O
FRUTO DO ESPÍRITO:
LONGANIMIDADE,
BENIGNIDADE, BONDADE
O
primeiro cacho de frutos do Espírito era de relacionamento com Deus que outras
pessoas podem ver. Por isso falamos do amor de Deus, da alegria do Senhor e da
paz de Deus. O segundo cacho – longanimidade, benignidade e bondade – traz em
si a idéia de que tipo de cristãos somos em nosso relacionamento com outras
pessoas. Se nós perdemos facilmente as estribeiras, somos indelicados ou
grosseiros, então nos falta o segundo cacho do fruto do Espírito. Mas quando o
Espírito tem controle sobre nós, Ele age em nós até que os botões de
longanimidade, benignidade e bondade comecem a florir em nós e depois dar
fruto.(notas idid,pp152)
O
Fruto do Espírito: Longanimidade
A
palavra longanimidade (paciência, na Bíblia na Linguagem de Hoje) vem de uma
palavra grega que tem a idéia de imperturbabilidade diante de provocações. O
conceito de paciência sob maus tratos, sem ficar com raiva nem nutrir
pensamentos de vingança ou retribuição, também é inerente à palavra. Esta parte
do fruto do Espírito se evidencia assim no relacionamento com nossos vizinhos.
É a paciência personificada – a paciência do amor. Se nós somos irritadiças,
vingativos, ressentidos ou maldosos com nossos vizinhos, então temos
"curtanimidade", e não longanimidade. Neste caso não estamos sob o
controle do Espírito Santo.
A
paciência é o brilho transcendente de um coração amoroso e meigo que é gentil e
delicado quando trata os que vivem ao seu redor. A paciência julga os erros dos
outros com delicadeza, carinho e compreensão, sem criticismo injusto. Paciência
também é perseverança – a capacidade de suportar fadiga, pressão e perseguição
enquanto faz o trabalho do Senhor.
Paciência
faz parte da imagem de Cristo, que nós admiramos tanta em outros sem exigi-la
de nós mesmos. Paulo nos ensina que nós podemos ser "fortalecidos com todo
o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade;
com alegria" (Sal. 1:11). A paciência provém do poder de Deus, baseado na
nossa disposição de aprendê-la. Se nós somos egoístas, se raiva ou má vontade
se manifestam, se a impaciência ou a frustração querem nos dominar, temos de
reconhecer que a causa dos problemas somos nós, e não Deus. Devemos recusar,
renunciar e repudiar a situação imediatamente. Isto vem da nossa natureza
pecaminosa.(notas IBID,PP.153)
Paciência
e Provas
A
paciência está relacionada na Bíblia bem de perto com provas e tentações, o que
é lógico. Ser paciente na vida normal é fácil, mas e quando vêm as
dificuldades? Nestas horas é que nós mais precisamos do fruto do Espírito –
paciência. A Bíblia diz que esta é uma das vantagens das dificuldades: porque
nos fazem mais fortes, deixando que o Espírito desenvolva a paciência em nós.
"Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias
provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz
perseverança" (Tiago 1:2, 3).
Se
isto é verdade, então nós devemos dizer bem-vindo às provações e dificuldades,
quando elas vêm, porque nos obrigam a recorrer cada vez mais à fonte de toda
força, produzindo mais paciência, que é fruto do Espírito. Exercitando
paciência e longanimidade nas pequenas frustrações e irritações diárias,
estaremos preparados para resistir nas grandes batalhas.
A
erosão do coração nos faz vulneráveis aos ataques astutos a muitas vezes
disfarçados de Satanás. Mas o coração que aprendeu a recorrer imediatamente ao
Espírito Santo, pela oração, ao primeiro sinal da tentação não terá razão para
temer esta erosão, esta derrota. Em pouco tempo a oração será tão automática e
espontânea que a teremos pronunciado antes de vermos a necessidade. A Bíblia
diz que devemos ser "pacientes na tribulação, na oração
perseverantes" (Rom. 12:12). Na minha opinião, a melhor hora para orar é
no momento em que somos ameaçados por uma situação tensa ou uma atitude não
espiritual. Deus Espírito Santo está sempre presente, pronto para me ajudar a
vencer as batalhas espirituais, grandes ou pequenas. Mas para a oração se
tornar uma reação involuntária ou subconsciente ao problema eu tenho de
praticá-la, voluntária e conscientemente, cada dia, até que ela se torne uma
parte integrante do meu ser.
Um
amigo e conselheiro uma vez me disse que muitas vezes o maior teste que
enfrentamos, a maior provação é quando perguntamos a Deus: "Por quê?"
Charles
Hambree afirmou que "no meio da aflição é difícil ver um sentido nas
coisas que nos acontecem, e ficamos com vontade de questionar a justiça de um
Deus fiel. E exatamente estes momentos rodem ser os mais significativos de
nosso vida".1
Paul
Little, um dos maiores servos de Deus, morreu em um acidente automobilístico em
1975. Eu logo perguntei a Deus: "Por quê?" Paul era um dos melhores
homens de Deus para trabalhar com jovens, e para ensinar a Bíblia. Era
professor em faculdade teológica, um dos líderes da Aliança Bíblica
Universitária e ex-membro da nossa equipe. Tenho certeza que sua esposa, Marie,
fez esta mesma pergunta na agonia do seu coração. Mas quando ela participou
alguns meses depois de um retiro espiritual da nossa equipe, ela evidenciou um
espírito maravilhoso, contando sua vitória às mulheres da nossa equipe. Ao
invés de nós a confortarmos, ela é que estava nos confortando.
Nós
sofremos aflições ou disciplina, mas o salmista diz: "Ao anoitecer pode
vir o choro, mas a alegria vem pela manhã" (Sal. 30:5). Nenhum cristão
cheio do Espírito deixará de ser longânimo e paciente se perseverou fielmente
na "comunhão dos seus sofrimentos"(Filip. 3:10).
Deus
permite que passamos por purificação, disciplina, aflições e até perseguições,
para que o fruto apareça em nossa vida. Se os irmãos de José, que o odiavam,
não o tivessem vendido como escravo, se Potifar não o tivesse acusado
injustamente, colocando-o na prisão, ele não teria desenvolvido o fruto de
paciência e longanimidade que seria sua característica pessoal por toda a vida.
Mesmo depois de dizer ao copeiro do faraó que voltaria à corte real e pedir-lhe
que falasse a faraó da sua prisão injusta, teve de permanecer mais dois anos na
prisão.
Às
vezes parece que Deus demora muito para nos atender, pois nós confiamos nEle,
mas Ele nunca vem tarde demais. Paulo escreveu: "Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda
comparação" (2 Cor. 4:17). Jesus disse a Seus discípulos: "Pela vossa
perseverança ganhareis as vossas almas" (Lucas 21:19, IBB). Esta é a
longanimidade e a paciência que o Espírito Santo usa para abençoar outros.
Falando
sobre longanimidade temos de tomar cuidada em relação a um perigo. Às vezes nós
a usamos como desculpa por não termos tomado uma atitude que se esperava de
nós. Às vezes nos contentamos com um tipo de auto-flagelação neurótica por não
querermos enfrentar a verdade, que erradamente chamamos de longanimidade. Mas
Jesus, com violência, "expulsou todos os que venciam e compravam no
templo; também derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam
pombas" (Mat. 21:12). Também castigou com furor os escribas e fariseus
(Mat. 21:13 ss.). O cristão cheio do Espírito sabe quando arder em "ira
santa" e quando ser paciente, e sabe também quando a longanimidade se
transformou em desculpa da inatividade ou uma muleta para disfarçar um defeito
de caráter.(notas IBID,PP.153-157)
O
Fruto do Espírito: Benignidade
Benignidade,
ou ternura, ou delicadeza, é o segundo gomo do fruto que aparece externamente.
Este termo vem de uma palavra grega que entende toda a nossa natureza permeada
de gentileza. Delicadeza acaba tudo que é rude e grosseiro. Podemos até
chamá-la de amor que permanece.
Jesus
era uma pessoa gentil. Quando Ele nasceu havia poucas instituições de caridade
no mundo. Havia poucos hospitais ou clínicas psiquiátricas, poucos albergues
para os pobres, poucos orfanatos e poucos abrigos para os desamparados.
Comparando com a nossa, aquela era uma época cruel. Cristo mudou isto. E a
todos os lugares onde o cristianismo chegou seus seguidores praticaram ações de
benignidade e delicadeza.
A
palavra aparece poucas vezes em nosso Bíblia em português, mas há versículos
que a creditam às três pessoas da Trindade. Salmo 18:35 fala da clemência ou
benignidade de Deus; 2 Coríntios 10:1 da benignidade de Cristo; e Gálatas 5:22
da benignidade do Espírito Santo.
Charles
Allen faz a seguinte observação: "No nosso desprezo pelo pecado podemos
nos tornar rudes e grosseiros com o pecador. ... Algumas pessoas parecem ser
tão apaixonadas pela justiça que não têm mais lugar para a compaixão pelos que
caíram".2
Como
é fácil ser impaciente ou indelicado com os que falharam na vida! Quando começou
o movimento hippie nos EUA, muitas pessoas reagiram com uma atitude crítica e
sem amor diante dos hippies em si. A Bíblia nos ensina outra coisa. Jesus os
teria tratado com "benignidade" carinhosa. As únicas pessoas que Ele
tratou com rudeza foram os líderes religiosos hipócritas, mas com todas os
outros Ele era maravilhosamente gentil. Muitos pecadores à beira do
arrependimento foram desiludidos por um cristianismo farisaico e friamente
rígido, preso a um código religioso legalista que não inclui a compaixão. Jesus
agia com ternura, gentileza e carinho. Mesmo crianças pequenas experimentaram
isto, e se aproximavam dEle ansiosas e sem medo.
Paulo
disse a seu jovem amigo Timóteo: "O servo do senhor não deve brigar. Mas
deve ser delicado para com todos" (2 Tim. 2:24, BLH). Tiago disse: "A
sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; e é também pacífica, bondosa e
amigável" (Tiago 3:17, BLH).
Alguns
dizem que delicadeza é um sinal de fraqueza, mas eles estão errados! Abraham
Lincoln era famoso por sua humildade e delicadeza, e nunca poderemos dizer que
ele era fraco. Pelo contrário, o grande homem que ele foi resultou da
combinação da sua grande força de caráter com seu espírito gentil e compassivo.
Em
Fruits of the Spirit (Frutos do Espírito) Hembree diz assim: "Nesta época
de mísseis teleguiadas e pessoas mal-guiadas precisamos desesperadamente
aprender a sermos gentis. Parece estranho que em uma era em que alcançamos a
lua, enviamos sinais a planetas distantes e recebemos fotografias tiradas de
satélites em órbita seja tão difícil comunicar ternura com os que estão ao
nosso redor."3
O
lugar mais óbvio para buscar orientação e instrução para estes usos do Espírito
é o ministro no púlpito, e a grande necessidade desta geração tem de ser
tratada em sermões com autoridade. Mas não importa quão eloqüente, bem
preparado e dotado um pastor seja; se não tiver carinho e delicadeza em sua
maneira de tratar as pessoas ele será incapaz de levar muitas pessoas a Cristo.
Um coração gentil é um coração contrito – um coração que chora pelos pecados
dos maus e pelos sacrifícios dos bons.(notas,IBID,157-159)
O
Fruto do Espírito: Bondade
O
terceiro elemento deste trio é bondade. Esta palavra é derivada de um termo
grego que se refere à qualidade das pessoas que são dirigidas e desejam o que é
bom, que representa os mais elevados valores éticos e morais. Paulo escreve:
"Porque o fruto da luz consiste em toda a bondade, e justiça, e
verdade" (Efés. 5:9). Diz também: "Por isso também não cessamos de
orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação, e cumpra
com poder todo propósito de bondade e obra de fé; a fim de que o nome de nosso
Senhor Jesus seja glorificado em vós" (2 Tess. 1:11,12). Paulo diz ainda,
elogiando a igreja em Roma: "Certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a
vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o
conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros" ( Rom. 15:14).
Eu
já disse em outro capítulo que no terreno atrás da nossa casa nós temos algumas
fontes de água. De uma delas jarra a água que supre o nosso reservatório, pura
e que nunca cessa de correr. O homem que analisou a água elogiou-a, dizendo que
era a água mais pura que já tinha achado. Assim como a boa fonte, um bom
coração nunca cessa de jorrar bondade.
A
palavra "bom" no entender da Escritura significa literalmente
"ser como Deus", porque Ele é o único que é perfeitamente bom. Uma
coisa é ter padrões éticos elevados, outra coisa é a bondade que o Espírito
Santo produz, que tem suas raízes em Deus. O significado deste fruto é mais
amplo do que simplesmente "fazer o bem". Bondade é mais que isto.
Bondade é amor em ação. Não somente traz em si a idéia de justiça, mas
demonstra esta justiça, este "fazer o que é certo" vivendo diariamente
no Espírito Santo. É fazer o bem a partir de um coração bom, é agradar a Deus
sem esperar medalhas ou recompensas. Cristo quer que este tipo de bondade seja
o normal em cada cristão. Os homens não podem achar substituto para a bondade,
e nenhum artista em retoques espirituais pode imitá-la.
Thoreau
escreveu o seguinte: "Se alguém não mantém o passo com seus companheiros,
é talvez porque ele esteja ouvindo um outro tambor. Deixe-o andar de acordo com
a música que ele ouve, mas comedido, ou longe dos outros."4 Como cristãos
nós não temos outra alternativa a não ser marchar no ritmo dos tambores do
Espírito Santo, nos passos comedidos da bondade, o que agrada a Deus.
Nós
podemos fazer boas obras e dar testemunho aos que vivem ao nosso redor de que
temos algo "diferente" em nosso vida, praticando os princípios da
bondade – algo diferente que talvez eles mesmos também queiram ter. Talvez até
sejamos capazes de mostrar a outros como praticar os princípios da bondade. Mas
a Bíblia diz: "O vosso amor é como a nuvem da manhã, e como o orvalho da
madrugada, que cedo passa" (Oséias 6:4). A verdadeira bondade é
"fruto do Espírito", e nunca teremos sucesso tentando consegui-la com
força e esforço próprios.
Devemos
tomar cuidado: qualquer traço de bondade que o mundo vê em nós deve ser genuíno
fruto do Espírito, e não um substituto falsificado, para que não levemos
ninguém inconscientemente para um caminho errado.
Nunca
devemos esquecer que Satanás pode se aproveitar de qualquer esforço humano e
torcê-lo para que sirva para seus propósitos; mas ele não pode nem tocar o
espírito que está coberto do sangue de Cristo, e firmado profundamente no
Espírito Santo. Somente o Espírito pode produzir a bondade que é a toda prova.
A
bondade nunca se manifesta sozinha neste grupo de facetas externas do fruto do
Espírito, mas é sempre acompanhada por paciência e delicadeza. Estes três andam
juntos e estavam maravilhosamente visíveis nAquele que é o exemplo perfeito do
que você e eu devemos ser. Pelo poder do Espírito Santo estes traços de caráter
se tornam parte da nossa vida, para que possamos lembrar outros dEle. (notas
IBID,PP.159-162)
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