A importancia da escatologia
(INTRODUÇÃO)
“Porque
a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará, e não mentirá;
se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará” (Hc 2.3).
A escatologia é uma realidade que envolve tanto o presente como
o futuro e, para entendê-la, devemos estudá-la com cuidado e apoio
bíblico.
Os acontecimentos do futuro têm sido assunto do interesse da
humanidade, principalmente neste século. A Igreja de Cristo aguarda um futuro
glorioso como conseqüência de sua comunhão com Deus. Apesar de estarmos
tratando de um tema que, se não houver cuidado, entra no terreno da
especulação, precisamos introduzir os tópicos da lição buscando levar os alunos
a refletirem idéias preconcebidas e quais as suas bases. Para isso, objetivando
a edificação da classe, sugerimos que inicie cada tópico perguntando, e
induzindo os alunos à reflexão e a dar respostas.
•
Qual a preocupação principal da escatologia?
•
Como deve ser interpretada a profecia bíblica?
•
Quais os métodos de interpretação da escatologia bíblica?
•
Qual a diferença entre profecia bíblica e dom de profecia?
Estas e outras questões poderão ser usadas para um estudo
prazeroso e com resultados mais eficazes.
Escatologia é um termo constituído de duas palavras
gregas: escathos e logos, que se traduzem por
“últimas coisas” e “tratado” ou “estudo”. É o estudo acerca de coisas e eventos
futuros profetizados na Bíblia. Nas primeiras palavras do texto de Ap 1.1
podemos entender o sentido da escatologia para a Igreja: “Revelação de Jesus
Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que
brevemente devem acontecer”. Em resumo, significa para os cristãos “o estudo ou
a doutrina das últimas coisas”.
I. O CAMPO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA
1. A escatologia tem sua base na revelação divina. A
Bíblia é a revelação da vontade de Deus à humanidade. Inicialmente, Deus
escolheu a semente de Abraão, ou seja, o povo de Israel, para revelar a sua
vontade. Mais tarde, Deus ampliou o campo da sua revelação e formou um novo
povo, a Igreja, constituída de judeus e gentios (Ef 2.11-19). A partir de
então, a Igreja é o alvo da revelação divina. Toda a revelação aponta para o
futuro e a Igreja caminha neste mundo com uma esperança, pois é identificada
como “peregrina e forasteira”, 1 Pe 2.11. Ela existe por causa da esperança (Rm
5.2; 8.24; Ef 4.4; 1 Ts 4.13). A esperança indica uma meta; traça planos para
um futuro. O mundo pagão se fecha dentro de um fatalismo histórico, sem
expectativas, sem futuro, mas a Bíblia revela o futuro.
2. A escatologia pertence ao campo da profecia. A
preocupação principal do estudo da escatologia é interpretar os textos
proféticos das Escrituras. As verdades proféticas se tornam claras e definidas
quando se tem o cuidado de interpretá-las seguindo os princípios de
interpretação, observando o seu contexto histórico e doutrinário. O apóstolo
Pedro teve o cuidado de explicar essa questão quando escreveu: “E temos mui firme,
a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que
alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em
vosso coração”, 2 Pe 1.19. Na verdade, o apóstolo procura contrastar as idéias
humanas com a palavra da profecia escrita na Bíblia. Ele fortalece a origem
divina das Escrituras e da sua profecia. Não podemos duvidar nem admitir falha
na Palavra de Deus. Ela é inspirada pelo Espírito Santo (2 Tm 3.16). A
inerrância das Escrituras tem sua base na infalibilidade da Palavra de Deus.
Outrossim, o mesmo autor declara que “nenhuma profecia da Escritura é de
particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de
homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo”, 2 Pe 1.20,21.
II. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA ESCATOLOGIA
Na história da Igreja têm sido adotados vários métodos de
interpretação no que concerne às escrituras proféticas. Eles têm produzido
explicações e posições que obrigam os cristãos a serem cautelosos. Há idéias
divergentes, por exemplo, com respeito ao arrebatamento da Igreja. Alguns o
admitem antes e outros crêem que se dará no meio da Grande Tribulação. As
teorias são várias, mas precisamos ser definidos sobre o assunto. Para isso,
dois métodos de interpretação devem merecer a nossa atenção.
1. O método alegórico ou figurado. Alguns
teólogos definem a alegoria “como qualquer declaração de fatos supostos que
admite a interpretação literal, mas que requer, também, uma interpretação moral
ou figurada”. Quando interpretamos uma profecia bíblica, sem atentarmos para o
seu sentido real, figurado ou literal, negamos o seu valor histórico, dando uma
interpretação de somenos importância. Corremos o risco de anular a revelação de
Deus naquela profecia. Daí, as palavras e os eventos proféticos perderem o
significado para alguns cristãos.
Quando o sentido de uma profecia é literal e se interpreta
alegoricamente, se está, de fato, pervertendo o verdadeiro sentido da
Escrituras, com o pretexto de se buscar um sentido mais profundo ou espiritual.
Por exemplo, há os que interpretam o Milênio alegoricamente. Não acreditam num
Milênio literal. Por esse modo, além de mutilarem o sentido real e literal da
profecia, anulam a esperança da Igreja.
Tenhamos cuidado com interpretações feitas superficialmente ao
bel-prazer das especulações do intérprete, com idéias próprias ou ao que lhe
parece razoável. Declarações como: “eu penso que é isso”, “eu sinto que é
isso”, são típicas de interpretações vaidosas, irresponsáveis e vazias de temor
a Deus. Portanto, o método alegórico deve ser utilizado corretamente. Paulo
utilizou-o em Gálatas 4.21-31. Ele tomou as figuras ilustradas no texto com
fatos literais da antiga dispensação, mas apresentou-os como sombras de eventos
futuros.
2. O método literal e textual. Esse
é o método gramático-histórico. Isto é: se preocupa em dar um sentido literal
às palavras da profecia, interpretando-as conforme o significado ordinário, de
uso normal. A preocupação básica é interpretar o texto sagrado consoante a
natureza da inspiração da profecia. Uma vez que cremos na inspiração plena das
Escrituras através do Espírito Santo, devemos atentar para o fato de que há
textos que têm apenas um sentido espiritual, sem que exija, obrigatoriamente,
uma interpretação literal ou figurada.
Ambos os métodos são válidos, mas devem ser utilizados com
cuidado e precisão. Há uma perfeita relação entre as verdades literais e a
linguagem figurada. Temos o exemplo bíblico da apresentação de João Batista no
texto de João 1.6, que diz: “Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João”.
Notemos que o texto está falando literalmente de um homem, cujo nome, de fato,
era João. Os termos empregados referem-se literalmente a alguém fisicamente.
Mais tarde, João Batista, ao identificar Jesus, usou uma linguagem figurada,
quando diz: “Eis aí o Cordeiro de Deus”, Jo 1.29. Na verdade, Jesus era um
homem real e literal, mas João usou a forma figurada para denotar o sentido
literal da pessoa de Jesus.
III. A PROFECIA NA PERSPECTIVA ESCATOLÓGICA
Não entenderemos a profecia bíblica se a confundirmos com “o dom
da profecia”. A profecia bíblica tem um caráter inerrável, porque ela está nas
Escrituras inspiradas pelo Espírito Santo. A profecia, como dom do Espírito,
tem a sua importância no contexto da Igreja de Cristo na Terra, pois depende de
quem a transmite e, por isso, sujeita a erro e julgamento (1 Co 14.29), e não
pode ter validade se a mesma choca-se com o ensino geral das Escrituras.
1. A profecia cumprida e a futura. Para
que a profecia bíblica tenha o crédito que merece, devemos estudá-la no que
concerne ao que já foi cumprido e, também, referente ao futuro. Uma grande
parte dos livros da Bíblia contém predições. Quando estudamos as profecias
cumpridas podemos enxergar o seu caráter divino, e fazer distinção com as
profecias não cumpridas. Jesus, em seu discurso aos discípulos no aposento
alto, falou do ministério do Espírito Santo após sua ascensão aos céus, e
disse: “Ele vos ensinará e vos anunciará as coisas que hão de vir”, Jo 16.13.
2. A profecia e o ministério da Palavra. Toda
declaração bíblica sobre profecia é tão crível quanto àquelas declarações
históricas. Certo autor de teologia declarou que “a história da raça humana é a
história da comunicação de Deus com o homem”. Deus mesmo recorre à sua Palavra,
não como uma simples evidência da verdade declarada, mas como a única forma
pela qual nós podemos obter uma perfeita e completa visão do propósito divino
em relação à salvação. Por isso, precisamos observar a história do passado,
presente e futuro. Devemos ter confiança de que assim como teve cumprimento a
Palavra de Deus no passado e o tem no presente, o mesmo acontecerá com as
profecias relacionadas ao futuro.
As Escrituras Sagradas apresentam um só sistema de
verdade. Não importa o que dizem as várias escolas de interpretação. Suas interpretações
podem variar e até estar equivocadas. E, nem a Bíblia se presta a dar apoio a
qualquer sistema de interpretação. O futuro é uma parte do plano de Deus, e só
Ele conhece tudo o que encerra a profecia. As opiniões humanas têm valor
enquanto estiverem em conformidade com as Escrituras.
Além de ser um dos capítulos da dogmática cristã, ou seja,
o estudo sistemático e lógico das doutrinas concernentes às últimas coisas, há
quatro outros tipos de escatologia, segundo nos apresenta o Dicionário Teológico (CPAD):
“Escatologia
consistente. Termo nascido com Albert Schweitzer, segundo o
qual as ações e a doutrina de Cristo tinham um caráter essencialmente
escatológico. Não resta dúvida, pois, de que o Senhor Jesus haja se preocupado
em ensinar aos discípulos as doutrinas das últimas coisas. Todavia, sua
preocupação básica era a salvação do ser humano. Ele também jamais deixou de se
referir à vida prática e sofrida do homem.
Seus ensinos, por conseguinte, não foram deformados por qualquer
ênfase exagerada. Nele, cada conselho de Deus teve o seu devido lugar”.
“Escatologia
idealista. Corrente doutrinária que relaciona a escatologia
bíblica à verdades infinitas. Os que defendem tal posicionamento, alegam que a
doutrina das últimas coisas não terá qualquer efeito prático sobre a história
da humanidade. Relegam-na, pois, à condição de mera utopia.
Mas, o que dirão eles, por exemplo, acerca das profecias já
cumpridas? Será que estas não referendam as que estão por se cumprirem? Não nos
esqueçamos, pois, ser a profecia a essência da Bíblia. Se descrermos daquela,
não poderemos crer nesta”.
“Escatologia
individual. Estudo das últimas coisas que dizem respeito
exclusivamente ao indivíduo, tratando de sua morte, estado intermediário,
ressurreição e destino eterno. Neste contexto, nenhuma abordagem é feita, quer
a Israel, quer a Igreja”.
“Escatologia
realizada. Ponto de vista defendido por C. H. Dodd, segundo o
qual as previsões escatológicas das Sagradas Escrituras foram todas cumpridas
nos tempos bíblicos. Atualmente, portanto, já não nos resta nenhuma expectativa
profética, de acordo com o que ensina Dodd.
Gostaríamos, porém, que ele nos respondesse as seguintes
perguntas:
• A
Segunda vinda de Cristo já foi realizada?
• A
grande tribulação já é história?
• O
julgamento final já foi consumado?”.
A escatologia tem profunda relação com a profecia. Não podemos
evitar nem negligenciar a profecia. Se trouxermos o estudo da Bíblia apenas
para a esfera presente, como trataremos das profecias que nos estimulam a
vigiar acerca da vinda de Cristo? Há um outro fator importante nessa relação
entre a escatologia e a profecia que é o seu cumprimento passado. São profecias
que foram faladas ou registradas bem antes dos eventos profetizados,
principalmente, aquelas relativas a Cristo. As profecias quanto à sua primeira
vinda se tomaram históricas pelo seu cumprimento literal (Is 7.14; Mq 5.2; Is
11.2; Zc 9.9; Sl 41.9; Zc 11.12; Sl 50.6; Sl 34.20; Is 53.4-6). Portanto, a
relação da escatologia com a profecia não é teórica, porque tem o testemunho
das Escrituras.
Compreender a linguagem da mensagem profética no estudo da
escatologia é de fundamental importância. Toda e qualquer declaração profética
depende da linguagem. Expressões simples do conhecimento humano foram usadas e
inspiradas pelo Espírito Santo aos profetas, para que, na apresentação da
mensagem profética, não houvesse confusão na sua compreensão. A linguagem da
profecia bíblica é singela e clara, mesmo quando ela vem em forma alegórica.
Seu objetivo primordial é apresentar as verdades divinas. Todo aquele que
ministra a Bíblia é chamado por Deus para declarar “todo o conselho de Deus”
(At 20.27). Não há como escapar da responsabilidade de conhecer e interpretar
corretamente os textos bíblicos proféticos.
A apostasia dos últimos
tempos
2 Timóteo 3.1-9.
1 - Sabe,
porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos;
2 - porque
haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos,
blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
3 - sem
afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor
para com os bons,
4 - traidores,
obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
5 - tendo
aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
6 - Porque
deste número são os que se introduzem pelas casas e levam cativas mulheres
néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências,
7 - que
aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.
8 - E,
como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à
verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.
9 - Não
irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também
o foi o daqueles.
Tema tem destacada importância na área da
Escatologia Bíblica. Segundo as Escrituras, a apostasia é um pecado contra a fé
cristã e, ao contrário do que alguns pensam, está presente nos dias atuais não
apenas como um sinal da vinda de Cristo, mas como uma atividade maligna contra
a Igreja do Senhor. Ore a Deus para que seus alunos não se desviem, seguindo a
doutrinas de demônios e apartando-se da genuína fé cristã. Oriente-os para que
tenham cuidado com as antigas e novas heresias que contrariam a Palavra de
Deus.
As epístolas de Paulo a Timóteo foram escritas aproximadamente
entre 61 a 65 d.C. Embora o Doutor dos Gentios tenha escrito a primeira,
provavelmente na Macedônia, e a segunda em Roma, ambas tratam do mesmo tema: A
apostasia dos últimos tempos (1 Tm 4.1-5; 2 Tm 3.1-9). Timóteo era um jovem
pastor que dirigia a igreja de Éfeso na província da Ásia. Naquela época, não
somente Éfeso, mas outras seis cidades da mesma província, estavam sendo
assoladas por diversas heresias (Ap 2.6-20) relacionadas principalmente à
idolatria, ao materialismo, ao profetismo e à imoralidade. Daí, a necessária e
urgente admoestação dos apóstolos: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz
às igrejas... que nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé” (Ap 2.7a; 1 Tm
4.1a). Esta advertência não é apenas histórica, mas profética.
Inspirado pelo Espírito Santo, deixou-nos o apóstolo Paulo este
gravíssimo alerta: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos,
apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas
de demônios” (1 Tm 4.1). Infelizmente, essa profecia vem se cumprindo de forma
alarmante.
Igrejas são corrompidas por falsos mestres; congregações
inteiras são desviadas da simplicidade evangélica por videntes e profetas que
se acham a serviço de Satanás; rebanhos são apartados da verdade pelos que
mercadejam a Palavra de Deus. E os seminários que abandonaram a sã doutrina? E
os púlpitos que se acham comprometidos com o liberalismo teológico? Tendo como
base as cartas que o Senhor Jesus enviou, através de João, às igrejas de Éfeso,
Pérgamo e Laodicéia, vejamos alguns sintomas da apostasia destes últimos dias.
Antes, porém, vejamos o que é a apostasia.
I.
O QUE É A APOSTASIA
O termo apostasia vem da palavra grega apostasia, e significa o
abandono consciente e público da fé que, de uma vez por todas, foi confiada aos
santos (Jd v.3).
A apostasia destes últimos dias visa atacar, prioritariamente,
os seguintes artigos de fé:
1. A soberania de Deus (Jd v.4);
2. A divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo — verdadeiro homem e
verdadeiro Deus, e único salvador e redentor da humanidade (At 4.12); e:
3. A realidade de sua vinda (2 Pe 3.1-10).
Através da apostasia, objetiva o Diabo minar a resistência da
Igreja, induzindo-a a deixar de ser Reino de Deus para tornar-se uma simples
organização religiosa.
Como a seguir veremos, um dos primeiros sintomas da apostasia é
a perda do primeiro amor.
II.
O ESFRIAMENTO DO AMOR CRISTÃO
Das igrejas da Ásia Menor, a de Éfeso era a mais conservadora e
ortodoxa. Estava ela tão bem alicerçada teologicamente, que era capaz,
inclusive, de diferençar entre um verdadeiro e um falso apóstolo. Não obstante
todo esse preparo doutrinário, a igreja de Éfeso estava a ponto de perder a sua
primazia, por haver perdido o seu primeiro amor. Ler Ap 2.1,2.
1. Cristo adverte a sua Igreja. Quão
grave é esta advertência de Nosso Senhor: “Tenho, porém, contra ti que deixaste
a tua primeira caridade. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e
pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu
lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.4,5).
Da reprimenda de Cristo, o que depreendemos? Se a ortodoxia
bíblico-teológica não for acompanhada do primeiro amor, nenhuma utilidade terá.
Pois a ausência do primeiro amor acabara por lançar a Igreja nas garras do
formalismo e, finalmente, da apostasia.
No Sermão Profético, Jesus faz-nos outra advertência: “E, por se
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará” (Mt 24.12).
2. Reavivando o primeiro amor. Que
a Igreja reavive, urgentemente, o primeiro amor, observando, de forma integral,
as exigências da Grande Comissão que nos confiou o Senhor Jesus: evangelizar,
fazer missões e discipular (Mt 28.19; At 1.8); mantendo o amor fraternal e
devotando a Cristo a mais provada e ardente adoração. Ler Hb 13.1. Menos do que
isto é inaceitável!
A apostasia desta última hora não haverá de resistir a uma
igreja entranhavelmente amorosa, santificada e fundamentada na Palavra de Deus.
Você ama a Cristo? Ama as almas perdidas? Ou o seu amor cristão já esfriou?
III.
A DOUTRINA DE BALAÃO
A doutrina de Balaão é um outro forte indício da apostasia
destes últimos dias. Atenhamo-nos à advertência que o Senhor endereça ao anjo
da Igreja de Pérgamo:
“Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que
seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante
dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se
prostituíssem” (Ap 2.14).
Não são poucos os mestres que, torcendo as Escrituras e vendendo
a alma ao Diabo, tentam introduzir o mundo na Igreja, sob a alegação de que
esta não pode viver alheia à modernidade. Ora, ser contemporâneo não significa
compactuar com este século; significa, antes de tudo, falar de Cristo, com
ousadia e poder, a esta geração.
Cuidado! A doutrina de Balaão continua a fazer estragos! Ela
quer comprometer a Igreja, impregnando-a com a cultura e com os costumes do
mundo (Rm 12.1).
IV.
O MISTICISMO HERÉTICO
A apostasia dos últimos tempos vem sendo caracterizada, também,
por um misticismo herético e extravagante. Embora pareça espiritual, é
extremamente nocivo à Obra de Deus. Assim o Senhor Jesus o desmascara:
“Mas tenho contra ti o tolerares que Jezabel, mulher que se diz
profetisa, ensine e engane os meus servos, para que se prostituam e comam dos
sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20).
Na essência, esta profetisa em nada diferia de Balaão. Seu
objetivo era, através de uma postura falsamente piedosa, induzir os crentes a
um comportamento abominável. Conclui-se, do texto bíblico, que ela já havia
conseguido, inclusive, as rédeas do governo eclesiástico de Pérgamo. Até o anjo
da igreja achava-se em suas mãos.
O misticismo herético tem como principais características:
1. Culto aos anjos (Cl 2.18).
2. Falsas profecias (Mt 24.11).
3. Prodígios de origem demoníaca (Mt 24.24).
4. Doutrinas de demônios (1 Tm 4.1; 1 Jo 4.1).
Estejamos precavidos! Nem sempre fervor significa
espiritualidade. Pode ser forjado, fingido ou meramente emocional. Quando a
congregação de Israel apostatou da fé, no deserto, aquele ruidoso movimento até
parecia um culto avivado; não passava, todavia, de uma rebelião desenfreada
contra o Senhor (Êx 32.6,18).
Assim diz o Espírito Santo por intermédio do salmista: “Mui
fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, Senhor, para
sempre” (Sl 93.5).
V.
A PROSPERIDADE FATAL
A apóstata, rebelde e orgulhosa Laodicéia é um tipo perfeito da
Teologia da Prosperidade. No auge de sua riqueza, afirmou o anjo dessa igreja:
“Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta” (Ap 3.17).
A Teologia da Prosperidade é um arremedo doutrinário. Afronta a
simplicidade da Igreja de Cristo e torce, de forma escandalosa, a Bíblia
Sagrada. Ensinando os santos a endeusar os bens materiais em detrimento dos
eternos, vão os proponentes dessa teologia subsidiando mentiras, enganos, heresias
e rebeliões contra o Cordeiro de Deus. Consciente, ou inconscientemente, vão
dando sustento à estrutura sobre a qual o Anticristo acha-se a construir o seu
império.
Tal apostasia vem encontrando generosos espaços em alguns
púlpitos, produzindo uma geração de crentes cegos, despidos da graça e
imperfeitos em suas convicções. Eles supõem, à semelhança dos amigos de Jó,
serem os bens materiais a evidência maior da presença de Deus na vida humana.
Os proponentes da Teologia da Prosperidade amam a bênção mais do
que ao Abençoador; não têm a fé em Cristo, mas a fé na fé; a mente de Cristo,
trocaram-na por um pensamento enganosamente positivo; determinando tudo,
acham-se indeterminados em sua esperança. E esperando em Cristo apenas nesta
vida, tornam-se os mais desgraçados dos homens (1 Co 15.19).
Se não estivermos vigilantes, poderemos ser enganados pelos que,
insolentemente, vêm substituindo a Palavra de Deus por doutrinas de demônios.
Você está firme na fé? E se Ele vier neste instante, está
preparado para recepcioná-lo? Esta é a sua oportunidade! Renove, agora mesmo, a
sua aliança com o Cordeiro de Deus, e não se deixe enganar pela apostasia dos
últimos tempos.
Senhor Jesus, ajuda-nos a estar sempre vigilantes, a fim de não
sermos contaminados e consumidos pelo engano. Oh! Senhor, que os nossos
vestidos sejam sempre brancos, e que jamais nos falte o óleo sobre a cabeça.
Amém!
“APOSTASIA - [Do gr.apostásis,
afastamento]. Abandono premeditado e consciente da fé cristã. No Antigo
Testamento, não foram poucas as apostasias cometidas por Israel. Só em Juízes,
há sete desvios ou abjuração da verdadeira fé em Deus. Para os profetas, a
apostasia constituía-se num adultério espiritual. Se a congregação hebréia era
tida como a esposa de Jeová, deveria guardar-lhe fielmente os preceitos, e
jamais curvar-se diante dos ídolos.
Jeremias e Ezequiel foram os profetas que mais enfocaram a
apostasia israelita sob o prisma das relações matrimoniais.
No Primitivo Cristianismo, as apostasias não eram desconhecidas.
Muitos crentes de origem israelita, por exemplo, sentindo-se isolados da
comunidade judaica, deixavam a fé cristã, e voltavam aos rudimentos da Lei de
Moisés e ao pomposo cerimonial levítico.
Há que se estabelecer, aqui, a diferença entre apostasia e
heresia. A primeira é o abandono premeditado e completo da fé; a segunda, é a
abjuração parcial da mesma fé.” (ANDRADE, C. C. Dicionário teológico. 9.ed.,
RJ: CPAD, 2001. p.48). FONTE CPAD
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PAZ DO SENHOR
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