Lições CPAD 4º Trimestre de 2015
Título: Estabelecendo relacionamentos
saudáveis — Vivendo e aprendendo a viver
Comentarista: Esdras Costa Bentho
Lição 10: Ausência de relacionamentos
Data: 06 de Dezembro de 2015
TEXTO DO DIA
“Deus faz que o solitário viva em família; liberta
aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca”(Sl 68.6).
SÍNTESE
O aumento da solidão nas cidades é
consequência do individualismo e impessoalidade dos relacionamentos sociais nas
grandes metrópoles.O aumento da solidão nas cidades é consequência do
individualismo e impessoalidade dos relacionamentos sociais nas grandes
metrópoles.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — 1Sm 1-2
Sozinha, mas não desamparada
TERÇA — Ec 4.9-12
Lamento sobre o solitário
QUARTA — Sl 102.3-11
Os males da solidão
QUINTA — Sl 128.1-6
A bênção da companhia familiar
SEXTA — Ec 3.1-8
Há tempo para tudo: abraçar e se
afastar
SÁBADO — Gn 32.22-32
A sós com Deus
INTERAÇÃO
O ônus de se viver em solidão não é
algo que se administra facilmente. O ser humano é um ser social e sociável.
Viver em solidão é uma desventura. Mesmo as pessoas que vivem sozinhas e não
sofrem de solidão, cedo ou tarde, sentem a necessidade de uma maior aproximação
com outras a ponto de dividir seu espaço e vida. É a vida que se encaminha para
cumprir o mandato do Éden: “Não é bom que o homem esteja só”!
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, para a dinâmica desta
lição você precisará de uma urna (caixa de sapato), papel e canetas. Antes de
os alunos chegarem à sala, coloque a urna fechada em local de fácil acesso,
juntamente com papel e caneta. Em frente a urna ou em local visível coloque um
cartaz com a seguinte pergunta: “Viver em solidão é algo que se administra
facilmente?”. Dê sua opinião ou faça uma pergunta. Depois de todos
participarem, abra a urna e discuta os comentários e perguntas feitas com base
na lição.
TEXTO BÍBLICO
Gênesis 2.15-25.
15 — E tomou o Senhor Deus o
homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
16 — E ordenou o Senhor Deus ao
homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente,
17 — mas da árvore da ciência do
bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás.
18 — E disse o Senhor Deus: Não é
bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.
19 — Havendo, pois, o Senhor Deus
formado da terra todo animal do campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão,
para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma
vivente, isso foi o seu nome.
20 — E Adão pôs os nomes a todo o
gado, e às aves dos céus, e a todo animal do campo; mas para o homem não se
achava adjutora que estivesse como diante dele.
21 — Então, o Senhor Deus fez cair
um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e
cerrou a carne em seu lugar.
22 — E da costela que o Senhor
Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão.
23 — E disse Adão: Esta é agora
osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto
do varão foi tomada.
24 — Portanto, deixará o varão o
seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.
25 — E ambos estavam nus, o homem
e a sua mulher; e não se envergonhavam.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Segundo as estatísticas mais recentes
do IBGE, aumentou o número de pessoas que vivem sozinhas no Brasil, de 7% para
12%, nesses vinte últimos anos. Pesquisas realizadas nos EUA afirmam que a
solidão é mais prejudicial à saúde do que o vício do fumo e a obesidade, pois é
fator de risco para várias doenças. O Senhor, no entanto, criou o homem como
ser social, para habitar e interagir com outras pessoas (Gn 2.15-25; Sl 68.6).
Nesta lição estudaremos a solidão sob os vieses das Escrituras e da vida
social.
I. SOZINHO, MAS NÃO SOLITÁRIO
1. O que é solidão? (Sl 25.16-18). A
solidão é um sentimento que traz uma sensação de angústia, isolamento e vazio
na pessoa capaz de deprimi-la e prejudicar os poucos relacionamentos que lhe
restam. Ela é um “pacote” com muitos itens prejudiciais à vida afetiva e
relacional do homem, entre eles: isolamento, pena de si mesmo, irritação,
ansiedade, estresse, falta de identidade e vazio existencial.
2. Filosofia e solidão. Certo
filósofo existencialista definiu a solidão como a condição do homem no mundo:
ele nasce, cresce e assim morre. O homem luta em toda sua existência para fugir
dessa inelutável condição, criando mecanismos sociais que aliviem o sentimento
de solidão. Sem Deus, a criatura está “lançada” no mundo para viver a angústia
que esse estado provoca. Todavia, o ensino das Escrituras é muito distinto. Ela
afirma que “o Senhor faz que o solitário viva em família” (Sl 68.6), porque
disse Deus ao criar o homem: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18).
3. Solidão e solitude (Mt 14.23). Sentir
solidão e “estar sozinho” são coisas diferentes. Há pessoas que estão sozinhas,
mas não sentem solidão, e outras rodeadas de gente que sentem-se solitárias. A
solitude é voluntária, consciente e, na maioria das vezes, criativa e
necessária para o autoconhecimento. Ela é percebida quando o estudante se
“afasta” para se dedicar a pesquisa ou um crente se retira para orar (Lc 5.16;
Mc 14.32). Diferente da solidão, a solitude é positiva e necessária ao
crescimento espiritual e pessoal.
Pense!
“Solidão: um lugar bom de visitar uma
vez ou outra, mas ruim de adotar como morada” (Josh Billings).
Ponto Importante
O cristão nunca está sozinho, mesmo
quando a solidão o atinge, pois o Consolador divino é sua eterna companhia.
II. SOLIDÃO E ISOLAMENTO SOCIAL: MALES
MODERNOS
1. Solidão e isolamento (Pv 27.10). Algumas
pessoas sofrem de solidão e não poucas encontram-se nesse estado devido ao
isolamento social. Este último é caracterizado por um afastamento do convívio
com outras pessoas provocado por fatores psicológicos, como a sociofobia,
condições sociais, como a exclusão e marginalização social, e a exclusão do
indivíduo da convivência com o grupo social. Essas formas de isolamento
contribuem para a solidão, algumas vezes o indivíduo contribui para a situação,
noutras ele é “jogado” para ela.
2. Dificuldade de se integrar e fazer
amigos. Embora o homem seja um ser social, não poucas
pessoas têm dificuldade em se integrar e fazer amigos. Algumas dificuldades
partem do caráter e personalidade do indivíduo. Ser conhecido como fofoqueiro,
brigão, mexeriqueiro (Pv 11.13; Lv 19.16) e mal humorado (Sl 32.4) dificulta a
inserção social. A timidez também dificulta a inserção. A reclusão também pode
estar relacionada a fatores psicológicos como a distimia, uma depressão
moderada responsável pela baixa autoestima, mau humor, tristeza, isolamento
social e desânimo do indivíduo, na qual é necessário tratamento especializado.
3. Como integrar-se e fazer amigos. Apesar
dos milhares de indivíduos que circundam os espaços sociais (escola, igreja,
transportes, trabalho) integrar-se e fazer amigos é um desafio para todos,
indistintamente. As pessoas cada vez mais privatizam seus espaços e não
permitem que outros se acheguem. Noutra instância, o desafio de integrar-se
ocorre quando se muda de escola, de cidade, de igreja. O que fazer? As regras
básicas e universais compreendem: ser gentil (Pv 16.24), respeitador, asseado,
motivado e inspirador. Criar laços leva-se tempo, assim, tenha paciência e
sabedoria.
Pense!
“A felicidade de um amigo
deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é
porque não existe” (Jean Cocteau).
Ponto Importante
“Não há solidão mais triste do que a do
homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto”
(Francis Bacon).
III. REDES SOCIAIS E SOLIDÃO
1. Redes sociais e interação humana. Não
é novidade alguma o fato de que as redes sociais procuram conectar as pessoas
e, no entanto, a solidão dos que estão plugados à rede não diminui, mas avança.
Elas foram criadas com a intenção de unir e fortalecer as interações humanas,
mas segue trajetória oposta. Primeiramente, pelo fato de que na vida real não é
possível se relacionar com tantos “amigos” como se propõe a rede virtual.
Segundo porque os relacionamentos virtuais permitem “editar” a conversa e por
meio das ferramentas apresentar o “melhor de si” numa artificialidade
impossível no mundo concreto. Terceiro, os instrumentos de acesso às redes
virtuais cancelam o mistério do encontro do olhar e das expressões faciais que
carregam sentido às palavras e os sentimentos que elas comunicam, de modo que a
hipocrisia é latente. Quarto, o tempo que as pessoas dedicam aos seus aparelhos
conectados a web a distanciam daquelas que estão mais próximas.
2. Interações sociais — relações
efêmeras. Várias pessoas abandonaram as interações humanas
reais e concretas e as trocaram pelas virtuais e fantasiosas na esperança de
não se ferirem como é comum nas relações reais. Todavia, pesquisas revelam que
uma em cada três pessoas conectadas ao Facebook sentem-se solitárias e
frustradas com as experiências negativas na rede. Vivemos a era do “amor
líquido”, de laços afetivos instáveis, fluidos e fáceis para deletar, na qual a
rede social está na vanguarda. É óbvio que isto não é consequência das redes
sociais, mas da modernidade. A rede é apenas um espelho daquilo que nos
transforma no contexto social.
Pense!
“A maioria das pessoas não navega na
internet... Naufraga!” (Ton Gadioli).
Ponto Importante
“A rede é apenas um espelho daquilo que
nos transforma no contexto social”.
CONCLUSÃO
A rede social está mudando tanto os
relacionamentos quanto as pessoas. A solidão está sendo reinventada na
artificialidade das interações. Seja verdadeiro na vida real, inspire confiança
na concretude da vida, valorize a pessoa humana pelo que ela é, e tudo isso
será manifesto na web, como também o oposto.
ESTANTE DO PROFESSOR
BLOMBERG, Graig L. Questões Cruciais do Novo Testamento. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2009.
ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
HORA DA REVISÃO
1. O
que é solidão?
É um sentimento que traz uma sensação de angústia, isolamento e vazio na
pessoa capaz de deprimi-la.
2. Qual
o conceito de solidão na filosofia existencialista?
A condição do homem no mundo: ele nasce, cresce e assim morre.
3. Diferencie
solidão de solitude.
Há pessoas que estão sozinhas, mas não sentem solidão, e outras rodeadas
de gente que se sentem solitárias.
4. Defina
isolamento social.
É um afastamento do convívio com as pessoas provocado por fatores
psicológicos, condições sociais, e a exclusão do indivíduo da convivência com o
grupo social.
5. O
que diz a pesquisa a respeito da solidão nas redes sociais?
Que uma em cada três pessoas conectadas ao Facebook sentem-se solitárias
e frustradas com as experiências negativas na rede.
SUBSÍDIO I
“Caráter,
sua dimensão antropo-teológica
Deus criou o homem em duas fases
distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a
partir do ‘pó da terra’ (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação
mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança
(Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz
respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo
(vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética.
Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que
inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem
era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do
próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os
atributos morais de Deus refletiam-se na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv
20.7; 1Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi
corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Somente a obra salvífica de nosso
Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de
revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus (Ef 4.24; 1Co 1.30)”
(BENTHO, Esdras C.Revista Ensinador Cristão, 2008).
SUBSÍDIO II
“Para que você se torne o homem ou a
mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e
caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que
Deus prevaleça sobre nossas vidas (2Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa
cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias
(1Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is
6.6,7).
O caminho que Deus escolhe para
forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspito. Mas,
quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles
andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém
para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda
transformação moral.
Se desejas que o Deus de José, Elias
e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no
altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma
segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você
seja” (BENTHO, Esdras C. Revista Ensinador Cristão, 2008).