A DOUTRINA DA MORTE
Salmos
39.4-7; 90.4-6,10,12.
Salmos
39
4 - Faze-me
conhecer, SENHOR, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta
quanto sou frágil.
5 - Eis
que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada
diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente
vaidade.
6 - Na
verdade, todo homem anda como uma sombra; na verdade, em vão se inquietam;
amontoam riquezas e não sabem quem as levará.
7 - Agora,
pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti.
Salmos
90
4 - Porque
mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como vigília da
noite.
5 - Tu
os levas como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de
madrugada;
6 - de
madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca.
10 - A
duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam
a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e
nós voamos.
12 - Ensina-nos
a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio.
1.
O DILEMA EXISTENCIAL HUMANO
Toda
criatura humana enfrenta esse dilema. Não foi sua escolha vir ao mundo, mas não
consegue fugir à realidade do fim de sua existência. O dilema existencial
resulta da realidade da morte que tem que ser enfrentada. Em Eclesiastes, o
pregador diz: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó voltarão”,
Ec 3.20,21. São palavras da Bíblia e não de nenhum materialista contemporâneo.
Quanto à realidade da vida e da morte, o homem é, dentro da criação, o único
que sabe que vai morrer. Analisemos alguns sistemas filosóficos os quais discutem
esse assunto.
1.
Existencialismo.Seu
interesse é, essencialmente, com as questões inevitáveis de vida e morte.
Preocupa-se com a vida, mas reconhecem a presença da morte constante na
existência humana. Os seus filósofos vêem a morte como o fim de uma viagem ou
como um perpétuo acompanhante do ser humano desde o berço até a sepultura. Para
eles, a morte é um elemento natural da vida.
Ora,
essas idéias são refutadas pela Bíblia Sagrada. A morte nada tem de natural. É
algo inatural, impróprio e hostil à natureza humana. Deus não criou o ser
humano para a morte, mas ela foi manifestada como juízo divino contra o pecado
(Rm 1.32). Foi introduzida no mundo como castigo positivo de Deus contra o
pecado (Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12,17; Rm 6.23; 1 Co 15.21; Tg 1.15).
2.
Materialismo.Não
admite as coisas espirituais. Do ponto de vista dos materialistas, tudo é
matéria. Entendem que a matéria é incriada e indestrutível substância da qual
todas as coisas se compõem e à qual todas se reduzem. Afirmam ainda que, a
geração e a corrupção das coisas obedecem a uma necessidade natural, não
sobrenatural, nem ao destino, mas às leis físicas. Portanto, o sentido
espiritual da morte não é aceita pelos materialistas.
O
cristão verdadeiro não foge à realidade da morte, mas a enfrenta com confiança
no fato de que Cristo conquistou para Ele a vida após a morte — a vida eterna
(Jo 11.25).
3.
Estoicismo.Os
estóicos seguem a idéia fatalista que ensina que a morte é algo natural e
devemos admiti-la sem temê-la, uma vez que o homem não consegue fugir do seu
destino.
4.
Platonismo.O
filósofo grego Platão ensinava que a matéria é má e desprezível, só o espírito
é que importa. Porém, não é assim que a Bíblia ensina. O corpo do cristão, a
despeito de ser uma casa material, temporária e provisória, é templo do
Espírito Santo (1 Co 3.16,17). Somos ensinados a proteger o corpo para a
manifestação do Espírito de Deus.
1.
DEFINIÇÃO BÍBLICA PARA A MORTE
1. O
sentido literal e metafórico da palavra morte.
2.
3.
a) Separação.No
grego a palavra morte é thanatosque
quer dizer separação. A morte separa as partes materiais e imateriais do ser
humano. A matéria volta ao pó e a parte imaterial separa-se e vai ao mundo dos
mortos, o Sheol-Hades,
onde jaz no estado intermediário entre a morte e a ressurreição (Mt 10.28; Lc 12.4;
Ec 12.7; Gn 2.7).
4.
b) Saída ou partida.A morte
física é como a saída de um lugar para outro (Lc 9.31; 2 Pe 1.14-16).
5.
c) Cessação.Cessa a
existência da vida animal, física (Mt 2.20).
6.
d) Rompimento.Ela
rompe as relações naturais da vida material. Não há como relacionar-se com as
pessoas depois que morrem. A idéia de comunicação com pessoas que já morreram é
uma fraude diabólica.
7.
e) Distinção.Ela
distingue o temporal do eterno na vida humana. Toda criatura humana não pode
fugir do seu destino eterno: salvação ou perdição (Mt 10.28).
8.
9. O
sentido bíblico e doutrinário da morte.
10.
11.
a) A morte como o salário do pecado (Rm
6.23).O pecado, no contexto desse versículo, é representado pela
figura de um cruel feitor de escravos que dá a morte como pagamento. O salário
requerido pelo pecado é merecidamente a morte. Como pagamento, a morte não
aniquila o pecador. A verdade que a Bíblia nos comunica é que a morte não é a
simples cessação da existência física, mas é uma conseqüência dolorosa pela
prática do pecado, seu pagamento, a sua justa retribuição. Quando morre, o
pecador está ceifando na forma de corrupção aquilo que plantou na forma de
pecado (Gl 6.7,8; 2 Co 5.10). Portanto, a morte física é o primeiro efeito
externo e visível da ação do pecado (Gn 2.17; 1 Co 15.21; Tg 1.15).
12.
b) A morte é sinal e fruto do pecado.O homem
vive inevitavelmente dentro da esfera da morte e não pode fugir da condenação.
Somente quem tem a Cristo e o aceitou está fora dessa esfera. Só em Cristo o
homem consegue salvar-se do poder da morte eterna. Tiago mostra-nos uma relação
entre o pecado e a morte, quando diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e
engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência
concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”, Tg
1.14,15. O pecado, portanto, frutifica e gera a morte.
13.
c) A morte foi vencida por Cristo no
Calvário.A resposta única, clara, evidente e independente de quaisquer
idéias filosóficas a respeito da morte é a Palavra de Deus revelada e
pronunciada através de Cristo Jesus no Calvário (Hb 1.1). Cristo é a última
palavra e a única solução para o problema do pecado e a crueldade da morte (Rm
5.17).
III.
TIPOS DISTINTOS DE MORTE
A
Bíblia fala de três tipos distintos de mortes: física, espiritual e eterna.
1.
Morte física.O texto
que melhor elucida esta morte é 2 Sm 14.14, que diz: “Porque certamente
morreremos e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais”.
O que acontece com o corpo morto quando é sepultado? Depois de alguns dias,
terá se desfeito e esvaído como águas derramadas na terra. E isso que a morte
física acarreta literalmente.
2.
Morte espiritual.Este
tipo tem dois sentidos na perspectiva bíblica: negativo e positivo. No sentido
negativo, a morte pode ser identificada pela expressão bíblica “morte no
pecado”. E um estado de separação da comunhão com Deus. Significa estar debaixo
do pecado, sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O seu efeito é presente e futuro. No
presente, refere-se a uma condição temporal de quem está separado da vida de
Deus (Ef 4.18). No futuro, refere-se ao estado de eterna separação de Deus, o
que acontecerá no Juízo Final (Mt 25.46).
No
sentido positivo é a morte espiritual experimentada pelo crente em relação ao
mundo. Isto é: a sua pena do pecado foi cancelada e, agora vive livre do
domínio do pecado (Rm 6.14). Quanto ao futuro, o cristão autêntico terá a vida
eterna. Ou seja: a redenção do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).
3.
Morte eterna.É
chamada a segunda morte, porque a primeira é física (Ap 2.11). Identificada como
punição do pecado (Rm 6.23). Também denominada castigo eterno. E a eterna
separação da presença de Deus — a impossibilidade de arrependimento e perdão
(Mt 25.46). Os ímpios, depois de julgados, receberão a punição da rejeição que
fizeram à graça de Deus e, serão lançados no Geena(Lago de Fogo) (Ap 20.14,15; Mt
5.22,29,30; 23.14,15,33). Restringe-se apenas aos ímpios (At 24.15). Esse tipo
de morte tem sido alvo de falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia.
A morte
é a prova máxima da fé cristã, que produz nos crentes uma consciência de
vitória (1 Pe 4.12,13). Os sofrimentos e aflições dessa vida são temporais, e
aperfeiçoam nossa esperança para enfrentar a morte física, que se constitui num
trampolim para a vida eterna. Ela se torna a porta que se abre para o céu de
glória. Quando um cristão morre, ele descansa, dorme (2 Ts 1.7). Ao invés de
derrota, a morte significa vitória, ganho (Fp 1.21). A Bíblia consola o cristão
acerca dos mortos em Cristo quando declara que a morte do crente “é agradável
aos olhos do Senhor”, Sl 116.15. Diz também, que morrer em Cristo é estar
“presente com o Senhor”, 2 Co 5.8.
Podemos apresentar quatro razões bíblicas
para a morte:
1.
Necrológica.A
palavra nekros(no
grego) quer dizer “morto” e refere-se àquilo que não tem vida, seja um cadáver
ou matéria inanimada. Essa palavra tem na sua raiz nek o sentido de
“calamidade”, “infortúnio”, e passou a fazer parte do vocabulário médico para
indicar o estado de morte de uma pessoa, ou então, para significar o processo
de morte dalguma parte do corpo, devido a alguma doença. Do ponto de vista da
Bíblia, necrológico indica a parte física do homem, seu corpo (soma). A Carta aos Hebreus
fala da separação que a morte faz entre o corpo e a parte espiritual do homem, quando
diz: “E como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso o
juízo” (Hb 9.27). Esse texto indica que há algo que sobrevive no homem após a
morte, ou seja, após a necrose do seu corpo.
2.
Antropológica.Vem
de antropos(no
grego) que quer dizer “homem”, para fazer diferença com os animais irracionais.
E o homem criado por Deus com a capacidade de pensar, sentir e realizar (Gn
1.26,27; 2.7). Na antropologia bíblica o corpo humano é visto como uma dádiva
de Deus ao homem e, por isso, o corpo tem a sua própria dignidade. Do ponto de
vista bíblico é dignificado pela sua razão de ser, como instrumento de serviço
e glorificação do Criador. Por isso, é o templo do Espírito de Deus (1 Co 3.16;
6.19). Portanto, a razão antropológica nesse sentido refere-se ao que o homem
é, o que pensa acerca da morte, como ele a enfrenta e o que sobrevive dele
depois da morte.
3. Pneumatológica.Essa é
a parte espiritual do homem. A palavra pneumarefere-se
ao espírito. Em primeiro lugar, valorizamos o corpo físico e a sua dignidade na
existência humana; em segundo, tratamos do homem como ser racional; em terceiro
lugar, preocupamo-nos em revelar o milagre da transformação do corpo físico do
crente em corpo espiritual. Nossos corpos materiais e mortais serão ressuscitados
em “soma pneumatikon”,
isto é, “corpo espiritual” (1 Co 15.54). A nossa esperança é que Cristo
ressuscitou primeiro e definitivamente e, assim. Ele é o “primogênito dentre os
mortos” (Cl 1.18; Ap 1.5). Ele ganhou a vitória final sobre a morte, o túmulo e
o Diabo (At 2.24).
4.
Escatológica.Nesse
ponto reside a preocupação com a esperança. Qual é a esperança cristã? E a
ressurreição de nossos corpos na vinda do Senhor, a transformação dos mesmos se
estivermos vivos no arrebatamento da Igreja. (Ver 1 Co 15.54.)
As
falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia sobre a morte eterna para
os ímpios:
A
teoria universalista ensina que Deus é bom demais para excluir alguém. Jesus
morreu por todos, por isso, todos serão salvos. A teoria restauracionista
ensina que Deus, ao final de todas as coisas, restaurará todas as coisas e
todos, enfim, serão salvos. A teoria do purgatório ensina que, quando uma
pessoa morre neste mundo, tem a oportunidade de recuperação num período
probatório. Nesse período, a culpa dos pecados cometidos poderá ser aliviada
enquanto aquele pecador paga por seus pecados, tendo, ainda, a ajuda das
orações pelos mortos da parte dos amigos e parentes. Outra teoria é a da
aniquilação. Seus adeptos tomam por base 2 Ts 1.8,9. Destacam a expressão “eterna
perdição” e a traduzem por eterna extinção. A palavra “extinguir” no lugar de
“aniquilar” dá uma idéia que contraria a doutrina do castigo eterno como
ensinada na Bíblia. De fato, o sentido real da expressão é de banimento da
presença de Deus, e não de extinção, como a folha de papel se extingue no fogo.
fonte CPAD
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PAZ DO SENHOR
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