais,
mesmo no mundo material e usa os membros do corpo a serviço da justiça (2Co
2.14-15).
5. Qual
a orientação dada na lição para as pessoas que querem viver uma vida vitoriosa
debaixo da graça de Cristo?
Quem
quer viver uma vida vitoriosa debaixo da graça de Cristo precisa aprender a
primar por um bom testemunho (Cl 4.5), seguir a paz com todos, santificação e
sem raiz de amargura (Hb 12.14,15), perdoar (Ef 4.32), amar com amor fraternal
e dar honra aos outros (Rm 12.10), dentre outras atitudes incentivadas pela
Bíblia.
SUBSÍDIO
Romanos
6
“Vv.1,2.
O apóstolo é muito completo ao enfatizar a necessidade da santidade. Não a
elimina ao expor a livre graça do Evangelho, mas mostra que a conexão entre
justificação e a santidade é inseparável. O pensamento de continuar em pecado
para que a graça abunde, deve ser aborrecido. Os crentes verdadeiros são mortos
para o pecado, portanto, não devem segui-lo. Ninguém pode estar vivo e morto ao
mesmo tempo. Néscio é quem, desejando estar morto para o pecado pensa que pode
viver nele.
Vv.3-10.
O batismo ensina a necessidade de morrer para o pecado, e viver em relação a
toda a obra ímpia e iníqua como se tivesse sido sepultado, e ressuscitar para
andar com Deus em uma nova vida. Os professos ímpios podem ter o sinal exterior
de uma morte para o pecado e de um novo nascimento para a justiça, mas nunca
saíram da família de Satanás para a família de Deus.
A
natureza corrupta, chamada velho homem, porque derivou de Adão, o nosso
primeiro pai, em todo crente verdadeiro esta crucificada com Cristo, pela graça
derivada da cruz. Está enfraquecida e em estado moribundo, mesmo que ainda lute
pela vida, e até pela vitória. Porém, todo o corpo do pecado, seja o que for
que não concorde com a santa lei de Deus, deve ser abandonado para que o crente
não seja mais escravo do pecado, mas viva para Deus e encontre alegria em seu
serviço” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2002, p.931).
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PAZ DO SENHOR
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