O FRUTO DO
ESPÍRITO: AMOR, ALEGRIA, PAZ
De todas as passagens bíblicas que
esboçam o caráter de Cristo e o fruto que o Espírito produz em nossa vida, a
mais compacta e desafiadora é Gálatas 5:22, 23. "Mas o fruto do Espírito
é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio". Nos próximos três capítulos estudaremos
detalhadamente cada um destes. Para facilitar o estudo, podemos dividir estas
nove palavras em três "cachos" de frutas. Amor, alegria e paz são o
primeiro cacho; têm a ver principalmente com nossa relacionamento com Deus. O
segundo "cacho" – longanimidade, benignidade e bondade – tratam mais
do nosso relacionamento com outras pessoas. O terceiro "cacho",
fidelidade, mansidão e domínio próprio, fala mais do nosso relacionamento com
nosso interior – as atitudes e ações do nosso "eu".
Ao mesmo tempo, é claro, estes três
"cachos" estão todos relacionados entre si, e todos devem ser
visíveis em nosso ser. E todos estarão visíveis se nós permanecermos em Cristo
e permitirmos que o Espírito Santo atue em nós.(notas, O Fruto do Espirito
Santo Billy Grahan,,IBID,PP.140,1980)
O Fruto do Espírito – Amor
Não deveria haver nada mais
característico no cristão do que o amor. "Nisto conhecerão todas que sois
meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros" (João 13:35). "Nós
sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos" (1
João 3:14). "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que
vos ameis uns aos outros: pois quem ama ao próximo, tem cumprido a lei"
(Rom. 13:8).
Não importa de que maneira nós damos
testemunho de Cristo; sem amor, tudo fica anulado. Amor é maior que qualquer
coisa que possamos dizer com palavras, qualquer coisa que possamos possuir ou
dar. "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver
amor, serei como o bronze que soa, ou corno o címbalo que retine. Ainda que eu
tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda
que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada
serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que
entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disto
me aproveitará" (1 Cor. 13:1-3).
O capítulo da Bíblia que mais fala do
amor é 1 Coríntios 13. Sua descrição do amor deveria estar inscrito com letras
de ouro no coração de cada cristão. Se outro capítulo da Bíblia deve ser
decorado, além de João 3, este é 1 Coríntios 13. Quando meditamos sobre o
significado do amor, vemos que ele é para o coração o que o verão é para o
agricultor: ele faz com que todas as flores da alma dêem fruto. Ele é, de fato,
a flor mais bonita do jardim da graça de Deus. Se não houver amor em nossa
vida, estaremos vazios. Pedro disse: "Acima de tudo, porém, tende amor
intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados"
(1 Pedro 4:8).
C. S. Lewis, em seu pequeno livro The
Four Loves (Os Quatro Tipos de Amor), faz um estudo das quatro palavras gregas
diferentes que nós traduzimos por "amor". Quando a Bíblia fala do amor
que Deus tem por nós e que gostaria que nas tivéssemos, geralmente um a palavra
grega agape (pronuncia-se agápe). O amor agape aparece em todo o Novo
Testamento. Quando Jesus disse: "Amem seus inimigos", Mateus usou a
palavra agape em seu evangelho. Quando Jesus disse que devemos nos amar uns aos
outros, João usou a palavra agape. Quando Jesus disse "Ame seu
vizinho" Marcos usou a palavra agape. Quando a Escritura diz que
"Deus é amor", ela um a palavra agape.
O Novo Dicionário da Bíblia define o
amor agape no grego como "a forma mais elevada e nobre de amor, que vê no
objeto do amor algo infinitamente precioso".1
A maior demonstração de amor agape que
Deus deu foi na cruz, quando Ele enviou Seu Filho Jesus Cristo para morrer por
nossos pecados. E já que nós devemos amar como Deus amou, todos os crentes
devem ter este amor agape. Nós não o temos naturalmente, nem podemos
desenvolvê-lo porque as obras da carne não podem produzi-lo; só o Espírito
Santo pode concedê-lo, sobrenaturalmente. Ele o faz quando nos submetemos à
vontade de Deus.
Devemos saber de uma coisa sobre o amar
agape. Vezes demais hoje em dia o amor parece somente ser uma emoção ou um
sentimento. É claro que o amor envolve sentimentos, estejamos amando a Deus ou
a outrem. Mas amor é mais que emoções. Amor não é um sentimento – amor é ação.
O verdadeiro amor age. Deus nos amou assim: "Porque Deus amou ao mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito" (João 3:16, grifo meu).
"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em
verdade" (1 João 3:18, IBB).
Por isso o amor é um ato da vontade – e
esta é a razão de nossa vontade tem de ser primeiro submetida a Cristo antes
que possamos produzir o fruto do amor.
O bispo Stephen Neill definiu o amor
como "uma direção constante da vontade para o bem permanente de
outrem".2 Ele comenta que muito amor humano na verdade é egoísta, enquanto
que o amor agape renuncia a si mesmo. Neill diz:
"O primeiro amor (humano) diz: –
Eu quero para mim algo que o outro tem e que ele pode me dar.
"O segundo amor (de Deus) diz: –
Eu quero dar alguma coisa para este aqui, porque eu o amo.
"O primeiro amor quer se
enriquecer recebendo presente que os outros podem dar.
"O segundo amor quer enriquecer os
outros dando tudo que tem.
"O primeiro amor é sentimento e
desejo. Vem e vai quando quer; não podemos forçá-lo a ficar com nenhum esforço
próprio.
"O segundo amor é muito mais
questão de vontade, porque somos nós que decidimos dar ou não dar."3
Nós devemos amar como o bom samaritano
(Lucas 10:25-38), que na verdade é amor se expressando em ações. Este amor
alcança todos – esposa, marido, filhos, vizinhos, até mesmo pessoas que nunca
vimos, no outro lado do mundo. Inclui os que são fáceis de amar, porque são
parecidos conosco, e os que são difíceis de amar, porque são tão diferentes.
Estende-se até a pessoas que nos prejudicaram ou magoaram.
Uma jovem esposa e mãe estava cheia de
amargura e ressentimento porque seu marido se tornara infiel e a tinha deixado
para viver com outra mulher. Mas, refletindo sobre o amor que Cristo teve por
nós, ela descobriu que um novo tipo de amar pelas outras pessoas começou a
brotar dentro dela – inclusive pela mulher que tinha levado seu marido. Perto
do Natal ela enviou àquela mulher uma rosa vermelha com um bilhete: "Por
causa do amor de Cristo em mim e através de mim, eu posso amar você!" Este
é o amor agape, fruto do Espírito.
A ordem de amar não é opcional; devemos
amar, estejamos com vontade ou não. De fato, podemos dizer que o amor pelos
outros é o primeiro sinal de que nascemos de novo e que o Espírito Santo está
atuando em nós.
Antes de qualquer outra coisa o amor
deve ser a característica marcante de qualquer congregação local.
Dr. Sherwood Wirt escreveu assim:
"Descobri que não vem ao caso falar de igrejas fortes ou igrejas fracas,
grandes ou pequenas, mornas ou frias. Estas classificações não são realísticas
e estão fora da questão. A única distinção que podemos fazer é esta: igrejas
que amam ou igrejas que não amam."4
Às vezes é muito fácil dizer que amamos
alguém, honesta e sinceramente. Mas quantas vezes não vemos o solitário na
multidão, o doente e o necessitado, homens ou mulheres, cuja única esperança
talvez seja o amor que podemos lhe dar em Cristo. O amor que Deus nos mostrou
alcança todas as pessoas.
Um amigo nosso é um famoso cantor. Eu
notei que quando ele entra em uma sala cheia de pessoas ele não fica olhando ao
redor para encontrar pessoas que ele conheça. Ele olha para uma pessoa
inexpressiva, desconhecida, deslocada, desajeitada, vai direto para ela, estende
a mão, com o rosto enrugado brilhando em um sorriso gentil, enquanto se
apresenta: "Olá, eu sou . . ."
Allan Emery, amigo meu por longa data,
morava em Boston quando era ainda garoto, e teve uma experiência que deixou
nele profunda impressão. Seu pai recebeu um telefonema dizendo que um cristão
conhecido tinha se encontrado bêbado no banco de uma certa praça. Seu pai
imediatamente mandou seu motorista com a limusine buscar o homem, enquanto sua
mãe preparava o melhor quarto de hóspedes. Meu amigo ficava olhando com os
olhos arregalados os lindos cobertores sendo colocados sobre a velha cama com
marquise, mostrando os monogramas.
– Mas, mãe! – ele protestou, – ele está
bêbado. Pode até estar doente!
– Eu sei, – disse sua mãe gentilmente,
– mas este homem escorregou e ruiu. Quando voltar a si estará tão envergonhado
que precisará de todo o carinho e ânimo que nós lhe possamos transmitir.
Foi uma lição que ele nunca esqueceu.
Jesus olhou para as multidões e ficou
cheio de compaixão por cada um deles. Ele amou como nenhum ser humano é capaz
de amar. Seu amor abraçava todo o mundo, toda a raça humana, do princípio ao
fim dos tempos. Seu amor não conhecia barreiras, nem limites, ninguém era
excluído. Desde o mendigo mais insignificante até o mais alto monarca, desde o
maior pecador até o mais pura santo – Seu amor foi para todos. Somente o
Espírito de Deus atuando em nós pode produzir este fruto, que se manifestará em
nossa vida pública e privada.(notas IBID,PP.145)
O Fruto do Espírito: Alegria
Voltando do túmulo do seu jovem filho
na China, meu sogro escreveu a sua mãe: "Há lágrimas em nossos olhos, mas
alegria em nosso coração". A alegria que o Espírito põe em nosso coração
está acima das circunstâncias. Podemos ter alegria mesmo nas situações mais difíceis.
A palavra grega usada no Novo
Testamento para alegria repetidamente é usada para indicar alegria de origem
espiritual, como "a alegria do Espírito Santo" (1 Tess. 1:6). Também
o Antigo Testamento usa frases como "a alegria do Senhor" (Neem.
8:10), para indicar que Deus é a fonte da alegria.
Pouco antes de ser preso nosso Senhor
se reuniu com seus discípulos para a Ceia. Jesus lhes disse que tinha falado
tudo aquilo "para que o meu gozo esteja em vós, e vosso gozo seja
completo" (João 15:11).
O bispo Stephen Neill fez esta
observação: "Os primeiros cristãos conseguiram conquistar o mundo porque
eram um povo alegre."5
O mundo de hoje não tem alegria; está
cheio de sombras, desilusões, medo. A liberdade está desaparecendo da face da
terra. Além da liberdade, também muitas das alegrias e prazeres superficiais da
vida estão desaparecerão, mas isto não deve nos alarmar. A Escritura ensina que
nossa alegra espiritual não depende das circunstâncias. O sistema mundial não
consegue achar a fonte da alegria. Deus dirige Sua alegria, através do Espírito
Santo, para nossas vidas tristes e cheias de problemas, possibilitando-nos que
fiquemos cheios da alegria apesar das circunstâncias.
A Declaração de Independência dos EUA
fala de "perseguir a felicidade", mas a Bíblia em nenhum lugar diz
que devemos fazer isto. A felicidade é enganosa, e nós não a acharemos
procurando-a. Quando as condições externas são favoráveis nós a temos; mas a
alegria vai muito além. Alegre também é diferente dos prazeres. Os prazeres do
momentâneos, mas a alegria é permanente e firme, desprezando as circunstâncias
adversas da vida.
Além de nós recebermos a fonte da
alegria, que é a pessoa de Cristo, nós temos a certeza de que ela está sempre à
disposição de qualquer cristão, não importa as circunstâncias.
Eu visitei uma vez a cidade de
Dohnavur, no sul da Índia, onde Amy Carmichael viveu por cinqüenta anos,
cuidando de centenas de meninas antes destinadas ao serviço do templo. Como já
citei antes ela estava presa à uma durante os últimos vinte anos de sua vida, e
durante este tempo escreveu muitas livros que abençoaram milhões de pessoas. A
alegria preenchia o seu quarto de doente, e todos que a visitavam saíam
louvando a Deus.
Em Seu livro Gold by Moonlight (Ouro ao
Luar) ela diz: "Se nosso objetivo é querer o que Deus quer, aceitar as
coisas é a escolha feliz, da mente e do coração, das coisas que Ele traz,
porque (para o presente) elas são Sua vontade boa, aceitável e perfeita."6
Visitei aquele quarto mais de uma vez
depois da sua morte, onde ela tinha servido ao Senhor durante vinte anos,
escrevendo na cama, e sua enfermeira me pediu que eu fizesse uma oração. Eu
comecei, mas eu fiquei tão emocionado com um sentimento da presença de Deus que
não consegui continuar. Minha voz falhou, o que raras vezes me aconteceu. Pedi
ao meu companheiro que continuasse, mas a mesma coisa aconteceu com ele. Quando
deixamos o quarto, eu senti a alegria do Senhor encher o meu coração. Eu tenho
visitado muitos doentes para lhes transmitir ânimo, alguns com doenças incuráveis.
Por estranho que pareça, muitas vezes eu saí abençoado com sua alegria
contagiante.
O testemunho final de Paulo estava
coroado de profunda alegria, quando escreveu sua última carta a Timóteo, pouco
antes de morrer. Apesar dos sofrimentos por que passou, dos horrores da prisão
e das freqüentes ameaças de morte, a alegria do Senhor enchia o Seu coração.
Charles Allen explica isto nestas
palavras: "Da mesma forma que toda a água do mundo não pode apagar o fogo
do Espírito, todos os problemas e tragédias do mundo não podem vencer a alegria
que o Espírito traz ao coração humano."(notas IBID pp.148)
O F r u t
o d o E s p í r i t o : P a z
Quando nós nos entregamos às
preocupações estamos tirando do nosso Guia o direito de nos dirigir em confiança
e paz. Somente o Espírito Santo pode nos dar paz no meio de tempestades,
agitação e desespero. Não devemos entristecer nosso Guia tolerando as
preocupações ou dando muita atenção a nós mesmos.
Há diferentes tipos de paz: a paz de um
cemitério, a paz trazida por tranqüilizantes. Mas para o cristão paz não é
simplesmente ausência de conflito ou qualquer outro estado artificial que o
mundo pode oferecer. É a paz profunda e permanente que Jesus Cristo traz ao
nosso coração. Ele a descreve em João 14:27: "– Deixo com vocês a minha
paz; a minha paz lhes dou, não como o mundo costuma dar" (BLH). Esta paz
pode vir somente pelo Espírito Santo.
A paz de Deus que pode reinar em nossos
corações sempre é precedida pela paz com Deus, que é o ponto de partida. Quando
esta existe, a paz de Deus pode segui-la. Deste ponto de vista a obra salvadora
de Cristo tem dais estágios: Primeira, Ele foi capaz de terminar a guerra que
havia entre o homem pecador e o Deus justo. Deus estava mesmo aborrecido com a
humanidade por causa do seu pecado. Jesus, com Seu Sangue, proveu a paz. A
guerra terminou; a paz veio. Deus estava satisfeito, a dívida cancelada, a
contabilidade em ordem. Com Seus débitos pagos o homem estava livre, se
estivesse disposto a se arrepender e se voltar em fé para Cristo, para receber
a salvação. Agora Deus pode olhar com prazer para ele.
Mas Jesus não só nos libertou da
escravidão e da guerra. Há um segundo estágio, graças a Ele – agora e aqui
podemos ter a paz de Deus em nosso coração. A paz com Deus não é Somente uma
trégua; a guerra terminou para sempre, e agora os corações redimidos dos
antigos inimigos da cruz estão munidos de uma paz que está além de qualquer
conhecimento humano, e mais alto que qualquer vôo de águia que possamos
imaginar.
Spurgeon disse sobre a paz de Deus:
"Olhei para Cristo, e a pomba da paz voou para dentro do meu coração;
olhei para a pomba, e ela voou embora." Não devemos olhar para o fruto,
mas para a origem de toda a paz, porque Cristo, pelo Espírito Santo, cultiva
nossa vida com sabedoria para produzirmos paz. A terapia psiquiátrica mais
eficiente do mundo é apropriar-se da promessa de Jesus: "Eu lhes darei
descanso" – ou paz (Mat. 11:28). O rei Davi é uma prova viva da terapia
espiritual para a alma que o Espírito Santo aplica, quando diz: "Deitar-me
faz" (Sal. 23:2, IBB). Isto é descansar em paz. Mas Davi continua:
"Ele refrigera a minha alma." Isto é receber novas forças, cheio de
paz. Mesmo procurando paz sem parar, os homens não a acharão enquanto não chegarem
a esta simples conclusão: "Cristo é paz."
Uma mulher cheia de desespero e
frustração me escreveu, dizendo que não havia esperança para ela porque Deus
não poderia perdoar todos os seus pecados, de tão grandes que eram. Eu lhes
respondi que mesmo parecendo que Deus e todo mundo a tinham esquecido, Ele não
a esquecera, só permitira que aflição e desespero enchessem a sua alma para que
ela compreendesse o quanto precisa do perdão e da paz de Deus. Mais tarde ela
me escreveu dizendo que tinha pulado de alegria quando compreendeu que podia
ter e paz de Deus. Jesus disse que o que faz a diferença não é a nossa paz, mas
a dEle: "A minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo" (João
14:27).
Em Romanos Paulo nos deixou estas
palavras tão maravilhosas: "E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo
e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito
Santo " (15:13). Como descrever melhor alegria e paz? Paz é fruto do
Espírito, sim.
(notas IBID,pp150)
Você a tem em Seu coração?
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PAZ DO SENHOR
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