Paulo o
Apóstolo dos Gentios
INTRODUÇÃO
Archibald Thomas Robertson afirmou com muita propriedade que, excetuando o próprio Jesus, Paulo é o principal representante de Cristo e o expoente mais hábil da fé cristã.[i] O apóstolo dos gentios desempenhou diversas funções no cristianismo primitivo: missionário, apologista, hagiógrafo, mestre, polemista, entre outras importantes atribuições.
Enquanto em Atos dos Apóstolos Pedro é proeminente nos primeiros doze capítulos, o missionário da incircuncisão ocupa a segunda e maior metade do livro, do capítulo 13 a 28. Além da proeminência que Lucas dispensa ao fundador das igrejas gentílicas em Atos dos Apóstolos, Paulo foi o escritor sacro mais profícuo do Novo Testamento. Dos vinte e sete livros, escreveu treze epístolas, conhecidas como corpus paulinum e, dos duzentos e oitenta e oito capítulos do Novo Testamento, escreveu cento e quinze, restando apenas cento e setenta e três para todos os demais hagiógrafos. De seu cálamo incansável, diz F.F.Bruce, Paulo deixa patente “quão familiarizado era com os ensinos do Senhor”.[ii]
Paulo foi derrubado para ser cegado;
foi cegado para ser mudado;
foi mudado para ser enviado;
foi enviado para que a verdade aparecesse”
(Santo Agostinho)
I. Paulo, o cidadão histórico
A identidade e historicidade de Paulo jamais foram seriamente postas em dúvida. Ernest Renan (o Cético), por exemplo, no segundo volume, Les Apotres (Os Apóstolos), da famosa obra Histoire des Origines du Christianisme (33-45), afirma que Paulo foi a maior conquista da Igreja Primitiva e o “mais ardente dos discípulos de Jesus”.[iii] Se por um lado o Cético atestava a veracidade de Paulo, por outro, Marcião o considerava, em detrimento aos demais, o único apóstolo de nosso Senhor Jesus Cristo.
Já o biblicista Fabris declara que Paulo é o personagem da primeira geração de cristãos que possui as mais comprobatórias evidências de sua pessoa e trabalho.[iv] As fontes tão variadas são que o exegeta classificou-as em:
* fontes cristãs canônicas – o epistolário paulino;
* fontes cristãs apócrifas – Atos de Paulo e Tecla, Apocalipse de Paulo, o Martírio de Paulo [...];
* fontes profanas – de caráter epigráficas, literárias, papirológicas e arqueológicas [...].[v] A essas fontes devemos acrescentar os testemunhos dos sucessores dos primeiros apóstolos: Clemente de Roma, Inárcio, Policarpo e até mesmo as evidências em Marcião, o herege.
Essas evidências textuais, seja canônica, seja profana, literária ou arqueológica, auxiliam no estabelecimento e compreensão do contexto eclesiástico dos primeiros cinco séculos da Igreja Cristã. Sabe-se pelos registros dos cristãos que viveram os quingentésimos anos da Igreja, que os Pais jamais contestaram a historicidade de Paulo, muito embora haja discordância a respeito de suas epístolas. Atualmente, as controvérsias referem-se mais a autoria de algumas epístolas, chamadas deuterocanônicas, do que propriamente a pessoa e obra do apóstolo Paulo. Há, portanto, mais evidências da pessoa, ensinos e obras de Paulo do que qualquer outro grande personagem cristão da igreja nascente.
1. Saulo de Tarso
Paulo era natural da célebre[vi] cidade de Tarso, localizada na Cilícia (At 9.11; 11.25; 21.39; At 22.3; Gl 1.21). Essa rica e culta cidade de língua grega ficava 26 metros acima do mar e distante 16 quilômetros do nível do Mediterrâneo. [vii] Além de ser uma das mais antigas cidades do mundo, no século 1, era a capital e a maior cidade da Cilícia.
A população de Tarso jactava-se de sua riqueza agrícola e comercial, bem como de sua universidade, julgada superior às grandes academias de Alexandria e Atenas. O historiador, geógrafo e filósofo grego Estrabão (58 a.C.) descreve o povo de Tarso como “apaixonados pela filosofia” e de “espírito enciclopédico”; e a cidade como aquela que eclipsou todas as outras que foram “terra natal de alguma seita ou escola filosófica”.[viii]
Do vulto de seus intelectuais, a cidade de Tarso orgulhava-se do filósofo estoico Athenodoros, nascido em 74 a.C., preceptor de César e autor profícuo de diversas obras históricas e filosóficas.[ix] Murph-O’Connor, assinala que os habitantes de Tarso eram seriamente entusiasmados com a educação, a ponto de saírem da terra natal em busca de mais conhecimentos.[x]
1.1. A educação do jovem hebreu de Tarso
A influência da cultura e do espírito crítico da cidade de Tarso nota-se na formação heleno-latina de Paulo. Como já citei em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada, em Atos 17.28, por exemplo, o apóstolo cita o poeta e filósofo estoico natural da Cilícia, Arato (315-240 a.C.), e também a poesia Hino a Zeus, do filósofo estoico Cleantos (331-232 a.C.), discípulo de Zenão de Cício (332-269 a.C.), fundador da escola estoica.
Em 1 Coríntios 15.32, Paulo faz também uma referência provável a Isaías 22.13: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”. Todavia, escavações arqueológicas descobriram em Anquiale, cidade vizinha a Tarso, uma estátua do fundador da “metrópole da Cilícia”, Sardanapalo, com a seguinte inscrição: “Come, bebe, desfruta a vida. O resto nada significa”. É provável que Paulo ao citar positivamente a exortação de Isaías tivesse intenção de criticar essa declaração hedonista.[xi]
Embora empregasse diversos recursos estilísticos e retóricos greco-romanos, e citasse perícopes e versos dos filósofos e poetas, a exegese paulina era fundamentalmente hebraica, condicionada, principalmente, pela sua formação judaica e leitura do Antigo Testamento dos Setenta. Mas o que sabemos concretamente a respeito da formação de Paulo em Tarso?
Entre os especialistas não há muita unidade a respeito da formação universitária de Paulo. Todos concordam que ele era um judeu culto da diáspora e familiarizado com a poesia e filosofia de sua época, porém discordam entre si a respeito da educação formal de Paulo. F. F. Bruce, baseado em Atos dos Apóstolos 22.3, afirma que Paulo embora “nascido em Tarso, foi educado em Jerusalém” e, por essa razão, o erudito não aceita a hipótese de que Paulo tenha frequentado as escolas de Tarso, muito embora vivesse em um centro de cultura grega. [xii]
Outro biblista, Christopher Forbes, ao comparar as epístolas paulinas com os recursos retóricos antigos, se convence de que “Paulo não é, em termos greco-romanos, um ‘homem de letras’ (anēr logios, At 18.24)”.[xiii] Para Forbes, a educação formal de Paulo não atingiu os níveis superiores.
Todavia, Ronald F. Hock afirma que “as cartas de Paulo, a despeito de seus desmentidores, denotam uma pessoa que havia passado pela sequência curricular da educação greco-romana”. [xiv] Para provar sua assertiva, Hock recorre à estrutura da educação formal do primeiro século e sua relação com as citações paulinas dos poetas e filósofos. As citações primárias de filósofos como Eurípedes e Menandro, justificam, para o rapsodo, a passagem de Paulo pela primeira etapa da educação grega ou pelo currículo primário; e o uso de recursos literários e das citações explícitas da Septuaginta, a participação no currículo secundário. Hock está convencido, pela análise da extensão, complexidade e vigor das epístolas paulinas que o seu autor “recebeu um treinamento continuado em composição e retórica” e, por essa razão, cursou o currículo terciário, que preparava os seus aprendentes nessas técnicas.[xv]
Há tantas lacunas cronológicas na biografia de Paulo, que estou convencido de que nenhuma das posições pode ser afirmada com certeza, e a exiguidade desse espaço não permite aprofundar as discussões. Contudo, o fato de o apóstolo ser educado em Jerusalém, não significa necessariamente que ele não completou os estudos formais comuns aos jovens de Tarso. Para retomar de outro modo a generalidade do problema, a dificuldade de se encontrar os elementos retóricos mais sofisticados e apurados nas epístolas, justifica-se por elas não serem tratados retóricos formais, mas escritos desenvolvidos para dirimir dúvida e controvérsias pontuais nas igrejas cristãs citadinas. Paulo as escreve na urgência do trabalho missionário, como justifico em nossa obra Igreja: Identidade e Símbolos.[xvi] É óbvio que os escritos de Paulo testificam da genialidade de seu autor. Dificilmente alguém negaria ao apóstolo o status de pessoa educada e instruída na filosofia, retórica e composição literária. De modo geral, em círculos mais ortodoxos, a cristandade está mais disposta a aceitar a posição de Hock do que a de Bruce e Forber, muito embora alguns especialistas prefiram o contrário.
Controvérsias à parte, independente de Paulo ter cursado ou não uma universidade em Tarso, ele era um teólogo e homem extremamente culto. E as influências culturais de ser criado em uma cidade cosmopolita, que se orgulhava de seu sistema de ensino e de seus filósofos, deixaram marcas indeléveis no jovem judeu de Tarso.
Todavia, Paulo mostra-se reticencioso no emprego de sua educação na formação das igrejas cristãs citadinas. Apesar de encontrarmos diversos recursos estilísticos e retóricos no epistolário paulino, o apóstolo recusava-se, como afirmou Ronald F. Hock, a “incorporar a sabedoria mundana na sua pregação apostólica (1 Co 2.1-4).” [xvii]
Notas
[i] ROBERTSON, A.T. Épocas na vida de Paulo: um estudo do desenvolvimento na carreira de Paulo. 2.ed., Rio de Janeiro: JUERP, 1982, p.17.
[ii] BRUCE, F.F.Merece confiança o Novo Testamento? São Paulo: Edições Vida Nova, 1965, p. 102.
[iii] RENAN, Ernest. Histoire des Origines du Christianisme (33-45): Les Apotres. Paris: Calmann-Lévy, Éditeurs [?], p.163.
[iv] FABRIS, Rinaldo. Para ler Paulo. São Paulo: Edições Loyola, 1996, p.7.
[v] Id.Ibid., p.7-12.
[vi] Em At 21.39, Paulo refere-se a Tarso como “cidade pouco célebre na Cilícia”, provavelmente faz jus a Estrabão que da cidade dissera, “ela pode reivindicar o nome e o prestígio de metrópole da Cilícia”; Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.
[vii] Ver PFEIFFER, C. F. (et al.) Dicionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.1884.
[viii] Descrição geográfica e histórica da cidade de Tarso feita por Estrabão, Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.
[ix] Estrabão afirma que a cidade possuía dois grandes intelectuais de mesmo nome, o citado é Athenodoro Cananita, tutor e conselheiro de Augusto, e o outro é o Estóico, companheiro de Cato, o jovem; Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.
[x] MURPHY-O’CONNOR, Jerome. Paulo, biografia crítica. São Paulo: Edições Loyola, 2004, p.50.
[xi] BENTHO, Esdras C. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira prática e eficaz. 9.ed.,Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.196-198; ver ainda CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Candeias, 1995, p.377, vl. III, Atos a Romanos.
[xii] BRUCE, F.F. Paulo nos Atos e nas Cartas. In: HAWTHORNE, Gerald F.; MARTIN, R.P.; REID, D.G. (orgs.) Dicionário de Paulo e suas Cartas. São Paulo: Paulus, Vida Nova, Edições Loyola, 2008, p.940.
[xiii] FORBES, Christopher. Paulo e a comparação retórica. In: SAMPLEY, J. P. (org.) Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008, p.133.
[xiv] HOCK, Ronald F. Paulo e a educação greco-romana. In: SAMPLEY, J. P. (org.) Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008, p.185.
[xv] HOCK, Ronald F. Id. Ibid, p.186,187.
[xvi] BENTHO, Esdras C. Igreja: Identidade e Símbolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
[xvii] HOCK, Ronald F.Id. Ibid, p.171.
Archibald Thomas Robertson afirmou com muita propriedade que, excetuando o próprio Jesus, Paulo é o principal representante de Cristo e o expoente mais hábil da fé cristã.[i] O apóstolo dos gentios desempenhou diversas funções no cristianismo primitivo: missionário, apologista, hagiógrafo, mestre, polemista, entre outras importantes atribuições.
Enquanto em Atos dos Apóstolos Pedro é proeminente nos primeiros doze capítulos, o missionário da incircuncisão ocupa a segunda e maior metade do livro, do capítulo 13 a 28. Além da proeminência que Lucas dispensa ao fundador das igrejas gentílicas em Atos dos Apóstolos, Paulo foi o escritor sacro mais profícuo do Novo Testamento. Dos vinte e sete livros, escreveu treze epístolas, conhecidas como corpus paulinum e, dos duzentos e oitenta e oito capítulos do Novo Testamento, escreveu cento e quinze, restando apenas cento e setenta e três para todos os demais hagiógrafos. De seu cálamo incansável, diz F.F.Bruce, Paulo deixa patente “quão familiarizado era com os ensinos do Senhor”.[ii]
Paulo foi derrubado para ser cegado;
foi cegado para ser mudado;
foi mudado para ser enviado;
foi enviado para que a verdade aparecesse”
(Santo Agostinho)
I. Paulo, o cidadão histórico
A identidade e historicidade de Paulo jamais foram seriamente postas em dúvida. Ernest Renan (o Cético), por exemplo, no segundo volume, Les Apotres (Os Apóstolos), da famosa obra Histoire des Origines du Christianisme (33-45), afirma que Paulo foi a maior conquista da Igreja Primitiva e o “mais ardente dos discípulos de Jesus”.[iii] Se por um lado o Cético atestava a veracidade de Paulo, por outro, Marcião o considerava, em detrimento aos demais, o único apóstolo de nosso Senhor Jesus Cristo.
Já o biblicista Fabris declara que Paulo é o personagem da primeira geração de cristãos que possui as mais comprobatórias evidências de sua pessoa e trabalho.[iv] As fontes tão variadas são que o exegeta classificou-as em:
* fontes cristãs canônicas – o epistolário paulino;
* fontes cristãs apócrifas – Atos de Paulo e Tecla, Apocalipse de Paulo, o Martírio de Paulo [...];
* fontes profanas – de caráter epigráficas, literárias, papirológicas e arqueológicas [...].[v] A essas fontes devemos acrescentar os testemunhos dos sucessores dos primeiros apóstolos: Clemente de Roma, Inárcio, Policarpo e até mesmo as evidências em Marcião, o herege.
Essas evidências textuais, seja canônica, seja profana, literária ou arqueológica, auxiliam no estabelecimento e compreensão do contexto eclesiástico dos primeiros cinco séculos da Igreja Cristã. Sabe-se pelos registros dos cristãos que viveram os quingentésimos anos da Igreja, que os Pais jamais contestaram a historicidade de Paulo, muito embora haja discordância a respeito de suas epístolas. Atualmente, as controvérsias referem-se mais a autoria de algumas epístolas, chamadas deuterocanônicas, do que propriamente a pessoa e obra do apóstolo Paulo. Há, portanto, mais evidências da pessoa, ensinos e obras de Paulo do que qualquer outro grande personagem cristão da igreja nascente.
1. Saulo de Tarso
Paulo era natural da célebre[vi] cidade de Tarso, localizada na Cilícia (At 9.11; 11.25; 21.39; At 22.3; Gl 1.21). Essa rica e culta cidade de língua grega ficava 26 metros acima do mar e distante 16 quilômetros do nível do Mediterrâneo. [vii] Além de ser uma das mais antigas cidades do mundo, no século 1, era a capital e a maior cidade da Cilícia.
A população de Tarso jactava-se de sua riqueza agrícola e comercial, bem como de sua universidade, julgada superior às grandes academias de Alexandria e Atenas. O historiador, geógrafo e filósofo grego Estrabão (58 a.C.) descreve o povo de Tarso como “apaixonados pela filosofia” e de “espírito enciclopédico”; e a cidade como aquela que eclipsou todas as outras que foram “terra natal de alguma seita ou escola filosófica”.[viii]
Do vulto de seus intelectuais, a cidade de Tarso orgulhava-se do filósofo estoico Athenodoros, nascido em 74 a.C., preceptor de César e autor profícuo de diversas obras históricas e filosóficas.[ix] Murph-O’Connor, assinala que os habitantes de Tarso eram seriamente entusiasmados com a educação, a ponto de saírem da terra natal em busca de mais conhecimentos.[x]
1.1. A educação do jovem hebreu de Tarso
A influência da cultura e do espírito crítico da cidade de Tarso nota-se na formação heleno-latina de Paulo. Como já citei em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada, em Atos 17.28, por exemplo, o apóstolo cita o poeta e filósofo estoico natural da Cilícia, Arato (315-240 a.C.), e também a poesia Hino a Zeus, do filósofo estoico Cleantos (331-232 a.C.), discípulo de Zenão de Cício (332-269 a.C.), fundador da escola estoica.
Em 1 Coríntios 15.32, Paulo faz também uma referência provável a Isaías 22.13: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”. Todavia, escavações arqueológicas descobriram em Anquiale, cidade vizinha a Tarso, uma estátua do fundador da “metrópole da Cilícia”, Sardanapalo, com a seguinte inscrição: “Come, bebe, desfruta a vida. O resto nada significa”. É provável que Paulo ao citar positivamente a exortação de Isaías tivesse intenção de criticar essa declaração hedonista.[xi]
Embora empregasse diversos recursos estilísticos e retóricos greco-romanos, e citasse perícopes e versos dos filósofos e poetas, a exegese paulina era fundamentalmente hebraica, condicionada, principalmente, pela sua formação judaica e leitura do Antigo Testamento dos Setenta. Mas o que sabemos concretamente a respeito da formação de Paulo em Tarso?
Entre os especialistas não há muita unidade a respeito da formação universitária de Paulo. Todos concordam que ele era um judeu culto da diáspora e familiarizado com a poesia e filosofia de sua época, porém discordam entre si a respeito da educação formal de Paulo. F. F. Bruce, baseado em Atos dos Apóstolos 22.3, afirma que Paulo embora “nascido em Tarso, foi educado em Jerusalém” e, por essa razão, o erudito não aceita a hipótese de que Paulo tenha frequentado as escolas de Tarso, muito embora vivesse em um centro de cultura grega. [xii]
Outro biblista, Christopher Forbes, ao comparar as epístolas paulinas com os recursos retóricos antigos, se convence de que “Paulo não é, em termos greco-romanos, um ‘homem de letras’ (anēr logios, At 18.24)”.[xiii] Para Forbes, a educação formal de Paulo não atingiu os níveis superiores.
Todavia, Ronald F. Hock afirma que “as cartas de Paulo, a despeito de seus desmentidores, denotam uma pessoa que havia passado pela sequência curricular da educação greco-romana”. [xiv] Para provar sua assertiva, Hock recorre à estrutura da educação formal do primeiro século e sua relação com as citações paulinas dos poetas e filósofos. As citações primárias de filósofos como Eurípedes e Menandro, justificam, para o rapsodo, a passagem de Paulo pela primeira etapa da educação grega ou pelo currículo primário; e o uso de recursos literários e das citações explícitas da Septuaginta, a participação no currículo secundário. Hock está convencido, pela análise da extensão, complexidade e vigor das epístolas paulinas que o seu autor “recebeu um treinamento continuado em composição e retórica” e, por essa razão, cursou o currículo terciário, que preparava os seus aprendentes nessas técnicas.[xv]
Há tantas lacunas cronológicas na biografia de Paulo, que estou convencido de que nenhuma das posições pode ser afirmada com certeza, e a exiguidade desse espaço não permite aprofundar as discussões. Contudo, o fato de o apóstolo ser educado em Jerusalém, não significa necessariamente que ele não completou os estudos formais comuns aos jovens de Tarso. Para retomar de outro modo a generalidade do problema, a dificuldade de se encontrar os elementos retóricos mais sofisticados e apurados nas epístolas, justifica-se por elas não serem tratados retóricos formais, mas escritos desenvolvidos para dirimir dúvida e controvérsias pontuais nas igrejas cristãs citadinas. Paulo as escreve na urgência do trabalho missionário, como justifico em nossa obra Igreja: Identidade e Símbolos.[xvi] É óbvio que os escritos de Paulo testificam da genialidade de seu autor. Dificilmente alguém negaria ao apóstolo o status de pessoa educada e instruída na filosofia, retórica e composição literária. De modo geral, em círculos mais ortodoxos, a cristandade está mais disposta a aceitar a posição de Hock do que a de Bruce e Forber, muito embora alguns especialistas prefiram o contrário.
Controvérsias à parte, independente de Paulo ter cursado ou não uma universidade em Tarso, ele era um teólogo e homem extremamente culto. E as influências culturais de ser criado em uma cidade cosmopolita, que se orgulhava de seu sistema de ensino e de seus filósofos, deixaram marcas indeléveis no jovem judeu de Tarso.
Todavia, Paulo mostra-se reticencioso no emprego de sua educação na formação das igrejas cristãs citadinas. Apesar de encontrarmos diversos recursos estilísticos e retóricos no epistolário paulino, o apóstolo recusava-se, como afirmou Ronald F. Hock, a “incorporar a sabedoria mundana na sua pregação apostólica (1 Co 2.1-4).” [xvii]
Notas
[i] ROBERTSON, A.T. Épocas na vida de Paulo: um estudo do desenvolvimento na carreira de Paulo. 2.ed., Rio de Janeiro: JUERP, 1982, p.17.
[ii] BRUCE, F.F.Merece confiança o Novo Testamento? São Paulo: Edições Vida Nova, 1965, p. 102.
[iii] RENAN, Ernest. Histoire des Origines du Christianisme (33-45): Les Apotres. Paris: Calmann-Lévy, Éditeurs [?], p.163.
[iv] FABRIS, Rinaldo. Para ler Paulo. São Paulo: Edições Loyola, 1996, p.7.
[v] Id.Ibid., p.7-12.
[vi] Em At 21.39, Paulo refere-se a Tarso como “cidade pouco célebre na Cilícia”, provavelmente faz jus a Estrabão que da cidade dissera, “ela pode reivindicar o nome e o prestígio de metrópole da Cilícia”; Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.
[vii] Ver PFEIFFER, C. F. (et al.) Dicionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.1884.
[viii] Descrição geográfica e histórica da cidade de Tarso feita por Estrabão, Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.
[ix] Estrabão afirma que a cidade possuía dois grandes intelectuais de mesmo nome, o citado é Athenodoro Cananita, tutor e conselheiro de Augusto, e o outro é o Estóico, companheiro de Cato, o jovem; Geografia XIV, 5.5-15, apud Fabris, Id.Ibid., p.22.
[x] MURPHY-O’CONNOR, Jerome. Paulo, biografia crítica. São Paulo: Edições Loyola, 2004, p.50.
[xi] BENTHO, Esdras C. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira prática e eficaz. 9.ed.,Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.196-198; ver ainda CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Candeias, 1995, p.377, vl. III, Atos a Romanos.
[xii] BRUCE, F.F. Paulo nos Atos e nas Cartas. In: HAWTHORNE, Gerald F.; MARTIN, R.P.; REID, D.G. (orgs.) Dicionário de Paulo e suas Cartas. São Paulo: Paulus, Vida Nova, Edições Loyola, 2008, p.940.
[xiii] FORBES, Christopher. Paulo e a comparação retórica. In: SAMPLEY, J. P. (org.) Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008, p.133.
[xiv] HOCK, Ronald F. Paulo e a educação greco-romana. In: SAMPLEY, J. P. (org.) Paulo no mundo greco-romano: um compêndio. São Paulo: Paulus, 2008, p.185.
[xv] HOCK, Ronald F. Id. Ibid, p.186,187.
[xvi] BENTHO, Esdras C. Igreja: Identidade e Símbolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
[xvii] HOCK, Ronald F.Id. Ibid, p.171.
As Viagens
Missionárias de Paulo
A igreja cristã primitiva
evangelizou o mundo greco-romano aproximadamente em trintas anos. O imperativo
missionário de Atos 1.8 (ver Mt 28.19,20; Mc 16.15-18) era uma ordem que não
admitia contestação e indolência. Portanto, os discípulos, movidos pelo Espírito
Santo, preocuparam-se com o imediato cumprimento da evangelização do mundo.
Embora as viagens evangelísticas tenham início com Filipe (At 8.5-40) e Pedro
(At 9.32 – 11.1), somente com as incursões missionárias de Paulo entre os
gentios é que elas se estabeleceram como um método para se chegar à Ásia Menor,
Europa, Roma e aos confins da terra.
I. A
PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (AT 13 – 14)
1. De Antioquia a Chipre (At 13.1-12). A primeira viagem missionária de Paulo ocorre depois de seu comissionamento pelo Espírito Santo (vv.2,3). Juntamente com Barnabé, a partir de Selêucia, porto marítimo de Antioquia, Paulo parte em direção à Ásia Menor, sob a orientação do Espírito Santo (v. 4). Com isto Lucas quer demonstrar que o verdadeiro protagonista da missão evangelística é o Espírito Santo (v.9). Ao chegar a Chipre, cidade natal de Barnabé (At 4.36), desembarcam em Salamina, uma cidade marítima com uma grande população judaica, e anunciam a Palavra do Senhor aos judeus na sinagoga da região. Indo em direção à ilha de Pafos, pregavam o evangelho nos povoados adjacentes. Pafos, a capital administrativa de Chipre, era supersticiosa e tinha como padroeira a deusa do amor e da libertinagem, Vênus. Aqui, a força do evangelho enfrenta a resistência das forças malignas e desmascara o falso profeta Elimas, o encantador, resultando na conversão de Sérgio Paulo, governador da província. O propósito de Lucas é afirmar que o evangelho de Jesus não se confunde com o sincretismo grego, e a força do mal não impedirá a graça triunfante da cruz. De agora em diante, Saulo, chamar-se-á Paulo (vv.2,7,9,13).
2. De Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52). De Pafos, subindo o rio Cestro, Paulo chega a Perge, região da Panfília e devotos de Diana (Ártemis), deusa da caça, cujo templo ficava em uma colina. Afastado da cidade central, no interior, havia povos primitivos e idólatras. Suspeita-se que João Marcos abandonara a comitiva por medo desses bárbaros (vv.5,13). Depois de viajar 160km, Paulo chega a Antioquia da Pisídia, cidade com grande comunidade judaica e posto militar romano avançado. Na sinagoga local, prega aos judeus da dispersão, convencendo a muitos, judeus e prosélitos. No sábado seguinte, uma grande multidão ajuntou-se para ouvir a Palavra de Deus, mas os judeus, blasfemando, incitaram algumas pessoas contra Paulo e o expulsaram da cidade. Mas os discípulos, cheios de alegria e do Espírito Santo, partiram para Icônio. Mais uma vez, Lucas registra que o Espírito Santo está dirigindo a comitiva santa.
3. De Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28). Icônio era uma cidade estratégica para a difusão do evangelho pelo fato de unir as cidades de Éfeso, Tarso, Antioquia e o Oriente. Paulo mais uma vez evangeliza os judeus da dispersão na sinagoga local e, como anteriormente, muitos creem enquanto uns se dividem a favor dos apóstolos e outros dos judeus. Temendo por suas vidas, Paulo e Barnabé fogem para Listra e Derbe, cidades da Licaônia. Listra ficava cerca de 30km de Icônio e, desde 6.a.C. era colônia militar romana. Nessa cidade, que adorava o deus grego Zeus, os missionários dirigiram-se aos pagãos nativos, que falavam licaônico, e curaram um portador de necessidades especiais de nascença. A população pagã imediatamente atribuiu o milagre à encarnação dos deuses Zeus e Hermes e, sem sucesso, tentaram oferecer sacrifícios aos missionários. Paulo justifica-se e anuncia o evangelho. Contudo, uma turba de judeus e gentios, procedentes de Antioquia e Icônio, apedrejam os apóstolos, dando-os como mortos. No dia seguinte, Paulo e Barnabé, dirigem-se a Derbe, e muitos se convertem. Em vez de retornarem a Antioquia pelas “Portas de Cílicia”, via Tarso, preferem passar pelas cidades anteriores confirmando a fé dos discípulos.
1. De Antioquia a Chipre (At 13.1-12). A primeira viagem missionária de Paulo ocorre depois de seu comissionamento pelo Espírito Santo (vv.2,3). Juntamente com Barnabé, a partir de Selêucia, porto marítimo de Antioquia, Paulo parte em direção à Ásia Menor, sob a orientação do Espírito Santo (v. 4). Com isto Lucas quer demonstrar que o verdadeiro protagonista da missão evangelística é o Espírito Santo (v.9). Ao chegar a Chipre, cidade natal de Barnabé (At 4.36), desembarcam em Salamina, uma cidade marítima com uma grande população judaica, e anunciam a Palavra do Senhor aos judeus na sinagoga da região. Indo em direção à ilha de Pafos, pregavam o evangelho nos povoados adjacentes. Pafos, a capital administrativa de Chipre, era supersticiosa e tinha como padroeira a deusa do amor e da libertinagem, Vênus. Aqui, a força do evangelho enfrenta a resistência das forças malignas e desmascara o falso profeta Elimas, o encantador, resultando na conversão de Sérgio Paulo, governador da província. O propósito de Lucas é afirmar que o evangelho de Jesus não se confunde com o sincretismo grego, e a força do mal não impedirá a graça triunfante da cruz. De agora em diante, Saulo, chamar-se-á Paulo (vv.2,7,9,13).
2. De Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52). De Pafos, subindo o rio Cestro, Paulo chega a Perge, região da Panfília e devotos de Diana (Ártemis), deusa da caça, cujo templo ficava em uma colina. Afastado da cidade central, no interior, havia povos primitivos e idólatras. Suspeita-se que João Marcos abandonara a comitiva por medo desses bárbaros (vv.5,13). Depois de viajar 160km, Paulo chega a Antioquia da Pisídia, cidade com grande comunidade judaica e posto militar romano avançado. Na sinagoga local, prega aos judeus da dispersão, convencendo a muitos, judeus e prosélitos. No sábado seguinte, uma grande multidão ajuntou-se para ouvir a Palavra de Deus, mas os judeus, blasfemando, incitaram algumas pessoas contra Paulo e o expulsaram da cidade. Mas os discípulos, cheios de alegria e do Espírito Santo, partiram para Icônio. Mais uma vez, Lucas registra que o Espírito Santo está dirigindo a comitiva santa.
3. De Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28). Icônio era uma cidade estratégica para a difusão do evangelho pelo fato de unir as cidades de Éfeso, Tarso, Antioquia e o Oriente. Paulo mais uma vez evangeliza os judeus da dispersão na sinagoga local e, como anteriormente, muitos creem enquanto uns se dividem a favor dos apóstolos e outros dos judeus. Temendo por suas vidas, Paulo e Barnabé fogem para Listra e Derbe, cidades da Licaônia. Listra ficava cerca de 30km de Icônio e, desde 6.a.C. era colônia militar romana. Nessa cidade, que adorava o deus grego Zeus, os missionários dirigiram-se aos pagãos nativos, que falavam licaônico, e curaram um portador de necessidades especiais de nascença. A população pagã imediatamente atribuiu o milagre à encarnação dos deuses Zeus e Hermes e, sem sucesso, tentaram oferecer sacrifícios aos missionários. Paulo justifica-se e anuncia o evangelho. Contudo, uma turba de judeus e gentios, procedentes de Antioquia e Icônio, apedrejam os apóstolos, dando-os como mortos. No dia seguinte, Paulo e Barnabé, dirigem-se a Derbe, e muitos se convertem. Em vez de retornarem a Antioquia pelas “Portas de Cílicia”, via Tarso, preferem passar pelas cidades anteriores confirmando a fé dos discípulos.
II. A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (AT 15.36 – 18.28)
1. Em direção à Ásia (15.36–16.8). Após a ruptura com Barnabé, Paulo prossegue na companhia de Silas e, em Listra, une-se a ele o jovem Timóteo. Partindo de Antioquia, dirigem-se à Síria confirmando às igrejas na fé e informando-as a respeito da resolução do Concílio de Jerusalém (vv.4,5), uma vez que havia grandes comunidades judaicas nessas regiões. Passam pela região da Frígia e da Galácia, mas o Espírito Santo interrompe o itinerário por eles estabelecido e apresenta-lhes um novo projeto. São impedidos de evangelizar nas regiões da Ásia e seguem em direção a Mísia. De lá, intentam ir a Bitínia, mas o Espírito Santo impede-os mais uma vez. Seguem, portanto, para Trôade, na costa do mar Egeu e local mais próximo da Europa.
2. Em direção à Europa (16.12–18.18). Em Trôade, Paulo é orientado a seguir para a Macedônia. Em direção a Filipos, passa por Samotrácia e Neápolis até chegar ao destino proposto. Em Filipos, primeira cidade da Macedônia e marco da obra na Europa, Lídia, a primeira europeia convertida ao evangelho, constrange os apóstolos a hospedarem-se em sua casa. Nessa cidade, assim como acontecera em Salamina, libertam uma jovem que tinha espírito de adivinhação. Como consequência, os apóstolos foram encarcerados. Na prisão, Paulo e Silas adoravam a Deus quando, sobrenaturalmente, um terremoto abriu as portas do cárcere. Esse episódio foi responsável pela conversão do carcereiro e, depois, quando os apóstolos foram libertos, de toda sua família. De Lídia seguiram a Tessalônica, passando por Anfípolis e Apolônia. Desta última, caminhou a pé 64km até chegar em Tessalônica. Na sinagoga local evangelizaram os judeus, os gregos religiosos e algumas mulheres importantes, até que os judeus incrédulos incitaram a multidão contra eles. Forçados, saíram da cidade em direção a Bereia, evangelizando judeus, gregos e mulheres na sinagoga da cidade. Novo tumulto força Paulo a deslocar-se para Atenas, entretanto, Silas e Timóteo permaneceram na cidade. Em Atenas, capital da Ática e centro cultural, Paulo se comove observando a idolatria dos atenienses. O discurso de Paulo no Areópago é um dos mais belos e cultos sermões cristãos. Contudo, a vaidade cultural, a corrupção dos costumes, e a falta de compreensão a respeito da ressurreição impediram os atenienses de responderem positivamente à fé cristão; poucos converteram-se.
3. Regresso
(18.18-22). De Atenas, Paulo dirigiu-se
a Corinto, a mais importante metrópole da Grécia. Lá conheceu o casal Aquila e
Priscila. E todos os sábados anunciava o evangelho aos judeus e gentios da
cidade, resultando na conversão de Crispo, o principal da sinagoga. A estadia
de Paulo na cidade foi de um ano e seis meses. Dali despediu-se dos irmãos indo
em direção a Éfeso, na província da Lídia, passou por Cesareia e Jerusalém até
chegar a Antioquia.
III. A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA E VIAGEM ROMA (AT 18.23 – 28.31)
1. De Antioquia a Macedônia (18.23 – 20.3). De Antioquia, Paulo dirigiu-se a Éfeso, a fim de fortalecer a igreja local. Alguns discípulos nada sabiam a respeito do Espírito Santo. Paulo além de ensiná-los, orou para que eles recebessem o dom do Espírito. Imediatamente o Espírito desceu sobre eles, outorgando-lhes os dons sobrenaturais. Além do fortalecimento da igreja, muitos sinais e maravilhas, conversões e manifestações públicas de fé ocorreram em Éfeso. A superstição, a idolatria e a magia foram vencidas nessa cidade. Diz Lucas que “a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.20). Paulo segue para Trôade e, a seguir, dirige-se à Macedônia.
2. De Filipos a Jerusalém (20.6 – 21.17). Nessa seção do livro de Atos, Paulo está regressando de sua terceira viagem missionária. Visita a Macedônia, a Grécia e, logo a seguir, retorna a Ásia (20.1-6). Os fatos marcantes desse regresso são: o longo discurso de Paulo, a ressurreição de Êutico, e a pregação aos anciãos de Éfeso. Paulo desde já alertara a igreja que ele não seria mais visto pela igreja (v.38). Depois de passar por algumas regiões, embora fosse avisado para que não fosse a Jerusalém, cumpre seu intento e é preso pela turba judaica. Paulo discursa em sua defesa e comparece diante do Sinédrio. Todavia, o Senhor o fortalece e anuncia que importa que ele vá a Roma anunciar o evangelho.
3. Viagem a Roma (23.31-33; 27 – 28.31). A viagem de Paulo a Roma é precedida de vários episódios e discursos importantes. Comparece perante Festo e ali apela para César; apresenta-se ao rei Agripa e o evangeliza. Agripa reconhece diante de Festo a inocência de Paulo, mas é forçado a enviá-lo a Roma. Em Roma fica preso em sua própria casa durante dois anos, “pregando o Reino de Deus e ensinando com toda liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum” (28.31).
A história das viagens missionárias de Paulo é, na verdade, a história dos Atos do Espírito Santo na vida desse intrépido servo de Deus. O Espírito Santo ainda opera as mesmas maravilhas narradas em Atos, basta apenas alguém solícito clamar: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.
NOTAS CPADNEWS
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