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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Escatologia doutrina do milenio (1)


                 O que a Bíblia diz sobre o Milênio? (parte 1)



Quando estudamos sobre o Milênio em Teologia Sistemática, precisamos confrontar as diversas escolas filosóficas do Milênio com o que a Bíblia realmente diz sobre o assunto. Num próximo artigo, pretendo discorrer sobre o Reino Milenar do Senhor à luz da Bíblia. Neste, meu objetivo é apresentar uma definição sucinta das três principais interpretações a respeito desse glorioso evento escatológico.

O QUE É O AMILENARISMO?

Também conhecido como amilenismo, é uma escola de interpretação que espiritualiza boa parte das passagens bíblicas futuríveis. O amilenarismo interpreta, a qualquer custo, as profecias sobre o Reino de Deus na Terra à luz da obra redentora de Cristo. Na cruz, ao dar o último brado, o Senhor teria — simbolicamente — aprisionado Satanás. Isso significa que o Senhor limitou o poder do Inimigo de enganar as nações (cf. Ap 20.1-3). De acordo com esse sistema, a Segunda Vinda não terá duas etapas. Tudo acontecerá de uma vez só, “naquele Dia”. Quanto aos “mil anos” —mencionados clara e textualmente em Apocalipse 20.1-7 por seis vezes —, trata-se apenas de um número simbólico, que indica um período de tempo iniciado na primeira vinda de Cristo, o qual nunca terminará! Não haverá, por conseguinte, um Reino Milenar, físico, pois o Reino Eterno, espiritual, já está em plena atividade.

Os próprios amilenaristas, entretanto, têm reconhecido que é impossível ser dogmático quanto ao que significa o termo “mil anos” em Apocalipse 20. Em outras palavras, eles têm preferido negar o que está clara e literalmente escrito, a fim defender uma interpretação baseada numa mera hipótese! Afinal, até que ponto esse sistema amilenarista seria verossímil e biblicamente fundamentado, para, por meio dele, negarmos o que está escrito no versículo 4: “reinaram com Cristo durante mil anos”? Entre uma hipótese e o que está escrito, é melhor abraçar o que está escrito.

O QUE É O PÓS-MILENARISMO?

Também chamado de pós-milenismo, esse sistema de interpretação tem semelhanças com o anterior, haja vista afirmar que não haverá um período de mil anos em que Cristo reinará literalmente na Terra, e que o Diabo já foi aprisionado quando o Senhor morreu, no Gólgota. No primeiro advento do Senhor teria acontecido o esmagamento pactual do Inimigo. Nesse caso, o anjo que o prendeu (cf. Ap 20.1) seria o próprio Senhor Jesus. E os resultados disso estariam ocorrendo progressivamente ao longo da História. Entretanto, não há como interpretar, à luz das Escrituras, o texto de Apocalipse 20.1-3 como uma alusão ao suposto aprisionamento de Satanás ocorrido na cruz. Afinal, a própria Palavra de Deus assevera que ele é “o príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2); e pode, inclusive, opor-se hoje aos servos do Senhor (1 Ts 2.18; 1 Pe 5.8,9; Ef 6.11,12).

Se o Inimigo tivesse mesmo sido aprisionado quando Jesus foi crucificado, de que maneira teria conseguido encher o coração de Ananias, para que este mentisse ao Espírito Santo (At 5.3)? Por que Paulo afirmou que “o deus deste século [o Diabo] cegou os entendimentos dos incrédulos” (2 Co 4.4)? E por que o doutor dos gentios, ainda, afirmou que não ignorava os ardis de Satanás (2 Co 2.11)? O pós-milenarismo — e também o amilenarismo — afirma que Cristo está reinando, mas em espírito. Ele foi entronizado como Rei logo após as suas ressurreição e ascensão. E o fato de Ele estar hoje assentado à mão direita de Deus, nas regiões celestiais, denota que o “Reino Milenar” está em plena atividade. Pouco a pouco, o Rei conquistará o mundo pela vitória do Evangelho.

Para essa escola de interpretação, o Milênio é uma extensão do período da Igreja que ocasionará uma grande disseminação do evangelho. Os “mil anos”, pois, seriam simbólicos e corresponderiam ao período entre a morte de Cristo e a evangelização total do mundo. O que isso significa? Que os “mil anos” de Apocalipse 20.1-7 já seriam, hoje, mais de dois mil anos! Mais uma vez estamos diante de uma hipótese, contra a qual pesa a afirmação clara contida na revelação dada a João: “reinaram com Cristo durante mil anos” (v. 4).

O QUE É O PRÉ-MILENARISMO?

Chamado também de pré-milenismo, trata-se de uma escola de interpretação que, em geral, honra as Escrituras, afirmando que Cristo voltará antes do Milênio. Por outro lado, dependendo de seu subsistema de interpretar o período tribulacionista, pode se mostrar contraditória. Haja vista o pós-tribulacionismo e o mesotribulacionismo, correntes pré-milenaristas que defendem a ideia — já refutada em artigos anteriores, neste blog — de que a Igreja passará pela Grande Tribulação ou pela primeira parte dela. O sistema de interpretação que se ajusta melhor ao que as Escrituras dizem, em dúvida, é o pré-milenarismo pré-tribulacionista. No entanto, a Palavra de Deus não apoia este ou aquele sistema. O processo é inverso. Ela simplesmente é a verdade; cabe a nós aceitá-la, despojando-nos de todo preconceito. O que está escrito nas Escrituras é a verdade, concordem ou não os teólogos, com as suas escolas. Nesse caso, não é a Bíblia que é pré-milenarista pré-tribulacionista; é esta escola que é bíblica.

Por que o pré-milenarismo pré-tribulacionista rejeita a hermenêutica preterista? Tanto o amilenarismo como o pós-milenarismo fazem uso da hermenêutica preterista para interpretar o livro de Apocalipse. Nesse caso, a Grande Tribulação — segundo boa parte dos exegetas dessas escolas — já teria acontecido, e o Anticristo, se manifestado, na geração contemporânea de Cristo. Como apoio à sua interpretação, empregam passagens do próprio livro de Apocalipse que tratam da iminência das “últimas coisas”, afirmando que estas já se cumpriram ainda no século I (cf. Ap 1.1,3; 22.7,10,12).

Não obstante, se acreditarmos que já estamos no Milênio — sendo este supostamente um período indefinido entre a morte de Cristo e a evangelização mundial, ou um Reino Eterno inaugurado na primeira vinda do Senhor—, o Arrebatamento da Igreja não será o primeiro evento escatológico, e sim o fim de todas as coisas. E isso implicaria adaptar toda a mensagem da Bíblia a esse sistema preterista de interpretação, além de ignorar a clara sequência cronológica contida em Apocalipse 19 a 22:

1) A Igreja glorificada no Céu antes da Grande Tribulação (19.1-10; cf. caps. 4-6).
2) A Manifestação de Cristo em poder e grande glória com a Igreja (19.11-16).
3) A batalha do Armagedom (19.17-19).
4) A vitória de Cristo sobre o Império Anticristão (19.20,21).
5) A prisão de Satanás (20.1-3).
6) A ressurreição dos mártires da Grande Tribulação (20.4,5).
7) O Milênio (20.4-6).
8) A liberação de Satanás após o Milênio (20.7-9).
9) A condenação eterna do Diabo (20.10).
10) O Juízo Final (20.11-15).
11) Novo Céu e Nova Terra (caps. 21-22).

Como explicar o fato de que haverá duas ressurreições e vários julgamentos? Todos os eventos mencionados após o Arrebatamento se darão num só instante? Tentemos imaginar como seria isso. O Arrebatamento da Igreja, as ressurreições de justos e injustos, o Tribunal de Cristo, o Julgamento das Nações, o Juízo Final. Enfim, tudo ocorreria num só momento?! Para Deus tudo é possível, mas a Bíblia distingue claramente os julgamentos por meio de aspectos como lugar, participantes, critério do julgamento, momento e resultado, como já vimos em artigos anteriores, neste blog.

Por que os pré-milenaristas pré-tribulacionistas não creem que Jesus só voltará depois que o Evangelho for pregado em todo o mundo? Pós-milenaristas apegam-se ao texto de Mateus 24.14 para afirmar que Jesus só voltará depois de toda a Terra ter sido evangelizada. Mas isso, além de refletir má exegese, retardaria a Segunda Vinda por mais alguns milhares de anos, submetendo a vontade soberana de Deus à vontade dos homens. Na verdade, em Mateus 24.3, os discípulos de Jesus lhe fizeram uma pergunta tríplice, tripartida, e quem lê atentamente todo o sermão escatológico de Jesus (Mateus caps. 24-25), percebe que a resposta do Senhor também foi tríplice, mas não necessariamente em ordem cronológica. Jesus falou de eventos que ocorreriam num futuro próximo — a destruição de Jerusalém, no ano 70 — e de outros dois tipos de acontecimentos que se dariam num futuro mais remoto.

Em Mateus 24.14, Ele disse: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim”. O termo “fim”, aqui, tendo em vista a tríplice pergunta dos discípulos, não diz respeito à Segunda Vinda, e sim ao “fim do mundo” (cf. v. 3). Quando, pois, o Evangelho do Reino será pregado em todo o mundo? Somente no Milênio, quando a Terra então se encherá do conhecimento do Senhor (Is 2.3), e o próprio Cristo estará reinando. Daí a ênfase “evangelho do Reino”, ainda que esta expressão também seja empregada em referência ao Evangelho pregado nos dias hoje (cf. Mc 1.14). O texto de 1 Coríntios 15.24,25 corrobora esta explicação: “Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés”. Observe que o fim só virá depois que Cristo reinar (cf. Dn 2.36-44)! Aqui temos uma clara alusão ao Milênio.

Por que os pré-milenaristas pré-tribulacionistas rejeitam a explicação amilenarista e pós-milenarista para os “mil anos”? Pós-milenaristas e amilenaristas apresentam inúmeros argumentos contra o Milênio, baseados em passagens extraídas do contexto. Apesar disso, reconhecem que é difícil negar a literalidade da expressão “mil anos”, mencionada seis vezes em Apocalipse 20.1-7. Numa tentativa de justificarem o seu sistema, os pós-milenaristas têm afirmado que a palavra “mil”, em Apocalipse 20, é simbólica. Como mil é o cubo de dez (10 x 10 x 10), dizem, e este é um número de perfeição quantitativa, os “mil anos” serviriam como descrição simbólica da glória permanente do Reino que Cristo estabeleceu quando veio ao mundo.

O pós-milenarismo, aliás, afirma que o livro de Apocalipse deve ser interpretado, em geral, de maneira simbólica, e isso lhe oferece base para defender a infundada argumentação acima, que espiritualiza várias passagens bíblicas literais. Curiosamente, os defensores dessa escola se valem das parábolas de Jesus e das profecias do Antigo Testamento, e as interpretam simbolicamente para fundamentarem as suas hipóteses! Na verdade, por mais que os teólogos tentem negar a literalidade do Milênio, eles só conseguiriam fazer isso se, de fato, a Palavra de Deus não dissesse, com todas as letras, que ele não é literal. Entretanto, não há como negar um evento escatológico apresentado nas Escrituras com tantas riquezas de detalhes em toda a literatura bíblico-apocalíptica, como veremos no próximo artigo sobre o Milênio.

Maranata! fonte CPAD


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