JESUS O SACERDOTE
Hebreus
7.11,20-28.
11
- De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o
povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se
levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a
ordem de Arão?
20
- E, visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem
juramento, foram feitos sacerdotes,
21
- mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor e não se
arrependerá: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque);
22
- de tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador.
23
- E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela
morte, foram impedidos de permanecer;
24
- mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
25
- Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles.
26
- Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado
dos pecadores e feito mais sublime do que os céus,
27
- que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia
sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo;
porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
28
- Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do
juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.
I.
A TRANSITORIEDADE DA ORDEM DE ARÃO
1.
O sacerdote nas Escrituras. No Antigo Testamento, o sacerdote era o “ministro
das coisas sagradas” (Êx 18.12; 28.1; Lv 1.1-8; Nm 3.3). Esta é também a
concepção do Novo Testamento, segundo Hebreus 5.1 e 8.2,3. Os romanos
chamavam-no de pontifex, isto é, “aquele que estabelece uma ponte”.
O
sacerdócio da ordem de Arão foi estabelecido por Deus para oferecer sacrifícios
pelos pecados do povo, e representar o Eterno entre os israelitas.
2.
O sacerdócio de Arão (v.11). Este sacerdócio era exercido por Arão e seus
filhos e, de uma forma geral, pela tribo de Levi (Nm 3.1-3,6-10). Todos, porém,
eram falhos (Nm 3.4; Hb 7.27,28) e mortais (Hb 7.23). Após o exílio babilônico,
os sacerdotes tiveram de atestar sua genealogia; os que não o conseguiram foram
expulsos dessa Ordem (Ne 7.64).
De
acordo com o historiador Josefo, de Arão até à destruição do Templo de
Jerusalém, em 70 d.C, cerca de oitenta sumos sacerdotes exerceram o ministério
entre os hebreus. Todos, ao morrerem, eram substituídos, como afirmam as
Escrituras: “E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número,
porque, pela morte, foram impedidos de permanecer” (Hb 7.23). Todavia, o
Todo-Poderoso estabelecera, mediante Cristo, um sacerdócio imutável e eterno:
“Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7.17,21, 24
cf. Sl 110.4). A ordem sacerdotal do Messias é única, singular, eterna (Êx 40.12,13;
Hb 7.13-21).
3.
Sacrifícios transitórios. De acordo com Levítico capítulo 4, quando um
israelita violava a lei, interrompendo sua comunhão com Deus, tinha de oferecer
um sacrifício a fim de expiar sua culpa e reconciliar-se com o Altíssimo. Esse ritual,
entretanto, não era capaz de restabelecer plenamente a harmonia perdida e,
muito menos, aperfeiçoar o adorador (Is 1.10-17; Hb 7.19; 8.8-13; 9.9). Foi por
isso que o sacerdócio de Arão foi demovido: “Porque, se aquele primeiro fora
irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo” (Hb 8.7).
Semelhantemente,
os sacrifícios de touros e bodes eram incapazes de aperfeiçoar o sacerdote e o
adorador (Hb 9.9,10,13; 10.1-4). Contudo, o sacrifício único e perfeito de
Cristo é poderoso para purificar nossa consciência das obras mortas, para
servirmos ao Deus vivo (Hb 9.14,24,26).
II. O SACERDÓCIO DE MELQUISEDEQUE
1.
Significado bíblico (Hb 7.1-3). Melquisedeque é um dos mais fortes tipos de
Cristo no Antigo Testamento. O relato de sua vida é o mais curto das histórias
do Gênesis (Gn 14.18-20). Entretanto, seu nome é mencionado na profecia
messiânica registrada no Salmo 110.4 e nos capítulos 5.6-10 e 6.20-7.28 da
Epístola aos Hebreus.
Melquisedeque
é apresentado na Bíblia como rei de Salém, que significa “paz”, antiga
designação de Jerusalém (Sl 76.2; Hb 7.1). Seu nome provém do hebraico: melek,
“rei”, e tsedeq, “justiça, retidão”. Isto é, este homem de Deus era um Rei de
Justiça que governava a Cidade de Paz (Hb 7.2). Assim, desde o limiar da História,
Deus já havia escolhido Jerusalém para ser o palco da redenção da humanidade.
2.
A misteriosa origem de Melquisedeque. A informação de que Melquisedeque era
“sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias e nem fim de
vida” (Hb 7.3) vem suscitando, ao longo dos anos, calorosos debates. Alguns têm
sugerido que se tratava de um ser celeste. Outros, de uma manifestação
pré-encarnada de Cristo. Todavia, a Bíblia limita-se a descrevê-lo como um
personagem histórico; era um dos mais perfeitos tipos de Cristo.
3.
Abraão e Melquisedeque. De acordo com Gênesis, capítulo 14, Melquisedeque entra
em cena imediatamente após o grande conflito entre os reis babilônicos e
palestínicos. Os confederados reis da Babilônia venceram a guerra, e prenderam
a Ló, sobrinho de Abraão que, ao saber do ocorrido, logo interveio. O patriarca
e seus aliados (Gn 14.13) surpreenderam os caldeus, e libertaram a Ló e os
demais cativos. Após a vitória, Abraão encontrou-se com Melquideseque,
sacerdote do Deus Altíssimo e rei de Salém (Gn 14.18). Ato contínuo, o
patriarca entregou-lhe os dízimos, sendo por Melquisedeque abençoado (Gn 14.19,
20; Hb 7.6). O modo como este se apresenta na História Sagrada revela que ele
era conhecido e não precisava ser apresentado.
4.
Implicações teológicas. Os judeus cristãos certamente ficaram surpresos ao
serem informados, através da carta aos Hebreus, que Melquisedeque era superior
ao patriarca. Para prová-lo, o autor destaca duas verdades. Em primeiro lugar,
Abraão deu os dízimos a Melquisedeque (Gn 14.20; Hb 7.2-5). Este fato, por si
só, prova que o sacerdócio de Melquisedeque é superior ao de Arão, pois até
Levi, por meio de Abraão, “pagou dízimos” ao sacerdote e rei de Salém (Hb
7.6-10). Em segundo, porque Melquisedeque abençoou “o que tinha as promessas”.
“Ora sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior” (Gn 14.19; Hb
7.6,7).
III.
O SACERDÓCIO PERPÉTUO DE CRISTO
1.
O sacerdócio perpétuo (v.24). Nesse versículo, o vocábulo “perpétuo” significa
“imutável”, “imperecível”, “inalterável” e “intransferível”. Portanto, como
afirmou certo teólogo: “Deus pôs a Cristo neste sacerdócio, e ninguém mais pode
introduzir-se nele”.
Jesus
não era descendente de Arão ou Levi, não podendo, por conseguinte, exercer o
sacerdócio terreno (Hb 5.4; 7.5; 8.4). Mas, pertencendo à “Ordem de
Melquisedeque” (Hb 5.6,10; 7.11,12), o seu sacerdócio é perpétuo e superior ao
de Arão (Hb 7.15-22). Melquisedeque é tipo do sacerdócio eterno de Cristo (Hb
7.3,28).
2.
O sacrifício perfeito (v.27). Os descendentes de Arão ofereciam sacrifícios
diários por si e pelos pecados do povo (Hb 7.37). Porém, o Senhor Jesus
ofereceu a si mesmo a Deus como perfeito e perpétuo sacrifício (Hb 7.26,27).
Ele era ao mesmo tempo o sumo sacerdote e o sacrifício “santo, inocente, imaculado,
separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus” (v. 26; Hb 9.11-15;
1 Jo 2.1,2). Seu sacerdócio e sacrifício são perfeitos; por isso, “pode também
salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles” (v.25).
“O Sacerdócio de Cristo
Tratando-se
de sacerdócio, a relação doutrinária entre a organização do AT e o cristianismo
do NT está mais claramente retratada na Epístola aos Hebreus, e foi dito que o
sacerdócio de Arão nunca se mostrou efetivo para a remoção dos pecados. Por
causa da necessidade de repetição desses sacerdócios e dos sacrifícios, o
sacerdócio do AT mostra-se incapaz de aperfeiçoar o adorador (Hb 7.23; 10.1-4).
Mesmo o sacerdócio de Arão nunca representou o perfeito exemplo de Cristo em
seus elevados atos sacerdotais de redenção e em sua atuação. Melquisedeque, por
causa de sua real posição, e da falta de registros sobre o início e final de
sua vida, função e serviço, tornou-se o melhor exemplo de Cristo como provedor
de um ministério salvador, permanentemente ativo e efetivo (Hb 4.14-5.10;
7.1-28).
Entretanto,
dentro de um panorama geral, e de acordo com algumas formas específicas, o
sacerdócio de Arão é típico da obra salvadora de Cristo como o cumprimento do
sacerdócio arônico cumprido em Cristo, e de acordo com a Epístola aos Hebreus,
podemos destacar: (1) a idéia do próprio sumo sacerdote (Hb 4.14); (2) o
sacerdote como um homem escolhido por Deus (5.4)...”.(PFEIFFER, C. F. (et al.)
Dicionário bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006, pp.1718-19.)
Jesus
é o nosso misericordioso e fiel sumo sacerdote (Hb 2.17). Com exceção do
pecado, Ele participou integralmente de nossa natureza e fragilidades humanas:
fome, sede, cansaço (Mt 21.18; Mc 4.38; Jo 4.6; 19.28). Ele sofreu, chorou e
angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41; Hb 13.12). Era “homem de dores, experimentado
nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado”
(Is 53.3). Ele em tudo foi tentado (Mt 4.1-10; Hb 2.18; 4.15). Qual a razão de
tanto sofrimento? Hebreus 4.15 responde: “Porque não temos um sumo sacerdote
que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em
tudo foi tentado, mas sem pecado” (cf. Hb 2.18). Eis o motivo pelo qual o Filho
do Altíssimo aceitou tal fardo: socorrer o crente na tentação e nas
vicissitudes. Clame ao Senhor! Ele conhece o teu padecer!
fonte CPAD
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