A
IMPORTANCIA DA DOUTRINA
ATOS 2.42-47.
O termo “doutrina”, nos textos de Dt
32.2; Jó 11.4 e Pv 4.2, é a tradução do hebraico leqah, que significa “ensino”,
“aprendizagem” ou “poder de persuasão” de quem ensina (Pv 16.21). Nas páginas
do Novo Testamento, a palavra grega mais empregada é didachē, cujo sentido é
“instrução”, “ensino” ou “doutrina” (Mc 1.22,27; 11.28; Jo 7.16,17; Mt 22.33).
A igreja cristã primitiva usava o vocábulo didachē para referir-se “a doutrina
dos apóstolos” (At 2.42), ou a “doutrina do Senhor” (At 13.12), que era, na
verdade, a exposição do evangelho de Cristo. O apóstolo Paulo também usou o
termo diversas vezes referindo-se ao conjunto de ensinos e crenças que
compunham a pregação cristã primitiva (Rm 6.17; 16.17; Ef 6.4; 1 Tm 1.3; 4.16;
6.3). Essa mesma tradição, chamada posteriormente de “kerygma” pelos teólogos,
é mencionada na teologia paulina como “a pregação (kerygma) de Jesus Cristo,
conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto” (Rm
16.25; 1 Co 1.21; 2.4; 15.14). Segundo o apóstolo João, esse arcabouço de
ensinos constitui a “doutrina de Cristo” (2 Jo 1.9). A doutrina, portanto, é o
conjunto de ensinos e crenças que constituem o cânon de fé e prática do
cristão.
Palavra Chave
Doutrina: Conjunto de ensinos e crenças
que constituem o cânon de fé e prática do cristão.Qual o segredo do avanço
irresistível da Igreja Primitiva? Já nos capítulos iniciais dos Atos dos
Apóstolos, constatamos algo de suma importância. Mesmo não possuindo uma
fórmula mágica de administração, a Igreja precisou de apenas três décadas para
chegar aos pontos mais distantes do Império Romano.
Consolidados no ensino da Palavra de
Deus, mantinham-se os cristãos firmes na comunhão, no partir do pão e nas
orações. Em cada alma havia temor e reverência. E muitas eram as maravilhas que
o Senhor operava por intermédio deles. Ao contrário do que pensam alguns
estudiosos, a Igreja do Pentecostes não era piegas nem emocional; era bíblica e
teologicamente cristocêntrica.
A fim de nos alicerçarmos no ensino dos
apóstolos e dos profetas, entraremos a estudar, a partir deste domingo, as
doutrinas fundamentais de nossa fé. E a cada lição constataremos: sem a
instrução da Palavra de Deus, o avivamento é impossível.
I. O QUE É A DOUTRINA BÍBLICA
Ao contrário da filosofia, a doutrina
cristã não se perde em especulações. Se por um lado, conduz-nos a conhecer mais
intimamente a Deus; por outro, constrange-nos a ter uma vida santa e
irrepreensível. Andrew Bonar, ao destacar-lhe a importância em nosso cotidiano,
foi enfático: “Doutrina é coisa prática, visto que desperta o coração”.
1. Definição. A doutrina é um conjunto
de princípios que, tendo como base as Sagradas Escrituras, orienta o nosso
relacionamento com Deus, com a Igreja e com os nossos semelhantes. Ela pode ser
definida, ainda, como ensino da Bíblia. Este, contudo, tem de ser persistente,
sistemático e ordenado, induzindo os santos a se inteirarem de todo o conselho
de Deus (At 20.27).
2. Objetivos. O principal objetivo da
doutrina bíblica é aprofundar o nosso conhecimento de Deus (Os 6.3). Se não o
conhecermos experimental e redentivamente, como haveremos de colocar-nos a seu
serviço? (1 Sm 3.7). O Israel do Antigo Testamento caiu na apostasia por não
conhecer a Jeová. Através de Oséias, lamenta o amoroso Senhor: “O meu povo foi
destruído, porque lhe faltou o conhecimento” (Os 4.6).
De igual modo, visa a doutrina bíblica
à perfeição moral e espiritual do ser humano. Escrevendo ao jovem pastor
Timóteo, o apóstolo Paulo é mais do que claro; é incisivo: “Para que o homem de
Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm
3.17). Ideal inatingível? Se contarmos apenas com as nossas próprias forças,
jamais atingiremos semelhante padrão. No entanto, se nos entregarmos à graça de
Nosso Senhor, nossa vereda refulgirá de tal forma que viremos a resplandecer
como os astros no firmamento (Pv 4.18; Dn 12.3).
3. Doutrina e costumes. Doutrina não
são costumes. Todos já ouvimos essa frase. No entanto, a boa doutrina, quando
corretamente interpretada, gera costumes bons e sadios. Conseqüentemente, um
povo que ignora as verdades bíblicas com facilidade assimilará os costumes do Egito
e de Canaã (Lv 18.3). Foi o que ocorreu com os israelitas: durante a
peregrinação no deserto, imitaram os egípcios; na Terra Prometida, os cananeus.
Eis porque somos instados a não amar o mundo (1 Jo 2.15).
Por conseguinte, quanto mais
doutrinados forem os crentes, mais os seus costumes conformar-se-ão à Palavra
de Deus. Al Martin é positivo: “A finalidade para a qual Deus instrui a mente é
para que Ele possa transformar a vida”. No Salmo 119, pergunta Davi: “Como
purificará o jovem o seu caminho?”. Responde o salmista: “Observando-o conforme
a tua palavra” (Sl 119.9).
Não podemos, portanto, dissociar os
bons costumes da doutrina. Como aqueles dependem desta, logo: a boa doutrina
gera, necessariamente, os bons costumes.
II. A NECESSIDADE DA DOUTRINA
Há cristãos que, menosprezando a
doutrina bíblica, alegam: “O importante não é a teoria; e, sim: a prática”.
Entretanto, quem disse que a doutrina bíblica é meramente teórica? Ela é a
vontade de Deus. E, como tal, deve ser posta em prática. Aos filhos de Israel,
ordena o Senhor: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando
pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua
mão e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais
de tua casa, e nas tuas portas” (Dt 6.6-9).
Vejamos por que a doutrina bíblica é
necessária.
1. A doutrina bíblica proporciona-nos a
salvação em Cristo. Paulo instrui ao seu jovem filho na fé: “Tem cuidado de ti
mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te
salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16).
2. A doutrina bíblica santifica-nos. Em
sua oração sacerdotal, refere-se o Cristo ao poder santificador da Palavra de
Deus: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os aborreceu, porque não são do mundo,
assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os
livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade:
a tua palavra é a verdade” (Jo 17.14-17).
3. A doutrina bíblica torna-nos sábios.
Timóteo, instruído por sua mãe, Eunice, e por sua avó, Lóide, veio a tornar-se
um dos maiores obreiros do Novo Testamento. Jovem ainda, veio ele a ser
considerado um sábio, conforme lhe escreve Paulo: “E que desde a tua meninice
sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que
há em Cristo Jesus” (2 Tm 3.15).
Enfim, é a doutrina bíblica
imprescindível para o nosso crescimento na vida cristã. Sua necessidade pode
ser constatada tanto coletiva quanto individualmente. William S. Plumer analisa
a eficácia da doutrina bíblica na vida cristã: “Doutrinas fracas não são páreo
para tentações fortes”.
III. A DOUTRINA BÍBLICA E O SERVIÇO
CRISTÃO
Infelizmente, há obreiros que, no
ímpeto de evangelizar, não se aplicam a aprender a doutrina bíblica. Acham que
o ensino sistemático das Sagradas Escrituras é perda de tempo. Deveriam eles
atentar a esta recomendação de Charles Spurgeon: “Os homens, para serem
verdadeiramente ganhos, precisam ser ganhos pela verdade”. Vejamos por que a
doutrina bíblica é importante ao serviço cristão.
1. Na evangelização. Na divulgação do
Evangelho, acha-se implícito o ensino da doutrina bíblica, conforme podemos
inferir da Grande Comissão que nos confiou o Senhor Jesus: “Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”
(Mt 28.19,20 - ARA). A evangelização pressupõe, essencialmente, a presença da
doutrina bíblica.
2. Na instrução dos santos. Paulo
jamais se mostrou remisso quanto à doutrinação da Igreja de Cristo. Em Trôade,
ministrou aos irmãos até altas horas: “No primeiro dia da semana, estando nós
reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia
imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite” (At 20.7,8 -
ARA). Nem o incidente com o jovem Êutico lhe arrefeceu o ardor doutrinário:
“Subindo de novo, partiu o pão, e comeu, e ainda lhes falou largamente até ao
romper da alva” (At 20.11 - ARA).
3. Na defesa da santíssima fé. Somente
poderemos defender a santíssima fé se nos dedicarmos com afinco ao estudo da
doutrina bíblica: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e
estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos
pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15).
Está você preparado para defender a sua
fé e a apresentar as razões da esperança que temos em Cristo?
Enfatizando a importância das doutrinas
bíblicas, afirmou Joseph Irons: “Abracemos toda a verdade ou renunciemos
totalmente ao cristianismo”. O que isto significa? Não podemos acreditar em
algumas doutrinas, e desacreditar em outras. Haveremos de receber toda a
verdade conforme no-la confiou o Senhor em sua Palavra: integralmente. Sem
doutrina, a vida espiritual é impossível.
“A Doutrina Bíblica.
1. Advertência bíblica. A Bíblia dá
grande enfoque à doutrina como a substância da fé, e dela provém o material
para o seu conteúdo. Ela é enfática em sua condenação contra o que é falso.
Adverte contra a ‘doutrina dos homens’ (Cl 2.2); contra a ‘doutrina dos
fariseus’ (Mt 16.12); contra ‘os ensinos de demônios’ (1 Tm 4.1); contra
aqueles que ensinam ‘doutrinas que são preceitos de homens’ (Mc 7.7); contra os
que são ‘levados ao redor por todo vento de doutrina’ (Ef 4.14).
2. A verdadeira doutrina. Entretanto,
se por um lado a Bíblia condena o que é falso, de igual modo exorta e recomenda
a verdadeira doutrina. Entre outras coisas é para estabelecer a doutrina que
‘toda Escritura é... útil para o ensino’ (2 Tm 3.16). Nas Escrituras a doutrina
é reputada como ‘boa’ (1 Tm 4.6); ‘sã’ (1 Tm 1.10); ‘segundo a piedade’ (1 Tm
6.3); ‘de Deus’ (Tt 2.10); e de ‘Cristo’ (2 Jo v.9).
3. Necessidade da doutrina. Em face do
perigo espiritual que ronda o rebanho do Senhor na terra, hoje em dia, é mister
não apenas doutrinar nossas igrejas; convém fazê-lo usando todo o potencial das
Escrituras. A ausência do ensino de doutrinas específicas, têm feito as nossas
igrejas espiritualmente pobres e as deixado à mercê dos falsos mestres que
infestam o mundo hoje”.(OLIVEIRA, R. As grandes doutrinas da Bíblia. 7.ed., RJ:
CPAD, 2003, p.9-10.) fonte CPAD
www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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