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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Discipulado (5) Moda extravagante "pudor"


         luta contra os excessos e a moda extravagante




Texto Áureo

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convém. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas". 1 Co 6.12

Verdade Aplicada

O cristão não precisa sair do mun­do nem se isolar dele, mas deve iluminá-lo com a luz divina que existe em sua vida e salgá-lo com seu bom equilíbrio cristão.

Objetivos da Lição

    Mostrar que os exageros fazem mal.
    Deixar claro que o equilíbrio deve ser a nossa meta.
    Ressaltar que tudo que é de­masiado atrai atenção negativa.

Textos de Referência

1 Tm 2.9    Da mesma sorte, que as mulheres em traje decoroso, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada, e com ouro, ou pérolas, ou vestu­ário dispendioso,
1 Tm 2.10  Porém, com boas obras (como é próprio às mulhe­res que professam ser piedosas).
1 Pe 3.3     Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário;
1 Pe 3.4     Seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de gran­de valor diante de Deus. 

Comentário dos Textos de Referência I Tm 2.9,10 e I Pe 3.3,4

A passagem de I Tm 2.9,10 e tirada do contexto, A Adoração Pública e as Mulheres (2.8-15). 

A adoração pública deve incluir a oração, conforme I Tm 2:1 e ss., onde há alguns itens pelos quais nos convém orar. Na sinagoga, as orações faziam parte importante da liturgia, mas às mulheres não era permitido nem falar e nem orar em voz alta, durante a adoração pública. Silêncio absoluto era esperado da parte delas. Um escravo, ou até mesmo um menino, podia ler as Escrituras na sinagoga; mas isso era vedado às mulheres, mesmo que uma delas fosse a esposa do principal rabino. Devemos compreender que esse costume é o pano de fundo da seção que temos à nossa frente e que procura regulamentar o papel das mulheres nos cultos públicos das igrejas cristãs. Uma vez que se saiba o pano de fundo judaico sobre a questão, o décimo primeiro versículo deste capítulo só pode significar o que ali se lê claramente: nenhuma mulher crente podia ter participação verbal no culto de adoração da igreja (se algum irmão ou irmã quiser o comentário do vs 11, me mande um e-mail ebdareiabranca). Não lhe era permitido ensinar, e nem ao menos falar em voz alta. Antes, cumpria-lhe guardar silêncio. (Ver o décimo segundo versículo). Tudo isso está de acordo com a prática nas sinagogas judaicas, e dizer que esta seção indica menos do que isso é interpretar a passagem incorretamente.

Vários intérpretes cristãos têm procurado distorcer a correta interpretação deste texto, a fim de fazer as Escrituras se adaptarem às práticas deste ou daquele grupo, mas isso fazem aqueles eruditos ignorando o pano de fundo histórico do N.T. Disse um famoso rabino: «É melhor queimar a lei do que ensiná-la a uma mulher». (Esta passagem pode ser comparada com os trechos de I Co 11:2-16 e 14:34). Esta última referência impõe silêncio às mulheres crentes, tal como se dá no caso do presente texto; mas a primeira dessas duas referências parece permitir que a mulher participe verbalmente do culto, se estiver usando um véu. Porém, se isso realmente fosse permitido, então o texto presente, a passagem de I Co 14:34 e a tradição judaica estariam sendo contraditas frontalmente. Portanto, é melhor compreendermos que o suposto «falar das mulheres», no décimo primeiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios, é apenas um reconhecimento do que vinha ocorrendo naquela comunidade cristã, sem que Paulo tivesse feito ali qualquer censura, já que preferiu deixar essa censura para mais adiante. A leitura corrente, do décimo primeiro capítulo ao décimo quarto capítulo dessa epístola, demoraria entre cinco e dez minutos; por conseguinte, essa censura faz parte do texto. Mas, na presente passagem, fica suposto que havia mulheres que «abusavam» no culto de adoração, participando oralmente do mesmo, o que era algo contrário à tradição judaica, transferida para o cristianismo, e o que agora Paulo passava a censurar. Somente essa interpretação é honesta, e o demais é apenas tentativa de fazer as Escrituras se adaptarem à prática nas igrejas locais, e não o contrário, como deveria ser.

O problema do presente texto não envolve tanto o que o mesmo significa, porquanto isso é perfeitamente claro. O problema consiste de: «Aplica-se essa proibição à igreja moderna?» A resposta deste comentário é que isso não deve ser aplicado com toda a severidade, pois tais injunções contra as mulheres se alicerçam sobre preconceitos judaicos, sendo uma degradação para as mulheres crentes. O leitor deveria consultar Jo 4:27,29, para ver as ideias tão rebaixadas que os judeus tinham acerca das mulheres. Alguns rabinos chegavam a duvidar que as mulheres tivessem alma, e muitos deles diziam vulgaridades acerca delas. Na sociedade judaica, as mulheres eram vendidas e compradas como se fossem propriedades, e somente de uma prostituta se esperaria que ela falasse com um homem, em público. Eis por que os discípulos ficaram surpreendidos por encontrar a Jesus falando com uma mulher em um lugar público, conforme o registro do quarto capítulo do evangelho de João, onde é dada a historia da mulher samaritana.

Naturalmente, é verdade que o novo pacto elevou enormemente a posição das mulheres. Espiritualmente, uma mulher não é inferior a um homem, e o destino espiritual das mulheres crentes é igual ao destino dos homens crentes. (Ver Gl 3:28). O trecho de Cl 3:11 encerra declaração similar. É deveras lamentável que essediscernimento não foi mais perfeitamente compreendido e posto em prática. O texto à nossa frente, sobre as mulheres, reflete uma mentalidade que não concorda totalmente com aquela revelação superior, pois continua alicerçada sobre o judaísmo. O autor deste comentário não pode interpretar honestamente a questão de qualquer outra maneira. Antes de tudo, deve-se interpretar um texto qualquer segundo aquilo que ele diz, sem nos importarmos se estamos de acordo com isso ou não. Não devemos perverter seu significado a fim de fazê-lo adaptar-se às nossas práticas pessoais ou coletivas. Em seguida cumpre-nos ver se uma passagem tem aplicação a nós, ou se tem elementos que pertencem a outra época, mas que não podem e nem devem ser aplicados para nossa própria época.

Isso não significa, por outro lado, que aquilo que temos à nossa frente, na presente seção, não é bom. Pois a verdade é que tem seu devido valor. Porém, no que se aplica ao papel das mulheres, no culto de adoração, simplesmente não podemos aceitá-lo. A igreja em geral tem ignorado convenientemente versículos como I Co14:34 e I Tm 2:11, em seu pano de fundo histórico e em seu claro significado; e assim tais passagens são pervertidas para se adaptarem à prática corrente. Isso é lamentável, porque é uma desonestidade. Portanto, estes versículos ordenam às mulheres que nada digam, durante o culto de adoração. Assim sucedia nas sinagogas dos judeus. Porém, temos um caminho melhor, uma revelação superior, refletidos em passagens como Gl 3:28; Cl 3:11 e At 2:18, onde vemos que mulheres são declaradas até mesmo «profetisas», longe de não poderem elas falar na igreja. Esse ponto de vista mais elevado sobre as mulheres é que devemos seguir, ao mesmo tempo que cumpre serem evitados os abusos decorrentes de uma liberdade excessiva, conforme tem acontecido em tantas igrejas evangélicas modernas, onde as mulheres encabeçam praticamente tudo. Além disso, muito temos a aprender acerca da conduta das mulheres crentes; e esse aspecto não deve ser negligenciado por nós.

2:9      Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com trancas, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos,

«...da mesma sorte...» É contrário ao pano de fundo religioso judaico, que transparece na presente seção, supor que às mulheres é aqui permitido orarem e participarem oralmente dos cultos, em qualquer sentido, contanto que ao menos observem certos costumes corretos sobre vestuário e comportamento. Tal interpretação é contrária ao texto (ver o décimo primeiro versículo) e também contra a cultura judaica de onde surgiu a igreja cristã primitiva. Conforme diz Gealy (in loc.) «O escritor dá a entender como ponto pacífico que as mulheres devem fazer-se presentes à adoração pública e às orações. Porém, visto que a declaração explícita do oitavo versículo é que (somente) os varões devem orar, isto é, ler as orações públicas, e posto que este parágrafoinsiste que as mulheres devem permanecer em silêncio na igreja, dificilmente é possível supor que o autor sagrado queria dizer: 'Desejo também que as mulheres orem com vestuário modesto', etc... O presente texto deveria ser antes compreendido como: 'Também desejo que as mulheres que fizerem parte das orações públicas se vestissem com modéstia', etc».

«Poucas passagens existem, em toda a Bíblia, que tenham provocado tão acaloradas discussões como estes versículos. Consideradas literalmente como uma ordem autoritativa, estas palavras excluiriam completamente as mulheres de toda a liderança na igreja. Mas é óbvio que tal interpretação não se ajusta à prática universal das igrejas neotestamentárias. As epístolas de Paulo contêm os nomes de muitas mulheres que se destacavam no trabalho da igreja em vários sentidos: Lídia, Dorcas, Priscila, Trifena e Trifosa, Pérside, Júlia, Evódia,Síntique, e outras. Esta epístola mostra-se explícita, entretanto, na proibição às mulheres de falarem nas igrejas, subordinando-as à autoridade dos homens. Não há que duvidar que a posição delas sofreu a influência dos costumes da época, à luz do que as mulheres crentes teriam ficado sujeitas a críticas, por se mostrarem conspícuas em público... Na prática real, apesar da igreja ter quase sempre evitado consagrar mulheres como ministros (da Palavra), os grandes pendores das mulheres têm sido usados como mestras, missionárias e uma multidão de outras atividades. O movimento que tende por reconhecer completa igualdade entre homens e mulheres, no trabalho da igreja, cresce a cada ano que passa; e a utilidade da igreja aumenta à proporção em que maior número de posições é dado às mulheres crentes... É óbvio que a disposição desta epístola é limitar o serviço das mulheres na igreja, mas não em completo acordo com a atitude de Jesus, que era de completo respeito e cavalheirismo para com as mulheres». (Noyes, in loc).

Talvez seja difícil, para alguns crentes, perceberem que a presente passagem realmente impõe completo silêncio às mulheres, não lhes permitindo qualquer posição de liderança na igreja. Porém, este é o claro ensinamento do texto, refletindo as estruturas sociais da sociedade daquele tempo, cujas características eram ainda mais exageradas na sinagoga. A igreja cristã se tem mostrado correta em não praticar literalmente a ordem aqui baixada; mas tem havido intérpretes desonestos que procuram fazer esta passagem concordar com a prática da igreja, quando, na realidade, esta passagem concorda com a prática da sinagoga, o que é algo bem diferente.

«...ataviem...» No grego é «kosmeo», que significa «pôr em ordem», «adornar», «decorar», «tornar atrativo». Faz parteda natureza feminina apreciar o belo, como também procurar tornar-se atrativa, com adornos apropriados. O autor sagrado, porém, limita essa atividade, para que as mulheres crentes fossem diferentes das mulheres mundanas. O verdadeiro adorno, diz-nos o autor sagrado, são as «boas obras». A piedade torna bela qualquer mulher; e isso de maneira importante e duradoura, e não de modo sem importância e passageiro. Cumpre-nos notar que o termo grego «kosmos» vem desse verbo. «Kosmos» significa o mundo organizado, a «ordem de coisas» criada por Deus, o seu «adorno», a bela obra de suas mãos. Mas desse termo grego também vem nossa palavramoderna «cosmético».

«...traje decente...» No grego é «katastole», que pode significar ou «vestes», como uma roupa para encobrir o corpo, ou «comportamento», como se a conduta fosse o «vestuário das ações e das maneiras». Alguns intérpretes aceitam uma dessas ideias, e outros aceitam a outra. Na verdade, há um vestuário «externo» e outro «interno». Esse termo é usado exclusivamente aqui, em todo o N.T., sendo uma daquelas cento e setenta e cinco palavras peculiares às «epístolas pastorais».

O mais provável é que estejam aqui em foco as «vestes externas», as roupas femininas, porquanto isso se coaduna melhor com a descrição do versículo, que enumera as coisas que uma mulher deve vestir. O termo«...decente...», neste caso, é tradução do adjetivo grego «kosmios» (que vem da mesma raiz que «ataviem»), palavra que significa «respeitável», «honroso», «modesto», o contrário de provocante, desrespeitoso, desonroso, isto é, vestes contrárias ao espírito de adoração, o que poderia sugerir antes uma mulher da rua, uma prostituta, vestes tipicamente mundanas, que quase sempre visam focalizar a atenção no aspecto sexual da mulher. Mas esse mandamento vem sendo completamente desrespeitado pela moderna igreja cristã, mostrando-nos a que nível baixo tem descido a espiritualidade das nossas igrejas.

«...modéstia...» No grego é «aidos», que quer dizer «reverência», «respeito», «modéstia». No grego antigo, tal palavra era virtualmente usada como sinônimo de «aischune», «vergonha», indicando o senso de respeitosa timidez na presença de superiores, ou indicando um respeito penitente para com aquele contra quem tivermos feito alguma ofensa (ver Homero, Ilíada i.23). Homero também usou essa palavra para indicar a disciplina militar. (Ver Homero, Ilíada, v.531). Por igual modo, era usada para indicar o «respeito» devido aos pais ou a outras pessoas. Comenta Lock (in loc.) «Está em vista aquele pejo que evita ultrapassar os limites da reserva e da modéstia femininas». Esta é uma das trezentas e cinco palavras usadas nas «epístolas pastorais», mas que não se acha nas «outras» epístolas paulinas. Esse vocábulo ordena que as mulheres se retirem da atenção pública, assumindo um espírito quieto, uma atitude respeitosa para com os homens e para com os líderes da igreja. Também ordena que as mulheres não tentem impor-se, mas antes, que permitam que os homens se ocupem de todas as funções da igreja. Isso é tudo quanto podemos compreender deste vocábulo, a julgar pelo seu pano de fundo «judaico». Fica exigida aqui, pois, certa forma de «recolhimento», da parte das mulheres crentes, que não consideraríamos conveniente na igreja evangélica atual.

Não nos devemos esquecer que, naquela época, nos países orientais, uma mulher decente nunca era vista em lugar público, exceto em alguns feriados especiais, ocasiões em que ela permanecia virtualmente reclusa, já que seus amigos constantes eram escravos e crianças. Extremamente poucas mulheres frequentavam escolas ou aprendiam ao menos a ler e escrever. Portanto, dentro dessas condições sociais quão fora de lugar seria deixar as mulheres fazer parte dos cultos públicos oralmente. Nas sinagogas judaicas então isso seria um escândalo.

«...bom senso...» No grego é «sophrosune», palavra comum que indica «moderação», a «virtude áurea» dos gregos, que evitaria os vícios de excesso ou de deficiência. Tal palavra fala sobre «autocontrole», aquilo que evita excessos e que conserva a mulher em seu devido lugar, não lhe permitindo usurpar a posição e as funções dos homens na igreja. Essa palavra também era empregada com o sentido de «bom senso», visto vir de «sos» (seguro) e «phren» (mente). Envolve o controle das paixões e dos desejos, a disciplina da mente e da própria personalidade. Eurípedes chamou isso de «o melhor dom dos deuses» (Med. 632). Aristóteles fazia dessa virtude um fator normativo em toda a ação ética, intitulando-a de «virtude áurea». «Moderação» é o principal sentido que esse termo tinha na filosofia grega; e até hoje, na igreja grega, essa virtude é muito enfatizada. A prática da «moderação», tanto em contraposição ao «ascetismo» como em comparação ao «excesso», é igualmente a «virtude áurea» do cristianismo.

«...cabeleira frisada...» No grego, literalmente, temos «...com tranças...». O termo grego «plegma» significa qualquer coisa «trançada» ou «entretecida». E quando diz respeito aos cabelos, tinha o sentido de «trançado». «Pleko» é a sua forma verbal, que significa «trançar», «entretecer». Alguns intérpretes supõem que está em foco o costume de entretecer adornos de ouro, de prata e de pedras preciosas nas madeixas dos cabelos. Essa interpretação é possível, mas parece antes que o autor condenava a prática inteira de mulheres a tentarem embelezar seus cabelos por meios artificiais, como as trancas. (Ver I Pe 3:3, logo abaixo, onde essa prática também é condenada). Não há nenhum motivo para supormos, com base neste versículo, que a igreja era rica, o que permitia às mulheres crentes exagerarem em seus penteados. Todavia, as palavras em seguida,«...vestuário dispendioso...», permitem-nos compreender que, em alguns lugares, os crentes se tinham tornado donos de consideráveis bens materiais. Facilmente podemos imaginar que isso ocorreu em Éfeso, que era cidade onde fluíam muitas riquezas. O autor sagrado, pois, luta em prol da simplicidade, em que a mulher use cabeleira solta, natural. Paulo também ordena o uso de «cabelos compridos», em I Co 11:15.

Os judeus da antiguidade (como lemos nos escritos de Josefo) tinham «cabeleireiras profissionais». Certas tradições informam-nos que tanto Maria Madalena, como Maria, mãe de Jesus, trabalhavam como «cabeleireiras»; mas não sabemos dizer se essas tradições são autênticas ou não. Modos exagerados de vestimentas e penteados, nos tempos antigos, tal como nos modernos, caracterizavam as prostitutas. O trecho de Ap 17:4 pinta a grande «mãe das prostitutas», como alguém assim adornada.

«...ouro...» Talvez entretecido nos cabelos, usado como joia, ou ambas as coisas.

«...pérolas...» Engastadas em joias, talvez também postas nos cabelos trançados. A maioria dos intérpretes recomenda a «moderação» nessas coisas. O autor desta seção, entretanto, parece que não queria que as mulheres usassem qualquer joia. Queria total simplicidade e naturalidade.

«...vestuário dispendioso...» Nem o substantivo e nem o adjetivo é empregado nas «outras» epístolas paulinas. No grego é «imatismos», que significa «veste», sem qualquer ideia ou sugestão quanto à sua qualidade ou preço,«...dispendioso...», no original grego, é «poluteles», que significa «caro», «dispendioso», e cuja raiz nominal significa «extravagância», «luxo». Em Éfeso e outros lugares, a igreja pode conquistar alguns elementos das classes superiores; e, entre essas pessoas, certas mulheres talvez tivessem resolvido ir à igreja a fim de «serem vistas», algo bastante comum entre as mulheres. A «vaidade» das mulheres, especialmente no vestuário, é um tópico comum entre os filósofos moralistas latinos e gregos. (Comparar com 1 Pe 3:3).

2:10    mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.

Existe uma maneira correta, aceitável e desejável das mulheres se adornarem, isto é, com «boas obras». Essas boas obras são o «sinal» de um genuíno cristianismo. (Comparar com Ef 2:10 e Hb 10:24). Quando uma mulher age com caridade e bondade, isso adorna a sua pessoa de forma duradoura e autêntica. Não precisa uma mulher crente de qualquer outro adorno.

«...é próprio...» No grego é «prepo», que significa «apropriado», «conveniente». Sim, é «próprio» em contraste com os adornos mundanos, que são impróprios. Isso se «coaduna» com a atmosfera do culto de adoração, com a atitude de piedade, ao passo que os adornos artificiais são destruidores da piedade e da atmosfera própria de adoração.

«...professam ser piedosas...» Literalmente, «...professam piedade...» O uso de «epaggellomai», com o sentido de «professar» (reivindicar ser), se limita a estas «epístolas pastorais». Normalmente essa palavra significa «promessa», «oferecimento». Até mesmo em Tito 1:2, tal vocábulo tem esse significado. (Ver também At 7:5; Rm4:21 e Gl 3:19).
«...piedosas...» No grego é usado o substantivo «theosebeia», que significa

«reverência a Deus», «piedade». A forma verbal significa «adorar a Deus». A raiz dessa palavra é «theos» (Deus) e «sebomai» (sentir respeito, ter medo, adorar). Portanto, as mulheres que adoram a Deus ou que o respeitam haverão de adornar-se com boas obras, com a prática da adoração, e não com artifícios externos. Esta é a única oportunidade em que essa palavra é usada em todo o N.T., sendo uma daquelas cento e setenta e cinco palavras usadas exclusivamente nas «epístolas pastorais».

As matronas judias estavam acostumadas a dizer em altas vozes às jovens recém-casadas: «Não há necessidade de pintura, não há necessidade de antimônio, não há necessidade de cabelos trançados; pois ela mesma é belíssima». O «antimônio», referido nessa citação, era uma preparação aplicada às pestanas, o que emprestava aos olhos um brilho pronunciado. As noivas de Cristo deveriam ter como adorno a piedade, de modo a não necessitarem de qualquer ajuda artificial que vise somente ao corpo.

«Quantos dólares são gastos com o luxo, para cada dólar gasto na causa de Cristo!» (Doddridge, in loc).

«Elas, tal como Dorcas, de Jope, cujo louvor se encontra no livro da Vida, 'deveriam ser cheias de boas obras e de esmolas' (Ver At 9:36)». (Spence, in loc).

«Que vossos corpos sejam isentos de decorações de meretrizes. Que vossas almas sejam adornadas com abundância de boas obras». (Plummer, in loc).

Agora o comentário de I Pe 3.3,4

3:3      O vosso adorno não seja enfeite exterior, como as trancas dos cabelos, o uso de joias de ouro, ou o luxo dos vestidos,

As mulheres crentes devem ser distintas e adornadas, mas não na ornamentação externa, e, sim, pela beleza íntima do caráter cristão. Esse é o adorno que verdadeiramente se faz necessário. Pedro dava a entender não que as mulheres devem ser descuidadas em seu vestuário, porque isso chamaria para elas uma atenção negativa. Também não é provável que estivesse proibindo o uso de joias. Antes, ele advertia contra a ostentação nos penteados, no uso das joias e no modo de vestir. Sua advertência pode ser comparada com o que se lê em Is 3:16-24, onde o profeta denuncia as filhas de Sião que andavam altivas, de pescoços esticados, com olhos dissipadores, a balançar as cadeiras e suas joias a tilintar, ao darem os seus passos medidos. Paulo, em I Tm 2:9-12, nos dá uma denúncia muito similar a essa, acerca da tendência das mulheres de exagerarem em seus adornos artificiais. Não é provável que Pedro ou Paulo aprovassem o exagero das mulheres no uso moderno dos cosméticos e dos estilos arrojados de vestes.

«...adorno...» O verdadeiro sentido, neste caso, é penteados, maquiagem, uso de joias e vestes, como algo meramente exterior. O verdadeiro adorno das mulheres crentes é descrito no quarto versículo—um adorno espiritual, composto das riquezas da alma, o que embeleza a mulher em seu caráter. O termo grego aqui empregado é «kosmos», que tem os significados de «mundo», «ordem», «enfeite». A última dessas significações está em foco aqui. Dessa palavra é que se deriva o termo moderno «cosmético». Pode haver alguma conexãotencional, devido ao uso dessa palavra, com a ideia de «mundanismo»; pelo menos Pedro quis dizer que a ornamentação externa exagerada é sinal de mundanismo. Porém, visto que essa palavra tem um sentido geral, podendo dar a entender o que é exterior ou interior, não há qualquer tentativa verbal consciente para designar a ornamentação como «mundanismo», por si mesma.

«...frisado de cabelos...» Juvenal, em suas Sátiras, vi., ridiculariza a extravagância dos penteados das matronas romanas de seus dias. «Suas auxiliares votam quanto ao penteado como se isso fosse uma questão de reputação, ou como se a vida estivesse em perigo, tão grande é o valor que ela dá à questão da beleza; ela levanta muitas camadas, ela ergue muitos andares de caracóis sobre a cabeça. Tona-se tão alta como Andrômaca na frente, mas por detrás é baixa. Pensar-se-ia que ela é outra pessoa».

O fato que uma mulher podia fazer um alto penteado, como se fosse uma torre, significa que ela tinha os cabelos longos; e isso é mais do que o que pode ser dito acerca de muitas matronas modernas. Sabemos que as mulheres não se contentavam em pentear os cabelos em penteados mirabolantes, mas também tingiam-nos e seguravam suas madeixas com grampos de grande valor, encrustados de ouro, com pedras preciosas. Eram usadas perucas, até mesmo louras. Pelo menos, quanto a esse particular, «Nada há de novo debaixo do sol!» A história antiga mostra que as mulheres gregas, bem como as de outras culturas antigas, não eram menos vaidosas quanto a esse particular do que as mulheres romanas. Algumas vezes, placas finas de ouro eram misturadas com os cabelos, refletindo a luz do sol; ou, à noite, refletindo a luz das candeias, o que fornecia uma estranha cena. Os alfinetes de marfim, com pontas de pérola ou com corpos incrustrados de pedras preciosas, eram comuns entre as mulheres das classes mais abastadas. Mulheres solteiras com frequência encaracolavam ou frisavam seus cabelos, formando uma massa geral, ao passo que as mulheres casadas com frequência os partiam no alto, acima da testa. Clemente de Alexandria, em Pai. III.xi, observa como as mulheres temiam o sono, pois teriam a necessidade de descansar a cabeça sobre algum travesseiro, e isso lhes estragaria o penteado. Na cultura judaica havia cabeleireiras profissionais, cuja especialidade era frisar os cabelos de suas clientes. Maria Madalena, segundo certas tradições, teria tido essa profissão; e os judeus dizem que Maria, mãe de Jesus, também tinha essa profissão. (Ver Misnah Sabbat., cap. 6, seção l). Não há como confirmar ou confutar essas tradições.

«...adereços de ouro...» Os ornamentos de ouro eram usados nos cabelos, na forma de redes para os cabelos, braceletes, anéis, laços e argolas de tornozelo. As antigas mulheres judias usavam uma espécie de coroa de ouro sobre a cabeça, na forma da cidade de Jerusalém (ver Mishnah Sabbat., cap. 6, seção 1); e isso tanto antes como depois da destruição daquela cidade.

«...aparato de vestuário...» Essas palavras não proíbem o uso de roupas de boa qualidade, nem encorajam o desleixo nas vestes. Antes, proíbem a tentativa de ostentação deliberada, através do uso de vestidos bordados em ouro ou com joias, o que, naturalmente, dariam a impressão de fausto, além de ser sexualmente estimulante.

«Duas coisas devem ser levadas em conta nas vestes, a utilidade e a modéstia. Portanto, não se pode justificar a vaidade de uma mulher que usa os cabelos encaracolados ou penteados extravagantes. Aqueles que fazem objeção e dizem que vestir-se desse modo é questão indiferente, porquanto todos seriam livres para fazer o que bem queiram, podem ser facilmente desditos; pois a elegância excessiva e a exibição supérflua, em suma, todos os excessos, se originam de uma mente corrompida. Além disso, a ambição, o orgulho, a afetação e todas as coisas semelhantes não são coisas indiferentes. Por conseguinte, aqueles cujas mentes foram purificadas de todas as variedades haverão de pôr devidamente em ordem todas as coisas, não pecando contra a moderação». (comentário Joaõ Calvino (N.T ).

Xenofonte contava uma encantadora história em que um cavalheiro ateniense exprobrava sua esposa por sua vaidade, pois ela esperava poder atraí-lo com seus sapatos de saltos altos, pintando o rosto de rouge e branco. A esposa de Fócio, que foi um célebre general ateniense, recebeu a visita de uma senhora finamente ornamentada de pedras preciosas, cujos cabelos estavam adornados de pérolas e tinham sido frisados. A esposa de Fócio naturalmente, observou o preço da aparência de sua visitante, mas acrescentou: «Meu ornamento é meu marido, agora general dos atenienses já por vinte anos». Para uma mulher crente, o seu ornamento deve ser a espiritualidade obtida da parte de Cristo, o seu Senhor.

Os intérpretes salientam que as santas mulheres do A.T. usavam joias (ver Gn 24:53) supondo que esta objeção é contra o excesso nessas coisas, e não contra o uso completo de joias. E é bem provável que essa posição seja correta. Cada crente deveria estar individualmente convencido para si mesmo, acerca de onde traçar a linha entre a modéstia e o exagero, no que diz respeito ao que é abordado pelo presente versículo. Se uma mulher crente se mostra cuidadosa a respeito do decoro de sua alma, também terá o bom senso de como ornamentar a sua tenda de carne.

3:4      mas seja o do intimo do coração, no incorruptível trajo de um espirito manso e tranquilo, que é precioso diante de Deus.

Melhor tradução seria «pessoa interior», porquanto mulheres estão em pauta. A expressão equivale àquela de Paulo, «homem interior» (ver Ef 3:16), que indica a «verdadeira pessoa», a «alma». Essa «verdadeira pessoa» pode ser embelezada tanto quanto o quiser uma mulher crente; e esse adorno consiste de um espírito tranquilo e manso, isto é, essas são evidências—juntamente com outras coisas—de desenvolvimento e de maturidade espirituais. Naturalmente, isso também se aplica a homens crentes, porquanto aquilo na direção em que nos devemos esforçar é a beleza da alma, porquanto, sem a santificação, ninguém jamais verá a Deus (ver Hb12:14).

O grego diz, literalmente, «homem oculto», porquanto Pedro queria estabelecer o contraste entre a «pessoa externa», que pode ser decorada com joias e artifícios, e a «alma», que não aparece aos sentidos, mas que, não obstante, é real.

«...coração...» Apesar do termo «coração» ser frequentemente usado para indicar a porção «emocional» do homem, a alusão à alma ou verdadeiro eu é quase sempre inerente, e isso é óbvio aqui também. O coração é aquela porção vital sem a qual a vida física é impossível. Portanto, torna-se símbolo apropriado da verdadeira vida do ser, investido na alma. O coração é a fonte da verdadeira fé (ver Rm 10:10); podendo ser cegado (ver Ef 4:18); é a fonte de alegria e cântico (ver Ef 5:19); deve ser singelo, mas é totalmente dedicado a Deus e a questões espirituais (ver Ef 6:5 e Cl 3:22); pode condenar as ações do indivíduo ou aprová-las, pois é dotado da função da consciência (ver I Jo 3:20,21). E também pode ser obscurecido e endurecido, entrando em apostasia e esquecendo Deus inteiramente (ver Rm 1:21 e 2:5).

«...incorruptível...»A «joia imperecível» das autênticas graças cristãs, em contraste com tudo quanto é físico, incluindo o ouro e as joias, que finalmente serão destruídas, juntamente com todo o mundo físico. Essa é uma maneira poética de dizer-nos que devemos buscar o que é celestial e eterno, pois todas as coisas terrenas são corruptíveis e perecíveis, e, portanto, temporais. A alma, adornada pelas graças cristãs, torna-se imortal, tal como Deus é imortal, pois chega a participar da própria modalidade da vida de Deus. (Ver as explicações a esse respeito em Jo 5:25,26 e 6:57). A alma, ao obter essa natureza imperecível, torna-se uma joia eterna, apropriada para que sobre ela seja posta a coroa de Cristo.

«...espírito manso...» O termo «espírito» parece ter aqui o sentido de «disposição»; mas essa disposição deve ser compreendida como expressão do espírito ou alma da mulher crente. A graça feminina que o evangelho exige é a gentileza, e a gentileza feminina é algo de que este mundo cruel muito precisa. O trecho de Gl 5:23 alista a «gentileza» como um dos aspectos do «fruto do Espírito», pelo que se deriva do desenvolvimento e da maturidade espirituais, não podendo ser qualidade limitada exclusivamente—às mulheres.

«...tranquilo...» A mulher crente aqui idealizada não é resmungona, rixenta ou bruxa. Sua conduta deve ser simples e digna. Ela deve mostrar-se autoconfiante e temperada, dotada de vida santa. A vida de uma crente assim é um sermão eloquente, embora talvez nunca abra a boca para pregar o evangelho. Ela vale mais que rubis. (Ver Pv 3:15 e ss.) «Quem entre vós é sábio e entendido? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras» (Tg 3:13).

«...mansa, gentil, tranquila (ver Mt 21:5; I Co 13:4; Ef 4:2; Cl 3:12; Mt 11:29; Tg 1:20; 3:13; I Co 4:21; Gl 6:1 e II Tm 2:24). É o contrário do espírito voluntarioso, orgulhoso, presumido, obstinado, endurecido, iracundo e invejoso; antes, é calmo, tranquilo, sem excitações apaixonadas». (Lange, in loc).

«...é de grande valor diante de Deus...», isto é, as qualidades cristãs da esposa crente. É isso que realmente a enriquece, bem como àqueles que entram em contato pessoal com ela. O termo grego «poluteles» significa «caríssimo», sendo usado em I Tm 2:9 a fim de descrever roupas caras. Não pode haver dúvidas que Pedro alude ao «grande preço» das vestes e das joias. No entanto, é como se ele dissesse: «Esses não são verdadeiros valores; os verdadeiros valores de uma mulher crente são as graças cristãs, que sua alma obteve mediante o desenvolvimento espiritual».

«...diante de Deus...» As mulheres por muitas vezes usam vestes caras e penteados exagerados a fim de atrair a atenção de outras pessoas: primeiramente, de outras mulheres, e então dos homens. No entanto, deveriam preocupar-se com sua aceitação diante de Deus, e não diante de outros seres humanos. O favor divino pode ser obtido, e este versículo mostra-nos como uma mulher crente pode fazê-lo.

«Pois, por que as mulheres tanto cuidado mostram por se adornarem, exceto atraírem os olhares dos homens para elas? Mas Pedro, pelo contrário, ordena que elas anelem por buscarem a aprovação diante de Deus, que é de grande valor». (Calvino, in loc).

Ideias adicionais: 
1.       Devemos preocupar-nos com o que é interno e espiritual, e não com o que é apenas externo e terreno. No dizer de Sêneca: «Grande é aquele que usa sua louça de barro como se ela fosse de prata; não menor é aquele que usa sua prata como se ela fosse louça de barro». 
2.       «Deus dá grande atenção aos mansos, humildes e tranquilos; ele eleva tais almas, quando estão abatidas; ele faz com que as boas novas lhes sejampregadas; ele aumenta a alegria delas no Senhor; ele alimenta essas almas até à saciedade, quando estão famintas; ele as guia no juízo, e as ensina os seus caminhos; ele as elevará no julgamento, reprovando-as com equidade por amor a elas; ele dá maior graça a elas e as embeleza com a salvação, levando-as a herdar a terra» (comentário bíblico ,John Gill,in loc). 
3.       «Aprende: Uma das principais preocupações de um verdadeiro crente jaz no reto ordenar e comandar de seu espírito; onde termina o trabalho de um hipócrita, ali começa a obra do verdadeiro crente». (comentário Matthew Henry,inloc).

Referências e Ideias. A gentileza. 1. A gentileza de Deus torna grande o crente (ver Sl 18:35). 2. Deus trata a seu povo com gentileza (ver Is 40:11). 3. A missão do Messias foi realizada com gentileza (ver Is 42:3). 4. A gentileza caracteriza a Cristo (ver II Co 10:1). 5. A gentileza é um dos aspectos do «fruto do Espírito», uma qualidade espiritual exigida da parte dos homens (ver Gl 5:22). 

Bibliografia R. N. Champlin,comentário do novo testamento,1982
Comentatio bíblico João Calvino (N.T), comentário bíblico Mattew Henrys, (N.T) / fonte    www.avivamentonosul21.comunidades.net



          




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