INOVAÇÕES E MODISMO
Gálatas 1.8-10; 1
Pedro 1.13-16.
Gálatas
1
8
- Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além
do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
9
- Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos
anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
10
- Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se
estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.
1
Pedro 1
13
- Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,
14
- como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes
havia em vossa ignorância;
15
- mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a
vossa maneira de viver,
16
- porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
Os modismos e desvios doutrinários constituem
grandes desafios para a igreja destes últimos dias, por contrariarem os
princípios doutrinários esposados nas Sagradas Escrituras. É dever de todo
crente sincero e temente a Deus, preservar a sã doutrina.
Nesta
lição, estudaremos algumas dessas inovações nas áreas doutrinárias,
ministeriais e litúrgicas.
I.
INOVAÇÕES DOUTRINÁRIAS
1.
O restauracionismo. Trata-se de uma inovação teológica que procura adaptar, aos
dias atuais, os ensinos, ritos e costumes do antigo concerto entre Deus e
Israel. É o velho fermento dos fariseus e judaizantes (Mt 16.11; 1 Co 5.6,7; Cl
5.9). Eis os seus principais ensinos:
a)
A guarda do sábado. Certos “mestres” ensinam que os cristãos devem guardar o
sábado. Essa prática é uma forma de retorno ao judaísmo. A guarda do sábado é
um “concerto perpétuo” somente para Israel (Êx 31.14-17; Lv 23.31,32; Ez
20.12,13,20). Lembremos que Paulo exortou os crentes da Galácia sobre o perigo
das práticas judaizantes na igreja (Gl 1.6-9; 3.1-3).
b)
O ritual da circuncisão. Em Atos dos Apóstolos, lemos que os cristãos judeus
tentaram coagir os cristãos gentios a circuncidarem-se, conforme a lei de
Moisés. Segundo diziam, a salvação dependia, exclusivamente, desse ato
litúrgico (At 15.1). Condicionavam a salvação em Cristo à observação dos
rituais mosaicos, considerados nulos pelo Novo Testamento (Hb 8.13; 9.15-17;
cf. Mt 9.16,17).
Na
Nova Aliança, não há nenhuma necessidade de os crentes circuncidarem-se para
serem salvos. A salvação é dada aos homens gratuitamente, por meio da fé na
graça redentora de Jesus Cristo. Vejamos o que a Bíblia ensina sobre a
circuncisão em Rm 2.28,29; 1 Co 7.18,19; Cl 5.6; 6.15.
c)
Festas de Israel. Certas igrejas são ensinadas a celebrar as festas dos
Tabernáculos (Lv 23.34; Dt 16.13), da Colheita (Êx 23.16; 34.22) e da Páscoa.
Tais celebrações, juntamente com outras quatro mencionadas na Bíblia, eram
consideradas sagradas e específicas do povo judeu.
A
igreja não precisa festejar a páscoa judaica, uma vez que Cristo é a nossa
páscoa (1 Co 5.7). Ela deve, sim, celebrar a Ceia do Senhor, que é uma festa
genuinamente cristã, e que comemora o Novo Pacto inaugurado com o sangue de
Jesus (1 Co 11.20,25; At 2.42).
2.
O evangelho da prosperidade material. Os adeptos deste ensino acreditam que
todo crente deve ser rico e jamais adoecer. Caso contrário, o cristão está em
pecado ou não tem fé. Vejamos alguns desses ensinos:
a)
Autoridade espiritual. Essa falsa doutrina afirma que o crente tem autoridade
espiritual porque é a própria encarnação de Deus, assim como Jesus o foi. Os
proponentes desse ensino chegam ao absurdo de dizer que o cristão não tem um
“deus” dentro dele, mas ele mesmo é “um Deus”. Todavia, aprendemos com a Bíblia
que a autoridade que Deus concede a seus servos deriva-se de sua Palavra, e não
daquilo que os homens ensinam à parte dela.
b)
“Pobreza é maldição”. Assim como a riqueza nem sempre é uma bênção (Mc 19.23;
Pv 30.9), pobreza não é maldição (Mt 26.11; Mc 14.7; Dt 15.11; Jo 12.8).
Segundo as Escrituras, os que desejam ser ricos caem em tentação, laço e muitas
concupiscências (1 Tm 6.6-10). Todavia, devemos ser ricos de boas obras (1 Tm
6.18,19), pois Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e
herdeiros do Reino (Tg 2.5).
c)
Confissão positiva. Segundo os teólogos da prosperidade, se um crente disser
que no prazo de um mês conseguirá um carro zero, isso terá de acontecer.
Afirmam que para ser curado é só dizer que não aceita a doença. De acordo com
essa falsa doutrina, o cristão nunca deve orar pedindo que se faça a vontade de
Deus. No entanto, devemos seguir o exemplo de Jesus (Lc 22.42).
3.
A verdadeira prosperidade. Não há problema em ser próspero. Na Bíblia, há
várias promessas de prosperidade e saúde. Além disso, precisamos ter muito
cuidado para não trocarmos a teologia da prosperidade pela teologia da pobreza.
Ambas são nocivas à vida espiritual. Vejamos algumas formas de prosperidade
mencionadas na Bíblia:
a)
A prosperidade espiritual. A prosperidade espiritual deve vir em primeiro lugar
(Sl 112.3; Sl 73.23-28). Entre outras preciosas bênçãos, inclui: a salvação em
Cristo; o batismo no Espírito Santo; o nome escrito no Livro da Vida e a
herança com Cristo (Rm 8.17; Ef 1.3).
b)
Prosperidade em tudo. As bênçãos materiais prometidas a Israel no Antigo
Testamento estavam condicionadas à obediência a Palavra de Deus (Dt 28.1-14), e
não à “confissão positiva”. Da mesma forma, o Senhor tem prometido muitas
bênçãos à Igreja, porém, todas elas dependem de nossa submissão às Sagradas
Escrituras (Sl 1.1-3; Dt 29.29). Isso não significa, necessariamente, que o
cristão enfermo e que passe por necessidades materiais seja infiel a Deus, pois
a prosperidade não se restringe aos valores terrestres e passageiros, mas
contempla principalmente os valores eternos (Sl 37.5; Pv 30.7-9).
II.
INOVAÇÕES E MODISMOS MINISTERIAIS
1.
A síndrome do “carro novo” (2 Sm 6.1-3). Ao trazer a Arca do Senhor para
Jerusalém, Davi não atentou para um detalhe importante: nada poderia ser
modificado ou inovado em relação ao modo de lidar com aquele objeto sagrado. A
despeito disso, a Arca foi colocada sobre um carro de bois em vez de ser
conduzida nos ombros dos sacerdotes. Por que essa atitude, aparentemente
normal, não teve a aprovação de Deus?
a)
A Arca fora conduzida por pessoas não autorizadas. Os que transportavam a Arca
do Senhor não eram divinamente chamados para esse ofício (Nm 1.47-52; 4.1-49).
Eleazar, filho de Abinadabe, é que havia sido separado para esse ministério (1
Sm 7.1b).
b)
A Arca fora conduzida de forma errada. De acordo com a orientação divina, a
Arca deveria ser transportada pelos levitas (Êx 25.14; Dt 31.25; Js 3.3), e não
por meio de carros puxados por bois. Aquele carro de bois não deveria fazer
parte do cortejo sagrado (2 Sm 6.6,7).
2.
O ministério modernizado. Hoje, em muitos lugares, há aqueles que pregam o
evangelho, utilizando-se de “carros de bois”, inserindo inovações e modismos
contrários aos ensinos da Palavra de Deus. Tais pessoas têm até boas intenções.
Todavia, o que elas realmente desejam é adequar o evangelho à cultura secular.
Às vezes, não percebem que estão misturando o sagrado com o profano.
Devemos
obedecer aos mandamentos das Escrituras de modo irrestrito, sem as muletas da
inovação e dos modismos.
III.
INOVAÇÕES LITÚRGICAS
1.
O evangelho do entretenimento. O evangelho de Cristo não é entretenimento
carnal, mas o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). O
“evangelho do entretenimento” exalta o homem e não a Deus. Prega-se o
evangelho, mas sem as suas exigências; ensina a graça, mas sem a cruz de Cristo
(Sl 93.5).
2.
A liturgia no culto a Deus. Através dos salmos de adoração a Deus aprendemos
que a liturgia deve ser reverente e santa. Assevera-nos o salmista:
"Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele todos os
moradores da terra" (Sl 96.9; 1 Cr 16.29; Sl 29.2).
É
necessário discernir em que direção estamos caminhando. A Bíblia fala de dois
caminhos, o da bênção e o da maldição (Dt 11.26), e de duas portas, a estreita
e a larga (Mt 7.13). Cuidado com as inovações, pois o que a Igreja de Cristo
realmente necessita é de uma constante renovação no poder do Espírito Santo.
“Vento
de Doutrinas
Muitas
doutrinas e práticas, em nossos dias, têm surgido depois de ‘divinas’ visões e
revelações, supostos arrebatamentos ao céu ou ao inferno - individuais ou em
grupo -, ‘quedas de poder’, contatos com anjos ou espíritos, além de outras
experiências no mínimo estranhas.
Há
crentes hoje sendo ‘levados em roda por todo vento de doutrina’, porque não
aprenderam a guardar a Palavra de Deus acima de tudo (Ef 4.14). Em Marcos
16.17, está escrito: ‘E estes sinais seguirão aos que crerem’. Porém, muitos
têm agido como se Jesus tivesse dito: ‘E estes que crerem seguirão aos sinais’.
Mas Paulo ensinou, em suas epístolas, que não devemos ir além do que está
escrito (1 Co 4.6)”.(ZIBORDI, C. S. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. RJ:
CPAD, 2006. p.25.)
O
ser humano tem a propensão de aceitar toda e qualquer inovação. Tudo que foge a
normalidade - uma vez que não nos tire de nossa zona de conforto parece exercer
atração irrestrita. Infelizmente, até mesmo a Palavra de Deus é vilipendiada
pela comunidade cristã que, ávida por mudanças, acaba reproduzindo a dinâmica
da sociedade consumista, anticristã e ateísta.
Sejamos,
porém, como os crentes de Beréia, recebendo a Palavra de Deus de boa vontade,
mas sem deixar de ser criteriosos (At 17.11). Pois, alguns sem conhecimento e
outros de forma premeditada a torcem, reservando para si a perdição (2 Pe
3.16).
fonte CPAD
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