O FRUTO DO ESPÍRITO: AMOR,
ALEGRIA, PAZ
De todas as passagens bíblicas que
esboçam o caráter de Cristo e o fruto que o Espírito produz em nossa vida, a
mais compacta e desafiadora é Gálatas 5:22, 23. "Mas o fruto do Espírito
é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio". Nos próximos três capítulos estudaremos
detalhadamente cada um destes. Para facilitar o estudo, podemos dividir estas
nove palavras em três "cachos" de frutas. Amor, alegria e paz são o
primeiro cacho; têm a ver principalmente com nossa relacionamento com Deus. O
segundo "cacho" – longanimidade, benignidade e bondade – tratam mais
do nosso relacionamento com outras pessoas. O terceiro "cacho",
fidelidade, mansidão e domínio próprio, fala mais do nosso relacionamento com
nosso interior – as atitudes e ações do nosso "eu".
Ao mesmo tempo, é claro, estes três
"cachos" estão todos relacionados entre si, e todos devem ser
visíveis em nosso ser. E todos estarão visíveis se nós permanecermos em Cristo
e permitirmos que o Espírito Santo atue em nós.(notas, O Fruto do Espirito
Santo Billy Grahan,,IBID,PP.140,1980)
O Fruto do Espírito – Amor
Não deveria haver nada mais
característico no cristão do que o amor. "Nisto conhecerão todas que sois
meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros" (João 13:35). "Nós
sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos" (1
João 3:14). "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que
vos ameis uns aos outros: pois quem ama ao próximo, tem cumprido a lei"
(Rom. 13:8).
Não importa de que maneira nós damos
testemunho de Cristo; sem amor, tudo fica anulado. Amor é maior que qualquer
coisa que possamos dizer com palavras, qualquer coisa que possamos possuir ou
dar. "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver
amor, serei como o bronze que soa, ou corno o címbalo que retine. Ainda que eu
tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda
que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada
serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que
entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disto
me aproveitará" (1 Cor. 13:1-3).
O capítulo da Bíblia que mais fala do
amor é 1 Coríntios 13. Sua descrição do amor deveria estar inscrito com letras
de ouro no coração de cada cristão. Se outro capítulo da Bíblia deve ser
decorado, além de João 3, este é 1 Coríntios 13. Quando meditamos sobre o
significado do amor, vemos que ele é para o coração o que o verão é para o
agricultor: ele faz com que todas as flores da alma dêem fruto. Ele é, de fato,
a flor mais bonita do jardim da graça de Deus. Se não houver amor em nossa
vida, estaremos vazios. Pedro disse: "Acima de tudo, porém, tende amor
intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados"
(1 Pedro 4:8).
C. S. Lewis, em seu pequeno livro The
Four Loves (Os Quatro Tipos de Amor), faz um estudo das quatro palavras gregas
diferentes que nós traduzimos por "amor". Quando a Bíblia fala do amor
que Deus tem por nós e que gostaria que nas tivéssemos, geralmente um a palavra
grega agape (pronuncia-se agápe). O amor agape aparece em todo o Novo
Testamento. Quando Jesus disse: "Amem seus inimigos", Mateus usou a
palavra agape em seu evangelho. Quando Jesus disse que devemos nos amar uns aos
outros, João usou a palavra agape. Quando Jesus disse "Ame seu
vizinho" Marcos usou a palavra agape. Quando a Escritura diz que
"Deus é amor", ela um a palavra agape.
O Novo Dicionário da Bíblia define o
amor agape no grego como "a forma mais elevada e nobre de amor, que vê no
objeto do amor algo infinitamente precioso".1
A maior demonstração de amor agape que
Deus deu foi na cruz, quando Ele enviou Seu Filho Jesus Cristo para morrer por
nossos pecados. E já que nós devemos amar como Deus amou, todos os crentes
devem ter este amor agape. Nós não o temos naturalmente, nem podemos
desenvolvê-lo porque as obras da carne não podem produzi-lo; só o Espírito
Santo pode concedê-lo, sobrenaturalmente. Ele o faz quando nos submetemos à
vontade de Deus.
Devemos saber de uma coisa sobre o amar
agape. Vezes demais hoje em dia o amor parece somente ser uma emoção ou um
sentimento. É claro que o amor envolve sentimentos, estejamos amando a Deus ou
a outrem. Mas amor é mais que emoções. Amor não é um sentimento – amor é ação.
O verdadeiro amor age. Deus nos amou assim: "Porque Deus amou ao mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito" (João 3:16, grifo meu).
"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em
verdade" (1 João 3:18, IBB).
Por isso o amor é um ato da vontade – e
esta é a razão de nossa vontade tem de ser primeiro submetida a Cristo antes
que possamos produzir o fruto do amor.
O bispo Stephen Neill definiu o amor
como "uma direção constante da vontade para o bem permanente de
outrem".2 Ele comenta que muito amor humano na verdade é egoísta, enquanto
que o amor agape renuncia a si mesmo. Neill diz:
"O primeiro amor (humano) diz: –
Eu quero para mim algo que o outro tem e que ele pode me dar.
"O segundo amor (de Deus) diz: –
Eu quero dar alguma coisa para este aqui, porque eu o amo.
"O primeiro amor quer se
enriquecer recebendo presente que os outros podem dar.
"O segundo amor quer enriquecer os
outros dando tudo que tem.
"O primeiro amor é sentimento e
desejo. Vem e vai quando quer; não podemos forçá-lo a ficar com nenhum esforço
próprio.
"O segundo amor é muito mais
questão de vontade, porque somos nós que decidimos dar ou não dar."3
Nós devemos amar como o bom samaritano
(Lucas 10:25-38), que na verdade é amor se expressando em ações. Este amor
alcança todos – esposa, marido, filhos, vizinhos, até mesmo pessoas que nunca
vimos, no outro lado do mundo. Inclui os que são fáceis de amar, porque são
parecidos conosco, e os que são difíceis de amar, porque são tão diferentes.
Estende-se até a pessoas que nos prejudicaram ou magoaram.
Uma jovem esposa e mãe estava cheia de
amargura e ressentimento porque seu marido se tornara infiel e a tinha deixado
para viver com outra mulher. Mas, refletindo sobre o amor que Cristo teve por
nós, ela descobriu que um novo tipo de amar pelas outras pessoas começou a
brotar dentro dela – inclusive pela mulher que tinha levado seu marido. Perto
do Natal ela enviou àquela mulher uma rosa vermelha com um bilhete: "Por causa
do amor de Cristo em mim e através de mim, eu posso amar você!" Este é o
amor agape, fruto do Espírito.
A ordem de amar não é opcional; devemos
amar, estejamos com vontade ou não. De fato, podemos dizer que o amor pelos
outros é o primeiro sinal de que nascemos de novo e que o Espírito Santo está
atuando em nós.
Antes de qualquer outra coisa o amor
deve ser a característica marcante de qualquer congregação local.
Dr. Sherwood Wirt escreveu assim:
"Descobri que não vem ao caso falar de igrejas fortes ou igrejas fracas,
grandes ou pequenas, mornas ou frias. Estas classificações não são realísticas
e estão fora da questão. A única distinção que podemos fazer é esta: igrejas
que amam ou igrejas que não amam."4
Às vezes é muito fácil dizer que amamos
alguém, honesta e sinceramente. Mas quantas vezes não vemos o solitário na
multidão, o doente e o necessitado, homens ou mulheres, cuja única esperança
talvez seja o amor que podemos lhe dar em Cristo. O amor que Deus nos mostrou
alcança todas as pessoas.
Um amigo nosso é um famoso cantor. Eu
notei que quando ele entra em uma sala cheia de pessoas ele não fica olhando ao
redor para encontrar pessoas que ele conheça. Ele olha para uma pessoa
inexpressiva, desconhecida, deslocada, desajeitada, vai direto para ela, estende
a mão, com o rosto enrugado brilhando em um sorriso gentil, enquanto se
apresenta: "Olá, eu sou . . ."
Allan Emery, amigo meu por longa data,
morava em Boston quando era ainda garoto, e teve uma experiência que deixou
nele profunda impressão. Seu pai recebeu um telefonema dizendo que um cristão
conhecido tinha se encontrado bêbado no banco de uma certa praça. Seu pai
imediatamente mandou seu motorista com a limusine buscar o homem, enquanto sua
mãe preparava o melhor quarto de hóspedes. Meu amigo ficava olhando com os
olhos arregalados os lindos cobertores sendo colocados sobre a velha cama com
marquise, mostrando os monogramas.
– Mas, mãe! – ele protestou, – ele está
bêbado. Pode até estar doente!
– Eu sei, – disse sua mãe gentilmente,
– mas este homem escorregou e ruiu. Quando voltar a si estará tão envergonhado
que precisará de todo o carinho e ânimo que nós lhe possamos transmitir.
Foi uma lição que ele nunca esqueceu.
Jesus olhou para as multidões e ficou
cheio de compaixão por cada um deles. Ele amou como nenhum ser humano é capaz
de amar. Seu amor abraçava todo o mundo, toda a raça humana, do princípio ao
fim dos tempos. Seu amor não conhecia barreiras, nem limites, ninguém era
excluído. Desde o mendigo mais insignificante até o mais alto monarca, desde o
maior pecador até o mais pura santo – Seu amor foi para todos. Somente o
Espírito de Deus atuando em nós pode produzir este fruto, que se manifestará em
nossa vida pública e privada.(notas IBID,PP.145)
O Fruto do Espírito: Alegria
Voltando do túmulo do seu jovem filho
na China, meu sogro escreveu a sua mãe: "Há lágrimas em nossos olhos, mas
alegria em nosso coração". A alegria que o Espírito põe em nosso coração
está acima das circunstâncias. Podemos ter alegria mesmo nas situações mais
difíceis.
A palavra grega usada no Novo
Testamento para alegria repetidamente é usada para indicar alegria de origem
espiritual, como "a alegria do Espírito Santo" (1 Tess. 1:6). Também
o Antigo Testamento usa frases como "a alegria do Senhor" (Neem.
8:10), para indicar que Deus é a fonte da alegria.
Pouco antes de ser preso nosso Senhor
se reuniu com seus discípulos para a Ceia. Jesus lhes disse que tinha falado
tudo aquilo "para que o meu gozo esteja em vós, e vosso gozo seja
completo" (João 15:11).
O bispo Stephen Neill fez esta
observação: "Os primeiros cristãos conseguiram conquistar o mundo porque
eram um povo alegre."5
O mundo de hoje não tem alegria; está
cheio de sombras, desilusões, medo. A liberdade está desaparecendo da face da
terra. Além da liberdade, também muitas das alegrias e prazeres superficiais da
vida estão desaparecerão, mas isto não deve nos alarmar. A Escritura ensina que
nossa alegra espiritual não depende das circunstâncias. O sistema mundial não
consegue achar a fonte da alegria. Deus dirige Sua alegria, através do Espírito
Santo, para nossas vidas tristes e cheias de problemas, possibilitando-nos que
fiquemos cheios da alegria apesar das circunstâncias.
A Declaração de Independência dos EUA
fala de "perseguir a felicidade", mas a Bíblia em nenhum lugar diz
que devemos fazer isto. A felicidade é enganosa, e nós não a acharemos
procurando-a. Quando as condições externas são favoráveis nós a temos; mas a
alegria vai muito além. Alegre também é diferente dos prazeres. Os prazeres do
momentâneos, mas a alegria é permanente e firme, desprezando as circunstâncias
adversas da vida.
Além de nós recebermos a fonte da
alegria, que é a pessoa de Cristo, nós temos a certeza de que ela está sempre à
disposição de qualquer cristão, não importa as circunstâncias.
Eu visitei uma vez a cidade de
Dohnavur, no sul da Índia, onde Amy Carmichael viveu por cinqüenta anos,
cuidando de centenas de meninas antes destinadas ao serviço do templo. Como já
citei antes ela estava presa à uma durante os últimos vinte anos de sua vida, e
durante este tempo escreveu muitas livros que abençoaram milhões de pessoas. A
alegria preenchia o seu quarto de doente, e todos que a visitavam saíam
louvando a Deus.
Em Seu livro Gold by Moonlight (Ouro ao
Luar) ela diz: "Se nosso objetivo é querer o que Deus quer, aceitar as
coisas é a escolha feliz, da mente e do coração, das coisas que Ele traz,
porque (para o presente) elas são Sua vontade boa, aceitável e perfeita."6
Visitei aquele quarto mais de uma vez
depois da sua morte, onde ela tinha servido ao Senhor durante vinte anos,
escrevendo na cama, e sua enfermeira me pediu que eu fizesse uma oração. Eu
comecei, mas eu fiquei tão emocionado com um sentimento da presença de Deus que
não consegui continuar. Minha voz falhou, o que raras vezes me aconteceu. Pedi
ao meu companheiro que continuasse, mas a mesma coisa aconteceu com ele. Quando
deixamos o quarto, eu senti a alegria do Senhor encher o meu coração. Eu tenho
visitado muitos doentes para lhes transmitir ânimo, alguns com doenças incuráveis.
Por estranho que pareça, muitas vezes eu saí abençoado com sua alegria
contagiante.
O testemunho final de Paulo estava
coroado de profunda alegria, quando escreveu sua última carta a Timóteo, pouco
antes de morrer. Apesar dos sofrimentos por que passou, dos horrores da prisão
e das freqüentes ameaças de morte, a alegria do Senhor enchia o Seu coração.
Charles Allen explica isto nestas
palavras: "Da mesma forma que toda a água do mundo não pode apagar o fogo
do Espírito, todos os problemas e tragédias do mundo não podem vencer a alegria
que o Espírito traz ao coração humano."(notas IBID pp.148)
O F r u t
o d o E s p í r i t o : P a z
Quando nós nos entregamos às
preocupações estamos tirando do nosso Guia o direito de nos dirigir em confiança
e paz. Somente o Espírito Santo pode nos dar paz no meio de tempestades,
agitação e desespero. Não devemos entristecer nosso Guia tolerando as
preocupações ou dando muita atenção a nós mesmos.
Há diferentes tipos de paz: a paz de um
cemitério, a paz trazida por tranqüilizantes. Mas para o cristão paz não é
simplesmente ausência de conflito ou qualquer outro estado artificial que o
mundo pode oferecer. É a paz profunda e permanente que Jesus Cristo traz ao
nosso coração. Ele a descreve em João 14:27: "– Deixo com vocês a minha
paz; a minha paz lhes dou, não como o mundo costuma dar" (BLH). Esta paz
pode vir somente pelo Espírito Santo.
A paz de Deus que pode reinar em nossos
corações sempre é precedida pela paz com Deus, que é o ponto de partida. Quando
esta existe, a paz de Deus pode segui-la. Deste ponto de vista a obra salvadora
de Cristo tem dais estágios: Primeira, Ele foi capaz de terminar a guerra que
havia entre o homem pecador e o Deus justo. Deus estava mesmo aborrecido com a
humanidade por causa do seu pecado. Jesus, com Seu Sangue, proveu a paz. A
guerra terminou; a paz veio. Deus estava satisfeito, a dívida cancelada, a
contabilidade em ordem. Com Seus débitos pagos o homem estava livre, se
estivesse disposto a se arrepender e se voltar em fé para Cristo, para receber
a salvação. Agora Deus pode olhar com prazer para ele.
Mas Jesus não só nos libertou da
escravidão e da guerra. Há um segundo estágio, graças a Ele – agora e aqui
podemos ter a paz de Deus em nosso coração. A paz com Deus não é Somente uma
trégua; a guerra terminou para sempre, e agora os corações redimidos dos
antigos inimigos da cruz estão munidos de uma paz que está além de qualquer
conhecimento humano, e mais alto que qualquer vôo de águia que possamos
imaginar.
Spurgeon disse sobre a paz de Deus:
"Olhei para Cristo, e a pomba da paz voou para dentro do meu coração;
olhei para a pomba, e ela voou embora." Não devemos olhar para o fruto,
mas para a origem de toda a paz, porque Cristo, pelo Espírito Santo, cultiva
nossa vida com sabedoria para produzirmos paz. A terapia psiquiátrica mais
eficiente do mundo é apropriar-se da promessa de Jesus: "Eu lhes darei
descanso" – ou paz (Mat. 11:28). O rei Davi é uma prova viva da terapia
espiritual para a alma que o Espírito Santo aplica, quando diz: "Deitar-me
faz" (Sal. 23:2, IBB). Isto é descansar em paz. Mas Davi continua:
"Ele refrigera a minha alma." Isto é receber novas forças, cheio de
paz. Mesmo procurando paz sem parar, os homens não a acharão enquanto não
chegarem a esta simples conclusão: "Cristo é paz."
Uma mulher cheia de desespero e
frustração me escreveu, dizendo que não havia esperança para ela porque Deus
não poderia perdoar todos os seus pecados, de tão grandes que eram. Eu lhes
respondi que mesmo parecendo que Deus e todo mundo a tinham esquecido, Ele não
a esquecera, só permitira que aflição e desespero enchessem a sua alma para que
ela compreendesse o quanto precisa do perdão e da paz de Deus. Mais tarde ela
me escreveu dizendo que tinha pulado de alegria quando compreendeu que podia
ter e paz de Deus. Jesus disse que o que faz a diferença não é a nossa paz, mas
a dEle: "A minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo" (João
14:27).
Em Romanos Paulo nos deixou estas
palavras tão maravilhosas: "E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo
e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito
Santo " (15:13). Como descrever melhor alegria e paz? Paz é fruto do
Espírito, sim.(notas IBID,pp150)
Você a tem em Seu coração?
O FRUTO DO
ESPÍRITO:
LONGANIMIDADE, BENIGNIDADE,
BONDADE
O primeiro cacho de frutos do Espírito
era de relacionamento com Deus que outras pessoas podem ver. Por isso falamos
do amor de Deus, da alegria do Senhor e da paz de Deus. O segundo cacho –
longanimidade, benignidade e bondade – traz em si a idéia de que tipo de
cristãos somos em nosso relacionamento com outras pessoas. Se nós perdemos
facilmente as estribeiras, somos indelicados ou grosseiros, então nos falta o
segundo cacho do fruto do Espírito. Mas quando o Espírito tem controle sobre
nós, Ele age em nós até que os botões de longanimidade, benignidade e bondade
comecem a florir em nós e depois dar fruto.(notas idid,pp152)
O Fruto do Espírito: Longanimidade
A palavra longanimidade (paciência, na
Bíblia na Linguagem de Hoje) vem de uma palavra grega que tem a idéia de
imperturbabilidade diante de provocações. O conceito de paciência sob maus
tratos, sem ficar com raiva nem nutrir pensamentos de vingança ou retribuição,
também é inerente à palavra. Esta parte do fruto do Espírito se evidencia assim
no relacionamento com nossos vizinhos. É a paciência personificada – a
paciência do amor. Se nós somos irritadiças, vingativos, ressentidos ou
maldosos com nossos vizinhos, então temos "curtanimidade", e não
longanimidade. Neste caso não estamos sob o controle do Espírito Santo.
A paciência é o brilho transcendente de
um coração amoroso e meigo que é gentil e delicado quando trata os que vivem ao
seu redor. A paciência julga os erros dos outros com delicadeza, carinho e
compreensão, sem criticismo injusto. Paciência também é perseverança – a
capacidade de suportar fadiga, pressão e perseguição enquanto faz o trabalho do
Senhor.
Paciência faz parte da imagem de
Cristo, que nós admiramos tanta em outros sem exigi-la de nós mesmos. Paulo nos
ensina que nós podemos ser "fortalecidos com todo o poder, segundo a força
da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria" (Sal.
1:11). A paciência provém do poder de Deus, baseado na nossa disposição de
aprendê-la. Se nós somos egoístas, se raiva ou má vontade se manifestam, se a
impaciência ou a frustração querem nos dominar, temos de reconhecer que a causa
dos problemas somos nós, e não Deus. Devemos recusar, renunciar e repudiar a
situação imediatamente. Isto vem da nossa natureza pecaminosa.(notas
IBID,PP.153)
Paciência e Provas
A paciência está relacionada na Bíblia
bem de perto com provas e tentações, o que é lógico. Ser paciente na vida
normal é fácil, mas e quando vêm as dificuldades? Nestas horas é que nós mais
precisamos do fruto do Espírito – paciência. A Bíblia diz que esta é uma das
vantagens das dificuldades: porque nos fazem mais fortes, deixando que o
Espírito desenvolva a paciência em nós. "Meus irmãos, tende por motivo de
toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da
vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança" (Tiago 1:2, 3).
Se isto é verdade, então nós devemos
dizer bem-vindo às provações e dificuldades, quando elas vêm, porque nos
obrigam a recorrer cada vez mais à fonte de toda força, produzindo mais
paciência, que é fruto do Espírito. Exercitando paciência e longanimidade nas
pequenas frustrações e irritações diárias, estaremos preparados para resistir
nas grandes batalhas.
A erosão do coração nos faz vulneráveis
aos ataques astutos a muitas vezes disfarçados de Satanás. Mas o coração que
aprendeu a recorrer imediatamente ao Espírito Santo, pela oração, ao primeiro
sinal da tentação não terá razão para temer esta erosão, esta derrota. Em pouco
tempo a oração será tão automática e espontânea que a teremos pronunciado antes
de vermos a necessidade. A Bíblia diz que devemos ser "pacientes na
tribulação, na oração perseverantes" (Rom. 12:12). Na minha opinião, a
melhor hora para orar é no momento em que somos ameaçados por uma situação
tensa ou uma atitude não espiritual. Deus Espírito Santo está sempre presente,
pronto para me ajudar a vencer as batalhas espirituais, grandes ou pequenas.
Mas para a oração se tornar uma reação involuntária ou subconsciente ao
problema eu tenho de praticá-la, voluntária e conscientemente, cada dia, até
que ela se torne uma parte integrante do meu ser.
Um amigo e conselheiro uma vez me disse
que muitas vezes o maior teste que enfrentamos, a maior provação é quando
perguntamos a Deus: "Por quê?"
Charles Hambree afirmou que "no
meio da aflição é difícil ver um sentido nas coisas que nos acontecem, e
ficamos com vontade de questionar a justiça de um Deus fiel. E exatamente estes
momentos rodem ser os mais significativos de nosso vida".1
Paul Little, um dos maiores servos de
Deus, morreu em um acidente automobilístico em 1975. Eu logo perguntei a Deus:
"Por quê?" Paul era um dos melhores homens de Deus para trabalhar com
jovens, e para ensinar a Bíblia. Era professor em faculdade teológica, um dos
líderes da Aliança Bíblica Universitária e ex-membro da nossa equipe. Tenho
certeza que sua esposa, Marie, fez esta mesma pergunta na agonia do seu
coração. Mas quando ela participou alguns meses depois de um retiro espiritual
da nossa equipe, ela evidenciou um espírito maravilhoso, contando sua vitória
às mulheres da nossa equipe. Ao invés de nós a confortarmos, ela é que estava
nos confortando.
Nós sofremos aflições ou disciplina,
mas o salmista diz: "Ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela
manhã" (Sal. 30:5). Nenhum cristão cheio do Espírito deixará de ser
longânimo e paciente se perseverou fielmente na "comunhão dos seus
sofrimentos"(Filip. 3:10).
Deus permite que passamos por
purificação, disciplina, aflições e até perseguições, para que o fruto apareça
em nossa vida. Se os irmãos de José, que o odiavam, não o tivessem vendido como
escravo, se Potifar não o tivesse acusado injustamente, colocando-o na prisão,
ele não teria desenvolvido o fruto de paciência e longanimidade que seria sua
característica pessoal por toda a vida. Mesmo depois de dizer ao copeiro do
faraó que voltaria à corte real e pedir-lhe que falasse a faraó da sua prisão
injusta, teve de permanecer mais dois anos na prisão.
Às vezes parece que Deus demora muito
para nos atender, pois nós confiamos nEle, mas Ele nunca vem tarde demais.
Paulo escreveu: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para
nós eterno peso de glória, acima de toda comparação" (2 Cor. 4:17). Jesus
disse a Seus discípulos: "Pela vossa perseverança ganhareis as vossas
almas" (Lucas 21:19, IBB). Esta é a longanimidade e a paciência que o
Espírito Santo usa para abençoar outros.
Falando sobre longanimidade temos de
tomar cuidada em relação a um perigo. Às vezes nós a usamos como desculpa por
não termos tomado uma atitude que se esperava de nós. Às vezes nos contentamos
com um tipo de auto-flagelação neurótica por não querermos enfrentar a verdade,
que erradamente chamamos de longanimidade. Mas Jesus, com violência,
"expulsou todos os que venciam e compravam no templo; também derrubou as
mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas" (Mat. 21:12).
Também castigou com furor os escribas e fariseus (Mat. 21:13 ss.). O cristão
cheio do Espírito sabe quando arder em "ira santa" e quando ser
paciente, e sabe também quando a longanimidade se transformou em desculpa da
inatividade ou uma muleta para disfarçar um defeito de caráter.(notas
IBID,PP.153-157)
O Fruto do Espírito: Benignidade
Benignidade, ou ternura, ou delicadeza,
é o segundo gomo do fruto que aparece externamente. Este termo vem de uma
palavra grega que entende toda a nossa natureza permeada de gentileza.
Delicadeza acaba tudo que é rude e grosseiro. Podemos até chamá-la de amor que
permanece.
Jesus era uma pessoa gentil. Quando Ele
nasceu havia poucas instituições de caridade no mundo. Havia poucos hospitais
ou clínicas psiquiátricas, poucos albergues para os pobres, poucos orfanatos e
poucos abrigos para os desamparados. Comparando com a nossa, aquela era uma
época cruel. Cristo mudou isto. E a todos os lugares onde o cristianismo chegou
seus seguidores praticaram ações de benignidade e delicadeza.
A palavra aparece poucas vezes em nosso
Bíblia em português, mas há versículos que a creditam às três pessoas da
Trindade. Salmo 18:35 fala da clemência ou benignidade de Deus; 2 Coríntios
10:1 da benignidade de Cristo; e Gálatas 5:22 da benignidade do Espírito Santo.
Charles Allen faz a seguinte
observação: "No nosso desprezo pelo pecado podemos nos tornar rudes e
grosseiros com o pecador. ... Algumas pessoas parecem ser tão apaixonadas pela
justiça que não têm mais lugar para a compaixão pelos que caíram".2
Como é fácil ser impaciente ou
indelicado com os que falharam na vida! Quando começou o movimento hippie nos
EUA, muitas pessoas reagiram com uma atitude crítica e sem amor diante dos
hippies em si. A Bíblia nos ensina outra coisa. Jesus os teria tratado com
"benignidade" carinhosa. As únicas pessoas que Ele tratou com rudeza
foram os líderes religiosos hipócritas, mas com todas os outros Ele era
maravilhosamente gentil. Muitos pecadores à beira do arrependimento foram
desiludidos por um cristianismo farisaico e friamente rígido, preso a um código
religioso legalista que não inclui a compaixão. Jesus agia com ternura,
gentileza e carinho. Mesmo crianças pequenas experimentaram isto, e se
aproximavam dEle ansiosas e sem medo.
Paulo disse a seu jovem amigo Timóteo:
"O servo do senhor não deve brigar. Mas deve ser delicado para com
todos" (2 Tim. 2:24, BLH). Tiago disse: "A sabedoria que vem do alto
é antes de tudo pura; e é também pacífica, bondosa e amigável" (Tiago
3:17, BLH).
Alguns dizem que delicadeza é um sinal
de fraqueza, mas eles estão errados! Abraham Lincoln era famoso por sua
humildade e delicadeza, e nunca poderemos dizer que ele era fraco. Pelo
contrário, o grande homem que ele foi resultou da combinação da sua grande
força de caráter com seu espírito gentil e compassivo.
Em Fruits of the Spirit (Frutos do
Espírito) Hembree diz assim: "Nesta época de mísseis teleguiadas e pessoas
mal-guiadas precisamos desesperadamente aprender a sermos gentis. Parece
estranho que em uma era em que alcançamos a lua, enviamos sinais a planetas
distantes e recebemos fotografias tiradas de satélites em órbita seja tão
difícil comunicar ternura com os que estão ao nosso redor."3
O lugar mais óbvio para buscar
orientação e instrução para estes usos do Espírito é o ministro no púlpito, e a
grande necessidade desta geração tem de ser tratada em sermões com autoridade.
Mas não importa quão eloqüente, bem preparado e dotado um pastor seja; se não
tiver carinho e delicadeza em sua maneira de tratar as pessoas ele será incapaz
de levar muitas pessoas a Cristo. Um coração gentil é um coração contrito – um
coração que chora pelos pecados dos maus e pelos sacrifícios dos
bons.(notas,IBID,157-159)
O Fruto do Espírito: Bondade
O terceiro elemento deste trio é
bondade. Esta palavra é derivada de um termo grego que se refere à qualidade
das pessoas que são dirigidas e desejam o que é bom, que representa os mais
elevados valores éticos e morais. Paulo escreve: "Porque o fruto da luz
consiste em toda a bondade, e justiça, e verdade" (Efés. 5:9). Diz também:
"Por isso também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos
torne dignos da sua vocação, e cumpra com poder todo propósito de bondade e
obra de fé; a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em
vós" (2 Tess. 1:11,12). Paulo diz ainda, elogiando a igreja em Roma:
"Certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais
possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos
admoestardes uns aos outros" ( Rom. 15:14).
Eu já disse em outro capítulo que no
terreno atrás da nossa casa nós temos algumas fontes de água. De uma delas
jarra a água que supre o nosso reservatório, pura e que nunca cessa de correr.
O homem que analisou a água elogiou-a, dizendo que era a água mais pura que já
tinha achado. Assim como a boa fonte, um bom coração nunca cessa de jorrar
bondade.
A palavra "bom" no entender
da Escritura significa literalmente "ser como Deus", porque Ele é o
único que é perfeitamente bom. Uma coisa é ter padrões éticos elevados, outra
coisa é a bondade que o Espírito Santo produz, que tem suas raízes em Deus. O
significado deste fruto é mais amplo do que simplesmente "fazer o
bem". Bondade é mais que isto. Bondade é amor em ação. Não somente traz em
si a idéia de justiça, mas demonstra esta justiça, este "fazer o que é
certo" vivendo diariamente no Espírito Santo. É fazer o bem a partir de um
coração bom, é agradar a Deus sem esperar medalhas ou recompensas. Cristo quer
que este tipo de bondade seja o normal em cada cristão. Os homens não podem
achar substituto para a bondade, e nenhum artista em retoques espirituais pode
imitá-la.
Thoreau escreveu o seguinte: "Se
alguém não mantém o passo com seus companheiros, é talvez porque ele esteja
ouvindo um outro tambor. Deixe-o andar de acordo com a música que ele ouve, mas
comedido, ou longe dos outros."4 Como cristãos nós não temos outra
alternativa a não ser marchar no ritmo dos tambores do Espírito Santo, nos
passos comedidos da bondade, o que agrada a Deus.
Nós podemos fazer boas obras e dar
testemunho aos que vivem ao nosso redor de que temos algo "diferente"
em nosso vida, praticando os princípios da bondade – algo diferente que talvez
eles mesmos também queiram ter. Talvez até sejamos capazes de mostrar a outros
como praticar os princípios da bondade. Mas a Bíblia diz: "O vosso amor é
como a nuvem da manhã, e como o orvalho da madrugada, que cedo passa"
(Oséias 6:4). A verdadeira bondade é "fruto do Espírito", e nunca
teremos sucesso tentando consegui-la com força e esforço próprios.
Devemos tomar cuidado: qualquer traço
de bondade que o mundo vê em nós deve ser genuíno fruto do Espírito, e não um
substituto falsificado, para que não levemos ninguém inconscientemente para um
caminho errado.
Nunca devemos esquecer que Satanás pode
se aproveitar de qualquer esforço humano e torcê-lo para que sirva para seus
propósitos; mas ele não pode nem tocar o espírito que está coberto do sangue de
Cristo, e firmado profundamente no Espírito Santo. Somente o Espírito pode
produzir a bondade que é a toda prova.
A bondade nunca se manifesta sozinha
neste grupo de facetas externas do fruto do Espírito, mas é sempre acompanhada
por paciência e delicadeza. Estes três andam juntos e estavam maravilhosamente
visíveis nAquele que é o exemplo perfeito do que você e eu devemos ser. Pelo
poder do Espírito Santo estes traços de caráter se tornam parte da nossa vida,
para que possamos lembrar outros dEle. (notas IBID,PP.159-162)
O FRUTO DO
ESPÍRITO:
FIDELIDADE, MANSIDÃO,
DOMÍNIO PRÓPRIO
A vida cristã autêntica tem sua própria
escala de prioridades: Primeiro Deus, depois os outros, por último nós mesmos.
Por isto ao falarmos do terceiro cacho do fruto do Espírito focalizaremos nossa
atenção no homem interior. O Espírito Santo atua em nós para poder atuar
através de nós. "Ser" é mais importante que "fazer". Mas
quando somos interiormente o que devemos ser, então produziremos fruto, mais
fruto, muito fruto. Este é o objetivo final do apóstolo Paulo ao escrever:
"É Deus quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, Segundo a sua
boa vontade" (Filip. 2:13). Ele diz também: "Aquele que começou boa
obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus" (Filip. 1:6).
O terceiro cacho do fruto espiritual
trata do homem interior. Inclui fidelidade, mansidão e domínio próprio.(notas
IBID,PP.162-163)
O Fruto do Espírito: Fidelidade
A fidelidade de que se fala aqui não é
uma referência à fé do crente, mas à fidelidade que o Espírito Santo produz em
uma vida cristã entregue a Ele.
A mesma palavra aparece em Tito 2:10; a
Escritura elogia muito este traço de caráter. Fidelidade nas coisas pequenas é
um dos teste de caráter mais seguros, como num Senhor mostra na parábola dos
talentos: "Foste "fiel no pouco, sobre o muito te colocarei"
(Mat. 25:21). Moralidade não é tanto questão de grandeza, mas de qualidade.
Certo é certo, errado é errado, tanto nas coisas pequenas como nas grandes.
Pedro contrasta os que arcam fielmente
com Deus com os que se emaranham de novo com a sujeira do mundo. Ele escreve:
"Melhor lhes fora que nunca tivessem conhecido o caminho da justiça, do
que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que
lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão
voltou ao seu próprio vômito; e: a porca lavada voltou a revolver-se no
lamaçal!" (2 Pedro 2:21, 22).
A terceira epístola de João conta só
catorze versículos. Demétrio e Diótrefes são as personagens principais.
Demétrio era o discípulo fiel: "Todos falam bem de Demétrio, e a própria
verdade fala bem dele" (v. 12, BLH). Ele é elogiado porque seguiu o Senhor
fielmente, em palavra, em verdade, na prática e no princípio.
Uma expressão familiar na indústria é
"prazo de entrega", o tempo entre o recebimento do pedida de
fabricação e o dia em que ele é entregue. Muitos cristãos um dia se
arrependerão do tempo que gastaram depois de Deus lhes mostrar Seu plano para
eles e antes de começar a agir. Os israelitas poderiam ter feito a sua viagem
do Egito até Canaã em poucos meses; mas, por causa da sua infidelidade e falta
de fé (a palavra é a mesma, no grego), a viagem foi feita em não menos que 40
anos, e toda uma geração morreu.
Falta de fidelidade é um sinal de
imaturidade espiritual. Um sinal de imaturidade emocional é a recusa em aceitar
responsabilidade. Os jovens querem ter todos os privilégios dos adultos, mas
não querem assumir responsabilidades. O mesmo princípio vale espiritualmente.
Deus nos deu certas responsabilidades, como cristãos adultos. Quando somos
desobedientes e nos recusamos a assumir estas responsabilidades, então somos
infiéis. Por outro lado, quando somos fiéis é porque assumimos as
responsabilidades que Deus nos deu. Isto é um sinal de maturidade espiritual, e
é um dos frutos importantes que Espírito produz em nós.
Sem dúvida muitos de nas crescem mais
lentamente do que deveriam porque não querem permitir que o Espírito Santo
controle todas as áreas da sua vida. Nossa obediência, permitindo que Deus
Espírito Santo remova todos os maus hábitos que se desenvolvem, deveria ser
imediata. Às vezes somos impacientes, porque demora tanto para sermos como Ele
é, mas devemos ser pacientes e fiéis, porque vale a pena esperar até sermos
como Ele é. E eu tenho certeza de que não vamos saber que somos maduros, quando
o formos. Quem de nós pode dizer que já é perfeito? Sabemos que quando
estivermos diante dEle na eternidade, então seremos glorificados com Ele. O
Espírito Santo começará a aperfeiçoar e executar o plano de Deus em nossa vida
sempre que estivermos dispostos a dizer "sim" à Sua vontade!
A Escritura está repleta com histórias
de homens como Abraão (Heb. 11:8-10) que andaram fielmente com Deus. Todo o
capitulo onze de Hebreus fala de homens e mulheres que Deus considerou fiéis.
É perigoso tentar Deus, como alguns
homens "infiéis" fizeram nos dias de Amós. Deus disse a eles:
"Eis que vêm dias. . . em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem
sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor" (Amós 8:11).
Devemos prestar atenção, isto sim, à
advertência de Tiago: "Bem--aventurado o homem que suporta com
perseverança a provação; porque, depois de ter sido aprovada, receberá a coroa
da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam" (1:12). Mais adiante
Tiago diz: "Mas aquele que considera atentamente na lei perfeita, lei da
liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso
praticante, esse será bem-aventurado no que realizar" (1:25).
Sempre de novo nós somos exortados a sermos
fiéis. Eu já disse algumas vezes que no fim desta era haverá diversos
julgamentos. Um destes julgamentos é chamado de o trono da justiça de Cristo.
Algum dia todos os cristãos estarão diante de Jesus Cristo para prestarem
contas do que fizeram depois da conversão. Nós seremos julgados não com base no
quanto fomos bem sucedidos aos olhos do mundo mas no quanto fomos fiéis no
lugar em que Deus nos colocou. O apóstolo Paulo indica isto em 1 Coríntios
3:9-16: a fidelidade será a base na qual Deus fará o julgamento.
O maior teste para nossa fidelidade
pode ser quanto tempo nas dedicamos à leitura da Bíblia, à oração, vivendo de
acordo com os princípios de justiça quando abençoados com prosperidade.
Um cristão devoto me surpreendeu
recentemente, quando disse: "É tão difícil ser um cristão nos dias
atuais." É tão fácil esquecer e abandonar o nosso Deus em meio à
prosperidade, principalmente onde o materialismo domina. É por isto que Jesus
disse que é tão difícil para os ricos entrar no reino de Deus. Os ricos podem
ser salvos – mas a Bíblia fala da "fascinação das riquezas" (Mat.
13:22).
As preocupações e ocupações deste mundo
muitas vezes interferem na nossa vida fiel na presença de Deus. No meio da
prosperidade nós devemos nos cuidar para não cairmos na mesma armadilha que a
gente de Laodicéia, que incorreu no desagrado e na ira de Deus porque pensava
que não precisava de nada, já que era materialmente rica (Apoc. 3:17).
"Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas
concupiscências (desejos) insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens
na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todas os males; e
alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmo se atormentaram com
muitas dores" (1 Tim. 6:9, 10).
Se nós pudéssemos gravar um epitáfio no
túmulo do apóstolo Paulo, poderia ser este: "Fiel até à morte." Já à
espera da execução Paulo escreveu sem hesitação: "Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada,
a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia" (2 Tim. 4:7, 8). Sejam
quais forem os fracassos de Paulo e quanto lhe faltava para a perfeição, ele
sabia que tinha sido fiel ao Senhor até o fim.
Este gomo maravilhoso do cacho do fruto
do Espírito – fidelidade inclui fidelidade no falar de Cristo, fidelidade na
nossa entrega e no nosso chamado, e fidelidade aos mandamentos de Cristo. A
recompensa final para a fidelidade está em Apocalipse 2:10: "Sê fiel até à
morte, e dar-te-ei a coroa da vida."notas,IBID,pp.163-165)
O Fruto do Espírito: Mansidão
A palavra mansidão (humildade, na
Bíblia na Linguagem de Hoje) vem de uma palavra grega que significa
"brando; ser suave no trato com outros". Jesus disse: "Felizes
os humildes, porque receberão o que Deus tem prometido" (Mat. 5:5). Em
nenhum lugar da Escritura esta palavra implica em desânimo ou timidez. Nos
templos bíblicos mansidão ou humildade significava muito mais do que na nossa
língua hoje em dia. Continha a idéia de ser domesticado, como um cavalo
selvagem que foi controlado.
Antes de Ser chamado pelo Espírito
Santo Pedro era rude e explosivo. Depois toda a sua energia passou a ser usada
para a glória de Deus. Moisés foi chamado de o mais manso dos homens, mas antes
de Deus o chamar ele era altivo e independente, e levou quarenta anos no
deserto até se submeter completamente ao controle de Deus. Um rio sob controle
pode ser usado para gerar energia elétrica. Fogo sob controle pode servir para
cozinhar alimentos. Mansidão é poder, força, temperamento e violência sob
controle.
Em outro sentido podemos comparar
mansidão a modéstia, porque é o oposto de arrogância e comodismo. Pelo
contrário, ela dá atenção aos outros e torna cuidado para nunca deixar de
perceber os direitos dos outros.
Mansidão abriga uma força silenciosa
que confunde os que a consideram fraqueza. Esta foi a reação de Jesus depois de
preso – durante as acusações, as torturas e a crucificação Ele suportou as
dores físicas e emocionais que Seus algozes espectadores escarnecedores o
faziam sofrer sem misericórdia. "Ele foi oprimido e humilhado, mas não
abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda
perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca" (Isa. 53:7).
Mansidão também é chamada de amar sob
disciplina. Charles Allan diz: "Deus nunca espera de nós que sejamos menos
do que realmente somos .. . Autodiminuição é um insulto ao Deus que nos fez.
Mansidão adquirimos por outros meios ... O orgulho vem quando nós olhamos para
nós mesmos; a mansidão vem quando nós olhamos para Deus."1
Como todo o crescimento do cristão a
mansidão também se desenvolve em atmosfera pesada de hostilidade. Esta
estabilidade espiritual e força interior, produzida pelo Espírito Santo, não a
adquirimos em um parque de diversões mas no campo de batalha espiritual.
David Hubbard dá ainda outra definição
de mansidão, dizendo que ela nos faz estarmos sempre à disposição dos que
contam conosco; estamos em paz com nossa força, e por isso não a usamos com
arrogância ou ofendendo outros. E Dewitt Talmadge diz: "Assim como
profeticamente os céus são tomados de violência a terra é tomada de mansidão, e
Deus, como proprietário, não quer outros inquilinos ou não arrenda a ninguém
mais que aos meigos de coração e espírito."
Dr. V. R. Edman, falando de Andrew
Murray, o grande pregador de Keswick, diz assim em seu livro They Found the
Secret (Eles Acharam o Segredo): "De fato este é o tipo de vida submissa
que tira sua força e seu sustento da Videira. Com esta seiva refrescante e
avivante do Espírito Santo percorrendo o íntimo, a oração è eficaz, a pregação
é com poder, o amor é contagiante, a alegria transborda e há paz maior do que
podemos compreender. É a adoração que é silêncio para conhecer Deus só para
nas. É a obediência que faz o que o Senhor ordena à luz da Palavra. É a
fertilidade espontânea porque permanece na Videira."2
Outra ilustração que me ajudou a
compreender a mansidão é o icebergue. Quando cruzei o Atlântico vi alguns do
navio. Mesmo sendo alto acima da superfície, a maior parte do icebergue está
debaixo da água. Eles podem ser formidavelmente destrutivos quando entram na
rota dos navios. Mas a maior ameaça aos icebergues é algo muito bom, o sol. O
sol traz calor à vida e morte aos icebergues. Assim como a mansidão é uma força
poderosa o sol é mais poderoso que qualquer icebergue. A mansidão ou humildade
de Deus em nós permite que os solares do Espírito Santo de Deus trabalhem em
nossos corações gelados, fazendo deles instrumentos para o bem e para Deus.
Espiritualmente, o cristão manso e humilde, cheio do Espírito, é um prisma que
dirige o espectro dos raios do Sol sobre os icebergues da nossa carnalidade.
Como você e eu podemos aplicar a
mansidão a nós? Jesus pôs diante de nós o Seu próprio exemplo, dizendo-nos para
sermos "mansos e humildes de coração" (Mat. 11:29).
Em primeiro lugar, não devemos reagir
defensivamente quando nossos sentidos são perturbados, como Pedro fez quando
cortou a orelha do soldado que foi junto para prender Jesus no jardim; ele só
recebeu uma repreensão do Senhor (Mat. 26:51, 52).
Em segundo lugar, não devemos querer
ter a preeminência, como Diótrefes (3 João 9). Nosso desejo é que em tudo Jesus
Cristo tenha a primazia (Col. 1:18).
Em terceiro lugar, não devemos procurar
reconhecimento e recompensa, ou ser considerado a voz da autoridade, como Janes
e Jambres (2 Tim. 3:8). Estes magos do Egito rejeitaram a autoridade do Senhor
em Moisés e se opuseram a ele pouco antes do êxodo. "Cada um de vós não
pense de si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação. . . Amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros" (Rom. 12:3, 10).
Quando Jesus Cristo governa a nossa
vida a mansidão pode se tornar uma das nossas virtudes. A humildade pode ser o
sinal mais visível da grandeza que há em nós. Talvez você e eu nunca seremos
respeitados como voz de autoridade; talvez nunca recebamos os aplausos do
mundo; pode ser que nunca governemos ou tenhamos em mãos o bastão do poder. Mas
um dia os mansos hão de herdar a Terra (Mat. 5:5), porque ninguém pode nos
tirar a parte que nos cabe de direito da herança divina e cheia de alegria que
Deus preparou para nós.(notas,IBID,PP.165-167)
O Fruto do Espírito: Domínio Próprio
Domínio próprio (ou temperança, em
algumas versões) é a terceira parte deste cacho. A palavra grega significa
senhorio forte e pesado, capaz de controlar nossos pensamentos e ações.
A mãe de John Wesley escreveu uma vez
para ele, enquanto ele ainda era estudante em Oxford, assim: "Tudo que
aumenta a autoridade do corpo sobre a mente é mau." Esta definição me
ajudou a compreender "domínio próprio".
A falta de domínio próprio já derrubou
reis e tiranos. A história ilustra isto. Alguém disse uma vez: "Existem
homens que podem comandar exércitos, mas não podem comandar a si mesmos.
Existem homens que com suas palavras inflamadas podem cativar multidões, que
não conseguem ficar quietos diante de provocações ou insultos. O maior sinal de
nobreza é o domínio próprio. Ele é mais sinal de realeza do que coroa e
púrpura."
Alguém mais disse também:
"Não nos aplausos de uma multidão,
Não no clamor que entra lá de fora;
Está em nós derrota ou vitória."3
Esta história passada e presente
ilustra como os excessos de um apetite incontrolado e dos desejos carnais
trazem desgraça à nossa vida.
Duas são as causas do pecado da
intemperança, da falta de domínio próprio : uma é o apetite físico; a outra são
os hábitos da mente.
Quando alguém fala em temperança ou
moderação, logo pensamos em bebidas alcoólicas. Isto se deve aos grandes
defensores da moderação que durante muitos anos tentaram erradicar este veneno
que prejudica tantas pessoas no mundo. Mas por alguma razão nós aprovamos a
glutonaria, que a Bíblia condena tanto quanto a embriaguez. Também temos a
tendência de fechar um olho diante de indelicadeza, fofocas, orgulho e inveja.
Em todas estas áreas também precisamos ter domínio próprio. A Escritura diz:
"Porque os que se inclinam para a carne cogitam (têm suas mentes presas
em) das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do
Espírito" (Rom. 8:5). Moderação ou domínio próprio, fruto do Espírito, é a
vida normal do cristão na prática.
Domínio próprio em coisas de comida é
moderação. Domínio próprio com respeito ao álcool é sobriedade. Domínio próprio
em assuntos de sexo é abstinência para os que não são casados. Mesmo nós que
estamos unidos às vezes precisamos de domínio próprio, quando nós nos abstemos
da atividade sexual lícita, por mútuo consentimento, para nos dedicarmos melhor
ao estudo da Palavra de Deus, à oração e às boas obras (veja 1 Cor. 7:5).
Temperança quanto ao nosso temperamento
é domínio sobre ele.
Há poucos dias eu estava junto com um
homem que estacionou em uma área proibida no aeroporto. Um funcionário lhe
pediu gentilmente que estacionasse um pouco adiante, onde fosse permitido. Ele
respondeu com nervosismo: "Se você não tem farda de policial, então cale a
boca." Este cristão estava tão nervoso e tenso por causa das
responsabilidades que pesavam sobre ele que tinha perdido quase todo o controle
sobre seu temperamento. Ele não tinha mais temperança. O seu pecado era tão
grande como se estivesse bêbado.
Domínio próprio quanto a roupas é
modéstia apropriada. Domínio próprio na derrota é esperança. Domínio próprio em
relação aos prazeres pecaminosos é nada menos que abstinência completa.
Salomão escreveu: "Vale mais ter
paciência do que ser valente; é melhor saber se controlar do que conquistar
cidades inteiras" (Prov. 16:32, BLH). A Bíblia Viva faz uma paráfrase da
última parte do versículo: "É melhor ter domínio próprio do que comandar
um exército." O autor de Provérbios disse ainda: "Quem não sabe se
controlar é tão sem defesa como uma cidade sem muralhas" (25:28, BLH).
Paulo ensinou a importância do domínio
próprio. Qualquer atleta que queira ganhar uma corrida deve treinar até
controlar totalmente o seu corpo, diz ele aos seus leitores. E enfatiza que o
prêmio não é uma coroa perecível, mas uma que dura para sempre: "Todo
atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós,
porém, a incorruptível. ... Eu esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão,
para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado"
(1 Cor. 9:25, 27).
Na lista que Pedro faz das virtudes do
cristão, ele diz: "Associai... com o conhecimento, o domínio próprio; com
o domínio próprio, a perseverança" (2 Pedro 1:5, 6). Todos estes andam
juntos. E não resta dúvida que se deixarmos nossas paixões nos governarem o
resultado final será bem menos desejável do que imaginamos no momento do
prazer.
Quem pode dizer onde termina o domínio
próprio e começa a intemperança? Alguns cristãos têm uma consciência bem
elástica quando se trata dos seus pontos fracos – e uma consciência de ferro
quando se trata das fraquezas dos outros. Talvez seja esta a razão de ser tão
fácil para muitos cristãos condenar alguém que toma um copo de vinho
ocasionalmente, mas nunca se repreendem por comer demais, que é pecado da mesma
forma. Comer demais é um dos pecados mais aceitos e praticados entre os
modernos cristãos ocidentais. É fácil condenar um adúltero, mas como o que
condena tem direita para tanto, se ele mesmo é culpado de alguma outra forma de
intemperança? Não deveríamos todos ter as mãos limpas e o coração puro em tudo?
Um tipo de escravidão é mais errado do que outro, em princípio? Não estamos
igualmente amarrados, se o que nos prende são cordas ou cabos de aço?
Os desejos que controlam uma pessoa
podem ser diferentes dos que controlam outra. Alguém que deseja ardentemente
possuir coisas é tão diferente de alguém que deseja sexo, jogos, ouro, comida,
bebida ou drogas?
Nunca foi tão necessário ter domínio
próprio em todas os aspectos da vida como hoje. É imperativo que os cristãos
sejam o exemplo em uma época em que violência, egoísmo, apatia e vida
indisciplinada tentam destruir este planeta. O mundo precisa deste exemplo –
algo firme em que possa segurar, uma âncora em mar bravio.
Durante séculos os cristãos pregaram
que Cristo é a âncora. Se nós, que temos o Espírito Santo vivendo e atuando em
nós, falhamos e caímos, que esperança resta para o mundo? (Notas IBID,167-170)
bibliografia Billy Grahan, O
Espirito Santo ,1980,notas o fruto do Espirito Santo.
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PAZ DO SENHOR
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