Descobrindo a cosmovisão cristã - Parte I
O mundo pelas lentes da Bíblia
O QUE É UMA COSMOVISÃO?
O termo cosmovisão é uma tradução da palavra alemã weltanschauung, que significa “modo de olhar o mundo” (welt – mundo, schauen – olhar). É a maneira como a pessoa encara, age e reage em relação aos acontecimentos; um conjunto de suposições e crenças que utilizamos para interpretar e formar opiniões acerca da nossa humanidade, propósito de vida, deveres no mundo, responsabilidades para com a família, interpretação da verdade e questões sociais.
A cosmovisão é como um mapa mental que
nos diz como navegar de modo eficaz no mundo . É a impressão da verdade
objetiva de Deus em nossa vida interior. Norman Geisler nos dá outra
representação, em que a cosmovisão é semelhante a uma lente intelectual através
da qual enxerga-se o mundo. Se alguém olha através de uma lente vermelha, o
mundo lhe parece vermelho. Se outro indivíduo olha através de uma lente azul, o
mundo lhe parece azul.
Todos os grandes pensadores do passado,
tais como Platão, Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino, cada um deles tinha
o seu sistema de crença com respeito à filosofia, que foi escrito numa forma
sistemática. Cada sistema expressou a cosmovisão do filosofo particular. Mas,
mesmo que as pessoas não se dêem conta, todas elas (adultas), necessária e
inescapavelmente, têm uma cosmovisão, um sistema filosófico de pensamento,
também. “A cosmovisão delas pode não ser escrita, ou sistematizada, como as dos
quatro pensadores mencionados acima, mas elas têm uma cosmovisão, apesar de
tudo”.
Embora possua uma conotação filosófica
a cosmovisão de uma pessoa possui natureza prática, afinal, idéias têm
conseqüências reais. A propósito, essa visão de mundo não precisa
necessariamente ser articulada, e nem vivida conscientemente. Isso pode ser
melhor explicado com a definição dada por James Sire em o Universo ao Lado. Ele
diz que cosmovisão é um comprometimento, uma orientação fundamental do coração,
que pode ser expressa como uma história ou um conjunto de pressuposições
(hipóteses que podem ser total ou parcialmente verdadeiras ou totalmente
falsas), que detemos (consciente ou subconscientemente, consistente ou
inconsistentemente) sobre a constituição básica da realidade e que fornece o
alicerce sobre o qual vivemos, movemos e possuímos nosso ser. Como um
comprometimento, Sire explica que a essência da cosmovisão repousa nos mais
profundos e íntimos recônditos do eu humano. Uma cosmovisão - ele explica -
envolve a mente; porém, é, acima de tudo, um compromisso, uma questão de alma.
É uma orientação espiritual mais que uma questão de mente apenas.
Ao dizer que a visão de mundo é uma
orientação espiritual, Sire não está fazendo referência à espiritualmente puramente
religiosa, mas àquela disposição interna do ser humano, afeta às suas
interioridades, que atingem o âmago do seu próprio ser e o influenciam a agir
de um modo ou de outro. É exatamente essa predisposição que vai norteá-lo ante
as decisões mais importantes da sua vida. Quando o casamento vai mal, qual a
decisão a ser tomada? A infidelidade é normal? Como deve ser encarada a questão
do aborto e do homossexualismo? Qual a forma de proceder no trabalho? Como
educar os filhos? Como encarar a violência?
Frente a tais situações práticas da vida, as pessoas tomam suas decisões baseado naquilo que compreendem como sendo verdadeiro ou falso; certo ou errado. A cosmovisão que possuímos norteia nossas decisões e atitudes, e funciona como um guia, dando-nos senso de direção acerca da forma como devemos agir.
Frente a tais situações práticas da vida, as pessoas tomam suas decisões baseado naquilo que compreendem como sendo verdadeiro ou falso; certo ou errado. A cosmovisão que possuímos norteia nossas decisões e atitudes, e funciona como um guia, dando-nos senso de direção acerca da forma como devemos agir.
O RESULTADO PRÁTICO DAS COSMOVISÕES
Como já foi dito, as cosmovisões têm
conseqüências práticas. A ‘forma de ver o mundo’ de uma pessoa não fica isolada
apenas em sua mente. Pelo contrário, é a força que a impulsiona a agir em todas
as esferas da vida. Com efeito, quando alguém acredita em uma cosmovisão
completamente equivocada os resultados disso podem ser drásticos, não somente
para a pessoa, mas também para toda a sociedade. Como exemplo claro e histórico
tem-se o caso de Adolf Hitler. Suas nefastas ideias sobre a superioridade da
raça ariana e as suas teses racistas e anti-semitas foram responsáveis pelo
genocídio de milhares de pessoas, desencadeando, inclusive, a 2ª Guerra
Mundial.
Da mesma forma, para todos quantos
acreditam que Deus não existe, que o homem é fruto do acaso, e que não existe
um Criador a quem terão que prestar contas mais cedo ou mais tarde, questões
como adultério, homossexualismo, aborto e eutanásia são analisadas simplesmente
pela ótica terrena e passageira. Caso em que, segundo a visão secular, tais
atos são plenamente aceitáveis no pensamento do homem moderno.
No âmbito da moral, atualmente, os
resultados da cosmovisão secular (aquela que “baniu” Deus da sociedade) são
notórios. Conforme alerta Mathew Slick “O resultado da cosmovisão secular pode
ser vista ao nosso redor. Ao observarmos a sociedade fica evidente que nem tudo
vai bem. A televisão tem se degenerado tornando-se um “bordel” de violência,
pornografia “leve”, seriados que destroem a família, comerciais que apelam para
a gratificação imediata dos prazeres, e desenhos animados que são cheios de
violência, ocultismo, e desobediência aos pais.”
Por outro lado, uma cosmovisão que
acredita na existência do Criador, e que Ele haverá de julgar todos os
moradores da terra, nesse caso, as ações de todos quantos nela acreditam serão
voltadas não simplesmente para o ambiente terreno, mas celestial. Com isso, o
adultério, o homossexualismo, o aborto e a eutanásia são considerados
logicamente como afronta ao próprio Deus, que estabeleceu uma moral objetiva a
ser seguida pelo homem, baseada na sua própria Palavra.
ELEMENTOS E ESCOLHA DE UMA COSMOVISÃO
Em síntese, uma cosmovisão possui como
elementos principais informações nas quais possamos responder as maiores
indagações do ser humano: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual o
propósito da vida? Por que o mal existe?
Os focos de uma cosmovisão são: criação
ou origem, identidade, propósito e destino do ser humano. Como exemplo, no que
tange ao elemento [origem], para a cosmovisão ateísta Deus não existe. O universo
é tudo o que existe ou existirá. O homem é resultado da evolução. A vida do
homem é destituída de [propósito] e o seu [destino] está vinculado somente à
ordem física desta vida, afinal, segundo entendem, não existe vida eterna. Na
cosmovisão panteísta Deus é o próprio universo. O [destino] do homem é
determinado pelos ciclos da sua vida, o carma (erros a serem redimidos em
inumeráveis reencarnações). E o sofrimento é uma ilusão causada pelos erros da
mente.
Diante de tantas cosmovisões existentes no mundo (ateísmo, teísmo, panteísmo, deísmo, politeísmo, etc.) a pergunta que fica é a seguinte: Qual cosmovisão escolher? Seria simplesmente aquela que faz a pessoa sentir-se bem, ou aquela que funciona? Obviamente que nenhuma das duas alternativas, afinal essa seria um visão fundamentada simplesmente no bem estar terreno, muito comum hoje em dia, quando as pessoas escolhem suas religiões simplesmente por se sentirem mais confortáveis em determinado grupo de religiosos, ou então, aquela que lhe dê “resultados” mais rápidos.
Diante de tantas cosmovisões existentes no mundo (ateísmo, teísmo, panteísmo, deísmo, politeísmo, etc.) a pergunta que fica é a seguinte: Qual cosmovisão escolher? Seria simplesmente aquela que faz a pessoa sentir-se bem, ou aquela que funciona? Obviamente que nenhuma das duas alternativas, afinal essa seria um visão fundamentada simplesmente no bem estar terreno, muito comum hoje em dia, quando as pessoas escolhem suas religiões simplesmente por se sentirem mais confortáveis em determinado grupo de religiosos, ou então, aquela que lhe dê “resultados” mais rápidos.
Ora, a verdadeira cosmovisão deve ser
escolhida sobre o enfoque da realidade, de forma a verificar se as respostas e
modelos apresentados por cada ela são aceitáveis e se possuem lógica. Da mesma
forma que uma pessoa não utilizaria óculos com lentes desfocadas para ver o
mundo, assim também, no âmbito das cosmovisões, ninguém tem a intenção (pelo
menos em sã consciência) de viver sob a influência de uma cosmovisão
completamente desvirtuada, que apesar da aparência de perfeição, levará a pessoa
para um trágico final. É que a cosmovisão, como já havia sido dito, é como um
mapa. E se o mapa estiver errado, a pessoa não chegará ao destino esperado.
Segundo Gordon Clark “Se um sistema
pode fornecer soluções plausíveis para muitos problemas enquanto outro deixa
questões sem respostas, se um sistema tende ao ceticismo e dá mais significado
à vida, se uma cosmovisão é consistente enquanto que outras são
autocontraditórias, quem pode nos negar, visto que devemos escolher, o direito
de escolher o primeiro princípio mais promissor?”.
Descobrindo a cosmovisão cristã - Parte II
O mundo pelas lentes da Bíblia
ELEMENTOS E ESCOLHA DE UMA COSMOVISÃO
Em síntese, uma cosmovisão possui como
elementos principais informações nas quais possamos responder as maiores indagações
do ser humano: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual o propósito da
vida? Por que o mal existe?
Os focos de uma cosmovisão são: criação ou origem, identidade, propósito e destino do ser humano. Como exemplo, no que tange ao elemento [origem], para a cosmovisão ateísta Deus não existe. O universo é tudo o que existe ou existirá. O homem é resultado da evolução. A vida do homem é destituída de [propósito] e o seu [destino] está vinculado somente à ordem física desta vida, afinal, segundo entendem, não existe vida eterna. Na cosmovisão panteísta Deus é o próprio universo. O [destino] do homem é determinado pelos ciclos da sua vida, o carma (erros a serem redimidos em inumeráveis reencarnações). E o sofrimento é uma ilusão causada pelos erros da mente.
Os focos de uma cosmovisão são: criação ou origem, identidade, propósito e destino do ser humano. Como exemplo, no que tange ao elemento [origem], para a cosmovisão ateísta Deus não existe. O universo é tudo o que existe ou existirá. O homem é resultado da evolução. A vida do homem é destituída de [propósito] e o seu [destino] está vinculado somente à ordem física desta vida, afinal, segundo entendem, não existe vida eterna. Na cosmovisão panteísta Deus é o próprio universo. O [destino] do homem é determinado pelos ciclos da sua vida, o carma (erros a serem redimidos em inumeráveis reencarnações). E o sofrimento é uma ilusão causada pelos erros da mente.
Diante de tantas cosmovisões existentes
no mundo (ateísmo, teísmo, panteísmo, deísmo, politeísmo, etc.) a pergunta que
fica é a seguinte: Qual cosmovisão escolher? Seria simplesmente aquela que faz
a pessoa sentir-se bem, ou aquela que funciona? Obviamente que nenhuma das duas
alternativas, afinal essa seria um visão fundamentada simplesmente no bem estar
terreno, muito comum hoje em dia, quando as pessoas escolhem suas religiões
simplesmente por se sentirem mais confortáveis em determinado grupo de
religiosos, ou então, aquela que lhe dê “resultados” mais rápidos.
Ora, a verdadeira cosmovisão deve ser
escolhida sobre o enfoque da realidade, de forma a verificar se as respostas e
modelos apresentados por cada ela são aceitáveis e se possuem lógica. Da mesma
forma que uma pessoa não utilizaria óculos com lentes desfocadas para ver o
mundo, assim também, no âmbito das cosmovisões, ninguém tem a intenção (pelo
menos em sã consciência) de viver sob a influência de uma cosmovisão
completamente desvirtuada, que apesar da aparência de perfeição, levará a
pessoa para um trágico final. É que a cosmovisão, como já havia sido dito, é
como um mapa. E se o mapa estiver errado, a pessoa não chegará ao destino
esperado.
Segundo Gordon Clark “Se um sistema
pode fornecer soluções plausíveis para muitos problemas enquanto outro deixa
questões sem respostas, se um sistema tende ao ceticismo e dá mais significado
à vida, se uma cosmovisão é consistente enquanto que outras são
autocontraditórias, quem pode nos negar, visto que devemos escolher, o direito
de escolher o primeiro princípio mais promissor?”.
A BÍBLIA E A COSMOVISÃO CRISTÃ
Baseado nessa necessidade e direito de
escolha de cada pessoa é que os cristãos possuem a sua cosmovisão, que oferece
à humanidade as respostas mais contundentes para as suas maiores indagações:
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual o propósito da vida? Por que
o mal existe?
Nesse tom, Charles Colson e Nancy Pearcey argumentam que o cristianismo vai além de João 3.16, além da fé privada e da salvação pessoal. Ele é nada menos que a estrutura para a compreensão total da realidade. É a forma de ver a própria vida. Ele vai além da mera realização de “eventos espirituais” e agendas festivas, sobretudo, é responsável por redimir toda uma cultura em decadência e implantar o padrão bíblico de vivência. Seus princípios abordam todos os campos de atuação do homem. Seus fundamentos adentram nos vários extratos sociais e intelectuais da sociedade, numa síntese daquilo que disse Cristo: “Vós sois do sal da terra e a luz do mundo”.
Nesse tom, Charles Colson e Nancy Pearcey argumentam que o cristianismo vai além de João 3.16, além da fé privada e da salvação pessoal. Ele é nada menos que a estrutura para a compreensão total da realidade. É a forma de ver a própria vida. Ele vai além da mera realização de “eventos espirituais” e agendas festivas, sobretudo, é responsável por redimir toda uma cultura em decadência e implantar o padrão bíblico de vivência. Seus princípios abordam todos os campos de atuação do homem. Seus fundamentos adentram nos vários extratos sociais e intelectuais da sociedade, numa síntese daquilo que disse Cristo: “Vós sois do sal da terra e a luz do mundo”.
Acontece que muitos olham para o
cristianismo, em especial para os protestantes, e pensam que suas atividades
estão relacionadas simplesmente ao âmbito espiritual, cujos assuntos principais
são oração, santidade, fé, etc; e que o seu objetivo é simplesmente a
realização de cultos avivados, onde as coisas da “sociedade” nada interferem ou
tem a ver com a vida religiosa. Mas esse é um pensamento equivocado. O
cristianismo tem muito a dizer sobre a vida, trabalho, sexualidade, educação,
política, e sobre muitas outras coisas presentes na sociedade, já que o
pensamento cristão é mais que uma crença particular. Nas palavras de Colson: “O
cristianismo oferece uma cosmovisão compreensível que cobre todas as áreas da
vida, todos os aspectos da criação. Somente o cristianismo oferece uma maneira
de ver o mundo de acordo com o mundo real”
Uma das principais diferenças entre as
demais cosmovisões e a cristã, está no fato de que na cosmovisão cristã toda
convicção é formado a partir das Escrituras Sagradas reveladas por Deus. É
exatamente ela quem apresenta o núcleo da forma de pensar do cristão (ou pelo
menos deveria ser). Os fundamentos da cosmovisão cristã estão presentes nela.
Suas ideias possuem um encadeamento lógico e racional, podendo sem facilmente
compreendido por qualquer pessoa.
De onde viemos, e quem somos?
Enquanto várias teorias acerca da
criação do universo e da origem do homem são inventadas e estudadas pela
ciência, Deus revela em sua Palavra que todo o universo foi Criado por Ele (No
principio criou Deus o céu e a terra Gn 1.1). O cosmos não é resultado do
acaso. Não somos frutos de poeiras estelares. O planeta terra não é resultado
de explosão sem causa. O homem não é descendente de amebas do pântano e de macacos.
Pelo contrário, tanto o universo, quanto todas as demais coisas, foram criadas
pelo próprio Deus. Não é nenhum acidente que a distância entre o Planeta Terra
e Sol faz deste planeta o único lugar onde pode existir vida. Não é nenhum
acidente que o eixo de rotação da Terra tem uma inclinação de 23,5º produzindo
as quatro estações do ano, ou que a Terra gira uma vez a cada 24 horas
produzindo o dia e a noite. A complexidade e a beleza do universo e de todas as
criaturas demonstram a impossibilidade de que sejamos resultados de meros
efeitos físicos. Davi disse: “Os céus manifestam a glória de Deus e o
firmamento anuncia a obra das Suas mãos” (Salmo 19:1). Portanto, somos filhos
de Deus, criados para o seu louvor e glória!
O que aconteceu de errado com o mundo?
Não é preciso ser estudioso para
entender que existe alguma coisa de errado com o mundo (leia-se: com a
humanidade). O aumento da violência e da promiscuidade são somente alguns dos
exemplos. Tal decadência teve inicio há muito tempo, com o primeiro homem,
Adão. Apesar de ter sido criado perfeitamente por Deus, ele escolheu
desobedecer ao próprio Criador. O pecado trouxe a morte ao mundo, a morte
física e, pior ainda, a morte espiritual. Ainda, o solo se tornou menos fértil
e a comida mais escassa. O homem começou a trabalhar mais para obter menos. A
humanidade também perceberia logo o efeito que o pecado tem nas relações
humanas: crueldade, assassinato, lascívia e desarmonia. Paulo disse da seguinte
forma: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a
vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor", Rm 6.23. Portanto, o que
aconteceu de errado, e o motivo do sofrimento no mundo é exatamente o pecado
original cometido pelo homem.
Redenção – O que podemos fazer para consertar isso?
Em meio à turbulência social e moral
percebida no meio da sociedade, devido ao pecado original, muitas propostas têm
sido defendidas para a solução do problema do mundo. Uma delas é a auto-ajuda,
segundo a qual o próprio homem é pode resolver todos os seus males. No entanto,
o homem sozinho é incapaz de resolver um erro que ele mesmo cometeu. Assim,
Deus na sua inefável sabedoria, realiza o ato que é o centro da fé cristã: Ele
entrega o seu Filho, Jesus Cristo, para que, sendo morto no lugar do homem, pudesse
apagar os seus pecados. E é o acontece. O Cristo deixa seu trono, desce às
regiões terrenas, encarna-se, e morre no nosso lugar. Ele nos amou tanto que
morreu em uma cruz para pagar o preço dos nossos pecados. E ele oferece a cada
um de nós o perdão. Jesus Cristo é o único Caminho através do qual o homem pode
ser perdoado e viver eternamente com Deus. E se nós queremos ser perdoados por
Deus, nós devemos aceitar o presente que ele nos oferece livremente.
O interessante da cosmovisão cristã
reside no fato dela ser simples, como disse C. S Lewis, como tema de seu livro,
“Cristianismo puro e simples”. No entanto, simplicidade não é sinônimo de
inverdade ou erro. Pelo contrário, as maiores verdades são simples. Tanto que o
pensamento cristão vem ao longo de toda a sua história superando todos os
desafios que lhe foram propostos, desde a Igreja primitiva, onde os cristão
foram perseguidos, passando pelo período do iluminismo racionalista, o tempo do
comunismo, e, atualmente, o pós-modernismo relativista. Em todos estes
contextos, a cosmovisão cristã, guardada por próprio Deus, não sucumbiu.
Afinal, como disse Jesus: “As portas do inferno não prevalecerão!” Mt. 16.18
Deve-se anotar, porém, que o principal
fundamento do pensamento cristão não está simplesmente em respostas
intelectuais para a mente humana. Posto que a lógica e a inteligência são
somente meios de se compreender toda a realidade, especialmente do
cristianismo. Por outra via, a base para o relacionamento com Deus chama-se FÉ,
e como disse o escritor aos Hebreus, “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas
que se esperam, e a prova das coisas que se não vêm” Hb.11.1. A vida cristã,
então, tem como primazia o relacionamento e a comunhão do homem com Deus, por
meio de Cristo Jesus. A salvação, a transformação a nova vida e a paz (aquela
que excede todo entendimento) provindas deste relacionamento é que dá ao
cristão a razão de viver.
A cosmovisão cristã e a supremacia de
Cristo
O ponto sublime da cosmovisão bíblica é
a supremacia de Cristo sobre qualquer outra pessoa ou ícone religioso.
Uma forma bem simples e ao mesmo tempo
desafiadora para assimilar e viver a dimensão integral da fé cristã é pensar
como Jesus. Diante de qualquer situação cotidiana precisamos nos perguntar: “O
que Jesus faria em meu lugar?”, e, depois, aplicar a resposta sem fazer
quaisquer ajustes em virtude da reação dos outros.
George Barna nos lembra que Jesus foi
capaz de modelar uma cosmovisão bíblica porque ele é Deus e, assim, conhece e
corporifica a verdade e a justiça. No entanto, diz Barna, o fato de Jesus ser
humano, enquanto esteve fisicamente na terra, sugere que ele também devia
trabalhar para manter uma visão de tudo o que se deparava. Seu processo não foi
acidental nem oculto: sua exortação aos discípulos foi: ‘Aprendei de mim’. O
que podemos aprender com sua forma de tomar decisões?[i].
A SUPREMACIA DE CRISTO
O ponto sublime da cosmovisão bíblica é
a supremacia de Cristo sobre qualquer outra pessoa ou ícone religioso. Jesus
não é mais um no grande panteão de deuses criados pelo homem. Ele é o Filho
Unigênito de Deus (Jo 3.16), o primogênito de toda Criação (Cl 1.15), o
Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6), o [único] Mediador entre Deus e o homem
(1Tm 2.5).
Na epístola aos Hebreus, o escritor
também evoca a superioridade de Cristo, começando com essa majestosa
declaração:
“Havendo Deus, antigamente, falado,
muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos,
nestes últimos dias, pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem
fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa
imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
havendo feito para si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à
destra da Majestade, nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos,
quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb. 1.1-4).
A supremacia de Cristo é tão evidente
que no capítulo dois de Hebreus Ele é apontado como sendo superior aos anjos,
no capítulo três é superior a Moisés e no capítulo cinco é superior aos sumos
sacerdotes do antigo pacto. Em virtude dessa supremacia é que o nome de Jesus é
superior a qualquer outro nome, ante quem todo o joelho se dobrará, dos que
estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que
Jesus Cristo é o Senhor. (Fp 2.9-11).
O próprio Jesus tinha total convicção
de sua autoridade. Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). E depois da sua
ressurreição dos mortos afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra”.
(Mt 28.18). Cristo não se considerava um simples sábio, um mero homem de moral
elevada ou somente um profeta. Ele sabia que era o filho unigênito de Deus,
enviado com o propósito de proporcionar redenção ao homem.
Essa questão não é trivial. A forma
como Jesus se auto identificava serve como parâmetro fundamental no modo
como as pessoas o veem. C. S. Lewis, um dos maiores escritores cristãos
do século XX, dizia que é uma tolice as pessoas afirmarem: “Estou disposto a
aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de
ser Deus”. Afinal, um homem que fosse um homem e dissesse as coisas que Jesus
disse não seria um grande mestre da moral, mas sim um lunático ou coisa pior.
Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco, pois ele
nunca nos deixou a opção de considerá-lo como simples mestre humano. Lewis
também observa que parece ser óbvio que Jesus não era lunático, muito menos um
demônio. Por isso, precisamos reconhecer que ele era, e é Deus. “Deus chegou
sobre forma humana no território ocupado pelo inimigo”.[ii]
Permitam-me prosseguir um pouco mais
nesse tema.
Ao realizar a pesquisa do seu
livro Em defesa de Cristo, Lee Strobel entrevistou Gary R. Collins,
Ph.D em psicologia, a fim de investigar se o perfil psicológico de Jesus
revelava qualquer indício de que ele tinha problemas mentais, pelo fato de
afirmar que era Deus. Collins, com todo o seu conhecimento, lembrou que os
psicólogos não prestam atenção e avaliam somente o que as pessoas dizem, mas
vão mais fundo, para observar suas emoções e comportamento.
Jesus nunca demonstrou emoções
inadequadas, quadro depressivo ou de angústia completa. Ao contrário, os
relatos bíblicos comprovam a lucidez de um individuo emocionalmente saudável.
Até mesmo os seus momentos de ira revelam reações ponderadas, contra a
injustiça e os maus-tratos evidentes de que o povo era vítima. Jesus não tinha
problemas de percepção – comum em pessoas perturbadas psicologicamente, e nunca
perdeu o contato com a realidade. As narrativas bíblicas, destacam que ele, ao
contrário de pessoas com problemas mentais, mantinha uma conversão lógica e bom
relacionamento social com as demais pessoas.
O Dr. Collins ainda diz que “Ele era
compassivo, mas nunca deixou que a compaixão o imobilizasse; não tinha um ego
inflado, muito embora fosse constantemente rodeado por uma multidão de
adoradores; conservou o equilíbrio, a despeito de um estilo de vida que impunha
severas obrigações; sempre sabia o que estava fazendo e para onde ia;
preocupava-se profundamente com as pessoas, inclusive com as mulheres e as
crianças; que na época não eram consideradas importantes; acolhia as pessoas,
embora não fizesse vista grossa para seus pecados; conversava com as pessoas
onde quer que estivessem e sempre levava conta suas necessidades!”.
Além de afirmar que era o Filho de
Deus, Jesus deu provas de seus atributos divinos de Onisciência (Jo 16.30),
Onipresença (Mt 28.20), Onipotência (Mt 28.18), Eternidade (Jo 1.1) e
Imutabilidade (Hb 13.8).
Jesus também tinha a credencial divina
de perdoar pecados (Lc 7.48; Mc 2.5; Mt 9.2). Enquanto os demais deuses
criados pelo homem são apresentados como divindades dignas de adoração, somente
Cristo se manifesta como o Salvador que morreu pelos pecados da humanidade, e
por isso é capaz de ofertar perdão. Mas, apenas quem não comete pecados tem
essa autoridade. Jesus também demonstrou em sua vida. Seu nascimento virginal
foi o início de um vida extraordinariamente sem mácula, tanto é assim que nunca
houve qualquer testemunho sobre erros cometidos por Jesus. Na verdade, a sua
condenação à morte de cruz foi o julgamento mais injusto de toda a história da
humanidade, com traição, falsas acusações, testemunhas subornadas, prisão
preventiva sem fundamento, interrogatório ilegal e falta de ampla defesa.
Erwin Lutzer nos aconselha a
esquadrinhar os horizontes religiosos, lendo a vida dos grandes mestres
religiosos de todos os tempos; não apenas o que ensinaram, mas também o que
disseram acerca deles mesmos. Ao buscar um Salvador qualificado e sem pecado
você descobrirá que Cristo não tem rival: “Se houvesse outro que reivindicasse
inculpabilidade, teríamos prazer em checar suas credenciais pra ver como elas
se comparam com as de Cristo. Mencione a exigência de inocência e o campo
religioso se define; só um homem permanece. Cristo vive de acordo com seu
nome!”.[iii]
“Porque nos convinha tal sumo
sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais
sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de
oferecer cada dia sacrifícios; primeiramente, por seu próprios pecados e,
depois pelos do povo; porque isso fez, uma vez, oferecendo-se a sim mesmo” (Hb
7.26, 27).
A RESSURREIÇÃO DE JESUS
Vale lembrar também que os evangelhos
estão repletos de curas e milagres realizados por Cristo, a exemplo da
transformação de água em vinho, multiplicação de pães, curas de aleijados,
cegos e outras doenças. O milagre é uma intervenção divina na natureza.
Contudo, o milagre mais magnífico em Jesus é a sua ressurreição dos mortos. A
vitória dele sobre a morte, diz o apóstolo Paulo, é um dos pilares da fé
cristã: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é
vã a vossa fé”.(1 Co 15:14)
A ressurreição de Jesus é um evento
histórico, não um mito, e por isso é possível assegurar que temos elementos
consistentes para acreditar no túmulo vazio. Algumas pessoas tentaram provar
que Jesus nunca ressuscitou, mas no final acabaram se convencendo do contrário.
Uma dessas pessoas foi Frank Morison, um jornalista inglês que se lançou a
provar que a história do ressurreição de Cristo não passava de um mito. Porém,
suas pesquisas o levaram a crer no Jesus ressurreto, resultando no livro Who
Moved the Stone? (Quem moveu a pedra?). Ele escreveu:
“Eu desejava apanhar essa última etapa
da vida de Jesus, com todo seu drama movimentado e vibrante, com seu contexto
bem antigo e claramente definido, e com seu enorme interesse
psicológico e humano – desvencilhá-lo dessas crenças primitivas e
suposições dogmáticas que tomaram conta da história, para então poder enxergar
essa pessoa supremamente grande tal como era.
Não é preciso descrever aqui como,
depois de mais de dez anos, surgiu a oportunidade de estudar a vida de Cristo
tal como, havia muito tempo, eu desejava fazer; investigar as origens da
literatura que trata dessa história, examinar pessoalmente algumas provas e
formar meu próprio juízo sobre o problema que a vida de Cristo apresenta.
Apenas direi que esse estudo operou uma revolução em minhas ideias. Daquela
história muito antiga surgiram coisas que anteriormente eu julgara impossíveis.
Lenta mas bem claramente cresceu dentro de mim a convicção de que o drama
daquelas semanas inesquecíveis da história humana era mais estranho e de
significado mais profundo do que parecia. Foi a singularidade de muitas coisas
notáveis na história que primeiramente atraiu e manteve meu interesse. Somente
mais tarde foi que a lógica irresistível do significado dessas coisas veio a
aparecer”. (citado por Josh McDowell, Evidências que exigem um veredito)
Gary Habermas afirma que a
singularidade da transformação dos discípulos de Jesus é um dos fatores
comprobatórios da aparição de Cristo após sua morte. Se antes da morte do
Mestre os seu discípulos o abandonaram e o negaram, com medo de represálias do
povo e do poder da época, após a ressurreição do Mestre suas vidas foram
radicalmente alteradas, muitos inclusive foram martirizados. A ressurreição,
diz Habermas, foi o catalisador e a exaltação dos discípulos. Se eles não
tivessem passado por tal experiência, não haveria transformações, pois sem esse
evento a vida deles seria vazia.[iv]
Nos dias atuais, se visitarmos o
Père-LaChaise, o maior cemitério de Paris e um dos mais famosos do mundo, onde
estão enterradas personalidades famosas como Oscar Wilde, Marcel Proust,
Auguste Comte, Molière e outros, encontraremos também os restos mortais de
Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido por Allan Kardec, o codificador
da doutrina espírita. Se formos à Índia, poderemos encontrar – espalhado em
pelo menos oito lugares diferentes – o que sobrou das cinzas e da ossada de
Siddartha Gautama, o Buda, fundador do budismo. Na cidade de Medina, Arábia
Saudita, está o corpo de Ab? al-Q?sim Mu?ammad ibn ?Abd All?h ibn ?Abd
al-Mu??alib ibn H?shim, mais conhecido como Maomé, o profeta do islamismo. Mas,
se formos até Jerusalém, no lugar em que enterraram Jesus, não encontraremos
nenhum vestígio de seus restos mortais, pois a pedra foi removida e o túmulo
está vazio. Ele ressuscitou!
Ao longo da história os antiteístas tem
tentado – em vão – colocar “pedras” à entrada do sepulcro para desacreditar na
divindade de Cristo e no cristianismo. De acordo com Erwin Lutzer, Karl Marx
rolou a pedra da economia, dizendo que a religião era o ópio do povo, mas o
marxismo naufragou. Sigmund Freud rolou a pedra da psicoterapia, ao afirmar que
Deus era a criação da nossa imaginação, mas hoje a própria psiquiatria está no
divâ, com todas as suas contradições teóricas. Voltaire empurrou a pedra da
cultura, ao afirmar que Deus estava morto e que em menos de cem anos a Bíblia
seria um livro esquecido, mas Deus está vivo como nunca, o evangelho
encontra-se em expansão e a Bíblia continua sendo o maior e melhor livro de todos
os tempos. Darwin empurrou a pedra da ciência, mas hoje o seu darwinismo está
despedaçando como um conto de fadas diante da dura realidade.
Não importa. Todas quantas pedras sejam
colocadas diante do sepulcro serão removidas. Como afirmou A. W. Tozer: “A
ressurreição demostra de uma vez por todos quem ganhou em quem perdeu”.
Notas
[i]BARNA, George. Pense como
Jesus. São Paulo: Vida Nova. 2007, p.29.
[ii]LEWIS, C. S. Cristianismo
puro e simples. São Paulo: Martins Fontes. 2005, p. 68-71.
[iii]LUTZER, Erwin. Cristo
entre outros deuses: uma defesa da fé crista numa era de tolerância. Rio de
Janeiro: CPAD. 2000, p. 81.
[iv]HABERMAS, Gary. In: Ensaios
apologéticos: um estudo para uma cosmovisão crista. São Paulo: Hagnos,
2006, 231.
A cosmovisão cristã e a supremacia de
Cristo
O ponto sublime da cosmovisão bíblica é
a supremacia de Cristo sob
Uma forma bem simples e ao mesmo tempo
desafiadora para assimilar e viver a dimensão integral da fé cristã é pensar
como Jesus. Diante de qualquer situação cotidiana precisamos nos perguntar: “O
que Jesus faria em meu lugar?”, e, depois, aplicar a resposta sem fazer
quaisquer ajustes em virtude da reação dos outros.
George Barna nos lembra que Jesus foi
capaz de modelar uma cosmovisão bíblica porque ele é Deus e, assim, conhece e
corporifica a verdade e a justiça. No entanto, diz Barna, o fato de Jesus ser
humano, enquanto esteve fisicamente na terra, sugere que ele também devia
trabalhar para manter uma visão de tudo o que se deparava. Seu processo não foi
acidental nem oculto: sua exortação aos discípulos foi: ‘Aprendei de mim’. O
que podemos aprender com sua forma de tomar decisões?[i].
A SUPREMACIA DE CRISTO
O ponto sublime da cosmovisão bíblica é
a supremacia de Cristo sobre qualquer outra pessoa ou ícone religioso. Jesus
não é mais um no grande panteão de deuses criados pelo homem. Ele é o Filho
Unigênito de Deus (Jo 3.16), o primogênito de toda Criação (Cl 1.15), o
Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6), o [único] Mediador entre Deus e o homem
(1Tm 2.5).
Na epístola aos Hebreus, o escritor
também evoca a superioridade de Cristo, começando com essa majestosa
declaração:
“Havendo Deus, antigamente, falado,
muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos,
nestes últimos dias, pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem
fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa
imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
havendo feito para si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à
destra da Majestade, nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos,
quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb. 1.1-4).
A supremacia de Cristo é tão evidente
que no capítulo dois de Hebreus Ele é apontado como sendo superior aos anjos,
no capítulo três é superior a Moisés e no capítulo cinco é superior aos sumos
sacerdotes do antigo pacto. Em virtude dessa supremacia é que o nome de Jesus é
superior a qualquer outro nome, ante quem todo o joelho se dobrará, dos que estão
nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus
Cristo é o Senhor. (Fp 2.9-11).
O próprio Jesus tinha total convicção
de sua autoridade. Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). E depois da sua
ressurreição dos mortos afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra”.
(Mt 28.18). Cristo não se considerava um simples sábio, um mero homem de moral
elevada ou somente um profeta. Ele sabia que era o filho unigênito de Deus,
enviado com o propósito de proporcionar redenção ao homem.
Essa questão não é trivial. A forma
como Jesus se auto identificava serve como parâmetro fundamental no modo
como as pessoas o veem. C. S. Lewis, um dos maiores escritores cristãos
do século XX, dizia que é uma tolice as pessoas afirmarem: “Estou disposto a
aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de
ser Deus”. Afinal, um homem que fosse um homem e dissesse as coisas que Jesus
disse não seria um grande mestre da moral, mas sim um lunático ou coisa pior.
Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco, pois ele
nunca nos deixou a opção de considerá-lo como simples mestre humano. Lewis
também observa que parece ser óbvio que Jesus não era lunático, muito menos um
demônio. Por isso, precisamos reconhecer que ele era, e é Deus. “Deus chegou
sobre forma humana no território ocupado pelo inimigo”.[ii]
Permitam-me prosseguir um pouco mais
nesse tema.
Ao realizar a pesquisa do seu
livro Em defesa de Cristo, Lee Strobel entrevistou Gary R. Collins,
Ph.D em psicologia, a fim de investigar se o perfil psicológico de Jesus
revelava qualquer indício de que ele tinha problemas mentais, pelo fato de
afirmar que era Deus. Collins, com todo o seu conhecimento, lembrou que os
psicólogos não prestam atenção e avaliam somente o que as pessoas dizem, mas
vão mais fundo, para observar suas emoções e comportamento.
Jesus nunca demonstrou emoções
inadequadas, quadro depressivo ou de angústia completa. Ao contrário, os
relatos bíblicos comprovam a lucidez de um individuo emocionalmente saudável.
Até mesmo os seus momentos de ira revelam reações ponderadas, contra a
injustiça e os maus-tratos evidentes de que o povo era vítima. Jesus não tinha
problemas de percepção – comum em pessoas perturbadas psicologicamente, e nunca
perdeu o contato com a realidade. As narrativas bíblicas, destacam que ele, ao
contrário de pessoas com problemas mentais, mantinha uma conversão lógica e bom
relacionamento social com as demais pessoas.
O Dr. Collins ainda diz que “Ele era
compassivo, mas nunca deixou que a compaixão o imobilizasse; não tinha um ego
inflado, muito embora fosse constantemente rodeado por uma multidão de
adoradores; conservou o equilíbrio, a despeito de um estilo de vida que impunha
severas obrigações; sempre sabia o que estava fazendo e para onde ia;
preocupava-se profundamente com as pessoas, inclusive com as mulheres e as
crianças; que na época não eram consideradas importantes; acolhia as pessoas,
embora não fizesse vista grossa para seus pecados; conversava com as pessoas
onde quer que estivessem e sempre levava conta suas necessidades!”.
Além de afirmar que era o Filho de
Deus, Jesus deu provas de seus atributos divinos de Onisciência (Jo 16.30),
Onipresença (Mt 28.20), Onipotência (Mt 28.18), Eternidade (Jo 1.1) e Imutabilidade
(Hb 13.8).
Jesus também tinha a credencial divina
de perdoar pecados (Lc 7.48; Mc 2.5; Mt 9.2). Enquanto os demais deuses
criados pelo homem são apresentados como divindades dignas de adoração, somente
Cristo se manifesta como o Salvador que morreu pelos pecados da humanidade, e
por isso é capaz de ofertar perdão. Mas, apenas quem não comete pecados tem
essa autoridade. Jesus também demonstrou em sua vida. Seu nascimento virginal
foi o início de um vida extraordinariamente sem mácula, tanto é assim que nunca
houve qualquer testemunho sobre erros cometidos por Jesus. Na verdade, a sua
condenação à morte de cruz foi o julgamento mais injusto de toda a história da
humanidade, com traição, falsas acusações, testemunhas subornadas, prisão
preventiva sem fundamento, interrogatório ilegal e falta de ampla defesa.
Erwin Lutzer nos aconselha a
esquadrinhar os horizontes religiosos, lendo a vida dos grandes mestres
religiosos de todos os tempos; não apenas o que ensinaram, mas também o que
disseram acerca deles mesmos. Ao buscar um Salvador qualificado e sem pecado
você descobrirá que Cristo não tem rival: “Se houvesse outro que reivindicasse
inculpabilidade, teríamos prazer em checar suas credenciais pra ver como elas
se comparam com as de Cristo. Mencione a exigência de inocência e o campo
religioso se define; só um homem permanece. Cristo vive de acordo com seu
nome!”.[iii]
“Porque nos convinha tal sumo
sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais
sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de
oferecer cada dia sacrifícios; primeiramente, por seu próprios pecados e,
depois pelos do povo; porque isso fez, uma vez, oferecendo-se a sim mesmo” (Hb
7.26, 27).
A RESSURREIÇÃO DE JESUS
Vale lembrar também que os evangelhos
estão repletos de curas e milagres realizados por Cristo, a exemplo da
transformação de água em vinho, multiplicação de pães, curas de aleijados,
cegos e outras doenças. O milagre é uma intervenção divina na natureza.
Contudo, o milagre mais magnífico em Jesus é a sua ressurreição dos mortos. A
vitória dele sobre a morte, diz o apóstolo Paulo, é um dos pilares da fé
cristã: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é
vã a vossa fé”.(1 Co 15:14)
A ressurreição de Jesus é um evento
histórico, não um mito, e por isso é possível assegurar que temos elementos
consistentes para acreditar no túmulo vazio. Algumas pessoas tentaram provar
que Jesus nunca ressuscitou, mas no final acabaram se convencendo do contrário.
Uma dessas pessoas foi Frank Morison, um jornalista inglês que se lançou a
provar que a história do ressurreição de Cristo não passava de um mito. Porém,
suas pesquisas o levaram a crer no Jesus ressurreto, resultando no livro Who
Moved the Stone? (Quem moveu a pedra?). Ele escreveu:
“Eu desejava apanhar essa última etapa
da vida de Jesus, com todo seu drama movimentado e vibrante, com seu contexto
bem antigo e claramente definido, e com seu enorme interesse
psicológico e humano – desvencilhá-lo dessas crenças primitivas e
suposições dogmáticas que tomaram conta da história, para então poder enxergar
essa pessoa supremamente grande tal como era.
Não é preciso descrever aqui como,
depois de mais de dez anos, surgiu a oportunidade de estudar a vida de Cristo
tal como, havia muito tempo, eu desejava fazer; investigar as origens da
literatura que trata dessa história, examinar pessoalmente algumas provas e
formar meu próprio juízo sobre o problema que a vida de Cristo apresenta.
Apenas direi que esse estudo operou uma revolução em minhas ideias. Daquela
história muito antiga surgiram coisas que anteriormente eu julgara impossíveis.
Lenta mas bem claramente cresceu dentro de mim a convicção de que o drama daquelas
semanas inesquecíveis da história humana era mais estranho e de significado
mais profundo do que parecia. Foi a singularidade de muitas coisas notáveis na
história que primeiramente atraiu e manteve meu interesse. Somente mais tarde
foi que a lógica irresistível do significado dessas coisas veio a aparecer”.
(citado por Josh McDowell, Evidências que exigem um veredito)
Gary Habermas afirma que a
singularidade da transformação dos discípulos de Jesus é um dos fatores
comprobatórios da aparição de Cristo após sua morte. Se antes da morte do
Mestre os seu discípulos o abandonaram e o negaram, com medo de represálias do
povo e do poder da época, após a ressurreição do Mestre suas vidas foram
radicalmente alteradas, muitos inclusive foram martirizados. A ressurreição,
diz Habermas, foi o catalisador e a exaltação dos discípulos. Se eles não
tivessem passado por tal experiência, não haveria transformações, pois sem esse
evento a vida deles seria vazia.[iv]
Nos dias atuais, se visitarmos o
Père-LaChaise, o maior cemitério de Paris e um dos mais famosos do mundo, onde
estão enterradas personalidades famosas como Oscar Wilde, Marcel Proust,
Auguste Comte, Molière e outros, encontraremos também os restos mortais de
Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido por Allan Kardec, o codificador
da doutrina espírita. Se formos à Índia, poderemos encontrar – espalhado em
pelo menos oito lugares diferentes – o que sobrou das cinzas e da ossada de
Siddartha Gautama, o Buda, fundador do budismo. Na cidade de Medina, Arábia
Saudita, está o corpo de Ab? al-Q?sim Mu?ammad ibn ?Abd All?h ibn ?Abd
al-Mu??alib ibn H?shim, mais conhecido como Maomé, o profeta do islamismo. Mas,
se formos até Jerusalém, no lugar em que enterraram Jesus, não encontraremos
nenhum vestígio de seus restos mortais, pois a pedra foi removida e o túmulo
está vazio. Ele ressuscitou!
Ao longo da história os antiteístas tem
tentado – em vão – colocar “pedras” à entrada do sepulcro para desacreditar na
divindade de Cristo e no cristianismo. De acordo com Erwin Lutzer, Karl Marx
rolou a pedra da economia, dizendo que a religião era o ópio do povo, mas o
marxismo naufragou. Sigmund Freud rolou a pedra da psicoterapia, ao afirmar que
Deus era a criação da nossa imaginação, mas hoje a própria psiquiatria está no
divâ, com todas as suas contradições teóricas. Voltaire empurrou a pedra da
cultura, ao afirmar que Deus estava morto e que em menos de cem anos a Bíblia
seria um livro esquecido, mas Deus está vivo como nunca, o evangelho
encontra-se em expansão e a Bíblia continua sendo o maior e melhor livro de
todos os tempos. Darwin empurrou a pedra da ciência, mas hoje o seu darwinismo
está despedaçando como um conto de fadas diante da dura realidade.
Não importa. Todas quantas pedras sejam
colocadas diante do sepulcro serão removidas. Como afirmou A. W. Tozer: “A
ressurreição demostra de uma vez por todos quem ganhou em quem perdeu”.
Notas
[i]BARNA, George. Pense como
Jesus. São Paulo: Vida Nova. 2007, p.29.
[ii]LEWIS, C. S. Cristianismo
puro e simples. São Paulo: Martins Fontes. 2005, p. 68-71.
[iii]LUTZER, Erwin. Cristo
entre outros deuses: uma defesa da fé crista numa era de tolerância. Rio de
Janeiro: CPAD. 2000, p. 81.
[iv]HABERMAS, Gary. In: Ensaios
apologéticos: um estudo para uma cosmovisão crista. São Paulo: Hagnos,
2006, 231.
E Agora, Como Viveremos?
O cristianismo vai além de João 3:16?
Os cristãos podem fazer alguma
diferença no mundo? A cosmovisão cristã nos dá o mapa que precisamos para
viver? Uma cultura pode ser reconstruída de maneira que todo mundo possa ver no
seu esplendor e glória o perfil do Reino de Deus? O cristianismo vai além de
João 3:16? Ser cristão é mais que ter um fé pessoal em Cristo?
As perguntas acima esposadas são a
tônica do livro “E
agora, como viveremos?” de Charles Colson & Nancy Pearcey.
Li pelo primeira vez esse trabalho ainda nos primeiros passos da minha
caminhada cristã, coincidentemente com o meu ingresso no mundo universitário.
Nesse contexto, via repetidas vezes os fundamentos da fé cristã serem relegados
e a cruz de Cristo maltratada. A mente intelectual e envaidecida de alguns
professores e alunos, entupidas que eram pela filosofia humanista e pela
sociologia da autonomia e independência, descambavam para a defesa de um
pós-modernismo sem precedentes, onde Deus era mais um simples coadjuvante, e as
coisas espirituais não passavam de invenção humana.
Nesse cenário acadêmico, e, apesar de
estar no fogo do primeiro amor, cujo desejo ardente de apregoar a mensagem do
evangelho era mais intenso que em qualquer outro momento da vivência cristã,
minha fé foi posta em prova. Eis que até então, acostumado com os ensinos
doutrinários da igreja, focados em temas espirituais e estudos bíblicos,
vislumbrei um enorme hiato entre aquilo que eu aprendia contraposto ao que
acontecia além das portas do templo que freqüentava. Minha visão espiritual,
até aquele ponto circunscrita ao limites de João 3.16, deu de cara com um mundo
onde o evangelho apresentava-se como um mero compromisso de final de semana.
Sintetizando: passou pela minha cabeça
que a religião que professava estava distante muitos anos luz da realidade.
Aparentemente minha fé pessoal não possuía todas as repostas possíveis para as
questões sociais. Minha espiritualidade fazia parte de um mundo paralelo,
fictício, cujos dogmas diziam respeito unicamente à vida espiritual, adoração à
Deus, salvação, céu e inferno. E que, portanto, tais dogmas estavam aquém e/ou
além da ciência, da sociedade ou do cotidiano. Por um curto período de tempo
pontos de interrogação pairavam sobre a minha cabeça, onde o embate entre fé x
mundo era constante.
Nesse exato cenário foi que conheci a
obra de Charles Colson e Nancy Pearcey. No melhor estilo norte-americano de
escrever, Colson despertou minha atenção pela forma como abordava assuntos
complexos com imensa facilidade. As teorias filosóficas e as doutrinas bíblicas
de queda e redenção do homem foram diluídas em narrações de personagem reais,
tornando o processo de leitura e aprendizado agradável e consistente.
O que mais despertou meu interesse foi
uma das declarações dos escritores na contra-capa do livro. “O verdadeiro
cristianismo vai além de João 3.16”. Uma sentença aparentemente herética e
imbecil, afinal o versículo chave da Bíblia Sagrada – porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê
não pereça mas tenha vida eterna – era, pra mim, a síntese do Cristianismo, a
própria razão de ser da minha conversão. Ali estava demonstrado o imenso e
infinito amor do Criador. De forma que o cristianismo não era mais nem menos
que o verso de João 3:16. Porém, estava equivocado.
Compreendi pouco depois que Colson não
estava com tal declaração anulando o amor de Deus em nossas vidas. Ao
contrário, a verdade era – e é – que o amor de Deus pela humanidade era mais
amplo do que aquilo que estava acostumado a ouvir e aprender, e que o
Cristianismo estava além da rotina igrejista dos finais de semana. O
Cristianismo é mais que uma crença particular, mais do que salvação pessoal; é
um sistema de vida compreensível que responde às perguntas mais antigas da
humanidade: De onde eu vim? Por que estou aqui? Para onde estou indo? A vida
tem algum significado e propósito?
A obra deu-me naquela oportunidade
combustível suficiente para continuar minha caminhada como cristão e recursos
para a defesa da fé, fazendo-me compreender que o Reino de Deus é muito mais do
que eu acreditava ser, passando a entender que os princípios cristãos devem
nortear não somente nossa forma de adoração à Deus, nosso relacionamento
eclesiástico ou a maneira como realizamos campanhas evangelísticas, mais que
isso: os valores cristãos devem dirigir nossas condutas ante todas as questões
sociais contemporâneas, seja relacionado à política, à cultura, à família, à
educação, à ciência e até mesmo ao direito. Pois que, deve ser encarado como um
forma de ver o mundo [cosmovisão], que traduz-se numa “lente fictícia” onde a
realidade é a partir dela interpretada.
A responsabilidade da igreja, portanto,
vai além da mera realização de “eventos espirituais” e agendas festivas,
sobretudo, ela é responsável por redimir toda uma cultura em decadência e
implantar o padrão bíblico de vivência. Seus princípios devem se inserir em
todos os campos de atuação do homem. Seus fundamentos precisam adentrar nos
vários extratos sociais e intelectuais da sociedade, numa síntese daquilo que
disse Cristo: “Vós sois do sal da terra e a luz do mundo”. O sal para nada
serve se for insípido. A luz não tem finalidade alguma se estiver escondida. E
se ignorarmos essa responsabilidade de redimir a cultura que nos rodeia, diz
Colson – nosso Cristianismo vai permanecer particular e ridicularizado.
Particular e ridicularizado? Será que o
nosso cristianismo possui tais “qualidades”? Responda você mesmo após refletir
acerca das seguintes indagações: Nosso cristianismo o que tem feito para
redimir a cultura que nos cerca? Nosso cristianismo se importa com o destino da
educação secular que insere dia após dia conceitos evolucionistas na formação
de nossos filhos? Temos alçado a voz contra o relativismo ético? Nossa igreja
tem dado o valor devido à propagação das mensagens da nova era? Nossas
lideranças têm direcionado ações com o fim de coibir a aprovação de leis
anti-cristãs? Nossos políticos evangélicos têm sido luz em meio a tanta corrupção?
O que temos feito em respeito à violência? Quais as nossas ações em relação à
saúde? Nossas atitudes em relação à prostituição infantil? Nossos cristãos são
cidadãos conscientes? Ou melhor, nós, cristãos, somos cidadãos? Nossas igrejas
investem em educação e formação de cristão conscientes? E, finalmente, o que
você e eu temos feito?
Imagino que sua conclusão não será tão
diferente da minha! Baseado em perquirições desse estilo é que Colson utiliza a
pergunta “E agora, como viveremos?” como titulo do seu livro. Ao vislumbrar os
avanços do naturalismo, as garras do pós-modernismo e as teias do pluralismo
invadirem a sociedade ele faz essa pergunta como um grito de desespero: E
agora, como, nós cristãos, vamos viver nessa sociedade? E agora, como vamos mudar
essa realidade? E agora, como vamos redimir essa cultura? E agora, como
implantar um padrão essencialmente cristão no mundo?
Ele responde ao final: “Abraçando a verdade de Deus,
entendendo a ordem moral e física que Ele criou, argumentando amavelmente com
nosso vizinhos por amor a essa verdade, e então tendo a coragem de vivê-la em
todos os aspecto da vida”
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