A Ceia do Senhor é um ato de suma
importância, em si mesmo e na vida do crente. Ela não é um mero símbolo, mas
sim uma das verdades centrais da nossa fé. A Santa Ceia lembra a paixão e a
morte de Cristo em nosso lugar, bem como a sua segunda vinda. Tendo em vista
suas verdades bíblico-teológicas, cabe-nos tomar assento à mesa do Senhor com
solenidade e redobrada reverência.
I. O QUE É A SANTA CEIA
A Santa Ceia não é apenas um ato
celebrado pela igreja, mas também uma proeminente doutrina bíblica. Em geral,
todos sabem como proceder, todavia poucos conhecem a doutrina, pois depende do
estudo da Palavra.
A Bíblia afirma que Paulo recebeu o
ensino da Santa Ceia diretamente do Senhor: "Porque eu recebi do Senhor o
que também vos ensinei" (v.23). Provavelmente ele o tenha recebido durante
os três anos em que estivera a sós com Deus na Arábia, sobre os quais as
Escrituras silenciam (Gl 1.11,12,15-17).
São duas as ordenanças da Igreja Cristã
originadas do ministério terreno de Nosso Senhor Jesus Cristo: o batismo e a
Santa Ceia. Com o seu batismo, no rio Jordão, Ele iniciou o seu glorioso
ministério (Mt 3.13-16), encerrando-o com a instituição da Santa Ceia, sua
paixão e morte redentora (Mt 26.26-30). Enquanto o batismo fala da nossa fé em
Cristo e ocorre apenas uma vez na vida do crente (Mc 16.16), a Ceia do Senhor
diz respeito à nossa comunhão com Ele, e deve ser sempre renovada (Lc
22.14,15).
1. Definição e designações. A Santa
Ceia é uma ordenança da Igreja, instituída por Jesus na noite em que ele foi
traído. Na Bíblia, ela é chamada de "Ceia do Senhor" (1 Co 11.20) e
"comunhão do corpo e do sangue de Cristo" (1 Co 10.16).
2. Ordenança ou sacramento. A Ceia do
Senhor é conhecida pelos evangélicos como ordenança, por constituir-se numa
ordem dada por Cristo aos santos apóstolos.
Os católicos romanos e certas alas do
protestantismo costumam denominá-la de sacramento.
II. OS ELEMENTOS DA SANTA CEIA
São elementos da Santa Ceia o pão e o
vinho por representarem, respectivamente, o corpo e o sangue do Senhor Jesus.
1. O pão. Por ser este alimento o
símbolo da vida, Jesus assim identificou-se aos seus discípulos: "Eu sou o
pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá
sede" (Jo 6.35). Por conseguinte, quando o pão é partido, na celebração da
Ceia, vem-nos à memória o sacrifício vicário de Cristo, através do qual Ele
entregou a sua vida em resgate da humanidade caída e escravizada pelo Diabo.
2. O vinho. Identificado na Bíblia como
"fruto da vide" e "cálice do Senhor" (Mt 26.29; 1 Co
11.27), o vinho na Ceia lembra-nos o sangue de Cristo vertido na cruz para
redimir a todos os filhos de Adão: "Sabendo que não foi com coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por
tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como
de um cordeiro imaculado e incontaminado" (1 Pe 1.18,19). Portanto, o pão
e o vinho são, biblicamente, o memorial do Calvário; representam o corpo e o
sangue de Cristo, oferecidos por Ele como sacrifício expiatório para
redimir-nos de nossos pecados. É a explicita, profunda e confortadora
simbologia das Sagradas Escrituras.
III. LIÇÕES DOUTRINÁRIAS DA SANTA CEIA
Vejamos algumas das lições ou ensinos
doutrinários da Ceia do Senhor até a volta de Jesus.
1. A Santa Ceia é um mandamento do
Senhor. Ele ordenou por duas vezes: "fazei isto em memória de mim"
(vv.24,25).
2. É um memorial divino. "Em
memória de mim" (vv.24,25). É um memorial da morte do Cordeiro de Deus em
nosso lugar (1 Pe 1.18,19; Jo 1.29). Como tal, a Santa Ceia comemora algo já
realizado (Lc 22.19).
Assim como a sociedade, o governo, o
povo, as instituições particulares têm seus memoriais, aos quais estimam,
honram e preservam, nós temos muito mais razão, dever, direito e prazer de
sempre participar da Ceia do Senhor.
3. É uma profecia a respeito da volta
de Jesus. "Anunciais a morte do Senhor até que venha" (v.26). A
igreja ao celebrar a Ceia do Senhor, está também anunciando a todos a sua
vinda. "E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até
àquele Dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai" (Mt 26.29).
4. Deve ser precedida de auto-exame do
participante (v.25). Trata-se do auto-julgamento do cristão diante de Deus,
quanto ao seu estado espiritual (v.31). Esse auto-exame deve ser feito com o
auxílio do Espírito Santo e tendo a nossa consciência alinhada às Escrituras.
5. A ceia do Senhor e o discernimento
espiritual do crente. Participar da Ceia sem discernir "o corpo do
Senhor" (v.29), é ter os santos elementos da Ceia como coisas comuns, e
não como emblemas do corpo e do sangue de Cristo.
6. É uma ocasião propícia ao
recebimento de bênçãos. "O cálice de bênção que abençoamos não é a
comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é, porventura, a comunhão
do corpo de Cristo?" (10.16). Portanto, Deus pode derramar copiosas
bênçãos no momento da ceia. Houve milagres na preparação da primeira Ceia (Lc
22.10-13).
7. A Santa Ceia é um momento de
gratidão a Deus. Na Ceia do Senhor todo crente deve ser agradecido. "E
tendo dado graças" (v.24). Em todos os registros da Ceia vemos ação de
graças a Deus: 1 Co 11.24; Mt 26.27; Mc 14.23; Lc 22.19.
8. A Santa Ceia é para os discípulos do
Senhor. Conforme Lucas 22.14, Jesus levou apenas os Doze para a mesa da Páscoa,
seguida da Ceia do Senhor. Se a Ceia fosse para qualquer um, Ele teria chamado
a todos sem distinção. A Santa Ceia é para os santos em Cristo Jesus.
9. É um momento de profunda e solene
devoção e louvor a Deus. "E, tendo cantado um hino" (Mt 26.30). Como
Jesus cantou à sombra da sua cruz, não podemos compreender, nem explicar!
10. A Santa Ceia é alimento espiritual.
Toda ceia destina-se a alimentar. Devemos participar desse Santo Memorial
convictos, pela fé e esperança de que seremos novamente alimentados
espiritualmente.
11. A Ceia do Senhor condena a
duplicidade religiosa. "Não podeis ser participantes da mesa do Senhor e
da mesa dos demônios" (10.21). A Santa Ceia é incompatível com a
duplicidade da vida espiritual do cristão (Sl 119.113; Mt 6.24; 2 Co 6.14).
Tendo em mente o exposto, devemos
sentar-nos à mesa do Senhor, com discernimento, temor de Deus e humildade.
Conscientizemo-nos, pois, de que, ali, não estão meros símbolos, mas o sublime
memorial da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Caso contrário,
seremos contados como réus diante de Deus. Que o Senhor nos guarde a todos, por
sua graça.
"A importância da Ceia do Senhor:
1. Passado. É um memorial da morte de
Cristo no Calvário, para redimir os crentes do pecado e da condenação. Através
da Ceia do Senhor, vemos mais uma vez diante de nós a morte salvífica de Cristo
e seu significado redentor para a nossa vida. A morte de Cristo é nossa
motivação maior para não cairmos em pecado e para nos abstermos de toda a
aparência do mal (1 Ts 5.22).[...]
2. Presente. É um ato de comunhão com
Cristo e de participação nos benefícios da sua morte sacrificial e, ao mesmo
tempo, comunhão com os demais membros do corpo de Cristo (10.16,17). Nessa
ceia, com o Senhor ressurreto, Ele, como anfitrião, faz-se presente de modo
especial (cf. Mt 18-20; Lc 24.35). [...]
3. Futuro. É um antegozo do reino
futuro de Deus e do banquete messiânico futuro, quando então, todos os crentes
estarão presentes com o Senhor (Mt 8.11; 22.1-14). Na Ceia do Senhor, toda essa
importância acima mencionada só passa a ter significado se chegarmos diante do
Senhor com fé genuína, oração sincera e obediência à Palavra de Deus e à sua
vontade".(Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. p.1753)
Sem dúvida alguma, a essência da Santa
Ceia é a comunhão. Comunhão significa ter algo em comum com alguém. No âmbito
espiritual, é indispensável que a Igreja, como Corpo de Cristo, possua algumas
características em comum, tais como: "um só corpo, um só espírito, um só
Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos." (Ef 4.4-6).
Jamais deveríamos nos esquecer de que a
Igreja de Cristo é um lugar onde, embora se manifeste uma diversidade de
características físicas e culturais, a unidade é fundamental. Unidade na
diversidade. Diversidade de dons, ministérios, talentos, mas unidade na
doutrina, na fé e no Espírito.
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PAZ DO SENHOR
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